Teórico da conspiração é condenado a pagar mais de R$ 5 bi por mentiras sobre massacre de Sandy Hook


Trata-se do segundo grande julgamento contra o apresentador do Infowars por sua promoção implacável da mentira de que o massacre de 2012, que matou 20 crianças, nunca aconteceu

Por Redação
Atualização:

WATERBURY - O teórico da conspiração Alex Jones deverá pagar US$ 965 milhões (mais de R$ 5 bilhões) às vítimas que sofreram com sua falsa alegação de que o ataque a tiros na escola primária de Sandy Hook foi uma farsa, decidiu um júri no Estado de Connecticut nesta quarta-feira, 12.

O veredicto é o segundo grande julgamento contra o apresentador do Infowars por sua promoção implacável da mentira de que o massacre de 2012 - que matou 20 crianças e 6 adultos - nunca aconteceu e que as famílias enlutadas vistas na cobertura jornalística eram atores contratados como parte de um plano para tirar o direito dos americanos de portar armas.

A condenação é resultado de uma ação movida pelos parentes de cinco crianças e três educadores mortos no ataque, além de um agente do FBI que estava entre os primeiros a chegar ao local do massacre. Em agosto, um júri do Texas concedeu quase US$ 50 milhões aos pais de outra criança assassinada.

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Em imagem de arquivo, o teórico da conspiração Alex Jones participa de marcha de apoiadores do então presidente Donald Trump, em dezembro de 2020, em Washington Foto: Jose Luis Magana / AFP - 12/12/2020

Parentes das vítimas envolvidos no processo se abraçaram no tribunal depois que o veredicto foi lido. Jones não estava lá, mas um vídeo ao vivo exibido em uma tela do lado de fora do tribunal com uma transmissão do programa Infowars ele aparece falando: “Ei, pessoal, não vão comprar casas grandes, hein?!”.

O julgamento contou com depoimentos emocionados de pais e irmãos das vítimas, que relataram sobre como foram ameaçados e assediados por anos por pessoas que acreditaram nas mentiras contadas no programa de Jones.

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Estranhos apareceram em suas casas para gravá-los. As pessoas lançaram comentários abusivos nas redes sociais. Erica Lafferty, filha da diretora assassinada de Sandy Hook, Dawn Hochsprung, testemunhou que as pessoas enviaram ameaças de estupro para sua casa. Mark Barden contou como os teóricos da conspiração urinaram no túmulo de seu filho de 7 anos, Daniel, e ameaçaram desenterrar o caixão.

Testemunhando durante o julgamento, Jones reconheceu que estava errado sobre Sandy Hook. “O ataque a tiros foi real”, disse ele. Mas tanto no tribunal quanto em seu programa, ele foi desafiador.

‘Liberdade de expressão’

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Ele chamou o processo de “tribunal canguru”, zombou do juiz, chamou o advogado das vítimas de “perseguidor de ambulância” e classificou o caso como uma afronta aos direitos de liberdade de expressão. Ele alegou que o julgamento era uma conspiração dos democratas e da mídia para silenciá-lo e colocá-lo fora dos negócios. “Eu já disse ‘sinto muito’ centenas de vezes e cansei de dizer que sinto muito”, disse ele durante seu depoimento.

Vinte crianças e seis adultos morreram no ataque a tiros em 14 de dezembro de 2012. O atirador, que matou a mãe antes do ataque, se matou. O julgamento por difamação foi realizado em um tribunal em Waterbury, a cerca de 32 quilômetros de Newtown, onde ocorreu o ataque.

O processo acusou Jones e a empresa controladora da Infowars, a Free Speech Systems, de usar o assassinato em massa para construir seu público e ganhar milhões de dólares com anúncios em seu programa. Especialistas testemunharam que a audiência de Jones aumentou quando ele fez de Sandy Hook um tópico no programa, assim como sua receita com a venda de produtos.

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Francine e David Wheeler, cujo filho Ben foi morto em Sandy Hook, acompanham entrevista dos advogados à imprensa após decisão do júri em Connecticut Foto: Michelle McLoughlin/Reuters

Tanto no processo do Texas quanto no de Connecticut, os juízes consideraram a empresa responsável por danos por omissão depois que Jones não cooperou com as regras do tribunal sobre o compartilhamento de evidências, incluindo a não entrega de registros que pudessem mostrar se a Infowars havia lucrado com a disseminação de informações erradas sobre assassinatos em massa.

Por já ter sido considerado responsável, Jones foi impedido de mencionar direitos de liberdade de expressão e outros tópicos durante seu depoimento.

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Jones agora enfrenta um terceiro julgamento, no Texas, no fim do ano, em uma ação movida pelos pais de outra criança morta no massacre. Não está claro quanto dos veredictos Jones pode pagar. Durante o julgamento no Texas, ele testemunhou que não podia pagar nenhum julgamento acima de US$ 2 milhões. A Free Speech Systems entrou com pedido de proteção contra falência. Mas um economista testemunhou no processo do Texas que Jones e sua empresa valiam até US$ 270 milhões./AP

WATERBURY - O teórico da conspiração Alex Jones deverá pagar US$ 965 milhões (mais de R$ 5 bilhões) às vítimas que sofreram com sua falsa alegação de que o ataque a tiros na escola primária de Sandy Hook foi uma farsa, decidiu um júri no Estado de Connecticut nesta quarta-feira, 12.

O veredicto é o segundo grande julgamento contra o apresentador do Infowars por sua promoção implacável da mentira de que o massacre de 2012 - que matou 20 crianças e 6 adultos - nunca aconteceu e que as famílias enlutadas vistas na cobertura jornalística eram atores contratados como parte de um plano para tirar o direito dos americanos de portar armas.

A condenação é resultado de uma ação movida pelos parentes de cinco crianças e três educadores mortos no ataque, além de um agente do FBI que estava entre os primeiros a chegar ao local do massacre. Em agosto, um júri do Texas concedeu quase US$ 50 milhões aos pais de outra criança assassinada.

Em imagem de arquivo, o teórico da conspiração Alex Jones participa de marcha de apoiadores do então presidente Donald Trump, em dezembro de 2020, em Washington Foto: Jose Luis Magana / AFP - 12/12/2020

Parentes das vítimas envolvidos no processo se abraçaram no tribunal depois que o veredicto foi lido. Jones não estava lá, mas um vídeo ao vivo exibido em uma tela do lado de fora do tribunal com uma transmissão do programa Infowars ele aparece falando: “Ei, pessoal, não vão comprar casas grandes, hein?!”.

O julgamento contou com depoimentos emocionados de pais e irmãos das vítimas, que relataram sobre como foram ameaçados e assediados por anos por pessoas que acreditaram nas mentiras contadas no programa de Jones.

Estranhos apareceram em suas casas para gravá-los. As pessoas lançaram comentários abusivos nas redes sociais. Erica Lafferty, filha da diretora assassinada de Sandy Hook, Dawn Hochsprung, testemunhou que as pessoas enviaram ameaças de estupro para sua casa. Mark Barden contou como os teóricos da conspiração urinaram no túmulo de seu filho de 7 anos, Daniel, e ameaçaram desenterrar o caixão.

Testemunhando durante o julgamento, Jones reconheceu que estava errado sobre Sandy Hook. “O ataque a tiros foi real”, disse ele. Mas tanto no tribunal quanto em seu programa, ele foi desafiador.

‘Liberdade de expressão’

Ele chamou o processo de “tribunal canguru”, zombou do juiz, chamou o advogado das vítimas de “perseguidor de ambulância” e classificou o caso como uma afronta aos direitos de liberdade de expressão. Ele alegou que o julgamento era uma conspiração dos democratas e da mídia para silenciá-lo e colocá-lo fora dos negócios. “Eu já disse ‘sinto muito’ centenas de vezes e cansei de dizer que sinto muito”, disse ele durante seu depoimento.

Vinte crianças e seis adultos morreram no ataque a tiros em 14 de dezembro de 2012. O atirador, que matou a mãe antes do ataque, se matou. O julgamento por difamação foi realizado em um tribunal em Waterbury, a cerca de 32 quilômetros de Newtown, onde ocorreu o ataque.

O processo acusou Jones e a empresa controladora da Infowars, a Free Speech Systems, de usar o assassinato em massa para construir seu público e ganhar milhões de dólares com anúncios em seu programa. Especialistas testemunharam que a audiência de Jones aumentou quando ele fez de Sandy Hook um tópico no programa, assim como sua receita com a venda de produtos.

Francine e David Wheeler, cujo filho Ben foi morto em Sandy Hook, acompanham entrevista dos advogados à imprensa após decisão do júri em Connecticut Foto: Michelle McLoughlin/Reuters

Tanto no processo do Texas quanto no de Connecticut, os juízes consideraram a empresa responsável por danos por omissão depois que Jones não cooperou com as regras do tribunal sobre o compartilhamento de evidências, incluindo a não entrega de registros que pudessem mostrar se a Infowars havia lucrado com a disseminação de informações erradas sobre assassinatos em massa.

Por já ter sido considerado responsável, Jones foi impedido de mencionar direitos de liberdade de expressão e outros tópicos durante seu depoimento.

Jones agora enfrenta um terceiro julgamento, no Texas, no fim do ano, em uma ação movida pelos pais de outra criança morta no massacre. Não está claro quanto dos veredictos Jones pode pagar. Durante o julgamento no Texas, ele testemunhou que não podia pagar nenhum julgamento acima de US$ 2 milhões. A Free Speech Systems entrou com pedido de proteção contra falência. Mas um economista testemunhou no processo do Texas que Jones e sua empresa valiam até US$ 270 milhões./AP

WATERBURY - O teórico da conspiração Alex Jones deverá pagar US$ 965 milhões (mais de R$ 5 bilhões) às vítimas que sofreram com sua falsa alegação de que o ataque a tiros na escola primária de Sandy Hook foi uma farsa, decidiu um júri no Estado de Connecticut nesta quarta-feira, 12.

O veredicto é o segundo grande julgamento contra o apresentador do Infowars por sua promoção implacável da mentira de que o massacre de 2012 - que matou 20 crianças e 6 adultos - nunca aconteceu e que as famílias enlutadas vistas na cobertura jornalística eram atores contratados como parte de um plano para tirar o direito dos americanos de portar armas.

A condenação é resultado de uma ação movida pelos parentes de cinco crianças e três educadores mortos no ataque, além de um agente do FBI que estava entre os primeiros a chegar ao local do massacre. Em agosto, um júri do Texas concedeu quase US$ 50 milhões aos pais de outra criança assassinada.

Em imagem de arquivo, o teórico da conspiração Alex Jones participa de marcha de apoiadores do então presidente Donald Trump, em dezembro de 2020, em Washington Foto: Jose Luis Magana / AFP - 12/12/2020

Parentes das vítimas envolvidos no processo se abraçaram no tribunal depois que o veredicto foi lido. Jones não estava lá, mas um vídeo ao vivo exibido em uma tela do lado de fora do tribunal com uma transmissão do programa Infowars ele aparece falando: “Ei, pessoal, não vão comprar casas grandes, hein?!”.

O julgamento contou com depoimentos emocionados de pais e irmãos das vítimas, que relataram sobre como foram ameaçados e assediados por anos por pessoas que acreditaram nas mentiras contadas no programa de Jones.

Estranhos apareceram em suas casas para gravá-los. As pessoas lançaram comentários abusivos nas redes sociais. Erica Lafferty, filha da diretora assassinada de Sandy Hook, Dawn Hochsprung, testemunhou que as pessoas enviaram ameaças de estupro para sua casa. Mark Barden contou como os teóricos da conspiração urinaram no túmulo de seu filho de 7 anos, Daniel, e ameaçaram desenterrar o caixão.

Testemunhando durante o julgamento, Jones reconheceu que estava errado sobre Sandy Hook. “O ataque a tiros foi real”, disse ele. Mas tanto no tribunal quanto em seu programa, ele foi desafiador.

‘Liberdade de expressão’

Ele chamou o processo de “tribunal canguru”, zombou do juiz, chamou o advogado das vítimas de “perseguidor de ambulância” e classificou o caso como uma afronta aos direitos de liberdade de expressão. Ele alegou que o julgamento era uma conspiração dos democratas e da mídia para silenciá-lo e colocá-lo fora dos negócios. “Eu já disse ‘sinto muito’ centenas de vezes e cansei de dizer que sinto muito”, disse ele durante seu depoimento.

Vinte crianças e seis adultos morreram no ataque a tiros em 14 de dezembro de 2012. O atirador, que matou a mãe antes do ataque, se matou. O julgamento por difamação foi realizado em um tribunal em Waterbury, a cerca de 32 quilômetros de Newtown, onde ocorreu o ataque.

O processo acusou Jones e a empresa controladora da Infowars, a Free Speech Systems, de usar o assassinato em massa para construir seu público e ganhar milhões de dólares com anúncios em seu programa. Especialistas testemunharam que a audiência de Jones aumentou quando ele fez de Sandy Hook um tópico no programa, assim como sua receita com a venda de produtos.

Francine e David Wheeler, cujo filho Ben foi morto em Sandy Hook, acompanham entrevista dos advogados à imprensa após decisão do júri em Connecticut Foto: Michelle McLoughlin/Reuters

Tanto no processo do Texas quanto no de Connecticut, os juízes consideraram a empresa responsável por danos por omissão depois que Jones não cooperou com as regras do tribunal sobre o compartilhamento de evidências, incluindo a não entrega de registros que pudessem mostrar se a Infowars havia lucrado com a disseminação de informações erradas sobre assassinatos em massa.

Por já ter sido considerado responsável, Jones foi impedido de mencionar direitos de liberdade de expressão e outros tópicos durante seu depoimento.

Jones agora enfrenta um terceiro julgamento, no Texas, no fim do ano, em uma ação movida pelos pais de outra criança morta no massacre. Não está claro quanto dos veredictos Jones pode pagar. Durante o julgamento no Texas, ele testemunhou que não podia pagar nenhum julgamento acima de US$ 2 milhões. A Free Speech Systems entrou com pedido de proteção contra falência. Mas um economista testemunhou no processo do Texas que Jones e sua empresa valiam até US$ 270 milhões./AP

WATERBURY - O teórico da conspiração Alex Jones deverá pagar US$ 965 milhões (mais de R$ 5 bilhões) às vítimas que sofreram com sua falsa alegação de que o ataque a tiros na escola primária de Sandy Hook foi uma farsa, decidiu um júri no Estado de Connecticut nesta quarta-feira, 12.

O veredicto é o segundo grande julgamento contra o apresentador do Infowars por sua promoção implacável da mentira de que o massacre de 2012 - que matou 20 crianças e 6 adultos - nunca aconteceu e que as famílias enlutadas vistas na cobertura jornalística eram atores contratados como parte de um plano para tirar o direito dos americanos de portar armas.

A condenação é resultado de uma ação movida pelos parentes de cinco crianças e três educadores mortos no ataque, além de um agente do FBI que estava entre os primeiros a chegar ao local do massacre. Em agosto, um júri do Texas concedeu quase US$ 50 milhões aos pais de outra criança assassinada.

Em imagem de arquivo, o teórico da conspiração Alex Jones participa de marcha de apoiadores do então presidente Donald Trump, em dezembro de 2020, em Washington Foto: Jose Luis Magana / AFP - 12/12/2020

Parentes das vítimas envolvidos no processo se abraçaram no tribunal depois que o veredicto foi lido. Jones não estava lá, mas um vídeo ao vivo exibido em uma tela do lado de fora do tribunal com uma transmissão do programa Infowars ele aparece falando: “Ei, pessoal, não vão comprar casas grandes, hein?!”.

O julgamento contou com depoimentos emocionados de pais e irmãos das vítimas, que relataram sobre como foram ameaçados e assediados por anos por pessoas que acreditaram nas mentiras contadas no programa de Jones.

Estranhos apareceram em suas casas para gravá-los. As pessoas lançaram comentários abusivos nas redes sociais. Erica Lafferty, filha da diretora assassinada de Sandy Hook, Dawn Hochsprung, testemunhou que as pessoas enviaram ameaças de estupro para sua casa. Mark Barden contou como os teóricos da conspiração urinaram no túmulo de seu filho de 7 anos, Daniel, e ameaçaram desenterrar o caixão.

Testemunhando durante o julgamento, Jones reconheceu que estava errado sobre Sandy Hook. “O ataque a tiros foi real”, disse ele. Mas tanto no tribunal quanto em seu programa, ele foi desafiador.

‘Liberdade de expressão’

Ele chamou o processo de “tribunal canguru”, zombou do juiz, chamou o advogado das vítimas de “perseguidor de ambulância” e classificou o caso como uma afronta aos direitos de liberdade de expressão. Ele alegou que o julgamento era uma conspiração dos democratas e da mídia para silenciá-lo e colocá-lo fora dos negócios. “Eu já disse ‘sinto muito’ centenas de vezes e cansei de dizer que sinto muito”, disse ele durante seu depoimento.

Vinte crianças e seis adultos morreram no ataque a tiros em 14 de dezembro de 2012. O atirador, que matou a mãe antes do ataque, se matou. O julgamento por difamação foi realizado em um tribunal em Waterbury, a cerca de 32 quilômetros de Newtown, onde ocorreu o ataque.

O processo acusou Jones e a empresa controladora da Infowars, a Free Speech Systems, de usar o assassinato em massa para construir seu público e ganhar milhões de dólares com anúncios em seu programa. Especialistas testemunharam que a audiência de Jones aumentou quando ele fez de Sandy Hook um tópico no programa, assim como sua receita com a venda de produtos.

Francine e David Wheeler, cujo filho Ben foi morto em Sandy Hook, acompanham entrevista dos advogados à imprensa após decisão do júri em Connecticut Foto: Michelle McLoughlin/Reuters

Tanto no processo do Texas quanto no de Connecticut, os juízes consideraram a empresa responsável por danos por omissão depois que Jones não cooperou com as regras do tribunal sobre o compartilhamento de evidências, incluindo a não entrega de registros que pudessem mostrar se a Infowars havia lucrado com a disseminação de informações erradas sobre assassinatos em massa.

Por já ter sido considerado responsável, Jones foi impedido de mencionar direitos de liberdade de expressão e outros tópicos durante seu depoimento.

Jones agora enfrenta um terceiro julgamento, no Texas, no fim do ano, em uma ação movida pelos pais de outra criança morta no massacre. Não está claro quanto dos veredictos Jones pode pagar. Durante o julgamento no Texas, ele testemunhou que não podia pagar nenhum julgamento acima de US$ 2 milhões. A Free Speech Systems entrou com pedido de proteção contra falência. Mas um economista testemunhou no processo do Texas que Jones e sua empresa valiam até US$ 270 milhões./AP

WATERBURY - O teórico da conspiração Alex Jones deverá pagar US$ 965 milhões (mais de R$ 5 bilhões) às vítimas que sofreram com sua falsa alegação de que o ataque a tiros na escola primária de Sandy Hook foi uma farsa, decidiu um júri no Estado de Connecticut nesta quarta-feira, 12.

O veredicto é o segundo grande julgamento contra o apresentador do Infowars por sua promoção implacável da mentira de que o massacre de 2012 - que matou 20 crianças e 6 adultos - nunca aconteceu e que as famílias enlutadas vistas na cobertura jornalística eram atores contratados como parte de um plano para tirar o direito dos americanos de portar armas.

A condenação é resultado de uma ação movida pelos parentes de cinco crianças e três educadores mortos no ataque, além de um agente do FBI que estava entre os primeiros a chegar ao local do massacre. Em agosto, um júri do Texas concedeu quase US$ 50 milhões aos pais de outra criança assassinada.

Em imagem de arquivo, o teórico da conspiração Alex Jones participa de marcha de apoiadores do então presidente Donald Trump, em dezembro de 2020, em Washington Foto: Jose Luis Magana / AFP - 12/12/2020

Parentes das vítimas envolvidos no processo se abraçaram no tribunal depois que o veredicto foi lido. Jones não estava lá, mas um vídeo ao vivo exibido em uma tela do lado de fora do tribunal com uma transmissão do programa Infowars ele aparece falando: “Ei, pessoal, não vão comprar casas grandes, hein?!”.

O julgamento contou com depoimentos emocionados de pais e irmãos das vítimas, que relataram sobre como foram ameaçados e assediados por anos por pessoas que acreditaram nas mentiras contadas no programa de Jones.

Estranhos apareceram em suas casas para gravá-los. As pessoas lançaram comentários abusivos nas redes sociais. Erica Lafferty, filha da diretora assassinada de Sandy Hook, Dawn Hochsprung, testemunhou que as pessoas enviaram ameaças de estupro para sua casa. Mark Barden contou como os teóricos da conspiração urinaram no túmulo de seu filho de 7 anos, Daniel, e ameaçaram desenterrar o caixão.

Testemunhando durante o julgamento, Jones reconheceu que estava errado sobre Sandy Hook. “O ataque a tiros foi real”, disse ele. Mas tanto no tribunal quanto em seu programa, ele foi desafiador.

‘Liberdade de expressão’

Ele chamou o processo de “tribunal canguru”, zombou do juiz, chamou o advogado das vítimas de “perseguidor de ambulância” e classificou o caso como uma afronta aos direitos de liberdade de expressão. Ele alegou que o julgamento era uma conspiração dos democratas e da mídia para silenciá-lo e colocá-lo fora dos negócios. “Eu já disse ‘sinto muito’ centenas de vezes e cansei de dizer que sinto muito”, disse ele durante seu depoimento.

Vinte crianças e seis adultos morreram no ataque a tiros em 14 de dezembro de 2012. O atirador, que matou a mãe antes do ataque, se matou. O julgamento por difamação foi realizado em um tribunal em Waterbury, a cerca de 32 quilômetros de Newtown, onde ocorreu o ataque.

O processo acusou Jones e a empresa controladora da Infowars, a Free Speech Systems, de usar o assassinato em massa para construir seu público e ganhar milhões de dólares com anúncios em seu programa. Especialistas testemunharam que a audiência de Jones aumentou quando ele fez de Sandy Hook um tópico no programa, assim como sua receita com a venda de produtos.

Francine e David Wheeler, cujo filho Ben foi morto em Sandy Hook, acompanham entrevista dos advogados à imprensa após decisão do júri em Connecticut Foto: Michelle McLoughlin/Reuters

Tanto no processo do Texas quanto no de Connecticut, os juízes consideraram a empresa responsável por danos por omissão depois que Jones não cooperou com as regras do tribunal sobre o compartilhamento de evidências, incluindo a não entrega de registros que pudessem mostrar se a Infowars havia lucrado com a disseminação de informações erradas sobre assassinatos em massa.

Por já ter sido considerado responsável, Jones foi impedido de mencionar direitos de liberdade de expressão e outros tópicos durante seu depoimento.

Jones agora enfrenta um terceiro julgamento, no Texas, no fim do ano, em uma ação movida pelos pais de outra criança morta no massacre. Não está claro quanto dos veredictos Jones pode pagar. Durante o julgamento no Texas, ele testemunhou que não podia pagar nenhum julgamento acima de US$ 2 milhões. A Free Speech Systems entrou com pedido de proteção contra falência. Mas um economista testemunhou no processo do Texas que Jones e sua empresa valiam até US$ 270 milhões./AP

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