Uma terceira mulher, Damiana Morán, de 39 anos, acusou o presidente do Paraguai, o ex-bispo católico Fernando Lugo, de ser pai de seu filho, de um ano e quatro meses. A revelação foi publicada no jornal ABCColor, nesta quarta-feira, quando a segunda paraguaia que o havia acusado, Benigna Leguizamón, entrou com ação na Justiça, em Ciudad del Este, para que Lugo reconheça a paternidade do menino Lucas Fernando, de 6 anos, e lhe pague uma pensão alimentícia. Morán contou que conversou com Lugo e que ele teria dito a ela que "não se preocupasse", porque assumiria a paternidade de Juan Pablo, de um ano e quatro meses, "de livre e espontânea vontade". Nesta quarta, ela falou com a TV Telefuturo e várias rádios paraguaias. "Falei por telefone com o presidente e ele me disse que eu fique tranquila porque um advogado vai administrar o assunto. E que não me preocupe porque assumirá a paternidade", afirmou. Morán afirmou ainda que, diferente de Leguizamón, não pretende pedir que Lugo realize exame de DNA para comprovar a paternidade da criança. Ela acrescentou que podem existir "casos políticos" de mulheres pedindo que o presidente seja pai de seus filhos, mas que isso não corresponde à sua situação. "Não tenho a menor dúvida de que existem interesses políticos. Acredito no primeiro caso (de Viviana Carrillo), mas duvido do segundo (Benigma Leguizamón)". Morán falou ainda que Lugo é "nota dez" e "um fenômeno como homem". 'Benção' O primeiro episódio envolvendo Lugo e o pedido de reconhecimento de paternidade ocorreu há cerca de quinze dias, durante o feriado de Semana Santa. Logo depois, na segunda-feira, dia 13 de abril, Lugo admitiu ser pai do menino de dois anos, Guillermo Armindo, de dois anos, que teria tido com Viviana Carrillo. Nesse caso, não houve pedido de exames de DNA. Carrillo contou à imprensa local que tinha 16 anos e frequentava a igreja onde Lugo, então com 47 anos, era bispo, na localidade de São Pedro, quando a relação começou. O relacionamento foi mantido durante dez anos, mas, Lugo disse numa entrevista à TV, um dia depois de assumir a paternidade, que a história tinha terminado. Quando o jornalista lhe perguntou se Armindo se parecia com ele, respondeu que sim. E quando lhe perguntaram o que achava de ser pai, tendo sido bispo, disse: "A vida é uma benção ou um pecado? É preciso comemorar a vida, o nascimento do bebê". Na ocasião não tinham surgido os outros dois casos de pedido de paternidade. Oposição As acusações levaram a oposição a aumentar suas críticas contra Lugo, que foi eleito há um ano e assumiu o poder em agosto passado, após 61 anos seguidos do Partido Colorado na presidência. "Lugo deveria ir pra casa e cuidar de seus filhinhos", disse o deputado José López Chávez, do partido UNACE, fundado pelo ex-general e ex-presidenciável Lino César Oviedo. Ao mesmo tempo, segundo a imprensa local, duas ministras da equipe de Lugo teriam ameaçado deixar seus cargos, mas o presidente as teria convencido a permanecer no posto. O bispo da Diocese do Alto Paraná, monsenhor Rogelio Livieres, que costuma ser crítico de Lugo, disse que a igreja o nomeou bispo emérito (quase aposentado) em 2004 porque os relacionamentos e paternidades do então bispo eram conhecidos. Na terça-feira, o presidente suspendeu viagem que faria a Washington levando a oposição a interpretar que a decisão foi devido aos "escândalos" que o afetariam. Ouvido pela BBCBrasil, o analista paraguaio Alfredo Boccia disse que os paraguaios estão mais preocupados com outra coisa: "que Lugo resolva os problemas do país". BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.