Um forte terremoto de magnitude 6,8 na escala Richter sacudiu na sexta-feira, dia 8, a região de Marrakesh, no Marrocos, deixando pelo menos 2.122 mortos e 2.421 feridos. Destes, 1.351 estão em estado grave, segundo informações do Ministério do Interior de Marrocos, divulgadas neste domingo, 10. O número de vítimas deve aumentar ainda mais à medida que buscas continuam e equipes de resgate chegam a áreas remotas.
Autoridades locais afirmam que a maior parte das vítimas está nas regiões de montanhas, de difícil acesso, onde há relatos de famílias inteiras presas sob os escombros.
De acordo com um boletim de alerta sísmico divulgado pelo Instituto Nacional de Geofísica do Marrocos, o terremoto ocorreu às 23h11 locais (19h11 de Brasília). O epicentro foi registrado na cidade de Ighil, a 63 quilômetros a sudoeste de Marrakesh, a uma profundidade de 8 quilômetros.
Conforme testemunhas ouvidas pela agência de notícias EFE, o tremor foi sentido em cidades como Larache, a 550 km do epicentro, bem como em Casablanca e na capital, Rabat, a 300 km e 370 km de distância, respectivamente, onde os moradores saíram às ruas na expectativa de uma possível réplica.
Sofía Catalá, uma espanhola que mora no centro de Marrakesh, disse à EFE que, durante o terremoto, “o chão começou a tremer como em um bombardeio”.
“Pensei que o prédio fosse cair, agora todos estão na rua de pijama”, acrescentou. Minutos após o tremor, da rua, Catalá disse que todas as pessoas de seu prédio haviam saído e que alguns objetos caíram das sacadas. O terremoto também abriu um buraco em uma casa e um carro quase foi soterrado pelos pedaços de um prédio desabado.
“O problema é que, onde os terremotos destrutivos são raros, os edifícios simplesmente não são construídos de forma robusta o suficiente para lidar com fortes tremores do solo, motivo pelo qual muitos desabam, resultando em muitas vítimas”, disse Bill McGuire, professor emérito de riscos geofísicos e climáticos na University College de Londres. “Eu esperaria que o número final de mortos subisse para os milhares.”
Num sinal da enorme escala do desastre, o rei de Marrocos, Mohammed VI, ordenou às forças armadas que mobilizassem meios aéreos e terrestres, equipes especializadas de busca e salvamento e um hospital cirúrgico de campanha, de acordo com um comunicado dos militares. Mas, apesar de uma enxurrada de ofertas de ajuda de todo o mundo, o governo marroquino não pediu assistência formalmente, uma medida necessária antes que equipes de resgate estrangeiras pudessem ser mobilizadas.
Cestos, baldes e roupas podiam ser vistos entre pedras espalhadas nas ruínas de um edifício. A mídia local informou que as estradas que levam à região montanhosa ao redor do epicentro estavam lotadas de veículos e bloqueadas com pedras desabadas, dificultando os esforços de resgate.
Os marroquinos publicaram vídeos mostrando danos em partes das famosas muralhas vermelhas que cercam a cidade velha de Marrakesh, Patrimônio Mundial da Unesco.
Em 2004, um forte abalo sísmico perto da costa do mediterrâneo deixou 600 mortos no país que já teve as regras da construção civil alteradas para que as casas e prédios sejam mais resistentes aos tremores. Isso depois do traumático terremoto que atingiu a cidade de Agadir na década de 1960 deixando 12 mil mortos.
Além do Marrocos, o tremor também foi sentido em países como Portugal e Argélia, conforme o Instituto Português do Mar e da Atmosfera e a agência de Defesa Civil da Argélia, que supervisiona a resposta a emergências. /AFP, EFE