Enquanto equipes de resgate tentam retirar sobreviventes dos escombros dos milhares de edifícios que colapsaram na Turquia e na Síria após o terremoto de magnitude 7,8 da segunda-feira, 6, cenas comoventes começam a surgir do cenário caótico, dando a dimensão da tragédia humana por trás da catástrofe natural, que já deixou mais de 11 mil mortos. Este já é considerado o evento sísmico mais mortal da última década.
A imagem de Mesut Hancer, um homem turco morador da cidade de Kahramanmaras, é uma delas. Mais de 24 horas após o terremoto, Hancer permaneceu sentado ao lado do prédio onde morava, segurando a mão da filha, Irmak, que morreu sob os escombros.
O casaco laranja de Mesut se destaca em meio ao cenário acinzentado de destruição. Do pouco que se distingue do resto no resto da imagem, entre concreto e metal retorcido, está o colchão onde Irmak, de 15 anos, provavelmente dormia na hora que o prédio desabou. É possível ver a mão da menina agarrada a do pai.
Espera-se que a ajuda internacional comece a chegar às zonas afetadas pelo terremoto e por tremores secundários nesta terça-feira, mas a corrida contra o tempo para encontrar sobreviventes é dificultada pelo frio do inverno do Hemisfério Norte ― a região deve registrar temperaturas negativas nesta terça ― e por dificuldades logísticas, algumas delas causadas pelo próprio terremoto, que bloqueou estradas.
Para Entender
De acordo com os últimos boletins oficiais divulgados pelas autoridades dos dois países, mais de 9,4 mil pessoas morreram em decorrência do terremoto. Na Turquia, o número de mortos subiu para 6.957, com mais de 30 mil pessoas feridas, comunicou o vice-presidente Fuat Oktay.
Na Síria, o número de mortos já ultrapassa 2 mil pessoas, e outras 4 mil ficaram feridas, de acordo com os balanços das autoridades de Damasco e das equipes de resgate nas zonas rebeldes.
Kahramanmaras, o epicentro do devastador terremoto que sacudiu o sul e o sudeste da Turquia, é apenas ruína e desolação.
Mas até terça-feira, nenhuma ajuda ou suprimentos havia chegado a esta cidade de mais de um milhão de habitantes, localizada na região sul da Capadócia - o que aumenta a frustração e o ressentimentos com o Estado ausente.
“Onde está o Estado? Onde estão eles? Olhe ao seu redor. Não há um único funcionário, pelo amor de Deus. Já se passaram dois dias e não vimos ninguém. Eles não trouxeram nem um tijolo. As crianças congelaram até a morte”, diz Ali Sagiroglu, morador da região./ Com AFP