Trump armou um show da vitória pós-eleitoral, mas não teve muito o que comemorar


O ex-presidente apoiou cerca de 300 candidatos nas eleições de meio de mandato, mas teve resultados decepcionantes em muitos Estados

Por Michael Bender e Maggie Haberman

Donald Trump não estava concorrendo diretamente nas eleições legislativas desta terça-feira, mas passou os últimos dois anos se comportando como se estivesse, com o objetivo de ganhar terreno e entregar vitórias importantes a um Partido Republicano onde deve pleitear a candidatura presidencial para 2024.

A disputa por cadeiras no Senado e na Câmara ainda está muito apertada para um resultado definitivo nesta quarta-feira, 9, mas já ficou claro que não haveria a “onda vermelha gigante” que Trump passou semanas vendendo para seus apoiadores.

Em alguns estados-chave, os candidatos apoiados por Trump perderam ou estavam se saindo mal. Na Pensilvânia, o democrata Josh Shapiro venceu a corrida para governador contra o republicano Doug Mastriano, enquanto o democrata John Fetterman derrotou Mehmet Oz, um republicano trumpista, o que mudou o controle de uma cadeira essencial no Senado dos EUA. Em Michigan, Tudor Dixon, a escolha de Trump na corrida para governador, falhou em sua tentativa de derrubar a governadora Gretchen Whitmer.

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O ex-presidente dos EUA Donald Trump fala com a imprensa depois de votar nessas eleições, na Flórida Foto: Eva Marie Uzcategui/AFP

No Arizona, onde Kari Lake e Blake Masters fizeram campanha juntos como candidatos trumpistas e sob a bandeira do “America First”, ambos perdiam em suas corridas para governador e Senado, respectivamente.

Alguns dos candidatos de Trump se saíram bem, como J.D. Vance, o candidato republicano ao Senado em Ohio. E o candidato em quem Trump investiu mais pessoalmente, o ex-jogador de futebol Herschel Walker, cuja candidatura ao Senado na Geórgia foi abalada por alegações de que ele incentivou as mulheres a fazerem abortos pelos quais ele pagou, iria para o segundo turno - A Geórgia é o único Estado americano a ter segundo turno na disputa.

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Uma das maiores vitórias do partido da noite veio na Flórida, onde o governador Ron DeSantis foi reeleito com margens que os republicanos não viam havia duas décadas.

Ao contrário de quatro anos atrás, quando o apoio de Trump ajudou a levantar a campanha de DeSantis, o governador não procurou a ajuda do ex-presidente para a reeleição. Ao contrário, DeSantis se tornou um rival de Trump, e foi alvo de um apelido irônico do ex-presidente nos últimos dias da corrida.

Trump atacou DeSantis em parte porque o governador é amplamente visto como a principal alternativa ao ex-presidente para a indicação republicana à disputa presidencial de 2024. DeSantis não disse se concorreria à Casa Branca, mas Trump - que deve anunciar sua terceira candidatura consecutiva à presidência na próxima semana - disse a repórteres que vê DeSantis como um concorrente.

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As disputas acirradas por todo o mapa eleitoral confundiram Trump. Em uma festa na noite da eleição em seu resort em Mar-a-Lago, na Flórida, ele não pareceu interessado em se dirigir à multidão, segundo uma pessoa que participou dos eventos contou ao The New York Times. Ele fez breves comentários, e uma das poucas pessoas que elogiou foi Katie Britt, a candidata republicana ao Senado do Alabama.

O candidato republicano a governador da Flórida Ron DeSantis com sua esposa Casey DeSantis Foto: Giorgio Vieira/AFP

Ele não mencionou a vitória de DeSantis, concentrando-se na ampla vitória do senador Marco Rubio, que fez campanha com Trump. Para demonstrar sua influência contínua no partido, Trump endossou cerca de 300 candidatos durante as eleições de meio de mandato de 2022, um forte afastamento de mais de um século de tradição política dos EUA. Desde 1908, quando Teddy Roosevelt desconfiou da unção de William Howard Taft como seu sucessor republicano, um ex-presidente não tinha sido tão ativo na política partidária.

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Os republicanos reconheceram que a noite foi decepcionante. “Definitivamente não é uma onda republicana, com certeza”, disse o senador Lindsey Graham, republicano da Carolina do Sul e aliado próximo de Trump, à NBC News.

O foco intenso nas eleições de meio de mandato de Trump resultou quase inteiramente de sua busca por redenção após sua derrota nas eleições presidenciais de 2020 e de seu desejo de manter o partido leal a ele.

Desde 2016, quando Trump chocou o establishment republicano com uma tomada do Partido Republicano, seu estilo político resultou em mais danos colaterais para seus colegas conservadores do que em sucesso eleitoral. Ele foi o primeiro presidente em décadas a perder a Câmara, o Senado e a Casa Branca em quatro anos.

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Com um presidente diferente no cargo desta vez, os republicanos sentiram uma oportunidade de compensar algumas dessas perdas. Mas para Trump, foi um momento para tentar aumentar ainda mais o controle do partido.

“Se isso provar ser mais um fracasso do Senado em um ano que foi favorável aos republicanos – mesmo que não seja uma onda – Trump vai dizer que foi inequivocamente moldado e dirigido por ele”, disse. Liam Donovan, ex-assessor do Comitê Nacional Republicano do Senado.

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Donovan observou a possibilidade de um segundo turno na disputa da Geórgia, onde Trump ainda pode demonstrar sua influência se Walker derrotar o senador Raphael Warnock, o candidato democrata.

A busca de Trump por manter sua marca política – mais do que derrotar os democratas – foi encadeada em todos os seus endossos e sua decisão, pela primeira vez, de gastar uma quantia significativa de dinheiro para ajudar a eleger outros candidatos.

Seu super Comitês de Ação Política de Trump (PAC, na sigla em inglês), o MAGA Inc., gastou mais de US$ 16 milhões em publicidade na televisão no último mês em seis Estados, cerca de 9% de todos os gastos republicanos nas mesmas corridas durante esse período, segundo a AdImpact, uma empresa de rastreamento de anúncios.

Ele conseguiu escantear com sucesso muitos candidatos republicanos que considerava desleais ao apoiar seus adversários diretos nas primárias. E ele apoiou candidatos que espalharam a mentira de que a eleição de 2020 foi roubada, incluindo republicanos que concorrem para se tornar os principais funcionários eleitorais no Arizona, Geórgia e Michigan, todos os Estados que ele perdeu em 2020. Sua escolha na Geórgia perdeu a primária, enquanto as outras duas avançaram para a eleição geral, onde ainda não havia resultadonesta quarta-feira.

Trump colou seu nome em dezenas de candidatos que eram chaves para vencer nas urnas – incluindo alguns que não tinham oponente democrata – em uma tentativa de compilar um histórico de vitórias que ele começou a alardear na noite de terça-feira, bem antes de qualquer votação.

Ele apoiou candidatos nas cinco disputas mais competitivas do Senado, incluindo Walker na Geórgia e Dr. Oz na Pensilvânia.

Dentro do partido, o poder de Trump tem sido inquestionável. Os republicanos lutaram para ganhar seu apoio durante as primárias, e até mesmo candidatos que ele não apoiou concorreram como republicanos de Trump. Os sites e anúncios dos candidatos foram preenchidos com suas imagens. Eles promoveram suas políticas e muitos repetiram suas falsas alegações sobre fraude eleitoral em 2020.

Mas os limites do poder político de Trump ficaram evidentes durante as eleições de terça,8. Como o presidente Biden, Trump é visto desfavoravelmente pela maioria dos eleitores moderados, e poucos candidatos presos em disputas acirradas estavam ansiosos para que o ex-presidente – ou o atual – se juntasse a eles na campanha e corresse o risco de alienar eleitores der centro, decisivos.

Na última semana, dois dos quatro comícios finais de Trump ocorreram em Estados sem uma disputa estadual competitiva. Ele não realizou um único comício na Geórgia ou Wisconsin durante as eleições gerais.

Nas disputas para governadores, a influência de Trump foi sentida mais profundamente no Arizona, onde Lake, uma ex-âncora de notícias locais, moldou quase toda a sua campanha em cima da imagem do ex-presidente. A estratégia foi extremamente bem-sucedida em uma disputa primária contra uma conhecida figura republicana do establishment e a manteve próxima nas pesquisas com Katie Hobbs, a indicada democrata. Mas Lake estava perdendo, com os votos ainda sendo contados. Os candidatos a governador de Trump em Wisconsin, Tim Michels, e em Michigan, Tudor Dixon, perderam para os democratas.

Em uma entrevista à NewsNation realizada antes do encerramento das pesquisas, quando perguntado quanto crédito ele acreditava que mereceria para qualquer um dos mais de 330 candidatos que endossou ao longo do ciclo, Trump disse: “todo o crédito. E se eles perderem, eu não deveria ser culpado, tudo bem, mas provavelmente será exatamente o oposto.”

Ele acrescentou: “Normalmente, o que acontece é que, quando eles se saem bem, não receberei nenhum crédito e, se eles se saírem mal, eles colocarão a culpa em mim. Então estou preparado para qualquer coisa, mas vamos nos defender”.

Trump está particularmente focado em se defender, preocupado não apenas com seu histórico de vitórias e derrotas, mas com as inúmeras investigações que enfrenta e a perspectiva de enfrentar outros candidatos à indicação do partido nas primárias para a eleição presidencial nos EUA em 2024. Sua irritação maior é com o potencial de DeSantis para montar uma candidatura presidencial.

Trump emitiu uma série de panfletos contra DeSantis antes do dia da eleição, dando-lhe um apelido irônico, “Ron DeSanctimonious”. Trump também alertou um punhado de repórteres a bordo de seu avião particular na noite de segunda-feira, após um comício em Ohio, que revelaria coisas “nada lisonjeiras” sobre DeSantis, caso ele concorra à corrida presidencial.

Donald Trump não estava concorrendo diretamente nas eleições legislativas desta terça-feira, mas passou os últimos dois anos se comportando como se estivesse, com o objetivo de ganhar terreno e entregar vitórias importantes a um Partido Republicano onde deve pleitear a candidatura presidencial para 2024.

A disputa por cadeiras no Senado e na Câmara ainda está muito apertada para um resultado definitivo nesta quarta-feira, 9, mas já ficou claro que não haveria a “onda vermelha gigante” que Trump passou semanas vendendo para seus apoiadores.

Em alguns estados-chave, os candidatos apoiados por Trump perderam ou estavam se saindo mal. Na Pensilvânia, o democrata Josh Shapiro venceu a corrida para governador contra o republicano Doug Mastriano, enquanto o democrata John Fetterman derrotou Mehmet Oz, um republicano trumpista, o que mudou o controle de uma cadeira essencial no Senado dos EUA. Em Michigan, Tudor Dixon, a escolha de Trump na corrida para governador, falhou em sua tentativa de derrubar a governadora Gretchen Whitmer.

O ex-presidente dos EUA Donald Trump fala com a imprensa depois de votar nessas eleições, na Flórida Foto: Eva Marie Uzcategui/AFP

No Arizona, onde Kari Lake e Blake Masters fizeram campanha juntos como candidatos trumpistas e sob a bandeira do “America First”, ambos perdiam em suas corridas para governador e Senado, respectivamente.

Alguns dos candidatos de Trump se saíram bem, como J.D. Vance, o candidato republicano ao Senado em Ohio. E o candidato em quem Trump investiu mais pessoalmente, o ex-jogador de futebol Herschel Walker, cuja candidatura ao Senado na Geórgia foi abalada por alegações de que ele incentivou as mulheres a fazerem abortos pelos quais ele pagou, iria para o segundo turno - A Geórgia é o único Estado americano a ter segundo turno na disputa.

Uma das maiores vitórias do partido da noite veio na Flórida, onde o governador Ron DeSantis foi reeleito com margens que os republicanos não viam havia duas décadas.

Ao contrário de quatro anos atrás, quando o apoio de Trump ajudou a levantar a campanha de DeSantis, o governador não procurou a ajuda do ex-presidente para a reeleição. Ao contrário, DeSantis se tornou um rival de Trump, e foi alvo de um apelido irônico do ex-presidente nos últimos dias da corrida.

Trump atacou DeSantis em parte porque o governador é amplamente visto como a principal alternativa ao ex-presidente para a indicação republicana à disputa presidencial de 2024. DeSantis não disse se concorreria à Casa Branca, mas Trump - que deve anunciar sua terceira candidatura consecutiva à presidência na próxima semana - disse a repórteres que vê DeSantis como um concorrente.

As disputas acirradas por todo o mapa eleitoral confundiram Trump. Em uma festa na noite da eleição em seu resort em Mar-a-Lago, na Flórida, ele não pareceu interessado em se dirigir à multidão, segundo uma pessoa que participou dos eventos contou ao The New York Times. Ele fez breves comentários, e uma das poucas pessoas que elogiou foi Katie Britt, a candidata republicana ao Senado do Alabama.

O candidato republicano a governador da Flórida Ron DeSantis com sua esposa Casey DeSantis Foto: Giorgio Vieira/AFP

Ele não mencionou a vitória de DeSantis, concentrando-se na ampla vitória do senador Marco Rubio, que fez campanha com Trump. Para demonstrar sua influência contínua no partido, Trump endossou cerca de 300 candidatos durante as eleições de meio de mandato de 2022, um forte afastamento de mais de um século de tradição política dos EUA. Desde 1908, quando Teddy Roosevelt desconfiou da unção de William Howard Taft como seu sucessor republicano, um ex-presidente não tinha sido tão ativo na política partidária.

Os republicanos reconheceram que a noite foi decepcionante. “Definitivamente não é uma onda republicana, com certeza”, disse o senador Lindsey Graham, republicano da Carolina do Sul e aliado próximo de Trump, à NBC News.

O foco intenso nas eleições de meio de mandato de Trump resultou quase inteiramente de sua busca por redenção após sua derrota nas eleições presidenciais de 2020 e de seu desejo de manter o partido leal a ele.

Desde 2016, quando Trump chocou o establishment republicano com uma tomada do Partido Republicano, seu estilo político resultou em mais danos colaterais para seus colegas conservadores do que em sucesso eleitoral. Ele foi o primeiro presidente em décadas a perder a Câmara, o Senado e a Casa Branca em quatro anos.

Com um presidente diferente no cargo desta vez, os republicanos sentiram uma oportunidade de compensar algumas dessas perdas. Mas para Trump, foi um momento para tentar aumentar ainda mais o controle do partido.

“Se isso provar ser mais um fracasso do Senado em um ano que foi favorável aos republicanos – mesmo que não seja uma onda – Trump vai dizer que foi inequivocamente moldado e dirigido por ele”, disse. Liam Donovan, ex-assessor do Comitê Nacional Republicano do Senado.

Donovan observou a possibilidade de um segundo turno na disputa da Geórgia, onde Trump ainda pode demonstrar sua influência se Walker derrotar o senador Raphael Warnock, o candidato democrata.

A busca de Trump por manter sua marca política – mais do que derrotar os democratas – foi encadeada em todos os seus endossos e sua decisão, pela primeira vez, de gastar uma quantia significativa de dinheiro para ajudar a eleger outros candidatos.

Seu super Comitês de Ação Política de Trump (PAC, na sigla em inglês), o MAGA Inc., gastou mais de US$ 16 milhões em publicidade na televisão no último mês em seis Estados, cerca de 9% de todos os gastos republicanos nas mesmas corridas durante esse período, segundo a AdImpact, uma empresa de rastreamento de anúncios.

Ele conseguiu escantear com sucesso muitos candidatos republicanos que considerava desleais ao apoiar seus adversários diretos nas primárias. E ele apoiou candidatos que espalharam a mentira de que a eleição de 2020 foi roubada, incluindo republicanos que concorrem para se tornar os principais funcionários eleitorais no Arizona, Geórgia e Michigan, todos os Estados que ele perdeu em 2020. Sua escolha na Geórgia perdeu a primária, enquanto as outras duas avançaram para a eleição geral, onde ainda não havia resultadonesta quarta-feira.

Trump colou seu nome em dezenas de candidatos que eram chaves para vencer nas urnas – incluindo alguns que não tinham oponente democrata – em uma tentativa de compilar um histórico de vitórias que ele começou a alardear na noite de terça-feira, bem antes de qualquer votação.

Ele apoiou candidatos nas cinco disputas mais competitivas do Senado, incluindo Walker na Geórgia e Dr. Oz na Pensilvânia.

Dentro do partido, o poder de Trump tem sido inquestionável. Os republicanos lutaram para ganhar seu apoio durante as primárias, e até mesmo candidatos que ele não apoiou concorreram como republicanos de Trump. Os sites e anúncios dos candidatos foram preenchidos com suas imagens. Eles promoveram suas políticas e muitos repetiram suas falsas alegações sobre fraude eleitoral em 2020.

Mas os limites do poder político de Trump ficaram evidentes durante as eleições de terça,8. Como o presidente Biden, Trump é visto desfavoravelmente pela maioria dos eleitores moderados, e poucos candidatos presos em disputas acirradas estavam ansiosos para que o ex-presidente – ou o atual – se juntasse a eles na campanha e corresse o risco de alienar eleitores der centro, decisivos.

Na última semana, dois dos quatro comícios finais de Trump ocorreram em Estados sem uma disputa estadual competitiva. Ele não realizou um único comício na Geórgia ou Wisconsin durante as eleições gerais.

Nas disputas para governadores, a influência de Trump foi sentida mais profundamente no Arizona, onde Lake, uma ex-âncora de notícias locais, moldou quase toda a sua campanha em cima da imagem do ex-presidente. A estratégia foi extremamente bem-sucedida em uma disputa primária contra uma conhecida figura republicana do establishment e a manteve próxima nas pesquisas com Katie Hobbs, a indicada democrata. Mas Lake estava perdendo, com os votos ainda sendo contados. Os candidatos a governador de Trump em Wisconsin, Tim Michels, e em Michigan, Tudor Dixon, perderam para os democratas.

Em uma entrevista à NewsNation realizada antes do encerramento das pesquisas, quando perguntado quanto crédito ele acreditava que mereceria para qualquer um dos mais de 330 candidatos que endossou ao longo do ciclo, Trump disse: “todo o crédito. E se eles perderem, eu não deveria ser culpado, tudo bem, mas provavelmente será exatamente o oposto.”

Ele acrescentou: “Normalmente, o que acontece é que, quando eles se saem bem, não receberei nenhum crédito e, se eles se saírem mal, eles colocarão a culpa em mim. Então estou preparado para qualquer coisa, mas vamos nos defender”.

Trump está particularmente focado em se defender, preocupado não apenas com seu histórico de vitórias e derrotas, mas com as inúmeras investigações que enfrenta e a perspectiva de enfrentar outros candidatos à indicação do partido nas primárias para a eleição presidencial nos EUA em 2024. Sua irritação maior é com o potencial de DeSantis para montar uma candidatura presidencial.

Trump emitiu uma série de panfletos contra DeSantis antes do dia da eleição, dando-lhe um apelido irônico, “Ron DeSanctimonious”. Trump também alertou um punhado de repórteres a bordo de seu avião particular na noite de segunda-feira, após um comício em Ohio, que revelaria coisas “nada lisonjeiras” sobre DeSantis, caso ele concorra à corrida presidencial.

Donald Trump não estava concorrendo diretamente nas eleições legislativas desta terça-feira, mas passou os últimos dois anos se comportando como se estivesse, com o objetivo de ganhar terreno e entregar vitórias importantes a um Partido Republicano onde deve pleitear a candidatura presidencial para 2024.

A disputa por cadeiras no Senado e na Câmara ainda está muito apertada para um resultado definitivo nesta quarta-feira, 9, mas já ficou claro que não haveria a “onda vermelha gigante” que Trump passou semanas vendendo para seus apoiadores.

Em alguns estados-chave, os candidatos apoiados por Trump perderam ou estavam se saindo mal. Na Pensilvânia, o democrata Josh Shapiro venceu a corrida para governador contra o republicano Doug Mastriano, enquanto o democrata John Fetterman derrotou Mehmet Oz, um republicano trumpista, o que mudou o controle de uma cadeira essencial no Senado dos EUA. Em Michigan, Tudor Dixon, a escolha de Trump na corrida para governador, falhou em sua tentativa de derrubar a governadora Gretchen Whitmer.

O ex-presidente dos EUA Donald Trump fala com a imprensa depois de votar nessas eleições, na Flórida Foto: Eva Marie Uzcategui/AFP

No Arizona, onde Kari Lake e Blake Masters fizeram campanha juntos como candidatos trumpistas e sob a bandeira do “America First”, ambos perdiam em suas corridas para governador e Senado, respectivamente.

Alguns dos candidatos de Trump se saíram bem, como J.D. Vance, o candidato republicano ao Senado em Ohio. E o candidato em quem Trump investiu mais pessoalmente, o ex-jogador de futebol Herschel Walker, cuja candidatura ao Senado na Geórgia foi abalada por alegações de que ele incentivou as mulheres a fazerem abortos pelos quais ele pagou, iria para o segundo turno - A Geórgia é o único Estado americano a ter segundo turno na disputa.

Uma das maiores vitórias do partido da noite veio na Flórida, onde o governador Ron DeSantis foi reeleito com margens que os republicanos não viam havia duas décadas.

Ao contrário de quatro anos atrás, quando o apoio de Trump ajudou a levantar a campanha de DeSantis, o governador não procurou a ajuda do ex-presidente para a reeleição. Ao contrário, DeSantis se tornou um rival de Trump, e foi alvo de um apelido irônico do ex-presidente nos últimos dias da corrida.

Trump atacou DeSantis em parte porque o governador é amplamente visto como a principal alternativa ao ex-presidente para a indicação republicana à disputa presidencial de 2024. DeSantis não disse se concorreria à Casa Branca, mas Trump - que deve anunciar sua terceira candidatura consecutiva à presidência na próxima semana - disse a repórteres que vê DeSantis como um concorrente.

As disputas acirradas por todo o mapa eleitoral confundiram Trump. Em uma festa na noite da eleição em seu resort em Mar-a-Lago, na Flórida, ele não pareceu interessado em se dirigir à multidão, segundo uma pessoa que participou dos eventos contou ao The New York Times. Ele fez breves comentários, e uma das poucas pessoas que elogiou foi Katie Britt, a candidata republicana ao Senado do Alabama.

O candidato republicano a governador da Flórida Ron DeSantis com sua esposa Casey DeSantis Foto: Giorgio Vieira/AFP

Ele não mencionou a vitória de DeSantis, concentrando-se na ampla vitória do senador Marco Rubio, que fez campanha com Trump. Para demonstrar sua influência contínua no partido, Trump endossou cerca de 300 candidatos durante as eleições de meio de mandato de 2022, um forte afastamento de mais de um século de tradição política dos EUA. Desde 1908, quando Teddy Roosevelt desconfiou da unção de William Howard Taft como seu sucessor republicano, um ex-presidente não tinha sido tão ativo na política partidária.

Os republicanos reconheceram que a noite foi decepcionante. “Definitivamente não é uma onda republicana, com certeza”, disse o senador Lindsey Graham, republicano da Carolina do Sul e aliado próximo de Trump, à NBC News.

O foco intenso nas eleições de meio de mandato de Trump resultou quase inteiramente de sua busca por redenção após sua derrota nas eleições presidenciais de 2020 e de seu desejo de manter o partido leal a ele.

Desde 2016, quando Trump chocou o establishment republicano com uma tomada do Partido Republicano, seu estilo político resultou em mais danos colaterais para seus colegas conservadores do que em sucesso eleitoral. Ele foi o primeiro presidente em décadas a perder a Câmara, o Senado e a Casa Branca em quatro anos.

Com um presidente diferente no cargo desta vez, os republicanos sentiram uma oportunidade de compensar algumas dessas perdas. Mas para Trump, foi um momento para tentar aumentar ainda mais o controle do partido.

“Se isso provar ser mais um fracasso do Senado em um ano que foi favorável aos republicanos – mesmo que não seja uma onda – Trump vai dizer que foi inequivocamente moldado e dirigido por ele”, disse. Liam Donovan, ex-assessor do Comitê Nacional Republicano do Senado.

Donovan observou a possibilidade de um segundo turno na disputa da Geórgia, onde Trump ainda pode demonstrar sua influência se Walker derrotar o senador Raphael Warnock, o candidato democrata.

A busca de Trump por manter sua marca política – mais do que derrotar os democratas – foi encadeada em todos os seus endossos e sua decisão, pela primeira vez, de gastar uma quantia significativa de dinheiro para ajudar a eleger outros candidatos.

Seu super Comitês de Ação Política de Trump (PAC, na sigla em inglês), o MAGA Inc., gastou mais de US$ 16 milhões em publicidade na televisão no último mês em seis Estados, cerca de 9% de todos os gastos republicanos nas mesmas corridas durante esse período, segundo a AdImpact, uma empresa de rastreamento de anúncios.

Ele conseguiu escantear com sucesso muitos candidatos republicanos que considerava desleais ao apoiar seus adversários diretos nas primárias. E ele apoiou candidatos que espalharam a mentira de que a eleição de 2020 foi roubada, incluindo republicanos que concorrem para se tornar os principais funcionários eleitorais no Arizona, Geórgia e Michigan, todos os Estados que ele perdeu em 2020. Sua escolha na Geórgia perdeu a primária, enquanto as outras duas avançaram para a eleição geral, onde ainda não havia resultadonesta quarta-feira.

Trump colou seu nome em dezenas de candidatos que eram chaves para vencer nas urnas – incluindo alguns que não tinham oponente democrata – em uma tentativa de compilar um histórico de vitórias que ele começou a alardear na noite de terça-feira, bem antes de qualquer votação.

Ele apoiou candidatos nas cinco disputas mais competitivas do Senado, incluindo Walker na Geórgia e Dr. Oz na Pensilvânia.

Dentro do partido, o poder de Trump tem sido inquestionável. Os republicanos lutaram para ganhar seu apoio durante as primárias, e até mesmo candidatos que ele não apoiou concorreram como republicanos de Trump. Os sites e anúncios dos candidatos foram preenchidos com suas imagens. Eles promoveram suas políticas e muitos repetiram suas falsas alegações sobre fraude eleitoral em 2020.

Mas os limites do poder político de Trump ficaram evidentes durante as eleições de terça,8. Como o presidente Biden, Trump é visto desfavoravelmente pela maioria dos eleitores moderados, e poucos candidatos presos em disputas acirradas estavam ansiosos para que o ex-presidente – ou o atual – se juntasse a eles na campanha e corresse o risco de alienar eleitores der centro, decisivos.

Na última semana, dois dos quatro comícios finais de Trump ocorreram em Estados sem uma disputa estadual competitiva. Ele não realizou um único comício na Geórgia ou Wisconsin durante as eleições gerais.

Nas disputas para governadores, a influência de Trump foi sentida mais profundamente no Arizona, onde Lake, uma ex-âncora de notícias locais, moldou quase toda a sua campanha em cima da imagem do ex-presidente. A estratégia foi extremamente bem-sucedida em uma disputa primária contra uma conhecida figura republicana do establishment e a manteve próxima nas pesquisas com Katie Hobbs, a indicada democrata. Mas Lake estava perdendo, com os votos ainda sendo contados. Os candidatos a governador de Trump em Wisconsin, Tim Michels, e em Michigan, Tudor Dixon, perderam para os democratas.

Em uma entrevista à NewsNation realizada antes do encerramento das pesquisas, quando perguntado quanto crédito ele acreditava que mereceria para qualquer um dos mais de 330 candidatos que endossou ao longo do ciclo, Trump disse: “todo o crédito. E se eles perderem, eu não deveria ser culpado, tudo bem, mas provavelmente será exatamente o oposto.”

Ele acrescentou: “Normalmente, o que acontece é que, quando eles se saem bem, não receberei nenhum crédito e, se eles se saírem mal, eles colocarão a culpa em mim. Então estou preparado para qualquer coisa, mas vamos nos defender”.

Trump está particularmente focado em se defender, preocupado não apenas com seu histórico de vitórias e derrotas, mas com as inúmeras investigações que enfrenta e a perspectiva de enfrentar outros candidatos à indicação do partido nas primárias para a eleição presidencial nos EUA em 2024. Sua irritação maior é com o potencial de DeSantis para montar uma candidatura presidencial.

Trump emitiu uma série de panfletos contra DeSantis antes do dia da eleição, dando-lhe um apelido irônico, “Ron DeSanctimonious”. Trump também alertou um punhado de repórteres a bordo de seu avião particular na noite de segunda-feira, após um comício em Ohio, que revelaria coisas “nada lisonjeiras” sobre DeSantis, caso ele concorra à corrida presidencial.

Donald Trump não estava concorrendo diretamente nas eleições legislativas desta terça-feira, mas passou os últimos dois anos se comportando como se estivesse, com o objetivo de ganhar terreno e entregar vitórias importantes a um Partido Republicano onde deve pleitear a candidatura presidencial para 2024.

A disputa por cadeiras no Senado e na Câmara ainda está muito apertada para um resultado definitivo nesta quarta-feira, 9, mas já ficou claro que não haveria a “onda vermelha gigante” que Trump passou semanas vendendo para seus apoiadores.

Em alguns estados-chave, os candidatos apoiados por Trump perderam ou estavam se saindo mal. Na Pensilvânia, o democrata Josh Shapiro venceu a corrida para governador contra o republicano Doug Mastriano, enquanto o democrata John Fetterman derrotou Mehmet Oz, um republicano trumpista, o que mudou o controle de uma cadeira essencial no Senado dos EUA. Em Michigan, Tudor Dixon, a escolha de Trump na corrida para governador, falhou em sua tentativa de derrubar a governadora Gretchen Whitmer.

O ex-presidente dos EUA Donald Trump fala com a imprensa depois de votar nessas eleições, na Flórida Foto: Eva Marie Uzcategui/AFP

No Arizona, onde Kari Lake e Blake Masters fizeram campanha juntos como candidatos trumpistas e sob a bandeira do “America First”, ambos perdiam em suas corridas para governador e Senado, respectivamente.

Alguns dos candidatos de Trump se saíram bem, como J.D. Vance, o candidato republicano ao Senado em Ohio. E o candidato em quem Trump investiu mais pessoalmente, o ex-jogador de futebol Herschel Walker, cuja candidatura ao Senado na Geórgia foi abalada por alegações de que ele incentivou as mulheres a fazerem abortos pelos quais ele pagou, iria para o segundo turno - A Geórgia é o único Estado americano a ter segundo turno na disputa.

Uma das maiores vitórias do partido da noite veio na Flórida, onde o governador Ron DeSantis foi reeleito com margens que os republicanos não viam havia duas décadas.

Ao contrário de quatro anos atrás, quando o apoio de Trump ajudou a levantar a campanha de DeSantis, o governador não procurou a ajuda do ex-presidente para a reeleição. Ao contrário, DeSantis se tornou um rival de Trump, e foi alvo de um apelido irônico do ex-presidente nos últimos dias da corrida.

Trump atacou DeSantis em parte porque o governador é amplamente visto como a principal alternativa ao ex-presidente para a indicação republicana à disputa presidencial de 2024. DeSantis não disse se concorreria à Casa Branca, mas Trump - que deve anunciar sua terceira candidatura consecutiva à presidência na próxima semana - disse a repórteres que vê DeSantis como um concorrente.

As disputas acirradas por todo o mapa eleitoral confundiram Trump. Em uma festa na noite da eleição em seu resort em Mar-a-Lago, na Flórida, ele não pareceu interessado em se dirigir à multidão, segundo uma pessoa que participou dos eventos contou ao The New York Times. Ele fez breves comentários, e uma das poucas pessoas que elogiou foi Katie Britt, a candidata republicana ao Senado do Alabama.

O candidato republicano a governador da Flórida Ron DeSantis com sua esposa Casey DeSantis Foto: Giorgio Vieira/AFP

Ele não mencionou a vitória de DeSantis, concentrando-se na ampla vitória do senador Marco Rubio, que fez campanha com Trump. Para demonstrar sua influência contínua no partido, Trump endossou cerca de 300 candidatos durante as eleições de meio de mandato de 2022, um forte afastamento de mais de um século de tradição política dos EUA. Desde 1908, quando Teddy Roosevelt desconfiou da unção de William Howard Taft como seu sucessor republicano, um ex-presidente não tinha sido tão ativo na política partidária.

Os republicanos reconheceram que a noite foi decepcionante. “Definitivamente não é uma onda republicana, com certeza”, disse o senador Lindsey Graham, republicano da Carolina do Sul e aliado próximo de Trump, à NBC News.

O foco intenso nas eleições de meio de mandato de Trump resultou quase inteiramente de sua busca por redenção após sua derrota nas eleições presidenciais de 2020 e de seu desejo de manter o partido leal a ele.

Desde 2016, quando Trump chocou o establishment republicano com uma tomada do Partido Republicano, seu estilo político resultou em mais danos colaterais para seus colegas conservadores do que em sucesso eleitoral. Ele foi o primeiro presidente em décadas a perder a Câmara, o Senado e a Casa Branca em quatro anos.

Com um presidente diferente no cargo desta vez, os republicanos sentiram uma oportunidade de compensar algumas dessas perdas. Mas para Trump, foi um momento para tentar aumentar ainda mais o controle do partido.

“Se isso provar ser mais um fracasso do Senado em um ano que foi favorável aos republicanos – mesmo que não seja uma onda – Trump vai dizer que foi inequivocamente moldado e dirigido por ele”, disse. Liam Donovan, ex-assessor do Comitê Nacional Republicano do Senado.

Donovan observou a possibilidade de um segundo turno na disputa da Geórgia, onde Trump ainda pode demonstrar sua influência se Walker derrotar o senador Raphael Warnock, o candidato democrata.

A busca de Trump por manter sua marca política – mais do que derrotar os democratas – foi encadeada em todos os seus endossos e sua decisão, pela primeira vez, de gastar uma quantia significativa de dinheiro para ajudar a eleger outros candidatos.

Seu super Comitês de Ação Política de Trump (PAC, na sigla em inglês), o MAGA Inc., gastou mais de US$ 16 milhões em publicidade na televisão no último mês em seis Estados, cerca de 9% de todos os gastos republicanos nas mesmas corridas durante esse período, segundo a AdImpact, uma empresa de rastreamento de anúncios.

Ele conseguiu escantear com sucesso muitos candidatos republicanos que considerava desleais ao apoiar seus adversários diretos nas primárias. E ele apoiou candidatos que espalharam a mentira de que a eleição de 2020 foi roubada, incluindo republicanos que concorrem para se tornar os principais funcionários eleitorais no Arizona, Geórgia e Michigan, todos os Estados que ele perdeu em 2020. Sua escolha na Geórgia perdeu a primária, enquanto as outras duas avançaram para a eleição geral, onde ainda não havia resultadonesta quarta-feira.

Trump colou seu nome em dezenas de candidatos que eram chaves para vencer nas urnas – incluindo alguns que não tinham oponente democrata – em uma tentativa de compilar um histórico de vitórias que ele começou a alardear na noite de terça-feira, bem antes de qualquer votação.

Ele apoiou candidatos nas cinco disputas mais competitivas do Senado, incluindo Walker na Geórgia e Dr. Oz na Pensilvânia.

Dentro do partido, o poder de Trump tem sido inquestionável. Os republicanos lutaram para ganhar seu apoio durante as primárias, e até mesmo candidatos que ele não apoiou concorreram como republicanos de Trump. Os sites e anúncios dos candidatos foram preenchidos com suas imagens. Eles promoveram suas políticas e muitos repetiram suas falsas alegações sobre fraude eleitoral em 2020.

Mas os limites do poder político de Trump ficaram evidentes durante as eleições de terça,8. Como o presidente Biden, Trump é visto desfavoravelmente pela maioria dos eleitores moderados, e poucos candidatos presos em disputas acirradas estavam ansiosos para que o ex-presidente – ou o atual – se juntasse a eles na campanha e corresse o risco de alienar eleitores der centro, decisivos.

Na última semana, dois dos quatro comícios finais de Trump ocorreram em Estados sem uma disputa estadual competitiva. Ele não realizou um único comício na Geórgia ou Wisconsin durante as eleições gerais.

Nas disputas para governadores, a influência de Trump foi sentida mais profundamente no Arizona, onde Lake, uma ex-âncora de notícias locais, moldou quase toda a sua campanha em cima da imagem do ex-presidente. A estratégia foi extremamente bem-sucedida em uma disputa primária contra uma conhecida figura republicana do establishment e a manteve próxima nas pesquisas com Katie Hobbs, a indicada democrata. Mas Lake estava perdendo, com os votos ainda sendo contados. Os candidatos a governador de Trump em Wisconsin, Tim Michels, e em Michigan, Tudor Dixon, perderam para os democratas.

Em uma entrevista à NewsNation realizada antes do encerramento das pesquisas, quando perguntado quanto crédito ele acreditava que mereceria para qualquer um dos mais de 330 candidatos que endossou ao longo do ciclo, Trump disse: “todo o crédito. E se eles perderem, eu não deveria ser culpado, tudo bem, mas provavelmente será exatamente o oposto.”

Ele acrescentou: “Normalmente, o que acontece é que, quando eles se saem bem, não receberei nenhum crédito e, se eles se saírem mal, eles colocarão a culpa em mim. Então estou preparado para qualquer coisa, mas vamos nos defender”.

Trump está particularmente focado em se defender, preocupado não apenas com seu histórico de vitórias e derrotas, mas com as inúmeras investigações que enfrenta e a perspectiva de enfrentar outros candidatos à indicação do partido nas primárias para a eleição presidencial nos EUA em 2024. Sua irritação maior é com o potencial de DeSantis para montar uma candidatura presidencial.

Trump emitiu uma série de panfletos contra DeSantis antes do dia da eleição, dando-lhe um apelido irônico, “Ron DeSanctimonious”. Trump também alertou um punhado de repórteres a bordo de seu avião particular na noite de segunda-feira, após um comício em Ohio, que revelaria coisas “nada lisonjeiras” sobre DeSantis, caso ele concorra à corrida presidencial.

Donald Trump não estava concorrendo diretamente nas eleições legislativas desta terça-feira, mas passou os últimos dois anos se comportando como se estivesse, com o objetivo de ganhar terreno e entregar vitórias importantes a um Partido Republicano onde deve pleitear a candidatura presidencial para 2024.

A disputa por cadeiras no Senado e na Câmara ainda está muito apertada para um resultado definitivo nesta quarta-feira, 9, mas já ficou claro que não haveria a “onda vermelha gigante” que Trump passou semanas vendendo para seus apoiadores.

Em alguns estados-chave, os candidatos apoiados por Trump perderam ou estavam se saindo mal. Na Pensilvânia, o democrata Josh Shapiro venceu a corrida para governador contra o republicano Doug Mastriano, enquanto o democrata John Fetterman derrotou Mehmet Oz, um republicano trumpista, o que mudou o controle de uma cadeira essencial no Senado dos EUA. Em Michigan, Tudor Dixon, a escolha de Trump na corrida para governador, falhou em sua tentativa de derrubar a governadora Gretchen Whitmer.

O ex-presidente dos EUA Donald Trump fala com a imprensa depois de votar nessas eleições, na Flórida Foto: Eva Marie Uzcategui/AFP

No Arizona, onde Kari Lake e Blake Masters fizeram campanha juntos como candidatos trumpistas e sob a bandeira do “America First”, ambos perdiam em suas corridas para governador e Senado, respectivamente.

Alguns dos candidatos de Trump se saíram bem, como J.D. Vance, o candidato republicano ao Senado em Ohio. E o candidato em quem Trump investiu mais pessoalmente, o ex-jogador de futebol Herschel Walker, cuja candidatura ao Senado na Geórgia foi abalada por alegações de que ele incentivou as mulheres a fazerem abortos pelos quais ele pagou, iria para o segundo turno - A Geórgia é o único Estado americano a ter segundo turno na disputa.

Uma das maiores vitórias do partido da noite veio na Flórida, onde o governador Ron DeSantis foi reeleito com margens que os republicanos não viam havia duas décadas.

Ao contrário de quatro anos atrás, quando o apoio de Trump ajudou a levantar a campanha de DeSantis, o governador não procurou a ajuda do ex-presidente para a reeleição. Ao contrário, DeSantis se tornou um rival de Trump, e foi alvo de um apelido irônico do ex-presidente nos últimos dias da corrida.

Trump atacou DeSantis em parte porque o governador é amplamente visto como a principal alternativa ao ex-presidente para a indicação republicana à disputa presidencial de 2024. DeSantis não disse se concorreria à Casa Branca, mas Trump - que deve anunciar sua terceira candidatura consecutiva à presidência na próxima semana - disse a repórteres que vê DeSantis como um concorrente.

As disputas acirradas por todo o mapa eleitoral confundiram Trump. Em uma festa na noite da eleição em seu resort em Mar-a-Lago, na Flórida, ele não pareceu interessado em se dirigir à multidão, segundo uma pessoa que participou dos eventos contou ao The New York Times. Ele fez breves comentários, e uma das poucas pessoas que elogiou foi Katie Britt, a candidata republicana ao Senado do Alabama.

O candidato republicano a governador da Flórida Ron DeSantis com sua esposa Casey DeSantis Foto: Giorgio Vieira/AFP

Ele não mencionou a vitória de DeSantis, concentrando-se na ampla vitória do senador Marco Rubio, que fez campanha com Trump. Para demonstrar sua influência contínua no partido, Trump endossou cerca de 300 candidatos durante as eleições de meio de mandato de 2022, um forte afastamento de mais de um século de tradição política dos EUA. Desde 1908, quando Teddy Roosevelt desconfiou da unção de William Howard Taft como seu sucessor republicano, um ex-presidente não tinha sido tão ativo na política partidária.

Os republicanos reconheceram que a noite foi decepcionante. “Definitivamente não é uma onda republicana, com certeza”, disse o senador Lindsey Graham, republicano da Carolina do Sul e aliado próximo de Trump, à NBC News.

O foco intenso nas eleições de meio de mandato de Trump resultou quase inteiramente de sua busca por redenção após sua derrota nas eleições presidenciais de 2020 e de seu desejo de manter o partido leal a ele.

Desde 2016, quando Trump chocou o establishment republicano com uma tomada do Partido Republicano, seu estilo político resultou em mais danos colaterais para seus colegas conservadores do que em sucesso eleitoral. Ele foi o primeiro presidente em décadas a perder a Câmara, o Senado e a Casa Branca em quatro anos.

Com um presidente diferente no cargo desta vez, os republicanos sentiram uma oportunidade de compensar algumas dessas perdas. Mas para Trump, foi um momento para tentar aumentar ainda mais o controle do partido.

“Se isso provar ser mais um fracasso do Senado em um ano que foi favorável aos republicanos – mesmo que não seja uma onda – Trump vai dizer que foi inequivocamente moldado e dirigido por ele”, disse. Liam Donovan, ex-assessor do Comitê Nacional Republicano do Senado.

Donovan observou a possibilidade de um segundo turno na disputa da Geórgia, onde Trump ainda pode demonstrar sua influência se Walker derrotar o senador Raphael Warnock, o candidato democrata.

A busca de Trump por manter sua marca política – mais do que derrotar os democratas – foi encadeada em todos os seus endossos e sua decisão, pela primeira vez, de gastar uma quantia significativa de dinheiro para ajudar a eleger outros candidatos.

Seu super Comitês de Ação Política de Trump (PAC, na sigla em inglês), o MAGA Inc., gastou mais de US$ 16 milhões em publicidade na televisão no último mês em seis Estados, cerca de 9% de todos os gastos republicanos nas mesmas corridas durante esse período, segundo a AdImpact, uma empresa de rastreamento de anúncios.

Ele conseguiu escantear com sucesso muitos candidatos republicanos que considerava desleais ao apoiar seus adversários diretos nas primárias. E ele apoiou candidatos que espalharam a mentira de que a eleição de 2020 foi roubada, incluindo republicanos que concorrem para se tornar os principais funcionários eleitorais no Arizona, Geórgia e Michigan, todos os Estados que ele perdeu em 2020. Sua escolha na Geórgia perdeu a primária, enquanto as outras duas avançaram para a eleição geral, onde ainda não havia resultadonesta quarta-feira.

Trump colou seu nome em dezenas de candidatos que eram chaves para vencer nas urnas – incluindo alguns que não tinham oponente democrata – em uma tentativa de compilar um histórico de vitórias que ele começou a alardear na noite de terça-feira, bem antes de qualquer votação.

Ele apoiou candidatos nas cinco disputas mais competitivas do Senado, incluindo Walker na Geórgia e Dr. Oz na Pensilvânia.

Dentro do partido, o poder de Trump tem sido inquestionável. Os republicanos lutaram para ganhar seu apoio durante as primárias, e até mesmo candidatos que ele não apoiou concorreram como republicanos de Trump. Os sites e anúncios dos candidatos foram preenchidos com suas imagens. Eles promoveram suas políticas e muitos repetiram suas falsas alegações sobre fraude eleitoral em 2020.

Mas os limites do poder político de Trump ficaram evidentes durante as eleições de terça,8. Como o presidente Biden, Trump é visto desfavoravelmente pela maioria dos eleitores moderados, e poucos candidatos presos em disputas acirradas estavam ansiosos para que o ex-presidente – ou o atual – se juntasse a eles na campanha e corresse o risco de alienar eleitores der centro, decisivos.

Na última semana, dois dos quatro comícios finais de Trump ocorreram em Estados sem uma disputa estadual competitiva. Ele não realizou um único comício na Geórgia ou Wisconsin durante as eleições gerais.

Nas disputas para governadores, a influência de Trump foi sentida mais profundamente no Arizona, onde Lake, uma ex-âncora de notícias locais, moldou quase toda a sua campanha em cima da imagem do ex-presidente. A estratégia foi extremamente bem-sucedida em uma disputa primária contra uma conhecida figura republicana do establishment e a manteve próxima nas pesquisas com Katie Hobbs, a indicada democrata. Mas Lake estava perdendo, com os votos ainda sendo contados. Os candidatos a governador de Trump em Wisconsin, Tim Michels, e em Michigan, Tudor Dixon, perderam para os democratas.

Em uma entrevista à NewsNation realizada antes do encerramento das pesquisas, quando perguntado quanto crédito ele acreditava que mereceria para qualquer um dos mais de 330 candidatos que endossou ao longo do ciclo, Trump disse: “todo o crédito. E se eles perderem, eu não deveria ser culpado, tudo bem, mas provavelmente será exatamente o oposto.”

Ele acrescentou: “Normalmente, o que acontece é que, quando eles se saem bem, não receberei nenhum crédito e, se eles se saírem mal, eles colocarão a culpa em mim. Então estou preparado para qualquer coisa, mas vamos nos defender”.

Trump está particularmente focado em se defender, preocupado não apenas com seu histórico de vitórias e derrotas, mas com as inúmeras investigações que enfrenta e a perspectiva de enfrentar outros candidatos à indicação do partido nas primárias para a eleição presidencial nos EUA em 2024. Sua irritação maior é com o potencial de DeSantis para montar uma candidatura presidencial.

Trump emitiu uma série de panfletos contra DeSantis antes do dia da eleição, dando-lhe um apelido irônico, “Ron DeSanctimonious”. Trump também alertou um punhado de repórteres a bordo de seu avião particular na noite de segunda-feira, após um comício em Ohio, que revelaria coisas “nada lisonjeiras” sobre DeSantis, caso ele concorra à corrida presidencial.

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