WASHINGTON - O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou nesta quinta-feira, 13, que Israel estabelecerá “a normalização total das relações” com os Emirados Árabes Unidos e renunciará, por enquanto, aos planos de anexar o território ocupado da Cisjordânia para se concentrar em melhorar seus laços com o resto do mundo árabe.
Israel não tinha, até agora, relações diplomáticas com países árabes do Golfo, e os recentes anúncios de anexação de parte da Cisjordânia eram encarados como um impeditivo para a normalização, apesar da ameaça comum que é o aumento da influência regional do Irã.
Este é apenas o terceiro acordo diplomático árabe-israelense desde a declaração de independência de Israel em 1948. O Egito assinou um em 1979 e a Jordânia em 1994.
Em uma declaração surpresa emitida pela Casa Branca, Trump disse que Israel e os Emirados Árabes Unidos assinarão uma série de acordos bilaterais sobre investimento, turismo, segurança, tecnologia, energia e outras áreas.
Aproximação e Anexação do Vale do Jordão
Israel vinha tentando se aproximar de vários países do Golfo, incluindo uma cooperação com os Emirados Árabes Unidos por causa da pandemia do coronavírus.
Netanyahu declarou no ano passado que Israel já não era considerado inimigo pela maioria dos países árabes, mas sim “como um aliado” indispensável contra o Irã. A notícia é surpreendente, apesar de vários sinais de aproximação (um avião da Emirates com ajuda para o combate à covid-19 aterrisou em Tel Aviv, em maio, e Netanyahu visitou Omã pela primeira vez no começo do ano).
O analista político Aaron David Miller, que participou em várias negociações entre israelenses e palestinos patrocinadas pelos EUA, escreveu recentemente sobre esta aproximação, dizendo que, “claramente, os países do Golfo não estão prestes a ter uma normalização total com Israel”.
Com a notícia da normalização, Miller comentou em sua conta no Twitter: “Netanyahu, Emirados Árabes Unidos e o governo Trump transformaram uma necessidade numa vantagem e numa vitória para os três. Os Emirados dizem que impediram a anexação, os EUA também e conseguem um grande avanço, e Netanyahu consegue uma enorme vantagem e liberta-se da armadilha da anexação”.
“Como resultado deste avanço diplomático e a pedido do presidente Trump com o apoio dos Emirados Árabes Unidos, Israel suspenderá a declaração de soberania sobre as áreas delineadas no Plano de Paz e concentrará seus esforços agora na expansão dos laços com outros países no mundo árabe e muçulmano”, afirma o comunicado divulgado pela Casa Branca e descrito como uma declaração conjunta de Israel, os Emirados Árabes Unidos e os Estados Unidos.
Trump convocou repórteres ao Salão Oval e disse que havia falado com líderes dos dois países. “Estão acontecendo coisas das quais não posso falar”, mas são incríveis, disse ele aos repórteres. O primeiro-ministro Binyamin Netanyahu, de Israel, reproduziu um tuíte de Trump anunciando o acordo e acrescentou, em hebraico: “Um dia histórico”.
O secretário de Estado americano, Mike Pompeo, comparou o acordo aos tratados de paz firmados por Israel há décadas com o Egito e a Jordânia. “O acordo de normalização de hoje entre Israel e os Emirados têm potencial semelhante e a promessa de um dia melhor para toda a região”, disse ele.
O anúncio da Casa Branca ocorre várias semanas depois que Netanyahu anunciou uma nova parceria com os EUA para cooperar na luta contra o coronavírus. O príncipe herdeiro dos Emirados Árabes Unidos, Mohammed Bin Zayad, disse que Israel concordou em suspender os planos de anexação na Cisjordânia, e que os países concordaram em trabalhar para a normalização das relações.
Segundo o comunicado de Trump, delegações de Israel e dos Emirados Árabes Unidos vão se reunir nas próximas semanas para assinar acordos sobre investimentos, turismo, voos diretos entre os países, segurança, telecomunicações, tecnologia, energia, saúde, cultura, meio ambiente e até o estabelecimento de embaixadas recíprocas. Israel também trabalharia para expandir suas relações com países árabes da região.
"A normalização das relações e a diplomacia pacífica vão aproximar dois dos mais confiáveis e capazes parceiros da América na região", diz o comunicado conjunto das três nações, divulgado por Trump.