WASHINGTON - O presidente dos EUA, Donald Trump, reviu ontem sua ameaça de mandar o autor do atentado terrorista em Nova York para a prisão de Guantánamo, em Cuba. Ao perceber que o desejo expressado na véspera era inviável, o líder americano pediu a execução do usbeque Sayfullo Saipov. A declaração, que vai contra a tradição da Casa Branca de não se manifestar sobre processos judiciais em curso, pode auxiliar a defesa do acusado.
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Na quarta-feira, Trump declarou esperar que Saipov deixasse de ser julgado pela Justiça comum e passasse à esfera militar. Questionado se pretendia mandar o terrorista para Guantánamo, disse que considerava fortemente a hipótese. O último detento chegou à ilha em 2006.
Na madrugada de ontem, o presidente recorreu ao Twitter, para defender a pena de morte para Saipov. “O terrorista de NYC está satisfeito e pediu que a bandeira do Estado Islâmico seja exibida em seu quarto de hospital. Matou 8 pessoas e feriu gravemente 12. DEVERIA SER CONDENADO À MORTE!”, escreveu o presidente. “Eu adoraria mandar para Guantánamo o terrorista de NY mas estatisticamente o processo é muito mais longo”, escreveu Trump, na mesma sequência de mensagens.
Presidentes são aconselhados a não se manifestar sobre casos de Justiça porque seus comentários podem ser usados por advogados de defesa para provar que o julgamento não foi justo – mais ainda quando o Estado é parte da acusação.
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Saipov enfrenta duas acusações, segundo o procurador-geral interino de Manhattan, Joon Kim. A primeira é de violência e destruição de veículos automotivos causando as mortes de oito pessoas, passível de pena de morte. A segunda é de fornecer apoio material e recursos a uma organização terrorista estrangeira, no caso o Estado Islâmico. Para essa, a punição máxima prevista é a prisão perpétua, disse Kim.
Não é a primeira vez que Trump comenta casos em curso. No começo da semana, um juiz militar declarou que levaria em conta comentários do presidente para aliviar a sentença do sargento Bowe Bergdhal, que desertou do Exército americano em missão no Afeganistão.
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Outros casos
Nos anos 70, os advogados de Charles Manson tentaram anular seu julgamento depois que o presidente Richard Nixon declarou que ele era culpado de oito assassinatos ocorridos na Califórnia. Nixon teve de se retificar para evitar que o julgamento fosse anulado. “A última coisa que eu faria seria prejudicar os direitos jurídicos de qualquer pessoa sob qualquer circunstância”, disse Nixon à época.
Em 2005, o presidente George W. Bush afirmou confiar na absolvição do deputado republicano Tom DeLay por lavagem de dinheiro. “Além de eu gostar dele, quando estava na Câmara ele conseguia votos para nós”, disse Bush então. DeLay foi condenado em primeira instância em 2010, e absolvido em 2013. / REUTERS e NYT