Turquia prende mais de 100 construtores após terremoto; número de mortos passa de 28 mil


Ancara é criticada por sua resposta lenta e tolerância com construções de má qualidade

Por Redação
Atualização:

ADIYAMAN, TURQUIA - Com a raiva crescendo na Turquia neste sábado, 11, pela resposta lenta do governo ao terremoto devastador de segunda-feira atingindo o que os críticos dizem ser construções de má qualidade, o governo de Recep Tayyip Erdogan começou a deter empreiteiros em todo o país que culpou por alguns dos colapsos que ajudaram a levar o número de mortos para mais de 28 mil.

Mais de 100 pessoas foram detidas nas 10 províncias afetadas pelo terremoto, informou a agência de notícias estatal Anadolu no sábado, quando o Ministério da Justiça turco ordenou que as autoridades nessas províncias estabelecessem Unidades de Investigação de Crimes de Terremoto. Também os orientou a nomear promotores para apresentar acusações criminais contra todos os “construtores e responsáveis” pelo colapso de edifícios que não cumpriram os códigos existentes, que foram implementados após um desastre semelhante em 1999.

As prisões foram os primeiros passos do Estado turco para identificar e punir as pessoas que podem ter contribuído para a morte de seus concidadãos no terremoto. Em toda a zona do terremoto, os moradores expressaram indignação com o que disseram ser construtores corruptos que cortam custos para aumentar seus lucros e com a concessão de “anistias” do governo aos construtores que levantaram complexos de apartamentos que não cumpriram os novos códigos.

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Presidente Recep Tayyip Erdogan conversa com moradores Diyarbakir, devastada pelo terremoto no país Foto: Ilyas Akengin/AFP - 11/02/2023

No Bairro de Saraykint, em Antakya, os moradores apontaram um acabamento de má qualidade em um prédio de luxo recém-construído de 14 andares, com cerca de 90 apartamentos, que desabou sobre si mesmo. “O concreto é como areia”, disse um homem que se recusou a dar seu nome, parado perto do prédio enquanto observava o trabalho dos socorristas. “Foi construído muito rapidamente.”

Entre os detidos no sábado estava Mehmet Ertan Akay, o construtor de um complexo que desabou na cidade de Gaziantep, fortemente atingida, acusado de homicídio involuntário e violação da lei de construção pública, informou uma agência de notícias turca. A promotoria de Gaziantep disse que emitiu a ordem de detenção após inspecionar as evidências coletadas nos escombros do complexo que ele havia construído.

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Mehmet Yasar Coskun, o construtor de um prédio de 12 andares na Província de Hatay com 250 apartamentos que foi completamente destruído, foi detido na sexta-feira em um aeroporto de Istambul enquanto tentava embarcar em um voo para Montenegro. Acredita-se que dezenas de pessoas tenham morrido quando o prédio desabou.

Dois construtores de um prédio de 14 andares que desabou em Adana, que fugiram da Turquia imediatamente após o terremoto, foram detidos no norte do Chipre, de acordo com a administração do norte do Chipre controlada pela Turquia.

Resposta lenta

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O presidente Erdogan, visitando a província de Diyarbakir no sábado, defendeu as ações do governo, dizendo que este terremoto foi “três vezes maior e mais destrutivo do que o terremoto de 1999, o maior desastre na memória recente de nosso país”. Embora reconheça que a resposta oficial tem sido lenta, ele disse que o país não estava preparado para um terremoto desta magnitude.

Erdogan, que enfrenta uma dura batalha eleitoral em maio, pediu união, dizendo: “Infelizmente, alguns partidos políticos, ONGs, ainda procuram atacar imoralmente, descaradamente”. Ele prometeu retribuição aos saqueadores e disse que todas as universidades turcas mudariam para o aprendizado online para que os sobreviventes pudessem viver por enquanto em dormitórios estatais.

Embora a Turquia tenha códigos de construção implantados após o terremoto de 1999, os moradores disseram que muitas vezes eles não foram aplicados porque os empreiteiros podem ganhar mais dinheiro ao cortar custos: misturando o concreto e usando barras de metal mais baratas para fortalecer os pilares, entre outras coisas.

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Morador se revolta perto do corpo da mãe, morta no desabamento do prédio em que vivia em Antakya  Foto: Bernat Armangue/AP

Mesut Koparal, um negociante de automóveis cuja mãe foi morta no terremoto, ficou furioso com o Estado por não fazer mais para garantir que os edifícios fossem bem construídos.

Na cidade de Adiyaman, a via principal parecia um canteiro de obras que se espalha, quarteirão após quarteirão. Mas, em vez de erguer prédios, equipes de trabalhadores, guindastes e escavadeiras estavam cavando os escombros daqueles que desabaram. Moradores disseram que as equipes de resgate e a ajuda demoraram a chegar.

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Vítimas

O número de mortes no terremoto na Turquia e na Síria passou neste sábado de 28 mil. Martin Griffiths, coordenador de emergência da ONU, disse que o total, porém, pode ser duas vezes maior. “É assustador. Esta é a natureza revidando de forma dura. É profundamente chocante a ideia de que montanhas de escombros ainda esteja sobre pessoas vivas”, afirmou Griffiths em entrevista à Sky News. “Nós realmente ainda nem começamos a contar o número de mortos.”

Equipes de resgate carregam Muhammed Alkanaas, de 12 anos, para uma ambulância depois de retirá-lo cinco dias após o terremoto em Antakya, sul da Turquia Foto: AP Photo/Can Ozer - 11/02/2023
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De acordo com ele, o período de 72 horas após um desastre é crucial para os resgates, Mesmo passado esse prazo, porém, muitos sobreviventes ainda estão sendo retirados dos escombros.

“Deve ser muito difícil decidir quando interromper a fase de resgate”, afirmou o coordenador da ONU, que visitou a Província de Kahramanmaras, na Turquia, e descreveu o terremoto como “o evento mais grave na região nos últimos 100 anos”.

Urgência

A situação na Síria e na Turquia é grave, segundo a ONU. Pelo menos 870 mil pessoas precisam urgentemente de alimentos nos dois países. Stéphane Dujarric, porta-voz do secretário-geral da ONU, António Guterres, disse que a comunidade internacional deveria colocar a política de lado e enviar ajuda humanitária à Síria, que sofre sanções econômicas e ainda vive uma guerra civil de mais de uma década.

Diante da devastação, começaram a surgir neste sábado os primeiros relatos de saques a mercados, principalmente na Turquia. A preocupação é tão grande que Erdogan ameaçou punir com rigor os saqueadores.

A segurança na zona afetada pelo terremoto entrou em foco neste sábado depois que equipes da Alemanha e da Áustria suspenderam suas operações de resgate em Hatay, na Turquia, alegando “uma situação de segurança cada vez mais difícil”.

“Nas últimas horas, a situação de segurança na Província de Hatay aparentemente mudou”, disse o porta-voz das equipes de resgate da Alemanha, Stefan Heine. “Há cada vez mais relatos de confrontos entre diferentes facções e de tiros sendo disparados.” /AP, AFP E NYT

ADIYAMAN, TURQUIA - Com a raiva crescendo na Turquia neste sábado, 11, pela resposta lenta do governo ao terremoto devastador de segunda-feira atingindo o que os críticos dizem ser construções de má qualidade, o governo de Recep Tayyip Erdogan começou a deter empreiteiros em todo o país que culpou por alguns dos colapsos que ajudaram a levar o número de mortos para mais de 28 mil.

Mais de 100 pessoas foram detidas nas 10 províncias afetadas pelo terremoto, informou a agência de notícias estatal Anadolu no sábado, quando o Ministério da Justiça turco ordenou que as autoridades nessas províncias estabelecessem Unidades de Investigação de Crimes de Terremoto. Também os orientou a nomear promotores para apresentar acusações criminais contra todos os “construtores e responsáveis” pelo colapso de edifícios que não cumpriram os códigos existentes, que foram implementados após um desastre semelhante em 1999.

As prisões foram os primeiros passos do Estado turco para identificar e punir as pessoas que podem ter contribuído para a morte de seus concidadãos no terremoto. Em toda a zona do terremoto, os moradores expressaram indignação com o que disseram ser construtores corruptos que cortam custos para aumentar seus lucros e com a concessão de “anistias” do governo aos construtores que levantaram complexos de apartamentos que não cumpriram os novos códigos.

Presidente Recep Tayyip Erdogan conversa com moradores Diyarbakir, devastada pelo terremoto no país Foto: Ilyas Akengin/AFP - 11/02/2023

No Bairro de Saraykint, em Antakya, os moradores apontaram um acabamento de má qualidade em um prédio de luxo recém-construído de 14 andares, com cerca de 90 apartamentos, que desabou sobre si mesmo. “O concreto é como areia”, disse um homem que se recusou a dar seu nome, parado perto do prédio enquanto observava o trabalho dos socorristas. “Foi construído muito rapidamente.”

Entre os detidos no sábado estava Mehmet Ertan Akay, o construtor de um complexo que desabou na cidade de Gaziantep, fortemente atingida, acusado de homicídio involuntário e violação da lei de construção pública, informou uma agência de notícias turca. A promotoria de Gaziantep disse que emitiu a ordem de detenção após inspecionar as evidências coletadas nos escombros do complexo que ele havia construído.

Mehmet Yasar Coskun, o construtor de um prédio de 12 andares na Província de Hatay com 250 apartamentos que foi completamente destruído, foi detido na sexta-feira em um aeroporto de Istambul enquanto tentava embarcar em um voo para Montenegro. Acredita-se que dezenas de pessoas tenham morrido quando o prédio desabou.

Dois construtores de um prédio de 14 andares que desabou em Adana, que fugiram da Turquia imediatamente após o terremoto, foram detidos no norte do Chipre, de acordo com a administração do norte do Chipre controlada pela Turquia.

Resposta lenta

O presidente Erdogan, visitando a província de Diyarbakir no sábado, defendeu as ações do governo, dizendo que este terremoto foi “três vezes maior e mais destrutivo do que o terremoto de 1999, o maior desastre na memória recente de nosso país”. Embora reconheça que a resposta oficial tem sido lenta, ele disse que o país não estava preparado para um terremoto desta magnitude.

Erdogan, que enfrenta uma dura batalha eleitoral em maio, pediu união, dizendo: “Infelizmente, alguns partidos políticos, ONGs, ainda procuram atacar imoralmente, descaradamente”. Ele prometeu retribuição aos saqueadores e disse que todas as universidades turcas mudariam para o aprendizado online para que os sobreviventes pudessem viver por enquanto em dormitórios estatais.

Embora a Turquia tenha códigos de construção implantados após o terremoto de 1999, os moradores disseram que muitas vezes eles não foram aplicados porque os empreiteiros podem ganhar mais dinheiro ao cortar custos: misturando o concreto e usando barras de metal mais baratas para fortalecer os pilares, entre outras coisas.

Morador se revolta perto do corpo da mãe, morta no desabamento do prédio em que vivia em Antakya  Foto: Bernat Armangue/AP

Mesut Koparal, um negociante de automóveis cuja mãe foi morta no terremoto, ficou furioso com o Estado por não fazer mais para garantir que os edifícios fossem bem construídos.

Na cidade de Adiyaman, a via principal parecia um canteiro de obras que se espalha, quarteirão após quarteirão. Mas, em vez de erguer prédios, equipes de trabalhadores, guindastes e escavadeiras estavam cavando os escombros daqueles que desabaram. Moradores disseram que as equipes de resgate e a ajuda demoraram a chegar.

Vítimas

O número de mortes no terremoto na Turquia e na Síria passou neste sábado de 28 mil. Martin Griffiths, coordenador de emergência da ONU, disse que o total, porém, pode ser duas vezes maior. “É assustador. Esta é a natureza revidando de forma dura. É profundamente chocante a ideia de que montanhas de escombros ainda esteja sobre pessoas vivas”, afirmou Griffiths em entrevista à Sky News. “Nós realmente ainda nem começamos a contar o número de mortos.”

Equipes de resgate carregam Muhammed Alkanaas, de 12 anos, para uma ambulância depois de retirá-lo cinco dias após o terremoto em Antakya, sul da Turquia Foto: AP Photo/Can Ozer - 11/02/2023

De acordo com ele, o período de 72 horas após um desastre é crucial para os resgates, Mesmo passado esse prazo, porém, muitos sobreviventes ainda estão sendo retirados dos escombros.

“Deve ser muito difícil decidir quando interromper a fase de resgate”, afirmou o coordenador da ONU, que visitou a Província de Kahramanmaras, na Turquia, e descreveu o terremoto como “o evento mais grave na região nos últimos 100 anos”.

Urgência

A situação na Síria e na Turquia é grave, segundo a ONU. Pelo menos 870 mil pessoas precisam urgentemente de alimentos nos dois países. Stéphane Dujarric, porta-voz do secretário-geral da ONU, António Guterres, disse que a comunidade internacional deveria colocar a política de lado e enviar ajuda humanitária à Síria, que sofre sanções econômicas e ainda vive uma guerra civil de mais de uma década.

Diante da devastação, começaram a surgir neste sábado os primeiros relatos de saques a mercados, principalmente na Turquia. A preocupação é tão grande que Erdogan ameaçou punir com rigor os saqueadores.

A segurança na zona afetada pelo terremoto entrou em foco neste sábado depois que equipes da Alemanha e da Áustria suspenderam suas operações de resgate em Hatay, na Turquia, alegando “uma situação de segurança cada vez mais difícil”.

“Nas últimas horas, a situação de segurança na Província de Hatay aparentemente mudou”, disse o porta-voz das equipes de resgate da Alemanha, Stefan Heine. “Há cada vez mais relatos de confrontos entre diferentes facções e de tiros sendo disparados.” /AP, AFP E NYT

ADIYAMAN, TURQUIA - Com a raiva crescendo na Turquia neste sábado, 11, pela resposta lenta do governo ao terremoto devastador de segunda-feira atingindo o que os críticos dizem ser construções de má qualidade, o governo de Recep Tayyip Erdogan começou a deter empreiteiros em todo o país que culpou por alguns dos colapsos que ajudaram a levar o número de mortos para mais de 28 mil.

Mais de 100 pessoas foram detidas nas 10 províncias afetadas pelo terremoto, informou a agência de notícias estatal Anadolu no sábado, quando o Ministério da Justiça turco ordenou que as autoridades nessas províncias estabelecessem Unidades de Investigação de Crimes de Terremoto. Também os orientou a nomear promotores para apresentar acusações criminais contra todos os “construtores e responsáveis” pelo colapso de edifícios que não cumpriram os códigos existentes, que foram implementados após um desastre semelhante em 1999.

As prisões foram os primeiros passos do Estado turco para identificar e punir as pessoas que podem ter contribuído para a morte de seus concidadãos no terremoto. Em toda a zona do terremoto, os moradores expressaram indignação com o que disseram ser construtores corruptos que cortam custos para aumentar seus lucros e com a concessão de “anistias” do governo aos construtores que levantaram complexos de apartamentos que não cumpriram os novos códigos.

Presidente Recep Tayyip Erdogan conversa com moradores Diyarbakir, devastada pelo terremoto no país Foto: Ilyas Akengin/AFP - 11/02/2023

No Bairro de Saraykint, em Antakya, os moradores apontaram um acabamento de má qualidade em um prédio de luxo recém-construído de 14 andares, com cerca de 90 apartamentos, que desabou sobre si mesmo. “O concreto é como areia”, disse um homem que se recusou a dar seu nome, parado perto do prédio enquanto observava o trabalho dos socorristas. “Foi construído muito rapidamente.”

Entre os detidos no sábado estava Mehmet Ertan Akay, o construtor de um complexo que desabou na cidade de Gaziantep, fortemente atingida, acusado de homicídio involuntário e violação da lei de construção pública, informou uma agência de notícias turca. A promotoria de Gaziantep disse que emitiu a ordem de detenção após inspecionar as evidências coletadas nos escombros do complexo que ele havia construído.

Mehmet Yasar Coskun, o construtor de um prédio de 12 andares na Província de Hatay com 250 apartamentos que foi completamente destruído, foi detido na sexta-feira em um aeroporto de Istambul enquanto tentava embarcar em um voo para Montenegro. Acredita-se que dezenas de pessoas tenham morrido quando o prédio desabou.

Dois construtores de um prédio de 14 andares que desabou em Adana, que fugiram da Turquia imediatamente após o terremoto, foram detidos no norte do Chipre, de acordo com a administração do norte do Chipre controlada pela Turquia.

Resposta lenta

O presidente Erdogan, visitando a província de Diyarbakir no sábado, defendeu as ações do governo, dizendo que este terremoto foi “três vezes maior e mais destrutivo do que o terremoto de 1999, o maior desastre na memória recente de nosso país”. Embora reconheça que a resposta oficial tem sido lenta, ele disse que o país não estava preparado para um terremoto desta magnitude.

Erdogan, que enfrenta uma dura batalha eleitoral em maio, pediu união, dizendo: “Infelizmente, alguns partidos políticos, ONGs, ainda procuram atacar imoralmente, descaradamente”. Ele prometeu retribuição aos saqueadores e disse que todas as universidades turcas mudariam para o aprendizado online para que os sobreviventes pudessem viver por enquanto em dormitórios estatais.

Embora a Turquia tenha códigos de construção implantados após o terremoto de 1999, os moradores disseram que muitas vezes eles não foram aplicados porque os empreiteiros podem ganhar mais dinheiro ao cortar custos: misturando o concreto e usando barras de metal mais baratas para fortalecer os pilares, entre outras coisas.

Morador se revolta perto do corpo da mãe, morta no desabamento do prédio em que vivia em Antakya  Foto: Bernat Armangue/AP

Mesut Koparal, um negociante de automóveis cuja mãe foi morta no terremoto, ficou furioso com o Estado por não fazer mais para garantir que os edifícios fossem bem construídos.

Na cidade de Adiyaman, a via principal parecia um canteiro de obras que se espalha, quarteirão após quarteirão. Mas, em vez de erguer prédios, equipes de trabalhadores, guindastes e escavadeiras estavam cavando os escombros daqueles que desabaram. Moradores disseram que as equipes de resgate e a ajuda demoraram a chegar.

Vítimas

O número de mortes no terremoto na Turquia e na Síria passou neste sábado de 28 mil. Martin Griffiths, coordenador de emergência da ONU, disse que o total, porém, pode ser duas vezes maior. “É assustador. Esta é a natureza revidando de forma dura. É profundamente chocante a ideia de que montanhas de escombros ainda esteja sobre pessoas vivas”, afirmou Griffiths em entrevista à Sky News. “Nós realmente ainda nem começamos a contar o número de mortos.”

Equipes de resgate carregam Muhammed Alkanaas, de 12 anos, para uma ambulância depois de retirá-lo cinco dias após o terremoto em Antakya, sul da Turquia Foto: AP Photo/Can Ozer - 11/02/2023

De acordo com ele, o período de 72 horas após um desastre é crucial para os resgates, Mesmo passado esse prazo, porém, muitos sobreviventes ainda estão sendo retirados dos escombros.

“Deve ser muito difícil decidir quando interromper a fase de resgate”, afirmou o coordenador da ONU, que visitou a Província de Kahramanmaras, na Turquia, e descreveu o terremoto como “o evento mais grave na região nos últimos 100 anos”.

Urgência

A situação na Síria e na Turquia é grave, segundo a ONU. Pelo menos 870 mil pessoas precisam urgentemente de alimentos nos dois países. Stéphane Dujarric, porta-voz do secretário-geral da ONU, António Guterres, disse que a comunidade internacional deveria colocar a política de lado e enviar ajuda humanitária à Síria, que sofre sanções econômicas e ainda vive uma guerra civil de mais de uma década.

Diante da devastação, começaram a surgir neste sábado os primeiros relatos de saques a mercados, principalmente na Turquia. A preocupação é tão grande que Erdogan ameaçou punir com rigor os saqueadores.

A segurança na zona afetada pelo terremoto entrou em foco neste sábado depois que equipes da Alemanha e da Áustria suspenderam suas operações de resgate em Hatay, na Turquia, alegando “uma situação de segurança cada vez mais difícil”.

“Nas últimas horas, a situação de segurança na Província de Hatay aparentemente mudou”, disse o porta-voz das equipes de resgate da Alemanha, Stefan Heine. “Há cada vez mais relatos de confrontos entre diferentes facções e de tiros sendo disparados.” /AP, AFP E NYT

ADIYAMAN, TURQUIA - Com a raiva crescendo na Turquia neste sábado, 11, pela resposta lenta do governo ao terremoto devastador de segunda-feira atingindo o que os críticos dizem ser construções de má qualidade, o governo de Recep Tayyip Erdogan começou a deter empreiteiros em todo o país que culpou por alguns dos colapsos que ajudaram a levar o número de mortos para mais de 28 mil.

Mais de 100 pessoas foram detidas nas 10 províncias afetadas pelo terremoto, informou a agência de notícias estatal Anadolu no sábado, quando o Ministério da Justiça turco ordenou que as autoridades nessas províncias estabelecessem Unidades de Investigação de Crimes de Terremoto. Também os orientou a nomear promotores para apresentar acusações criminais contra todos os “construtores e responsáveis” pelo colapso de edifícios que não cumpriram os códigos existentes, que foram implementados após um desastre semelhante em 1999.

As prisões foram os primeiros passos do Estado turco para identificar e punir as pessoas que podem ter contribuído para a morte de seus concidadãos no terremoto. Em toda a zona do terremoto, os moradores expressaram indignação com o que disseram ser construtores corruptos que cortam custos para aumentar seus lucros e com a concessão de “anistias” do governo aos construtores que levantaram complexos de apartamentos que não cumpriram os novos códigos.

Presidente Recep Tayyip Erdogan conversa com moradores Diyarbakir, devastada pelo terremoto no país Foto: Ilyas Akengin/AFP - 11/02/2023

No Bairro de Saraykint, em Antakya, os moradores apontaram um acabamento de má qualidade em um prédio de luxo recém-construído de 14 andares, com cerca de 90 apartamentos, que desabou sobre si mesmo. “O concreto é como areia”, disse um homem que se recusou a dar seu nome, parado perto do prédio enquanto observava o trabalho dos socorristas. “Foi construído muito rapidamente.”

Entre os detidos no sábado estava Mehmet Ertan Akay, o construtor de um complexo que desabou na cidade de Gaziantep, fortemente atingida, acusado de homicídio involuntário e violação da lei de construção pública, informou uma agência de notícias turca. A promotoria de Gaziantep disse que emitiu a ordem de detenção após inspecionar as evidências coletadas nos escombros do complexo que ele havia construído.

Mehmet Yasar Coskun, o construtor de um prédio de 12 andares na Província de Hatay com 250 apartamentos que foi completamente destruído, foi detido na sexta-feira em um aeroporto de Istambul enquanto tentava embarcar em um voo para Montenegro. Acredita-se que dezenas de pessoas tenham morrido quando o prédio desabou.

Dois construtores de um prédio de 14 andares que desabou em Adana, que fugiram da Turquia imediatamente após o terremoto, foram detidos no norte do Chipre, de acordo com a administração do norte do Chipre controlada pela Turquia.

Resposta lenta

O presidente Erdogan, visitando a província de Diyarbakir no sábado, defendeu as ações do governo, dizendo que este terremoto foi “três vezes maior e mais destrutivo do que o terremoto de 1999, o maior desastre na memória recente de nosso país”. Embora reconheça que a resposta oficial tem sido lenta, ele disse que o país não estava preparado para um terremoto desta magnitude.

Erdogan, que enfrenta uma dura batalha eleitoral em maio, pediu união, dizendo: “Infelizmente, alguns partidos políticos, ONGs, ainda procuram atacar imoralmente, descaradamente”. Ele prometeu retribuição aos saqueadores e disse que todas as universidades turcas mudariam para o aprendizado online para que os sobreviventes pudessem viver por enquanto em dormitórios estatais.

Embora a Turquia tenha códigos de construção implantados após o terremoto de 1999, os moradores disseram que muitas vezes eles não foram aplicados porque os empreiteiros podem ganhar mais dinheiro ao cortar custos: misturando o concreto e usando barras de metal mais baratas para fortalecer os pilares, entre outras coisas.

Morador se revolta perto do corpo da mãe, morta no desabamento do prédio em que vivia em Antakya  Foto: Bernat Armangue/AP

Mesut Koparal, um negociante de automóveis cuja mãe foi morta no terremoto, ficou furioso com o Estado por não fazer mais para garantir que os edifícios fossem bem construídos.

Na cidade de Adiyaman, a via principal parecia um canteiro de obras que se espalha, quarteirão após quarteirão. Mas, em vez de erguer prédios, equipes de trabalhadores, guindastes e escavadeiras estavam cavando os escombros daqueles que desabaram. Moradores disseram que as equipes de resgate e a ajuda demoraram a chegar.

Vítimas

O número de mortes no terremoto na Turquia e na Síria passou neste sábado de 28 mil. Martin Griffiths, coordenador de emergência da ONU, disse que o total, porém, pode ser duas vezes maior. “É assustador. Esta é a natureza revidando de forma dura. É profundamente chocante a ideia de que montanhas de escombros ainda esteja sobre pessoas vivas”, afirmou Griffiths em entrevista à Sky News. “Nós realmente ainda nem começamos a contar o número de mortos.”

Equipes de resgate carregam Muhammed Alkanaas, de 12 anos, para uma ambulância depois de retirá-lo cinco dias após o terremoto em Antakya, sul da Turquia Foto: AP Photo/Can Ozer - 11/02/2023

De acordo com ele, o período de 72 horas após um desastre é crucial para os resgates, Mesmo passado esse prazo, porém, muitos sobreviventes ainda estão sendo retirados dos escombros.

“Deve ser muito difícil decidir quando interromper a fase de resgate”, afirmou o coordenador da ONU, que visitou a Província de Kahramanmaras, na Turquia, e descreveu o terremoto como “o evento mais grave na região nos últimos 100 anos”.

Urgência

A situação na Síria e na Turquia é grave, segundo a ONU. Pelo menos 870 mil pessoas precisam urgentemente de alimentos nos dois países. Stéphane Dujarric, porta-voz do secretário-geral da ONU, António Guterres, disse que a comunidade internacional deveria colocar a política de lado e enviar ajuda humanitária à Síria, que sofre sanções econômicas e ainda vive uma guerra civil de mais de uma década.

Diante da devastação, começaram a surgir neste sábado os primeiros relatos de saques a mercados, principalmente na Turquia. A preocupação é tão grande que Erdogan ameaçou punir com rigor os saqueadores.

A segurança na zona afetada pelo terremoto entrou em foco neste sábado depois que equipes da Alemanha e da Áustria suspenderam suas operações de resgate em Hatay, na Turquia, alegando “uma situação de segurança cada vez mais difícil”.

“Nas últimas horas, a situação de segurança na Província de Hatay aparentemente mudou”, disse o porta-voz das equipes de resgate da Alemanha, Stefan Heine. “Há cada vez mais relatos de confrontos entre diferentes facções e de tiros sendo disparados.” /AP, AFP E NYT

ADIYAMAN, TURQUIA - Com a raiva crescendo na Turquia neste sábado, 11, pela resposta lenta do governo ao terremoto devastador de segunda-feira atingindo o que os críticos dizem ser construções de má qualidade, o governo de Recep Tayyip Erdogan começou a deter empreiteiros em todo o país que culpou por alguns dos colapsos que ajudaram a levar o número de mortos para mais de 28 mil.

Mais de 100 pessoas foram detidas nas 10 províncias afetadas pelo terremoto, informou a agência de notícias estatal Anadolu no sábado, quando o Ministério da Justiça turco ordenou que as autoridades nessas províncias estabelecessem Unidades de Investigação de Crimes de Terremoto. Também os orientou a nomear promotores para apresentar acusações criminais contra todos os “construtores e responsáveis” pelo colapso de edifícios que não cumpriram os códigos existentes, que foram implementados após um desastre semelhante em 1999.

As prisões foram os primeiros passos do Estado turco para identificar e punir as pessoas que podem ter contribuído para a morte de seus concidadãos no terremoto. Em toda a zona do terremoto, os moradores expressaram indignação com o que disseram ser construtores corruptos que cortam custos para aumentar seus lucros e com a concessão de “anistias” do governo aos construtores que levantaram complexos de apartamentos que não cumpriram os novos códigos.

Presidente Recep Tayyip Erdogan conversa com moradores Diyarbakir, devastada pelo terremoto no país Foto: Ilyas Akengin/AFP - 11/02/2023

No Bairro de Saraykint, em Antakya, os moradores apontaram um acabamento de má qualidade em um prédio de luxo recém-construído de 14 andares, com cerca de 90 apartamentos, que desabou sobre si mesmo. “O concreto é como areia”, disse um homem que se recusou a dar seu nome, parado perto do prédio enquanto observava o trabalho dos socorristas. “Foi construído muito rapidamente.”

Entre os detidos no sábado estava Mehmet Ertan Akay, o construtor de um complexo que desabou na cidade de Gaziantep, fortemente atingida, acusado de homicídio involuntário e violação da lei de construção pública, informou uma agência de notícias turca. A promotoria de Gaziantep disse que emitiu a ordem de detenção após inspecionar as evidências coletadas nos escombros do complexo que ele havia construído.

Mehmet Yasar Coskun, o construtor de um prédio de 12 andares na Província de Hatay com 250 apartamentos que foi completamente destruído, foi detido na sexta-feira em um aeroporto de Istambul enquanto tentava embarcar em um voo para Montenegro. Acredita-se que dezenas de pessoas tenham morrido quando o prédio desabou.

Dois construtores de um prédio de 14 andares que desabou em Adana, que fugiram da Turquia imediatamente após o terremoto, foram detidos no norte do Chipre, de acordo com a administração do norte do Chipre controlada pela Turquia.

Resposta lenta

O presidente Erdogan, visitando a província de Diyarbakir no sábado, defendeu as ações do governo, dizendo que este terremoto foi “três vezes maior e mais destrutivo do que o terremoto de 1999, o maior desastre na memória recente de nosso país”. Embora reconheça que a resposta oficial tem sido lenta, ele disse que o país não estava preparado para um terremoto desta magnitude.

Erdogan, que enfrenta uma dura batalha eleitoral em maio, pediu união, dizendo: “Infelizmente, alguns partidos políticos, ONGs, ainda procuram atacar imoralmente, descaradamente”. Ele prometeu retribuição aos saqueadores e disse que todas as universidades turcas mudariam para o aprendizado online para que os sobreviventes pudessem viver por enquanto em dormitórios estatais.

Embora a Turquia tenha códigos de construção implantados após o terremoto de 1999, os moradores disseram que muitas vezes eles não foram aplicados porque os empreiteiros podem ganhar mais dinheiro ao cortar custos: misturando o concreto e usando barras de metal mais baratas para fortalecer os pilares, entre outras coisas.

Morador se revolta perto do corpo da mãe, morta no desabamento do prédio em que vivia em Antakya  Foto: Bernat Armangue/AP

Mesut Koparal, um negociante de automóveis cuja mãe foi morta no terremoto, ficou furioso com o Estado por não fazer mais para garantir que os edifícios fossem bem construídos.

Na cidade de Adiyaman, a via principal parecia um canteiro de obras que se espalha, quarteirão após quarteirão. Mas, em vez de erguer prédios, equipes de trabalhadores, guindastes e escavadeiras estavam cavando os escombros daqueles que desabaram. Moradores disseram que as equipes de resgate e a ajuda demoraram a chegar.

Vítimas

O número de mortes no terremoto na Turquia e na Síria passou neste sábado de 28 mil. Martin Griffiths, coordenador de emergência da ONU, disse que o total, porém, pode ser duas vezes maior. “É assustador. Esta é a natureza revidando de forma dura. É profundamente chocante a ideia de que montanhas de escombros ainda esteja sobre pessoas vivas”, afirmou Griffiths em entrevista à Sky News. “Nós realmente ainda nem começamos a contar o número de mortos.”

Equipes de resgate carregam Muhammed Alkanaas, de 12 anos, para uma ambulância depois de retirá-lo cinco dias após o terremoto em Antakya, sul da Turquia Foto: AP Photo/Can Ozer - 11/02/2023

De acordo com ele, o período de 72 horas após um desastre é crucial para os resgates, Mesmo passado esse prazo, porém, muitos sobreviventes ainda estão sendo retirados dos escombros.

“Deve ser muito difícil decidir quando interromper a fase de resgate”, afirmou o coordenador da ONU, que visitou a Província de Kahramanmaras, na Turquia, e descreveu o terremoto como “o evento mais grave na região nos últimos 100 anos”.

Urgência

A situação na Síria e na Turquia é grave, segundo a ONU. Pelo menos 870 mil pessoas precisam urgentemente de alimentos nos dois países. Stéphane Dujarric, porta-voz do secretário-geral da ONU, António Guterres, disse que a comunidade internacional deveria colocar a política de lado e enviar ajuda humanitária à Síria, que sofre sanções econômicas e ainda vive uma guerra civil de mais de uma década.

Diante da devastação, começaram a surgir neste sábado os primeiros relatos de saques a mercados, principalmente na Turquia. A preocupação é tão grande que Erdogan ameaçou punir com rigor os saqueadores.

A segurança na zona afetada pelo terremoto entrou em foco neste sábado depois que equipes da Alemanha e da Áustria suspenderam suas operações de resgate em Hatay, na Turquia, alegando “uma situação de segurança cada vez mais difícil”.

“Nas últimas horas, a situação de segurança na Província de Hatay aparentemente mudou”, disse o porta-voz das equipes de resgate da Alemanha, Stefan Heine. “Há cada vez mais relatos de confrontos entre diferentes facções e de tiros sendo disparados.” /AP, AFP E NYT

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