KIEV - A usina nuclear ucraniana de Zaporizhzhia, que está em poder dos russos, esteve “à beira de um acidente nuclear” durante a noite de sexta-feira, 1, segundo um comunicado da operadora ucraniana Energoatom, que foi divulgado no sábado, 2. O risco ocorreu por conta de um corte temporário de abastecimento elétrico à usina, segundo a empresa estatal.
“Ontem à noite [dia 1] houve um apagão total na usina de Zaporizhzhia”, disse a Energoatom no Telegram, acrescentando que o fornecimento foi restabelecido algumas horas mais tarde.
A administração russa da usina reconheceu que o abastecimento elétrico externo foi interrompido, mas afirmou que não houve “nenhuma violação” de suas “condições seguras de exploração”.
O nível de radiação no local da usina é considerado “normal”, afirmou a Energoatom no Telegram. Duas linhas de energia que alimentavam a usina “foram cortadas”, uma delas devido a “um ataque aéreo”, detalhou a operadora.
Mas tarde, o abastecimento foi restabelecido, embora o incidente tenha colocado em risco o bom funcionamento da usina, disse a Energoatom, tanto que esteve “à beira de um acidente nuclear e de radiação”.
Corte de energia
Em comunicado, a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) indicou que a central ficou “temporariamente privada de eletricidade durante a noite”, e que foi o oitavo corte de energia deste tipo desde o início da invasão russa, em fevereiro de 2022.
A usina nuclear de Zaporizhzhia, localizada no sul da Ucrânia, foi tomada pelos russos logo após o início da invasão em fevereiro de 2022.
A central já foi alvo de disparos e sofreu cortes da rede elétrica em muitas ocasiões, uma situação precária que levanta temores internacionais de um possível acidente nuclear de grandes proporções.
O corte em um das duas linhas de abastecimento parece relacionado a um incidente ocorrido “longe da usina”, disse a AIEA.
Saiba mais
“O novo corte externo de abastecimento reforça mais uma vez a precariedade da segurança nuclear e da própria segurança da usina, que pode ser afetada por incidentes muito distantes da instalação”, afirmou o diretor da Agência Internacional de Energia Atômica, Rafael Grossi, citado no comunicado.
“As forças de ocupação (russas) não se preocupam com a segurança da central nuclear”, acusou o presidente da empresa estatal, Petro Kotin. “Eles continuarão criando situações perigosas, chantageando o mundo inteiro com o risco de “um acidente nuclear”, acrescentou o executivo./AFP