No oitavo dia de uma ofensiva sem precedentes, a Ucrânia segue avançando na região russa de Kursk, onde seu exército iniciou uma incursão no dia 6 de agosto e agora pretende criar uma “zona tampão” para se proteger de ataques vindos da Rússia. Em paralelo à incursão, Kiev ainda realizou nesta quarta-feira, 14, o maior ataque com drones em baseas aéreas russas desde a invasão de 2022.
O presidente ucraniano, Volodmir Zelenski, declarou que seu exército está avançando “de um a dois quilômetros” em diferentes áreas, desde o início desta quarta-feira. “E mais de 100 militares russos adicionais capturados no mesmo período”, afirmou no Telegram. “Isto vai acelerar o retorno para casa de nossos meninos e meninas”, acrescentou o presidente ucraniano.
A Rússia, por sua vez, afirmou que suas forças impediram os ataques das forças ucranianas que tentavam avançar “profundamente” na região. As forças russas, apoiadas pela aviação, drones e artilharia, “impediram as tentativas dos grupos móveis inimigos a bordo de veículos blindados de avançar profundamente no território russo”, afirmou o Exército da Rússia em um comunicado.
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Kiev pretende criar uma “zona tampão” em Kursk, para se proteger de bombardeios russos, de acordo com o ministro ucraniano do Interior, Igor Klymenko. Também há planos, segundo a vice-primeira-ministra ucraniana, Iryna Vereshchuk, para abrir corredores humanitários para a retirada de civis, “tanto na direção da Rússia como da Ucrânia”, e autorizar o acesso de organizações humanitárias internacionais.
A Ucrânia, confrontada com uma invasão russa há dois anos e meio, surpreendeu o seu inimigo ao lançar, em 6 de agosto, a maior incursão de um Exército estrangeiro em solo russo desde o final da Segunda Guerra Mundial. A incursão obrigou à retirada de mais de 120 mil pessoas, causou a morte de 12 civis e mais de cem feridos, segundo autoridades russas.
Kiev ataca bases aéreas russas
Enquanto suas forças continuavam seu avanço na região de Kursk, militares da ucrânia lançaram durante a noite um ataque com dezenas drones contra bases aéreas russas, tendo como alvo quatro locais importantes no interior da Rússia.
Um oficial de inteligência ucraniano disse que Kiev atacou uma base aérea em Savasleyka, a mais de 800 quilômetros da fronteira ucraniana, perto de Nizhny Novgorod. A base abriga aviões de guerra MiG-31 que lançam mísseis Kinzhal, entre as armas mais avançadas da Rússia. Cerca de 10 explosões foram relatadas na base, de acordo com a mídia independente russa, citando moradores locais.
“Estamos esperando fotos de satélite com caças e armazéns russos destruídos”, disse a autoridade, falando sob condição de anonimato devido à sensibilidade do assunto.
O governador de Nizhny Novgorod, Gleb Nikitin, disse no Telegram que as defesas aéreas russas estavam trabalhando para suprimir o ataque e “minimizar as consequências”. Segundo ele, nenhuma vítima foi relatada.
Um vídeo divulgado nos canais russos do Telegram mostrou uma explosão de fogo distante, seguida pelo som de uma grande explosão.
Além de Savasleyka, a autoridade disse que houve ataques a campos de aviação em Voronezh, Borisoglebsk e Kursk, visando bases de aviões de guerra que disparam bombas planadoras pesadas, conhecidas localmente como KABs, que devastaram as defesas ucranianas no ano passado.
O oficial descreveu os ataques aos campos de aviação como “uma operação especialmente planejada para que o inimigo não pudesse usar esses campos de aviação para ataques KAB na linha de frente e nas cidades ucranianas”.
O Ministério da Defesa da Rússia confirmou ataques de drones em larga escala em várias partes do país e disse que 147 drones foram abatidos./AFP e WP.