O exército ucraniano continua neste domingo defendendo Bakhmut do avanço russo, no leste do país, com o objetivo de “ganhar tempo” antes de uma possível contra-ofensiva mais tarde durante a guerra da Ucrânia.
Anteriormente, a inteligência britânica afirmou que a linha de frente havia mudado na cidade, mas que qualquer avanço russo representaria um “grande desafio”.
A cidade devastada no leste da Ucrânia abriga a batalha mais longa e sangrenta desde o início da ofensiva russa há mais de um ano.
Alguns especialistas militares questionaram o sentido de protegê-la, mas o comandante das forças terrestres ucranianas, Oleksandr Syrsky, disse no sábado,11, que isso ajuda a ganhar tempo na preparação para uma futura contraofensiva.
“Os verdadeiros heróis são os defensores que carregam o peso da frente oriental em seus ombros”, disse o oficial, citado pelo serviço de imprensa do exército ucraniano.
“É preciso ganhar tempo para acumular reservas e lançar uma contraofensiva, que não está longe”, disse.
O exército ucraniano afirmou no domingo que “15 cidades na área de Bakhmut foram alvo de fogo russo” no dia anterior, prova da intensidade dos combates que ocorrem atualmente na área.
Zona da Morte
Em um vídeo, o chefe do grupo paramilitar russo Wagner, Yevgeny Prigozhin, disse no sábado que suas forças já estavam perto do centro administrativo de Bakhmut. “Este é o prédio da administração municipal”, disse ele, apontando para a construção do telhado de outro prédio. “Eles estão a um quilômetro e duzentos metros de distância”, especificou na gravação divulgada por sua empresa Concord.
“O mais importante é obter a quantidade certa de munição e seguir em frente”, acrescentou Prigozhin em uniforme militar.
Os homens de Prigozhin estão na linha de frente na Batalha de Bakhmut, que causou pesadas perdas em ambos os lados.
Segundo a inteligência militar britânica, o rio Bakhmutka, no centro da cidade, agora marca a linha de frente.
“As forças ucranianas controlam o oeste da cidade e demoliram as principais pontes sobre o rio, que corre de norte a sul em terreno aberto”, disse o Ministério da Defesa da Grã-Bretanha.
“Esta área se tornou uma zona de morte e pode ser um grande desafio para as forças de Wagner que buscam continuar seu ataque frontal a oeste”, acrescentou.
Prigozhin, aliado do presidente Vladimir Putin, está envolvido em uma disputa de poder com o Ministério da Defesa e criticou o alto comando militar da Rússia, acusando-o de não compartilhar munição com as forças de Wagner.
Em entrevista ao jornal francês ‘Journal de Dimanche’, a vice-primeira-ministra ucraniana Olga Stefanishyna admitiu que “torna-se difícil para nós resistir e deter” as forças russas em Bakhmut.
“Estimamos que o exército russo já perdeu 150.000 homens desde o ano passado em suas ofensivas militares. A massa humana de sua infantaria é uma arma formidável, parece infinita em volume e tempo”, declarou.
Bombardeiros em Kherson
No sul da Ucrânia, pelo menos três pessoas morreram e três ficaram feridas em um ataque aéreo russo em Kherson no sábado, disseram autoridades no domingo.
A cidade foi libertada pelas forças de Kiev em novembro, após vários meses de ocupação. Mas desde então, a região, que Moscou controla parcialmente, tem sido alvo de contínuos bombardeios russos.
“Terroristas russos bombardeiam Kherson novamente”, disse o chefe da administração presidencial, Andriy Yermak, no sábado, postando uma imagem de bombeiros ao lado de um veículo queimado./AFP