As forças militares ucranianas avançaram nesta quinta-feira, 29, para recapturar a cidade de Liman, que serve de centro ferroviário no leste da Ucrânia. O controle da cidade é visto como um teste para saber se a Ucrânia pode se basear em ganhos militares feitos no início deste mês para fazer avanços, mas a situação atual ainda não está clara.
Segundo o líder separatista pró-Rússia, Denis Pushilin, as tropas russas do local estão cercadas pelos ucranianos. “Esta é uma notícia muito desagradável, mas devemos olhar sobriamente para a situação e tirar conclusões de nossos erros”, declarou Pushilin, líder da República Popular de Donetsk.
O conselheiro do presidente Volodmir Zelenski, Mikhailo Podoliak, também confirmou o cerco no local. Segundo disse no Telegram, as forças russas “terão que pedir uma saída” da cidade.
Liman é localizada próxima à província de Donestk, onde a Rússia detém um território significativo e acaba por anexar, depois de referendos realizados nos últimos dias – e considerados fraudulentos pela Ucrânia e pelo Ocidente. Nesta sexta-feira, o presidente russo Vladimir Putin assinou decretos que consideram a província e outras três regiões da Ucrânia como partes da Rússia.
A luta em torno da cidade se intensificou nas últimas semanas depois que a Ucrânia fez uma série de ganhos durante uma rápida contraofensiva na província de Kharkiv, no nordeste do país.
Liman foi tomada pelas forças russas, em maio, antes deles seguirem para capturar as cidades de Severodonetsk e Lisichank, localizadas mais ao leste. As duas cidades sucumbiram rapidamente aos russos, que haviam maximizado o poder de fogo na região para tomar todo o controle do Donbas (formada por duas províncias, Luhansk e Donetsk).
Por isso, se a Ucrânia recapturar Liman, não só aumenta a probabilidade de recuperar terras adicionais em Luhansk e Donetsk, como também coloca pressão adicional sobre o Kremlin.
Segundo Pushilin, outras duas aldeias, Iampil e Dobrishev, foram retomadas pela Ucrânia. Elas ficam localizadas ao norte e ao leste de Liman, respectivamente.
Guerra na Ucrânia
Comboio civil foi alvo de bombardeio e 25 pessoas morreram, diz Ucrânia
A Rússia lançou uma onda de ataques de foguetes, drones e mísseis contra cidades ucranianas durante a madrugada desta quinta e sexta-feira. O ataque mais letal aconteceu em Zaporizhzhia, onde civis que estavam em um posto de controle foram atingidos. Pelo menos 25 civis morreram e outros 50 ficaram feridos, segundo as autoridades ucranianas.
Zaporizhzhia é uma das quatro províncias ucranianas que Moscou declarou anexação nesta sexta-feira. Moscou diz que os ataques foram “defesas” do território, já que agora eles são considerados parte da Rússia – uma justificativa que evidencia que os russos podem fazer qualquer coisa nestes territórios, deixando uma ameaça velada de arsenal nuclear.
O governador do local, Oleksandr Starukh, disse que o foguete atingiu um comboio de carros enfileirados em um posto de controle nos arredores da cidade. Os civis esperavam autorização para entrar no território ocupado pela Rússia para buscar parentes e fornecer ajuda humanitária, segundo Starukh. “Todos eram civis, nossos compatriotas”, declarou no Telegram.
A cidade é frequentemente o primeiro porto de apoio para civis que fogem do território controlado pela Rússia mais ao sul, sendo considerado um lugar onde eles podem encontrar comida e abrigo antes de se mudar para outras partes do país, geralmente mais a oeste dos combates. Entretanto, também são frequentes comboios de veículos em direção oposta, para o território controlado, por pessoas que vão visitar parentes mais velhos ou estão em missão humanitária.
O presidente da Ucrânia, Volodmir Zelenski, condenou o ataque como obra de “terroristas”.
O governador regional de Mikolaiv também relatou ataques que atingiram bairros residenciais, matando pelo menos três pessoas e ferindo 19. Uma garagem de ônibus na cidade de Dnipro também foi atingida e, segundo militares ucranianos, pelo menos meia dúzia de drones kamikazes foram disparados contra alvos no sul do país. /NYT