Ucrânia pressiona aliados para autorizarem o uso de armas ocidentais dentro da Rússia


Kiev pede para que europeus convençam os EUA a retirarem as restrições ao uso de armas de longo alcance; diplomacia europeia se diz a favor, mas sofre resistência de Hungria e Itália

Por Redação

BRUXELAS - A Ucrânia intensificou nesta quinta-feira, 29, a sua campanha para que países aliados autorizem o uso de armas fornecidas pela Otan para atingir alvos dentro da Rússia, à medida que continua sua ofensiva em Kursk.

O ministro das Relações Exteriores ucraniano, Dmitro Kuleba, pediu em Bruxelas aos países da União Europeia para que pressionem os Estados Unidos a levantarem as restrições que os impedem de usar suas armas contra alvos em território russo. “Peço à UE que desempenhe um papel e diga com firmeza e clareza que algo precisa ser feito”, disse Kuleba ao chegar a uma reunião de ministros do bloco europeu.

continua após a publicidade

Vários países, incluindo os EUA, ainda mantêm restrições à utilização de armas que fornecem à Ucrânia, especialmente mísseis de longo alcance, para evitar uma escalada do conflito que poderia engolir países da Otan.

Soldado russo dispara contra posições ucranianas na região de Kursk, Rússia Foto: Ministério da Defesa da Rússia via AP

A Ucrânia, por outro lado, exige o fim das restrições para atacar “alvos militares legítimos” na Rússia, lembrou Kuleba, como as bases aéreas de onde decolam os aviões que bombardeiam o território ucraniano.

continua após a publicidade

O chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, disse ser a favor do fim de todas estas restrições, mas vários países, incluindo Itália e Hungria não concordam.

“Os armamentos que estamos fornecendo à Ucrânia têm que ter uso pleno, e as restrições têm que ser suspensas para que os ucranianos possam mirar nos locais de onde a Rússia está bombardeando. Caso contrário, o armamento é inútil”, Borrell disse aos repórteres.

Kuleba também indicou que discutirá com seus homólogos europeus os atrasos nas entregas de armas prometidas a seu país, incluindo mísseis Patriot, essenciais para a defesa aérea da Ucrânia. “Prometeram mísseis Patriot, mas nenhum foi entregue”, lamentou, acrescentando que “alguns destes atrasos são excessivamente longos”.

continua após a publicidade

O Ministro das Relações Exteriores da Hungria, Péter Szijjártó, cujo país se posicionou como um mediador de paz na Ucrânia e se opõe tanto à abordagem da UE quanto à da Otan para a guerra, disse que seus parceiros europeus parecem sofrer de “psicose de guerra”.

“A maioria dos países da União Europeia, juntamente com a elite de Bruxelas e os burocratas aqui, adotam uma posição absolutamente pró-guerra,” disse Szijjártó. Ele disse aos repórteres que espera que “essa postura cega, pró-guerra e psicose pró-guerra persistam nos próximos meses.”

Essa reunião de hoje da UE estava programada para acontecer em Budapeste, mas Borrell, com o apoio de vários países membros, decidiu realizá-la em Bruxelas em protesto à posição da Hungria sobre a Ucrânia.

continua após a publicidade
O chefe da diplomacia da UE Josep Borrell durante coletiva de imprensa com Dmitro Kuleba, chanceler ucraniano, em Bruxelas Foto: Virginia Mayo/AP

Armas já usadas na Rússia

Um membro do Parlamento da Ucrânia disse em junho que as forças armadas usaram um sistema de foguetes fornecido pelos Estados Unidos para atingir uma instalação militar na região russa de Belgorod, que faz fronteira com a Ucrânia.

continua após a publicidade

O país também usou munições e veículos fornecidos pelos americanos em sua incursão a Kursk. Oficiais do Pentágono e do Departamento de Estado disseram que o uso de armas e munições fornecidas pelos americanos não violava a política dos EUA.

O presidente Volodmir Zelenski, na noite de quarta-feira, instou os aliados do país da Otan a dar mais armas à sua nação e uma maior liberdade para usá-las contra a própria Rússia. Verdadeira unidade com parceiros da Otan, ele disse em um discurso durante a noite, significaria permissão para realizar ataques de longo alcance.

“Continuamos insistindo que a determinação deles agora — levantando as restrições sobre ataques de longo alcance para a Ucrânia agora — nos ajudará a encerrar a guerra o mais rápido possível”, disse ele. No início desta semana, o ministro da defesa, Rustem Umerov, disse que a Ucrânia queria poder atingir pontos logísticos e aeródromos militares.

continua após a publicidade

A Rússia ameaçou uma resposta grave a qualquer ataque em seu solo com armas ocidentais. Alguns aliados da Ucrânia argumentaram que seu uso arriscava um confronto direto entre a Otan e a Rússia, uma nação munida de armas nucleares. Até agora essa resposta grave não se materializou.

Há alguns meses, a administração de Joe Biden deu permissão para a Ucrânia realizar ataques limitados dentro da Rússia com armas fabricadas nos EUA — mas apenas em território russo próximo da fronteira com a Ucrânia, como a região de Kharkiv, e para fins defensivos.

Uma ampla gama de alvos significativos que sustentam a ofensiva de Moscou poderia estar ao alcance das armas de longo alcance da Ucrânia, disse o Instituto para o Estudo da Guerra, um think tank sediado em Washington, em um relatório recente.

O governo em Kiev vem tentando reunir apoio diplomático para seu próprio plano de paz, que envolveria uma retirada completa russa do território ucraniano. Esta semana, Zelenski disse que planejava apresentar um “plano para a vitória da Ucrânia” ao presidente Biden em setembro.

A incursão na região de Kursk faz parte do plano, juntamente com outras medidas financeiras para forçar Moscou a encerrar a guerra, disse Zelenski. Ele deu poucos outros detalhes.

Novos ataques na Rússia

O aumento da campanha de pressão sobre aliados ocorre enquanto o Exército da Ucrânia informa novos ataques a depósitos de petróleo russos, dando continuidade a uma campanha de ataques contra um setor vital para o esforço de guerra de Moscou.

Segundo as forças, um ataque provocou um incêndio na quarta-feira no depósito de petróleo Atlas, na região de Rostov, que faz fronteira com o leste da Ucrânia. O governador da região, Vasili Golubev, relatou um incêndio em um depósito de petróleo e disse que quatro drones foram abatidos.

A Ucrânia também atacou um depósito de petróleo na região russa de Kirov, que fica a aproximadamente 1.300 quilômetros da fronteira ucraniana, a nordeste de Moscou; e um depósito de artilharia na região de Voronezh, que faz fronteira com a Ucrânia, disse o estado-maior militar.

Placa na fronteira entre Rússia e Ucrânia em Sudzha Foto: AP

O governador russo da região de Kirov, Aleksandr Sokolov, disse em uma postagem no Telegram que uma instalação de petróleo lá foi incendiada na quarta-feira. Dois drones foram abatidos, enquanto outros três caíram, disse ele. O governador da região de Voronezh, Aleksandr Gusev, também relatou um ataque de drone, mas disse em uma postagem no Telegram que não houve danos.

As reivindicações não puderam ser confirmadas independentemente.

Há meses, a Ucrânia vem conduzindo ataques usando drones explosivos contra a infraestrutura russa, em particular instalações de petróleo, na esperança de retardar uma ofensiva das forças de Moscou. A Rússia, no entanto, avançou em direção à cidade de Pokrovsk, um importante centro de transporte e logística no leste da Ucrânia.

Em Kiev, explosões de um ataque de drone russo sacudiram prédios durante a noite, a terceira vez nesta semana que Moscou lançou um ataque aéreo contra a capital ucraniana. A Força Aérea da Ucrânia disse ter abatido 60 drones e dois mísseis, mas o ataque foi menor do que na segunda-feira, quando ataques atingiram muitas regiões.

A campanha aérea de Moscou, que frequentemente tem como alvo a rede elétrica da Ucrânia, visa incapacitar a capacidade do país de repelir a invasão em grande escala da Rússia e aprofundar as dificuldades da guerra para os civis ucranianos.

Mas o governo em Kiev tentou uma resposta com sua própria série de ataques, incluindo a ofensiva surpresa além da fronteira na região russa de Kursk, que começou no início deste mês./AP, AFP e NYT

BRUXELAS - A Ucrânia intensificou nesta quinta-feira, 29, a sua campanha para que países aliados autorizem o uso de armas fornecidas pela Otan para atingir alvos dentro da Rússia, à medida que continua sua ofensiva em Kursk.

O ministro das Relações Exteriores ucraniano, Dmitro Kuleba, pediu em Bruxelas aos países da União Europeia para que pressionem os Estados Unidos a levantarem as restrições que os impedem de usar suas armas contra alvos em território russo. “Peço à UE que desempenhe um papel e diga com firmeza e clareza que algo precisa ser feito”, disse Kuleba ao chegar a uma reunião de ministros do bloco europeu.

Vários países, incluindo os EUA, ainda mantêm restrições à utilização de armas que fornecem à Ucrânia, especialmente mísseis de longo alcance, para evitar uma escalada do conflito que poderia engolir países da Otan.

Soldado russo dispara contra posições ucranianas na região de Kursk, Rússia Foto: Ministério da Defesa da Rússia via AP

A Ucrânia, por outro lado, exige o fim das restrições para atacar “alvos militares legítimos” na Rússia, lembrou Kuleba, como as bases aéreas de onde decolam os aviões que bombardeiam o território ucraniano.

O chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, disse ser a favor do fim de todas estas restrições, mas vários países, incluindo Itália e Hungria não concordam.

“Os armamentos que estamos fornecendo à Ucrânia têm que ter uso pleno, e as restrições têm que ser suspensas para que os ucranianos possam mirar nos locais de onde a Rússia está bombardeando. Caso contrário, o armamento é inútil”, Borrell disse aos repórteres.

Kuleba também indicou que discutirá com seus homólogos europeus os atrasos nas entregas de armas prometidas a seu país, incluindo mísseis Patriot, essenciais para a defesa aérea da Ucrânia. “Prometeram mísseis Patriot, mas nenhum foi entregue”, lamentou, acrescentando que “alguns destes atrasos são excessivamente longos”.

O Ministro das Relações Exteriores da Hungria, Péter Szijjártó, cujo país se posicionou como um mediador de paz na Ucrânia e se opõe tanto à abordagem da UE quanto à da Otan para a guerra, disse que seus parceiros europeus parecem sofrer de “psicose de guerra”.

“A maioria dos países da União Europeia, juntamente com a elite de Bruxelas e os burocratas aqui, adotam uma posição absolutamente pró-guerra,” disse Szijjártó. Ele disse aos repórteres que espera que “essa postura cega, pró-guerra e psicose pró-guerra persistam nos próximos meses.”

Essa reunião de hoje da UE estava programada para acontecer em Budapeste, mas Borrell, com o apoio de vários países membros, decidiu realizá-la em Bruxelas em protesto à posição da Hungria sobre a Ucrânia.

O chefe da diplomacia da UE Josep Borrell durante coletiva de imprensa com Dmitro Kuleba, chanceler ucraniano, em Bruxelas Foto: Virginia Mayo/AP

Armas já usadas na Rússia

Um membro do Parlamento da Ucrânia disse em junho que as forças armadas usaram um sistema de foguetes fornecido pelos Estados Unidos para atingir uma instalação militar na região russa de Belgorod, que faz fronteira com a Ucrânia.

O país também usou munições e veículos fornecidos pelos americanos em sua incursão a Kursk. Oficiais do Pentágono e do Departamento de Estado disseram que o uso de armas e munições fornecidas pelos americanos não violava a política dos EUA.

O presidente Volodmir Zelenski, na noite de quarta-feira, instou os aliados do país da Otan a dar mais armas à sua nação e uma maior liberdade para usá-las contra a própria Rússia. Verdadeira unidade com parceiros da Otan, ele disse em um discurso durante a noite, significaria permissão para realizar ataques de longo alcance.

“Continuamos insistindo que a determinação deles agora — levantando as restrições sobre ataques de longo alcance para a Ucrânia agora — nos ajudará a encerrar a guerra o mais rápido possível”, disse ele. No início desta semana, o ministro da defesa, Rustem Umerov, disse que a Ucrânia queria poder atingir pontos logísticos e aeródromos militares.

A Rússia ameaçou uma resposta grave a qualquer ataque em seu solo com armas ocidentais. Alguns aliados da Ucrânia argumentaram que seu uso arriscava um confronto direto entre a Otan e a Rússia, uma nação munida de armas nucleares. Até agora essa resposta grave não se materializou.

Há alguns meses, a administração de Joe Biden deu permissão para a Ucrânia realizar ataques limitados dentro da Rússia com armas fabricadas nos EUA — mas apenas em território russo próximo da fronteira com a Ucrânia, como a região de Kharkiv, e para fins defensivos.

Uma ampla gama de alvos significativos que sustentam a ofensiva de Moscou poderia estar ao alcance das armas de longo alcance da Ucrânia, disse o Instituto para o Estudo da Guerra, um think tank sediado em Washington, em um relatório recente.

O governo em Kiev vem tentando reunir apoio diplomático para seu próprio plano de paz, que envolveria uma retirada completa russa do território ucraniano. Esta semana, Zelenski disse que planejava apresentar um “plano para a vitória da Ucrânia” ao presidente Biden em setembro.

A incursão na região de Kursk faz parte do plano, juntamente com outras medidas financeiras para forçar Moscou a encerrar a guerra, disse Zelenski. Ele deu poucos outros detalhes.

Novos ataques na Rússia

O aumento da campanha de pressão sobre aliados ocorre enquanto o Exército da Ucrânia informa novos ataques a depósitos de petróleo russos, dando continuidade a uma campanha de ataques contra um setor vital para o esforço de guerra de Moscou.

Segundo as forças, um ataque provocou um incêndio na quarta-feira no depósito de petróleo Atlas, na região de Rostov, que faz fronteira com o leste da Ucrânia. O governador da região, Vasili Golubev, relatou um incêndio em um depósito de petróleo e disse que quatro drones foram abatidos.

A Ucrânia também atacou um depósito de petróleo na região russa de Kirov, que fica a aproximadamente 1.300 quilômetros da fronteira ucraniana, a nordeste de Moscou; e um depósito de artilharia na região de Voronezh, que faz fronteira com a Ucrânia, disse o estado-maior militar.

Placa na fronteira entre Rússia e Ucrânia em Sudzha Foto: AP

O governador russo da região de Kirov, Aleksandr Sokolov, disse em uma postagem no Telegram que uma instalação de petróleo lá foi incendiada na quarta-feira. Dois drones foram abatidos, enquanto outros três caíram, disse ele. O governador da região de Voronezh, Aleksandr Gusev, também relatou um ataque de drone, mas disse em uma postagem no Telegram que não houve danos.

As reivindicações não puderam ser confirmadas independentemente.

Há meses, a Ucrânia vem conduzindo ataques usando drones explosivos contra a infraestrutura russa, em particular instalações de petróleo, na esperança de retardar uma ofensiva das forças de Moscou. A Rússia, no entanto, avançou em direção à cidade de Pokrovsk, um importante centro de transporte e logística no leste da Ucrânia.

Em Kiev, explosões de um ataque de drone russo sacudiram prédios durante a noite, a terceira vez nesta semana que Moscou lançou um ataque aéreo contra a capital ucraniana. A Força Aérea da Ucrânia disse ter abatido 60 drones e dois mísseis, mas o ataque foi menor do que na segunda-feira, quando ataques atingiram muitas regiões.

A campanha aérea de Moscou, que frequentemente tem como alvo a rede elétrica da Ucrânia, visa incapacitar a capacidade do país de repelir a invasão em grande escala da Rússia e aprofundar as dificuldades da guerra para os civis ucranianos.

Mas o governo em Kiev tentou uma resposta com sua própria série de ataques, incluindo a ofensiva surpresa além da fronteira na região russa de Kursk, que começou no início deste mês./AP, AFP e NYT

BRUXELAS - A Ucrânia intensificou nesta quinta-feira, 29, a sua campanha para que países aliados autorizem o uso de armas fornecidas pela Otan para atingir alvos dentro da Rússia, à medida que continua sua ofensiva em Kursk.

O ministro das Relações Exteriores ucraniano, Dmitro Kuleba, pediu em Bruxelas aos países da União Europeia para que pressionem os Estados Unidos a levantarem as restrições que os impedem de usar suas armas contra alvos em território russo. “Peço à UE que desempenhe um papel e diga com firmeza e clareza que algo precisa ser feito”, disse Kuleba ao chegar a uma reunião de ministros do bloco europeu.

Vários países, incluindo os EUA, ainda mantêm restrições à utilização de armas que fornecem à Ucrânia, especialmente mísseis de longo alcance, para evitar uma escalada do conflito que poderia engolir países da Otan.

Soldado russo dispara contra posições ucranianas na região de Kursk, Rússia Foto: Ministério da Defesa da Rússia via AP

A Ucrânia, por outro lado, exige o fim das restrições para atacar “alvos militares legítimos” na Rússia, lembrou Kuleba, como as bases aéreas de onde decolam os aviões que bombardeiam o território ucraniano.

O chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, disse ser a favor do fim de todas estas restrições, mas vários países, incluindo Itália e Hungria não concordam.

“Os armamentos que estamos fornecendo à Ucrânia têm que ter uso pleno, e as restrições têm que ser suspensas para que os ucranianos possam mirar nos locais de onde a Rússia está bombardeando. Caso contrário, o armamento é inútil”, Borrell disse aos repórteres.

Kuleba também indicou que discutirá com seus homólogos europeus os atrasos nas entregas de armas prometidas a seu país, incluindo mísseis Patriot, essenciais para a defesa aérea da Ucrânia. “Prometeram mísseis Patriot, mas nenhum foi entregue”, lamentou, acrescentando que “alguns destes atrasos são excessivamente longos”.

O Ministro das Relações Exteriores da Hungria, Péter Szijjártó, cujo país se posicionou como um mediador de paz na Ucrânia e se opõe tanto à abordagem da UE quanto à da Otan para a guerra, disse que seus parceiros europeus parecem sofrer de “psicose de guerra”.

“A maioria dos países da União Europeia, juntamente com a elite de Bruxelas e os burocratas aqui, adotam uma posição absolutamente pró-guerra,” disse Szijjártó. Ele disse aos repórteres que espera que “essa postura cega, pró-guerra e psicose pró-guerra persistam nos próximos meses.”

Essa reunião de hoje da UE estava programada para acontecer em Budapeste, mas Borrell, com o apoio de vários países membros, decidiu realizá-la em Bruxelas em protesto à posição da Hungria sobre a Ucrânia.

O chefe da diplomacia da UE Josep Borrell durante coletiva de imprensa com Dmitro Kuleba, chanceler ucraniano, em Bruxelas Foto: Virginia Mayo/AP

Armas já usadas na Rússia

Um membro do Parlamento da Ucrânia disse em junho que as forças armadas usaram um sistema de foguetes fornecido pelos Estados Unidos para atingir uma instalação militar na região russa de Belgorod, que faz fronteira com a Ucrânia.

O país também usou munições e veículos fornecidos pelos americanos em sua incursão a Kursk. Oficiais do Pentágono e do Departamento de Estado disseram que o uso de armas e munições fornecidas pelos americanos não violava a política dos EUA.

O presidente Volodmir Zelenski, na noite de quarta-feira, instou os aliados do país da Otan a dar mais armas à sua nação e uma maior liberdade para usá-las contra a própria Rússia. Verdadeira unidade com parceiros da Otan, ele disse em um discurso durante a noite, significaria permissão para realizar ataques de longo alcance.

“Continuamos insistindo que a determinação deles agora — levantando as restrições sobre ataques de longo alcance para a Ucrânia agora — nos ajudará a encerrar a guerra o mais rápido possível”, disse ele. No início desta semana, o ministro da defesa, Rustem Umerov, disse que a Ucrânia queria poder atingir pontos logísticos e aeródromos militares.

A Rússia ameaçou uma resposta grave a qualquer ataque em seu solo com armas ocidentais. Alguns aliados da Ucrânia argumentaram que seu uso arriscava um confronto direto entre a Otan e a Rússia, uma nação munida de armas nucleares. Até agora essa resposta grave não se materializou.

Há alguns meses, a administração de Joe Biden deu permissão para a Ucrânia realizar ataques limitados dentro da Rússia com armas fabricadas nos EUA — mas apenas em território russo próximo da fronteira com a Ucrânia, como a região de Kharkiv, e para fins defensivos.

Uma ampla gama de alvos significativos que sustentam a ofensiva de Moscou poderia estar ao alcance das armas de longo alcance da Ucrânia, disse o Instituto para o Estudo da Guerra, um think tank sediado em Washington, em um relatório recente.

O governo em Kiev vem tentando reunir apoio diplomático para seu próprio plano de paz, que envolveria uma retirada completa russa do território ucraniano. Esta semana, Zelenski disse que planejava apresentar um “plano para a vitória da Ucrânia” ao presidente Biden em setembro.

A incursão na região de Kursk faz parte do plano, juntamente com outras medidas financeiras para forçar Moscou a encerrar a guerra, disse Zelenski. Ele deu poucos outros detalhes.

Novos ataques na Rússia

O aumento da campanha de pressão sobre aliados ocorre enquanto o Exército da Ucrânia informa novos ataques a depósitos de petróleo russos, dando continuidade a uma campanha de ataques contra um setor vital para o esforço de guerra de Moscou.

Segundo as forças, um ataque provocou um incêndio na quarta-feira no depósito de petróleo Atlas, na região de Rostov, que faz fronteira com o leste da Ucrânia. O governador da região, Vasili Golubev, relatou um incêndio em um depósito de petróleo e disse que quatro drones foram abatidos.

A Ucrânia também atacou um depósito de petróleo na região russa de Kirov, que fica a aproximadamente 1.300 quilômetros da fronteira ucraniana, a nordeste de Moscou; e um depósito de artilharia na região de Voronezh, que faz fronteira com a Ucrânia, disse o estado-maior militar.

Placa na fronteira entre Rússia e Ucrânia em Sudzha Foto: AP

O governador russo da região de Kirov, Aleksandr Sokolov, disse em uma postagem no Telegram que uma instalação de petróleo lá foi incendiada na quarta-feira. Dois drones foram abatidos, enquanto outros três caíram, disse ele. O governador da região de Voronezh, Aleksandr Gusev, também relatou um ataque de drone, mas disse em uma postagem no Telegram que não houve danos.

As reivindicações não puderam ser confirmadas independentemente.

Há meses, a Ucrânia vem conduzindo ataques usando drones explosivos contra a infraestrutura russa, em particular instalações de petróleo, na esperança de retardar uma ofensiva das forças de Moscou. A Rússia, no entanto, avançou em direção à cidade de Pokrovsk, um importante centro de transporte e logística no leste da Ucrânia.

Em Kiev, explosões de um ataque de drone russo sacudiram prédios durante a noite, a terceira vez nesta semana que Moscou lançou um ataque aéreo contra a capital ucraniana. A Força Aérea da Ucrânia disse ter abatido 60 drones e dois mísseis, mas o ataque foi menor do que na segunda-feira, quando ataques atingiram muitas regiões.

A campanha aérea de Moscou, que frequentemente tem como alvo a rede elétrica da Ucrânia, visa incapacitar a capacidade do país de repelir a invasão em grande escala da Rússia e aprofundar as dificuldades da guerra para os civis ucranianos.

Mas o governo em Kiev tentou uma resposta com sua própria série de ataques, incluindo a ofensiva surpresa além da fronteira na região russa de Kursk, que começou no início deste mês./AP, AFP e NYT

BRUXELAS - A Ucrânia intensificou nesta quinta-feira, 29, a sua campanha para que países aliados autorizem o uso de armas fornecidas pela Otan para atingir alvos dentro da Rússia, à medida que continua sua ofensiva em Kursk.

O ministro das Relações Exteriores ucraniano, Dmitro Kuleba, pediu em Bruxelas aos países da União Europeia para que pressionem os Estados Unidos a levantarem as restrições que os impedem de usar suas armas contra alvos em território russo. “Peço à UE que desempenhe um papel e diga com firmeza e clareza que algo precisa ser feito”, disse Kuleba ao chegar a uma reunião de ministros do bloco europeu.

Vários países, incluindo os EUA, ainda mantêm restrições à utilização de armas que fornecem à Ucrânia, especialmente mísseis de longo alcance, para evitar uma escalada do conflito que poderia engolir países da Otan.

Soldado russo dispara contra posições ucranianas na região de Kursk, Rússia Foto: Ministério da Defesa da Rússia via AP

A Ucrânia, por outro lado, exige o fim das restrições para atacar “alvos militares legítimos” na Rússia, lembrou Kuleba, como as bases aéreas de onde decolam os aviões que bombardeiam o território ucraniano.

O chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, disse ser a favor do fim de todas estas restrições, mas vários países, incluindo Itália e Hungria não concordam.

“Os armamentos que estamos fornecendo à Ucrânia têm que ter uso pleno, e as restrições têm que ser suspensas para que os ucranianos possam mirar nos locais de onde a Rússia está bombardeando. Caso contrário, o armamento é inútil”, Borrell disse aos repórteres.

Kuleba também indicou que discutirá com seus homólogos europeus os atrasos nas entregas de armas prometidas a seu país, incluindo mísseis Patriot, essenciais para a defesa aérea da Ucrânia. “Prometeram mísseis Patriot, mas nenhum foi entregue”, lamentou, acrescentando que “alguns destes atrasos são excessivamente longos”.

O Ministro das Relações Exteriores da Hungria, Péter Szijjártó, cujo país se posicionou como um mediador de paz na Ucrânia e se opõe tanto à abordagem da UE quanto à da Otan para a guerra, disse que seus parceiros europeus parecem sofrer de “psicose de guerra”.

“A maioria dos países da União Europeia, juntamente com a elite de Bruxelas e os burocratas aqui, adotam uma posição absolutamente pró-guerra,” disse Szijjártó. Ele disse aos repórteres que espera que “essa postura cega, pró-guerra e psicose pró-guerra persistam nos próximos meses.”

Essa reunião de hoje da UE estava programada para acontecer em Budapeste, mas Borrell, com o apoio de vários países membros, decidiu realizá-la em Bruxelas em protesto à posição da Hungria sobre a Ucrânia.

O chefe da diplomacia da UE Josep Borrell durante coletiva de imprensa com Dmitro Kuleba, chanceler ucraniano, em Bruxelas Foto: Virginia Mayo/AP

Armas já usadas na Rússia

Um membro do Parlamento da Ucrânia disse em junho que as forças armadas usaram um sistema de foguetes fornecido pelos Estados Unidos para atingir uma instalação militar na região russa de Belgorod, que faz fronteira com a Ucrânia.

O país também usou munições e veículos fornecidos pelos americanos em sua incursão a Kursk. Oficiais do Pentágono e do Departamento de Estado disseram que o uso de armas e munições fornecidas pelos americanos não violava a política dos EUA.

O presidente Volodmir Zelenski, na noite de quarta-feira, instou os aliados do país da Otan a dar mais armas à sua nação e uma maior liberdade para usá-las contra a própria Rússia. Verdadeira unidade com parceiros da Otan, ele disse em um discurso durante a noite, significaria permissão para realizar ataques de longo alcance.

“Continuamos insistindo que a determinação deles agora — levantando as restrições sobre ataques de longo alcance para a Ucrânia agora — nos ajudará a encerrar a guerra o mais rápido possível”, disse ele. No início desta semana, o ministro da defesa, Rustem Umerov, disse que a Ucrânia queria poder atingir pontos logísticos e aeródromos militares.

A Rússia ameaçou uma resposta grave a qualquer ataque em seu solo com armas ocidentais. Alguns aliados da Ucrânia argumentaram que seu uso arriscava um confronto direto entre a Otan e a Rússia, uma nação munida de armas nucleares. Até agora essa resposta grave não se materializou.

Há alguns meses, a administração de Joe Biden deu permissão para a Ucrânia realizar ataques limitados dentro da Rússia com armas fabricadas nos EUA — mas apenas em território russo próximo da fronteira com a Ucrânia, como a região de Kharkiv, e para fins defensivos.

Uma ampla gama de alvos significativos que sustentam a ofensiva de Moscou poderia estar ao alcance das armas de longo alcance da Ucrânia, disse o Instituto para o Estudo da Guerra, um think tank sediado em Washington, em um relatório recente.

O governo em Kiev vem tentando reunir apoio diplomático para seu próprio plano de paz, que envolveria uma retirada completa russa do território ucraniano. Esta semana, Zelenski disse que planejava apresentar um “plano para a vitória da Ucrânia” ao presidente Biden em setembro.

A incursão na região de Kursk faz parte do plano, juntamente com outras medidas financeiras para forçar Moscou a encerrar a guerra, disse Zelenski. Ele deu poucos outros detalhes.

Novos ataques na Rússia

O aumento da campanha de pressão sobre aliados ocorre enquanto o Exército da Ucrânia informa novos ataques a depósitos de petróleo russos, dando continuidade a uma campanha de ataques contra um setor vital para o esforço de guerra de Moscou.

Segundo as forças, um ataque provocou um incêndio na quarta-feira no depósito de petróleo Atlas, na região de Rostov, que faz fronteira com o leste da Ucrânia. O governador da região, Vasili Golubev, relatou um incêndio em um depósito de petróleo e disse que quatro drones foram abatidos.

A Ucrânia também atacou um depósito de petróleo na região russa de Kirov, que fica a aproximadamente 1.300 quilômetros da fronteira ucraniana, a nordeste de Moscou; e um depósito de artilharia na região de Voronezh, que faz fronteira com a Ucrânia, disse o estado-maior militar.

Placa na fronteira entre Rússia e Ucrânia em Sudzha Foto: AP

O governador russo da região de Kirov, Aleksandr Sokolov, disse em uma postagem no Telegram que uma instalação de petróleo lá foi incendiada na quarta-feira. Dois drones foram abatidos, enquanto outros três caíram, disse ele. O governador da região de Voronezh, Aleksandr Gusev, também relatou um ataque de drone, mas disse em uma postagem no Telegram que não houve danos.

As reivindicações não puderam ser confirmadas independentemente.

Há meses, a Ucrânia vem conduzindo ataques usando drones explosivos contra a infraestrutura russa, em particular instalações de petróleo, na esperança de retardar uma ofensiva das forças de Moscou. A Rússia, no entanto, avançou em direção à cidade de Pokrovsk, um importante centro de transporte e logística no leste da Ucrânia.

Em Kiev, explosões de um ataque de drone russo sacudiram prédios durante a noite, a terceira vez nesta semana que Moscou lançou um ataque aéreo contra a capital ucraniana. A Força Aérea da Ucrânia disse ter abatido 60 drones e dois mísseis, mas o ataque foi menor do que na segunda-feira, quando ataques atingiram muitas regiões.

A campanha aérea de Moscou, que frequentemente tem como alvo a rede elétrica da Ucrânia, visa incapacitar a capacidade do país de repelir a invasão em grande escala da Rússia e aprofundar as dificuldades da guerra para os civis ucranianos.

Mas o governo em Kiev tentou uma resposta com sua própria série de ataques, incluindo a ofensiva surpresa além da fronteira na região russa de Kursk, que começou no início deste mês./AP, AFP e NYT

Atualizamos nossa política de cookies

Ao utilizar nossos serviços, você aceita a política de monitoramento de cookies.