Ucrânia desperdiça munição em Bakhmut e coloca em risco futuro da guerra contra a Rússia


Bombardeio tem sido tão intenso que o governo dos Estados Unidos expressou preocupações aos ucranianos recentemente sobre o desperdício de munição

Por Thomas Gibbons-Neff, Lara Jakes e Eric Schmitt
Atualização:

O Exército da Ucrânia está disparando milhares de projéteis de artilharia diariamente em sua tentativa de manter o controle sobre a cidade de Bakhmut, no leste do país, num ritmo que, afirmam autoridades americanas e europeias, é insustentável e poderia colocar em risco sua campanha planejada para abril — que os ucranianos esperam ser decisiva para derrotar a Rússia na guerra.

O bombardeio tem sido tão intenso que o governo dos Estados Unidos expressou preocupações aos ucranianos recentemente sobre o desperdício de munição, após vários dias seguidos de disparos de artilharia ininterruptos. Segundo fontes do Pentágono, há uma contradição crescente entre a decisão da Ucrânia de defender Bakhmut a qualquer custo e sua esperança de retomar territórios da Rússia no meio do ano. As Forças Armadas da Ucrânia até mesmo já receberam alertas contra desperdício de munição em um momento crítico.

Estados Unidos e Reino Unido estão se preparando para enviar milhares de projéteis de artilharia aos ucranianos. Esse esforço, no entanto, deve ser o último dos aliados ocidentais. O aliados da Ucrânia não têm munição suficiente para suprir o ritmo de consumo. Seus estoques estão criticamente baixos. Fabricantes ocidentais estão aumentando a produção, mas levará muitos meses até que os novos fornecimentos comecem a atender à demanda.

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Isso está ocorrendo porque americanos e europeus não estocaram armamentos antecipando fornecimento para uma guerra de artilharia como a que ocorre na Ucrânia. Os Estados Unidos esperam produzir 90 mil projéteis de artilharia ao mês, mas devem levar dois anos para chegar a esse ritmo.

A União Europeia está reunindo recursos para fabricar e comprar cerca de 1 milhão de projéteis. Mas isso também levará tempo. E uma força-tarefa britânica está liderando um esforço para encontrar e comprar munições da era soviética, das quais a Ucrânia depende primeiramente, em todo o planeta.

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Munições usadas contra os russos são descartadas em Chasiv Yar, na Ucrânia  Foto: Tyler Hicks/The New York Times

Sem bala na agulha

Isso coloca Kiev em uma posição cada vez mais arriscada: suas tropas deverão ter uma única oportunidade significativa este ano de partir para a ofensiva, fazer as forças russas recuarem e retomar território ocupado após a invasão do ano passado. E eles provavelmente terão de fazer isso ao mesmo tempo que lidam com faltas persistentes de munição.Contribuindo para a incerteza, as baixas ucranianas têm sido tão severas que os comandantes terão de decidir se mandam unidades defender Bakhmut ou as usam na ofensiva da primavera.

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Um comandante de uma brigada que tem sido fundamental para manter a posição em Bakhmut, postou no Facebook na terça-feira que há “uma escassez catastrófica de projéteis”. Ele descreveu um incidente em que sua unidade impediu o avanço de um tanque russo T-90 mas foi proibida de destruir completamente o blindado com um disparo de artilharia porque “é caro demais”.

O Pentágono estima que a Ucrânia está disparando milhares de projéteis de artilharia diariamente através da linha de frente de 1.000 quilômetros, que inclui Bakhmut, cidade que está quase completamente cercada por tropas russas. As forças de Moscou controlam aproximadamente metade da cidade e estão prejudicando as linhas de abastecimento que os ucranianos precisam para defender o restante.

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A artilharia tornou-se a arma definidora da guerra na Ucrânia, incluindo obuses e morteiros. Ambos os lados possuem sistemas antiaéreos poderosos, então a guerra terrestre tem sido a principal. Conforme o conflito de um ano continua, um grande fator que determina quem persevera é qual lado tem munições e soldados suficientes.

Estima-se que mais de 200 mil russos tenham se ferido ou sido mortos desde o início da guerra. Entre os ucranianos, o número supera 100 mil. A Rússia pode convocar soldados de sua população, que é aproximadamente três vezes maior que a da Ucrânia, mas ambos os lados estão convivendo com escassez de munições. As formações russas estão disparando mais do que as ucranianas.

Vitória política e militar

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Camille Grand, especialista do Conselho Europeu de Relações Internacionais, que até o outono passado foi subsecretária-geral para investimento em defesa da Otan, afirmou que é tanto politicamente importante quanto militarmente necessário para a Ucrânia provar que defenderia seu território. Mas, afirmou Grand, “eles precisam demonstrar que a defesa valeu a pena”.

Isso não quer dizer que não haja razões táticas para continuar o prolongado combate em Bakhmut, afirmou ele. Esse esforço poderia drenar recursos da Rússia e impossibilitar seus soldados de avançar mais para o oeste, onde eles poderiam conquistar outro avanço para Moscou.

“Essa seria a lógica de gastar tanto sangue e munição em Bakhmut”, afirmou Grand. “Caso contrário, terão se emaranhado em uma situação que, no longo prazo, joga a favor da Rússia e da qual agora é difícil se livrar.”

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Ele acrescentou: “Será correto observar que os ucranianos estão explorando os contingentes da reserva, colocando-os em uma posição mais difícil para fazer essa barragem de artilharia aberta, necessária para o início de uma ofensiva fortificada contra as linhas russas em outros pontos?”.

“Esta é a grande dúvida neste momento.”/ TRADUÇÃO DE AUGUSTO CALIL

O Exército da Ucrânia está disparando milhares de projéteis de artilharia diariamente em sua tentativa de manter o controle sobre a cidade de Bakhmut, no leste do país, num ritmo que, afirmam autoridades americanas e europeias, é insustentável e poderia colocar em risco sua campanha planejada para abril — que os ucranianos esperam ser decisiva para derrotar a Rússia na guerra.

O bombardeio tem sido tão intenso que o governo dos Estados Unidos expressou preocupações aos ucranianos recentemente sobre o desperdício de munição, após vários dias seguidos de disparos de artilharia ininterruptos. Segundo fontes do Pentágono, há uma contradição crescente entre a decisão da Ucrânia de defender Bakhmut a qualquer custo e sua esperança de retomar territórios da Rússia no meio do ano. As Forças Armadas da Ucrânia até mesmo já receberam alertas contra desperdício de munição em um momento crítico.

Estados Unidos e Reino Unido estão se preparando para enviar milhares de projéteis de artilharia aos ucranianos. Esse esforço, no entanto, deve ser o último dos aliados ocidentais. O aliados da Ucrânia não têm munição suficiente para suprir o ritmo de consumo. Seus estoques estão criticamente baixos. Fabricantes ocidentais estão aumentando a produção, mas levará muitos meses até que os novos fornecimentos comecem a atender à demanda.

Isso está ocorrendo porque americanos e europeus não estocaram armamentos antecipando fornecimento para uma guerra de artilharia como a que ocorre na Ucrânia. Os Estados Unidos esperam produzir 90 mil projéteis de artilharia ao mês, mas devem levar dois anos para chegar a esse ritmo.

A União Europeia está reunindo recursos para fabricar e comprar cerca de 1 milhão de projéteis. Mas isso também levará tempo. E uma força-tarefa britânica está liderando um esforço para encontrar e comprar munições da era soviética, das quais a Ucrânia depende primeiramente, em todo o planeta.

Munições usadas contra os russos são descartadas em Chasiv Yar, na Ucrânia  Foto: Tyler Hicks/The New York Times

Sem bala na agulha

Isso coloca Kiev em uma posição cada vez mais arriscada: suas tropas deverão ter uma única oportunidade significativa este ano de partir para a ofensiva, fazer as forças russas recuarem e retomar território ocupado após a invasão do ano passado. E eles provavelmente terão de fazer isso ao mesmo tempo que lidam com faltas persistentes de munição.Contribuindo para a incerteza, as baixas ucranianas têm sido tão severas que os comandantes terão de decidir se mandam unidades defender Bakhmut ou as usam na ofensiva da primavera.

Um comandante de uma brigada que tem sido fundamental para manter a posição em Bakhmut, postou no Facebook na terça-feira que há “uma escassez catastrófica de projéteis”. Ele descreveu um incidente em que sua unidade impediu o avanço de um tanque russo T-90 mas foi proibida de destruir completamente o blindado com um disparo de artilharia porque “é caro demais”.

O Pentágono estima que a Ucrânia está disparando milhares de projéteis de artilharia diariamente através da linha de frente de 1.000 quilômetros, que inclui Bakhmut, cidade que está quase completamente cercada por tropas russas. As forças de Moscou controlam aproximadamente metade da cidade e estão prejudicando as linhas de abastecimento que os ucranianos precisam para defender o restante.

A artilharia tornou-se a arma definidora da guerra na Ucrânia, incluindo obuses e morteiros. Ambos os lados possuem sistemas antiaéreos poderosos, então a guerra terrestre tem sido a principal. Conforme o conflito de um ano continua, um grande fator que determina quem persevera é qual lado tem munições e soldados suficientes.

Estima-se que mais de 200 mil russos tenham se ferido ou sido mortos desde o início da guerra. Entre os ucranianos, o número supera 100 mil. A Rússia pode convocar soldados de sua população, que é aproximadamente três vezes maior que a da Ucrânia, mas ambos os lados estão convivendo com escassez de munições. As formações russas estão disparando mais do que as ucranianas.

Vitória política e militar

Camille Grand, especialista do Conselho Europeu de Relações Internacionais, que até o outono passado foi subsecretária-geral para investimento em defesa da Otan, afirmou que é tanto politicamente importante quanto militarmente necessário para a Ucrânia provar que defenderia seu território. Mas, afirmou Grand, “eles precisam demonstrar que a defesa valeu a pena”.

Isso não quer dizer que não haja razões táticas para continuar o prolongado combate em Bakhmut, afirmou ele. Esse esforço poderia drenar recursos da Rússia e impossibilitar seus soldados de avançar mais para o oeste, onde eles poderiam conquistar outro avanço para Moscou.

“Essa seria a lógica de gastar tanto sangue e munição em Bakhmut”, afirmou Grand. “Caso contrário, terão se emaranhado em uma situação que, no longo prazo, joga a favor da Rússia e da qual agora é difícil se livrar.”

Ele acrescentou: “Será correto observar que os ucranianos estão explorando os contingentes da reserva, colocando-os em uma posição mais difícil para fazer essa barragem de artilharia aberta, necessária para o início de uma ofensiva fortificada contra as linhas russas em outros pontos?”.

“Esta é a grande dúvida neste momento.”/ TRADUÇÃO DE AUGUSTO CALIL

O Exército da Ucrânia está disparando milhares de projéteis de artilharia diariamente em sua tentativa de manter o controle sobre a cidade de Bakhmut, no leste do país, num ritmo que, afirmam autoridades americanas e europeias, é insustentável e poderia colocar em risco sua campanha planejada para abril — que os ucranianos esperam ser decisiva para derrotar a Rússia na guerra.

O bombardeio tem sido tão intenso que o governo dos Estados Unidos expressou preocupações aos ucranianos recentemente sobre o desperdício de munição, após vários dias seguidos de disparos de artilharia ininterruptos. Segundo fontes do Pentágono, há uma contradição crescente entre a decisão da Ucrânia de defender Bakhmut a qualquer custo e sua esperança de retomar territórios da Rússia no meio do ano. As Forças Armadas da Ucrânia até mesmo já receberam alertas contra desperdício de munição em um momento crítico.

Estados Unidos e Reino Unido estão se preparando para enviar milhares de projéteis de artilharia aos ucranianos. Esse esforço, no entanto, deve ser o último dos aliados ocidentais. O aliados da Ucrânia não têm munição suficiente para suprir o ritmo de consumo. Seus estoques estão criticamente baixos. Fabricantes ocidentais estão aumentando a produção, mas levará muitos meses até que os novos fornecimentos comecem a atender à demanda.

Isso está ocorrendo porque americanos e europeus não estocaram armamentos antecipando fornecimento para uma guerra de artilharia como a que ocorre na Ucrânia. Os Estados Unidos esperam produzir 90 mil projéteis de artilharia ao mês, mas devem levar dois anos para chegar a esse ritmo.

A União Europeia está reunindo recursos para fabricar e comprar cerca de 1 milhão de projéteis. Mas isso também levará tempo. E uma força-tarefa britânica está liderando um esforço para encontrar e comprar munições da era soviética, das quais a Ucrânia depende primeiramente, em todo o planeta.

Munições usadas contra os russos são descartadas em Chasiv Yar, na Ucrânia  Foto: Tyler Hicks/The New York Times

Sem bala na agulha

Isso coloca Kiev em uma posição cada vez mais arriscada: suas tropas deverão ter uma única oportunidade significativa este ano de partir para a ofensiva, fazer as forças russas recuarem e retomar território ocupado após a invasão do ano passado. E eles provavelmente terão de fazer isso ao mesmo tempo que lidam com faltas persistentes de munição.Contribuindo para a incerteza, as baixas ucranianas têm sido tão severas que os comandantes terão de decidir se mandam unidades defender Bakhmut ou as usam na ofensiva da primavera.

Um comandante de uma brigada que tem sido fundamental para manter a posição em Bakhmut, postou no Facebook na terça-feira que há “uma escassez catastrófica de projéteis”. Ele descreveu um incidente em que sua unidade impediu o avanço de um tanque russo T-90 mas foi proibida de destruir completamente o blindado com um disparo de artilharia porque “é caro demais”.

O Pentágono estima que a Ucrânia está disparando milhares de projéteis de artilharia diariamente através da linha de frente de 1.000 quilômetros, que inclui Bakhmut, cidade que está quase completamente cercada por tropas russas. As forças de Moscou controlam aproximadamente metade da cidade e estão prejudicando as linhas de abastecimento que os ucranianos precisam para defender o restante.

A artilharia tornou-se a arma definidora da guerra na Ucrânia, incluindo obuses e morteiros. Ambos os lados possuem sistemas antiaéreos poderosos, então a guerra terrestre tem sido a principal. Conforme o conflito de um ano continua, um grande fator que determina quem persevera é qual lado tem munições e soldados suficientes.

Estima-se que mais de 200 mil russos tenham se ferido ou sido mortos desde o início da guerra. Entre os ucranianos, o número supera 100 mil. A Rússia pode convocar soldados de sua população, que é aproximadamente três vezes maior que a da Ucrânia, mas ambos os lados estão convivendo com escassez de munições. As formações russas estão disparando mais do que as ucranianas.

Vitória política e militar

Camille Grand, especialista do Conselho Europeu de Relações Internacionais, que até o outono passado foi subsecretária-geral para investimento em defesa da Otan, afirmou que é tanto politicamente importante quanto militarmente necessário para a Ucrânia provar que defenderia seu território. Mas, afirmou Grand, “eles precisam demonstrar que a defesa valeu a pena”.

Isso não quer dizer que não haja razões táticas para continuar o prolongado combate em Bakhmut, afirmou ele. Esse esforço poderia drenar recursos da Rússia e impossibilitar seus soldados de avançar mais para o oeste, onde eles poderiam conquistar outro avanço para Moscou.

“Essa seria a lógica de gastar tanto sangue e munição em Bakhmut”, afirmou Grand. “Caso contrário, terão se emaranhado em uma situação que, no longo prazo, joga a favor da Rússia e da qual agora é difícil se livrar.”

Ele acrescentou: “Será correto observar que os ucranianos estão explorando os contingentes da reserva, colocando-os em uma posição mais difícil para fazer essa barragem de artilharia aberta, necessária para o início de uma ofensiva fortificada contra as linhas russas em outros pontos?”.

“Esta é a grande dúvida neste momento.”/ TRADUÇÃO DE AUGUSTO CALIL

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