Ucranianos passam a noite em telhados e árvores após represa explodir; 42 mil serão deslocados


Autoridades russas e ucranianas disseram que iniciaram operações de limpeza e retiraram milhares de pessoas nas áreas de Kherson que eles controlam, mas notaram que a intensidade das inundações estava diminuindo

Por Redação
Atualização:

KHERSON - Centenas de ucranianos tiveram de passar à noite e a madrugada em áreas altas como telhados e árvores para escapar das enchentes provocadas pela explosão da represa de Kakhovka, que levou ao alagamento de mais de 80 vilas e pequenas cidades que ficam às margens do rio Dnieper, no sul da Ucrânia. Autoridades tiveram que agilizar o reabastecimento de agua potável na região em meio as enchentes.

Autoridades russas e ucranianas disseram ter iniciado operações de retirada de milhares de pessoas nas áreas de Kherson que eles controlam, mas avisaram que a intensidade das inundações estava diminuindo. A ONU afirmou que a destruição desencadeada é “monumental”.

continua após a publicidade

De acordo com fontes oficiais, 22 mil pessoas vivem em áreas sob risco de inundação controladas pela Rússia no lado leste do rio, enquanto 16 mil vivem na zona mais crítica do território controlado pela Ucrânia no lado oeste.

Pessoas se movem em botes de borracha ao longo das ruas inundadas de Kherson, Ucrânia Foto: Mykola Tymchenko / EFE

De acordo com a ONU, pelo menos 16 mil pessoas já perderam suas casas e esforços estão em andamento para fornecer água potável, dinheiro e apoio legal e emocional aos afetados. As retiradas no lado do rio controlado pelos ucranianos estavam transportando pessoas para cidades como Mikolaiv e Odesa, a oeste.

continua após a publicidade

O presidente da Ucrânia, Volodmir Zelenski, afirmou que milhares de pessoas ainda não foram retiradas da região e estão sem acesso a água.

Retirada

O latido de cães deixados para trás entristeceu ainda mais aqueles que foram transportados para um local seguro. Um caminhão militar ficou preso em águas crescentes e aumentou o nível de pânico enquanto as equipes da Cruz Vermelha tentavam administrar uma retirada ordenada.

continua após a publicidade

“Os russos atingiram a represa e não pensaram nas consequências”, disse Oleksandr Sokerin, que fugiu de casa com sua família depois que ela foi completamente inundada. “Eles não devem ser perdoados.”

Ninguém sabia o quão alto as águas correndo pela represa danificada de Kakhovka subiriam, ou se pessoas ou animais de estimação escapariam com vida.

Equipes de resgate tentam rebocar barcos que transportam moradores sendo retirados de um bairro inundado em Kherson, Ucrânia Foto: Libkos /AP
continua após a publicidade

Funcionários de ambos os lados disseram que o enorme rompimento da represa não deixou mortos.

No início da manhã, antes da enchente tomar conta dos vilarejos, muitos moradores tentaram resistir. Mas, à medida que o nível da água subia nas ruas, quase até o topo dos pontos de ônibus ou do segundo andar das edificações, equipes da guarda nacional e de emergência se espalharam para resgatar as pessoas que ficaram presas.

Equipes de resgate tentam rebocar barcos que transportam moradores sendo retirados de um bairro inundado em Kherson, na Ucrânia Foto: Felipe Dana/ AP
continua após a publicidade

Alguns se viram flutuando sob as vigas de suas casas enquanto as águas subiam. O espaço era limitado nos caminhões e uma tentativa de rebocar duas jangadas deu errado quando as cordas se romperam. Um homem jogou seu pastor alemão do teto de um caminhão parado para outro. Alguns moradores se agarraram uns aos outros para não cair na enchente.

Ajuda russa

A proporção das enchentes ainda não está clara na área afetada que abrigava mais de 60 mil pessoas. Autoridades nomeadas pela Rússia nas partes ocupadas da região de Kherson relataram que 15 mil casas foram inundadas. Alguns moradores de áreas ocupadas pelos russos reclamaram da demora de Moscou para mandar as forças de resgate.

continua após a publicidade

Autoridades russas disseram que menos de 1.300 pessoas foram retiradas em uma área onde 22 mil pessoas foram afetadas pelas enchentes.

Na cidade de Oleshki, controlada por Moscou, Lera disse à Associated Press que o primeiro andar de sua casa está inundado, confinando ela e sua família no segundo andar.

“Tudo ao nosso redor está flutuando, as pessoas estão de pé nos telhados e pedindo ajuda, mas ninguém as está evacuando”, disse a jovem de 19 anos, que se recusou a dar seu sobrenome por medo de represálias.

A maioria das tropas russas fugiu de Oleshki logo após o incidente da barragem, apontou Lera, embora um posto de controle militar permaneça e barcos com pessoas tentando sair tenham sido atacados por soldados. Sua alegação não pôde ser verificada de forma independente.

Ela disse que outros moradores estão ficando sem comida, com sua própria casa sem energia ou água.

Acusações

Moscou e Kiev se acusaram mutuamente pelo colapso da represa, que representa desafios estratégicos para ambos os lados, dizem os especialistas.

O presidente ucraniano, Volodmir Zelenski, acusou a Rússia de orquestrar um ataque à barragem no rio Dnieper, chamando-o de “crime de ecocídio”. “Ainda não podemos prever quanto dos produtos químicos, fertilizantes e derivados de petróleo armazenados nas áreas inundadas irão parar nos rios e no mar”, disse ele.

Ao mesmo tempo, a Rússia culpou Kiev. A destruição da represa foi “sabotagem do lado ucraniano” com o objetivo de cortar o abastecimento de água para a Crimeia controlada pelos russos, disse o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov.

Em seus primeiros comentários públicos sobre o ocorrido, o presidente russo, Vladimir Putin, repetiu a linha de Moscou de que a Ucrânia é culpada pela destruição da barragem de Kakhovka.

Em uma ligação com o presidente turco Recep Tayyip Erdogan, Putin alegou que as autoridades de Kiev haviam escalado o conflito com “crimes de guerra, usando abertamente métodos terroristas e realizando atos de sabotagem no território russo”, disse o Kremlin em seu relato sobre a ligação.

Os Estados Unidos disseram não “poder concluir o que levou ao rompimento da barragem”, afirmou o porta-voz do Conselho de Segurança Nacional, John Kirby, a repórteres em uma coletiva de imprensa na terça-feira, 6. “O que está claro e o que podemos dizer com certeza é que os danos ao povo ucraniano e à região serão significativos”, disse ele.

A Otan e a União Europeia culparam a invasão da Rússia, enquanto o chanceler alemão Olaf Scholz foi o que mais se aproximou de acusar Moscou. “Ao que tudo indica, isso é uma agressão do lado russo”, disse Scholz a repórteres na quarta-feira.

A extensão total da catástrofe em Kherson só ficará clara nos próximos dias, aponta Martin Griffiths, coordenador de ajuda emergencial das Nações Unidas. O rompimento da barragem terá “consequências graves e de longo alcance” para milhares de pessoas em territórios controlados pela Rússia e ucranianos, disse ele ao Conselho de Segurança da ONU.

Funcionários da Agência Internacional de Energia Atômica visitarão a usina nuclear de Zaporizhzhia na próxima semana para avaliar a condição da usina após danos generalizados à barragem próxima, disse a agência de vigilância nuclear em um comunicado. “Não há risco imediato para a segurança da usina”, disse Rafael Mariano Grossi, diretor-geral da AIEA./AP e NY Times

KHERSON - Centenas de ucranianos tiveram de passar à noite e a madrugada em áreas altas como telhados e árvores para escapar das enchentes provocadas pela explosão da represa de Kakhovka, que levou ao alagamento de mais de 80 vilas e pequenas cidades que ficam às margens do rio Dnieper, no sul da Ucrânia. Autoridades tiveram que agilizar o reabastecimento de agua potável na região em meio as enchentes.

Autoridades russas e ucranianas disseram ter iniciado operações de retirada de milhares de pessoas nas áreas de Kherson que eles controlam, mas avisaram que a intensidade das inundações estava diminuindo. A ONU afirmou que a destruição desencadeada é “monumental”.

De acordo com fontes oficiais, 22 mil pessoas vivem em áreas sob risco de inundação controladas pela Rússia no lado leste do rio, enquanto 16 mil vivem na zona mais crítica do território controlado pela Ucrânia no lado oeste.

Pessoas se movem em botes de borracha ao longo das ruas inundadas de Kherson, Ucrânia Foto: Mykola Tymchenko / EFE

De acordo com a ONU, pelo menos 16 mil pessoas já perderam suas casas e esforços estão em andamento para fornecer água potável, dinheiro e apoio legal e emocional aos afetados. As retiradas no lado do rio controlado pelos ucranianos estavam transportando pessoas para cidades como Mikolaiv e Odesa, a oeste.

O presidente da Ucrânia, Volodmir Zelenski, afirmou que milhares de pessoas ainda não foram retiradas da região e estão sem acesso a água.

Retirada

O latido de cães deixados para trás entristeceu ainda mais aqueles que foram transportados para um local seguro. Um caminhão militar ficou preso em águas crescentes e aumentou o nível de pânico enquanto as equipes da Cruz Vermelha tentavam administrar uma retirada ordenada.

“Os russos atingiram a represa e não pensaram nas consequências”, disse Oleksandr Sokerin, que fugiu de casa com sua família depois que ela foi completamente inundada. “Eles não devem ser perdoados.”

Ninguém sabia o quão alto as águas correndo pela represa danificada de Kakhovka subiriam, ou se pessoas ou animais de estimação escapariam com vida.

Equipes de resgate tentam rebocar barcos que transportam moradores sendo retirados de um bairro inundado em Kherson, Ucrânia Foto: Libkos /AP

Funcionários de ambos os lados disseram que o enorme rompimento da represa não deixou mortos.

No início da manhã, antes da enchente tomar conta dos vilarejos, muitos moradores tentaram resistir. Mas, à medida que o nível da água subia nas ruas, quase até o topo dos pontos de ônibus ou do segundo andar das edificações, equipes da guarda nacional e de emergência se espalharam para resgatar as pessoas que ficaram presas.

Equipes de resgate tentam rebocar barcos que transportam moradores sendo retirados de um bairro inundado em Kherson, na Ucrânia Foto: Felipe Dana/ AP

Alguns se viram flutuando sob as vigas de suas casas enquanto as águas subiam. O espaço era limitado nos caminhões e uma tentativa de rebocar duas jangadas deu errado quando as cordas se romperam. Um homem jogou seu pastor alemão do teto de um caminhão parado para outro. Alguns moradores se agarraram uns aos outros para não cair na enchente.

Ajuda russa

A proporção das enchentes ainda não está clara na área afetada que abrigava mais de 60 mil pessoas. Autoridades nomeadas pela Rússia nas partes ocupadas da região de Kherson relataram que 15 mil casas foram inundadas. Alguns moradores de áreas ocupadas pelos russos reclamaram da demora de Moscou para mandar as forças de resgate.

Autoridades russas disseram que menos de 1.300 pessoas foram retiradas em uma área onde 22 mil pessoas foram afetadas pelas enchentes.

Na cidade de Oleshki, controlada por Moscou, Lera disse à Associated Press que o primeiro andar de sua casa está inundado, confinando ela e sua família no segundo andar.

“Tudo ao nosso redor está flutuando, as pessoas estão de pé nos telhados e pedindo ajuda, mas ninguém as está evacuando”, disse a jovem de 19 anos, que se recusou a dar seu sobrenome por medo de represálias.

A maioria das tropas russas fugiu de Oleshki logo após o incidente da barragem, apontou Lera, embora um posto de controle militar permaneça e barcos com pessoas tentando sair tenham sido atacados por soldados. Sua alegação não pôde ser verificada de forma independente.

Ela disse que outros moradores estão ficando sem comida, com sua própria casa sem energia ou água.

Acusações

Moscou e Kiev se acusaram mutuamente pelo colapso da represa, que representa desafios estratégicos para ambos os lados, dizem os especialistas.

O presidente ucraniano, Volodmir Zelenski, acusou a Rússia de orquestrar um ataque à barragem no rio Dnieper, chamando-o de “crime de ecocídio”. “Ainda não podemos prever quanto dos produtos químicos, fertilizantes e derivados de petróleo armazenados nas áreas inundadas irão parar nos rios e no mar”, disse ele.

Ao mesmo tempo, a Rússia culpou Kiev. A destruição da represa foi “sabotagem do lado ucraniano” com o objetivo de cortar o abastecimento de água para a Crimeia controlada pelos russos, disse o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov.

Em seus primeiros comentários públicos sobre o ocorrido, o presidente russo, Vladimir Putin, repetiu a linha de Moscou de que a Ucrânia é culpada pela destruição da barragem de Kakhovka.

Em uma ligação com o presidente turco Recep Tayyip Erdogan, Putin alegou que as autoridades de Kiev haviam escalado o conflito com “crimes de guerra, usando abertamente métodos terroristas e realizando atos de sabotagem no território russo”, disse o Kremlin em seu relato sobre a ligação.

Os Estados Unidos disseram não “poder concluir o que levou ao rompimento da barragem”, afirmou o porta-voz do Conselho de Segurança Nacional, John Kirby, a repórteres em uma coletiva de imprensa na terça-feira, 6. “O que está claro e o que podemos dizer com certeza é que os danos ao povo ucraniano e à região serão significativos”, disse ele.

A Otan e a União Europeia culparam a invasão da Rússia, enquanto o chanceler alemão Olaf Scholz foi o que mais se aproximou de acusar Moscou. “Ao que tudo indica, isso é uma agressão do lado russo”, disse Scholz a repórteres na quarta-feira.

A extensão total da catástrofe em Kherson só ficará clara nos próximos dias, aponta Martin Griffiths, coordenador de ajuda emergencial das Nações Unidas. O rompimento da barragem terá “consequências graves e de longo alcance” para milhares de pessoas em territórios controlados pela Rússia e ucranianos, disse ele ao Conselho de Segurança da ONU.

Funcionários da Agência Internacional de Energia Atômica visitarão a usina nuclear de Zaporizhzhia na próxima semana para avaliar a condição da usina após danos generalizados à barragem próxima, disse a agência de vigilância nuclear em um comunicado. “Não há risco imediato para a segurança da usina”, disse Rafael Mariano Grossi, diretor-geral da AIEA./AP e NY Times

KHERSON - Centenas de ucranianos tiveram de passar à noite e a madrugada em áreas altas como telhados e árvores para escapar das enchentes provocadas pela explosão da represa de Kakhovka, que levou ao alagamento de mais de 80 vilas e pequenas cidades que ficam às margens do rio Dnieper, no sul da Ucrânia. Autoridades tiveram que agilizar o reabastecimento de agua potável na região em meio as enchentes.

Autoridades russas e ucranianas disseram ter iniciado operações de retirada de milhares de pessoas nas áreas de Kherson que eles controlam, mas avisaram que a intensidade das inundações estava diminuindo. A ONU afirmou que a destruição desencadeada é “monumental”.

De acordo com fontes oficiais, 22 mil pessoas vivem em áreas sob risco de inundação controladas pela Rússia no lado leste do rio, enquanto 16 mil vivem na zona mais crítica do território controlado pela Ucrânia no lado oeste.

Pessoas se movem em botes de borracha ao longo das ruas inundadas de Kherson, Ucrânia Foto: Mykola Tymchenko / EFE

De acordo com a ONU, pelo menos 16 mil pessoas já perderam suas casas e esforços estão em andamento para fornecer água potável, dinheiro e apoio legal e emocional aos afetados. As retiradas no lado do rio controlado pelos ucranianos estavam transportando pessoas para cidades como Mikolaiv e Odesa, a oeste.

O presidente da Ucrânia, Volodmir Zelenski, afirmou que milhares de pessoas ainda não foram retiradas da região e estão sem acesso a água.

Retirada

O latido de cães deixados para trás entristeceu ainda mais aqueles que foram transportados para um local seguro. Um caminhão militar ficou preso em águas crescentes e aumentou o nível de pânico enquanto as equipes da Cruz Vermelha tentavam administrar uma retirada ordenada.

“Os russos atingiram a represa e não pensaram nas consequências”, disse Oleksandr Sokerin, que fugiu de casa com sua família depois que ela foi completamente inundada. “Eles não devem ser perdoados.”

Ninguém sabia o quão alto as águas correndo pela represa danificada de Kakhovka subiriam, ou se pessoas ou animais de estimação escapariam com vida.

Equipes de resgate tentam rebocar barcos que transportam moradores sendo retirados de um bairro inundado em Kherson, Ucrânia Foto: Libkos /AP

Funcionários de ambos os lados disseram que o enorme rompimento da represa não deixou mortos.

No início da manhã, antes da enchente tomar conta dos vilarejos, muitos moradores tentaram resistir. Mas, à medida que o nível da água subia nas ruas, quase até o topo dos pontos de ônibus ou do segundo andar das edificações, equipes da guarda nacional e de emergência se espalharam para resgatar as pessoas que ficaram presas.

Equipes de resgate tentam rebocar barcos que transportam moradores sendo retirados de um bairro inundado em Kherson, na Ucrânia Foto: Felipe Dana/ AP

Alguns se viram flutuando sob as vigas de suas casas enquanto as águas subiam. O espaço era limitado nos caminhões e uma tentativa de rebocar duas jangadas deu errado quando as cordas se romperam. Um homem jogou seu pastor alemão do teto de um caminhão parado para outro. Alguns moradores se agarraram uns aos outros para não cair na enchente.

Ajuda russa

A proporção das enchentes ainda não está clara na área afetada que abrigava mais de 60 mil pessoas. Autoridades nomeadas pela Rússia nas partes ocupadas da região de Kherson relataram que 15 mil casas foram inundadas. Alguns moradores de áreas ocupadas pelos russos reclamaram da demora de Moscou para mandar as forças de resgate.

Autoridades russas disseram que menos de 1.300 pessoas foram retiradas em uma área onde 22 mil pessoas foram afetadas pelas enchentes.

Na cidade de Oleshki, controlada por Moscou, Lera disse à Associated Press que o primeiro andar de sua casa está inundado, confinando ela e sua família no segundo andar.

“Tudo ao nosso redor está flutuando, as pessoas estão de pé nos telhados e pedindo ajuda, mas ninguém as está evacuando”, disse a jovem de 19 anos, que se recusou a dar seu sobrenome por medo de represálias.

A maioria das tropas russas fugiu de Oleshki logo após o incidente da barragem, apontou Lera, embora um posto de controle militar permaneça e barcos com pessoas tentando sair tenham sido atacados por soldados. Sua alegação não pôde ser verificada de forma independente.

Ela disse que outros moradores estão ficando sem comida, com sua própria casa sem energia ou água.

Acusações

Moscou e Kiev se acusaram mutuamente pelo colapso da represa, que representa desafios estratégicos para ambos os lados, dizem os especialistas.

O presidente ucraniano, Volodmir Zelenski, acusou a Rússia de orquestrar um ataque à barragem no rio Dnieper, chamando-o de “crime de ecocídio”. “Ainda não podemos prever quanto dos produtos químicos, fertilizantes e derivados de petróleo armazenados nas áreas inundadas irão parar nos rios e no mar”, disse ele.

Ao mesmo tempo, a Rússia culpou Kiev. A destruição da represa foi “sabotagem do lado ucraniano” com o objetivo de cortar o abastecimento de água para a Crimeia controlada pelos russos, disse o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov.

Em seus primeiros comentários públicos sobre o ocorrido, o presidente russo, Vladimir Putin, repetiu a linha de Moscou de que a Ucrânia é culpada pela destruição da barragem de Kakhovka.

Em uma ligação com o presidente turco Recep Tayyip Erdogan, Putin alegou que as autoridades de Kiev haviam escalado o conflito com “crimes de guerra, usando abertamente métodos terroristas e realizando atos de sabotagem no território russo”, disse o Kremlin em seu relato sobre a ligação.

Os Estados Unidos disseram não “poder concluir o que levou ao rompimento da barragem”, afirmou o porta-voz do Conselho de Segurança Nacional, John Kirby, a repórteres em uma coletiva de imprensa na terça-feira, 6. “O que está claro e o que podemos dizer com certeza é que os danos ao povo ucraniano e à região serão significativos”, disse ele.

A Otan e a União Europeia culparam a invasão da Rússia, enquanto o chanceler alemão Olaf Scholz foi o que mais se aproximou de acusar Moscou. “Ao que tudo indica, isso é uma agressão do lado russo”, disse Scholz a repórteres na quarta-feira.

A extensão total da catástrofe em Kherson só ficará clara nos próximos dias, aponta Martin Griffiths, coordenador de ajuda emergencial das Nações Unidas. O rompimento da barragem terá “consequências graves e de longo alcance” para milhares de pessoas em territórios controlados pela Rússia e ucranianos, disse ele ao Conselho de Segurança da ONU.

Funcionários da Agência Internacional de Energia Atômica visitarão a usina nuclear de Zaporizhzhia na próxima semana para avaliar a condição da usina após danos generalizados à barragem próxima, disse a agência de vigilância nuclear em um comunicado. “Não há risco imediato para a segurança da usina”, disse Rafael Mariano Grossi, diretor-geral da AIEA./AP e NY Times

KHERSON - Centenas de ucranianos tiveram de passar à noite e a madrugada em áreas altas como telhados e árvores para escapar das enchentes provocadas pela explosão da represa de Kakhovka, que levou ao alagamento de mais de 80 vilas e pequenas cidades que ficam às margens do rio Dnieper, no sul da Ucrânia. Autoridades tiveram que agilizar o reabastecimento de agua potável na região em meio as enchentes.

Autoridades russas e ucranianas disseram ter iniciado operações de retirada de milhares de pessoas nas áreas de Kherson que eles controlam, mas avisaram que a intensidade das inundações estava diminuindo. A ONU afirmou que a destruição desencadeada é “monumental”.

De acordo com fontes oficiais, 22 mil pessoas vivem em áreas sob risco de inundação controladas pela Rússia no lado leste do rio, enquanto 16 mil vivem na zona mais crítica do território controlado pela Ucrânia no lado oeste.

Pessoas se movem em botes de borracha ao longo das ruas inundadas de Kherson, Ucrânia Foto: Mykola Tymchenko / EFE

De acordo com a ONU, pelo menos 16 mil pessoas já perderam suas casas e esforços estão em andamento para fornecer água potável, dinheiro e apoio legal e emocional aos afetados. As retiradas no lado do rio controlado pelos ucranianos estavam transportando pessoas para cidades como Mikolaiv e Odesa, a oeste.

O presidente da Ucrânia, Volodmir Zelenski, afirmou que milhares de pessoas ainda não foram retiradas da região e estão sem acesso a água.

Retirada

O latido de cães deixados para trás entristeceu ainda mais aqueles que foram transportados para um local seguro. Um caminhão militar ficou preso em águas crescentes e aumentou o nível de pânico enquanto as equipes da Cruz Vermelha tentavam administrar uma retirada ordenada.

“Os russos atingiram a represa e não pensaram nas consequências”, disse Oleksandr Sokerin, que fugiu de casa com sua família depois que ela foi completamente inundada. “Eles não devem ser perdoados.”

Ninguém sabia o quão alto as águas correndo pela represa danificada de Kakhovka subiriam, ou se pessoas ou animais de estimação escapariam com vida.

Equipes de resgate tentam rebocar barcos que transportam moradores sendo retirados de um bairro inundado em Kherson, Ucrânia Foto: Libkos /AP

Funcionários de ambos os lados disseram que o enorme rompimento da represa não deixou mortos.

No início da manhã, antes da enchente tomar conta dos vilarejos, muitos moradores tentaram resistir. Mas, à medida que o nível da água subia nas ruas, quase até o topo dos pontos de ônibus ou do segundo andar das edificações, equipes da guarda nacional e de emergência se espalharam para resgatar as pessoas que ficaram presas.

Equipes de resgate tentam rebocar barcos que transportam moradores sendo retirados de um bairro inundado em Kherson, na Ucrânia Foto: Felipe Dana/ AP

Alguns se viram flutuando sob as vigas de suas casas enquanto as águas subiam. O espaço era limitado nos caminhões e uma tentativa de rebocar duas jangadas deu errado quando as cordas se romperam. Um homem jogou seu pastor alemão do teto de um caminhão parado para outro. Alguns moradores se agarraram uns aos outros para não cair na enchente.

Ajuda russa

A proporção das enchentes ainda não está clara na área afetada que abrigava mais de 60 mil pessoas. Autoridades nomeadas pela Rússia nas partes ocupadas da região de Kherson relataram que 15 mil casas foram inundadas. Alguns moradores de áreas ocupadas pelos russos reclamaram da demora de Moscou para mandar as forças de resgate.

Autoridades russas disseram que menos de 1.300 pessoas foram retiradas em uma área onde 22 mil pessoas foram afetadas pelas enchentes.

Na cidade de Oleshki, controlada por Moscou, Lera disse à Associated Press que o primeiro andar de sua casa está inundado, confinando ela e sua família no segundo andar.

“Tudo ao nosso redor está flutuando, as pessoas estão de pé nos telhados e pedindo ajuda, mas ninguém as está evacuando”, disse a jovem de 19 anos, que se recusou a dar seu sobrenome por medo de represálias.

A maioria das tropas russas fugiu de Oleshki logo após o incidente da barragem, apontou Lera, embora um posto de controle militar permaneça e barcos com pessoas tentando sair tenham sido atacados por soldados. Sua alegação não pôde ser verificada de forma independente.

Ela disse que outros moradores estão ficando sem comida, com sua própria casa sem energia ou água.

Acusações

Moscou e Kiev se acusaram mutuamente pelo colapso da represa, que representa desafios estratégicos para ambos os lados, dizem os especialistas.

O presidente ucraniano, Volodmir Zelenski, acusou a Rússia de orquestrar um ataque à barragem no rio Dnieper, chamando-o de “crime de ecocídio”. “Ainda não podemos prever quanto dos produtos químicos, fertilizantes e derivados de petróleo armazenados nas áreas inundadas irão parar nos rios e no mar”, disse ele.

Ao mesmo tempo, a Rússia culpou Kiev. A destruição da represa foi “sabotagem do lado ucraniano” com o objetivo de cortar o abastecimento de água para a Crimeia controlada pelos russos, disse o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov.

Em seus primeiros comentários públicos sobre o ocorrido, o presidente russo, Vladimir Putin, repetiu a linha de Moscou de que a Ucrânia é culpada pela destruição da barragem de Kakhovka.

Em uma ligação com o presidente turco Recep Tayyip Erdogan, Putin alegou que as autoridades de Kiev haviam escalado o conflito com “crimes de guerra, usando abertamente métodos terroristas e realizando atos de sabotagem no território russo”, disse o Kremlin em seu relato sobre a ligação.

Os Estados Unidos disseram não “poder concluir o que levou ao rompimento da barragem”, afirmou o porta-voz do Conselho de Segurança Nacional, John Kirby, a repórteres em uma coletiva de imprensa na terça-feira, 6. “O que está claro e o que podemos dizer com certeza é que os danos ao povo ucraniano e à região serão significativos”, disse ele.

A Otan e a União Europeia culparam a invasão da Rússia, enquanto o chanceler alemão Olaf Scholz foi o que mais se aproximou de acusar Moscou. “Ao que tudo indica, isso é uma agressão do lado russo”, disse Scholz a repórteres na quarta-feira.

A extensão total da catástrofe em Kherson só ficará clara nos próximos dias, aponta Martin Griffiths, coordenador de ajuda emergencial das Nações Unidas. O rompimento da barragem terá “consequências graves e de longo alcance” para milhares de pessoas em territórios controlados pela Rússia e ucranianos, disse ele ao Conselho de Segurança da ONU.

Funcionários da Agência Internacional de Energia Atômica visitarão a usina nuclear de Zaporizhzhia na próxima semana para avaliar a condição da usina após danos generalizados à barragem próxima, disse a agência de vigilância nuclear em um comunicado. “Não há risco imediato para a segurança da usina”, disse Rafael Mariano Grossi, diretor-geral da AIEA./AP e NY Times

KHERSON - Centenas de ucranianos tiveram de passar à noite e a madrugada em áreas altas como telhados e árvores para escapar das enchentes provocadas pela explosão da represa de Kakhovka, que levou ao alagamento de mais de 80 vilas e pequenas cidades que ficam às margens do rio Dnieper, no sul da Ucrânia. Autoridades tiveram que agilizar o reabastecimento de agua potável na região em meio as enchentes.

Autoridades russas e ucranianas disseram ter iniciado operações de retirada de milhares de pessoas nas áreas de Kherson que eles controlam, mas avisaram que a intensidade das inundações estava diminuindo. A ONU afirmou que a destruição desencadeada é “monumental”.

De acordo com fontes oficiais, 22 mil pessoas vivem em áreas sob risco de inundação controladas pela Rússia no lado leste do rio, enquanto 16 mil vivem na zona mais crítica do território controlado pela Ucrânia no lado oeste.

Pessoas se movem em botes de borracha ao longo das ruas inundadas de Kherson, Ucrânia Foto: Mykola Tymchenko / EFE

De acordo com a ONU, pelo menos 16 mil pessoas já perderam suas casas e esforços estão em andamento para fornecer água potável, dinheiro e apoio legal e emocional aos afetados. As retiradas no lado do rio controlado pelos ucranianos estavam transportando pessoas para cidades como Mikolaiv e Odesa, a oeste.

O presidente da Ucrânia, Volodmir Zelenski, afirmou que milhares de pessoas ainda não foram retiradas da região e estão sem acesso a água.

Retirada

O latido de cães deixados para trás entristeceu ainda mais aqueles que foram transportados para um local seguro. Um caminhão militar ficou preso em águas crescentes e aumentou o nível de pânico enquanto as equipes da Cruz Vermelha tentavam administrar uma retirada ordenada.

“Os russos atingiram a represa e não pensaram nas consequências”, disse Oleksandr Sokerin, que fugiu de casa com sua família depois que ela foi completamente inundada. “Eles não devem ser perdoados.”

Ninguém sabia o quão alto as águas correndo pela represa danificada de Kakhovka subiriam, ou se pessoas ou animais de estimação escapariam com vida.

Equipes de resgate tentam rebocar barcos que transportam moradores sendo retirados de um bairro inundado em Kherson, Ucrânia Foto: Libkos /AP

Funcionários de ambos os lados disseram que o enorme rompimento da represa não deixou mortos.

No início da manhã, antes da enchente tomar conta dos vilarejos, muitos moradores tentaram resistir. Mas, à medida que o nível da água subia nas ruas, quase até o topo dos pontos de ônibus ou do segundo andar das edificações, equipes da guarda nacional e de emergência se espalharam para resgatar as pessoas que ficaram presas.

Equipes de resgate tentam rebocar barcos que transportam moradores sendo retirados de um bairro inundado em Kherson, na Ucrânia Foto: Felipe Dana/ AP

Alguns se viram flutuando sob as vigas de suas casas enquanto as águas subiam. O espaço era limitado nos caminhões e uma tentativa de rebocar duas jangadas deu errado quando as cordas se romperam. Um homem jogou seu pastor alemão do teto de um caminhão parado para outro. Alguns moradores se agarraram uns aos outros para não cair na enchente.

Ajuda russa

A proporção das enchentes ainda não está clara na área afetada que abrigava mais de 60 mil pessoas. Autoridades nomeadas pela Rússia nas partes ocupadas da região de Kherson relataram que 15 mil casas foram inundadas. Alguns moradores de áreas ocupadas pelos russos reclamaram da demora de Moscou para mandar as forças de resgate.

Autoridades russas disseram que menos de 1.300 pessoas foram retiradas em uma área onde 22 mil pessoas foram afetadas pelas enchentes.

Na cidade de Oleshki, controlada por Moscou, Lera disse à Associated Press que o primeiro andar de sua casa está inundado, confinando ela e sua família no segundo andar.

“Tudo ao nosso redor está flutuando, as pessoas estão de pé nos telhados e pedindo ajuda, mas ninguém as está evacuando”, disse a jovem de 19 anos, que se recusou a dar seu sobrenome por medo de represálias.

A maioria das tropas russas fugiu de Oleshki logo após o incidente da barragem, apontou Lera, embora um posto de controle militar permaneça e barcos com pessoas tentando sair tenham sido atacados por soldados. Sua alegação não pôde ser verificada de forma independente.

Ela disse que outros moradores estão ficando sem comida, com sua própria casa sem energia ou água.

Acusações

Moscou e Kiev se acusaram mutuamente pelo colapso da represa, que representa desafios estratégicos para ambos os lados, dizem os especialistas.

O presidente ucraniano, Volodmir Zelenski, acusou a Rússia de orquestrar um ataque à barragem no rio Dnieper, chamando-o de “crime de ecocídio”. “Ainda não podemos prever quanto dos produtos químicos, fertilizantes e derivados de petróleo armazenados nas áreas inundadas irão parar nos rios e no mar”, disse ele.

Ao mesmo tempo, a Rússia culpou Kiev. A destruição da represa foi “sabotagem do lado ucraniano” com o objetivo de cortar o abastecimento de água para a Crimeia controlada pelos russos, disse o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov.

Em seus primeiros comentários públicos sobre o ocorrido, o presidente russo, Vladimir Putin, repetiu a linha de Moscou de que a Ucrânia é culpada pela destruição da barragem de Kakhovka.

Em uma ligação com o presidente turco Recep Tayyip Erdogan, Putin alegou que as autoridades de Kiev haviam escalado o conflito com “crimes de guerra, usando abertamente métodos terroristas e realizando atos de sabotagem no território russo”, disse o Kremlin em seu relato sobre a ligação.

Os Estados Unidos disseram não “poder concluir o que levou ao rompimento da barragem”, afirmou o porta-voz do Conselho de Segurança Nacional, John Kirby, a repórteres em uma coletiva de imprensa na terça-feira, 6. “O que está claro e o que podemos dizer com certeza é que os danos ao povo ucraniano e à região serão significativos”, disse ele.

A Otan e a União Europeia culparam a invasão da Rússia, enquanto o chanceler alemão Olaf Scholz foi o que mais se aproximou de acusar Moscou. “Ao que tudo indica, isso é uma agressão do lado russo”, disse Scholz a repórteres na quarta-feira.

A extensão total da catástrofe em Kherson só ficará clara nos próximos dias, aponta Martin Griffiths, coordenador de ajuda emergencial das Nações Unidas. O rompimento da barragem terá “consequências graves e de longo alcance” para milhares de pessoas em territórios controlados pela Rússia e ucranianos, disse ele ao Conselho de Segurança da ONU.

Funcionários da Agência Internacional de Energia Atômica visitarão a usina nuclear de Zaporizhzhia na próxima semana para avaliar a condição da usina após danos generalizados à barragem próxima, disse a agência de vigilância nuclear em um comunicado. “Não há risco imediato para a segurança da usina”, disse Rafael Mariano Grossi, diretor-geral da AIEA./AP e NY Times

Atualizamos nossa política de cookies

Ao utilizar nossos serviços, você aceita a política de monitoramento de cookies.