Única parlamentar viva a ocupar o posto de primeira-ministra do Reino Unido, a conservadora Theresa May parabenizou Liz Truss pela vitória na corrida eleitoral que a confirmou como sucessora de Boris Johnson no N°10 de Downing Street.
“Parabéns Liz Truss. Nós conservadores temos agora que trabalhar juntos para responder aos desafios que nosso país enfrenta. Atacar o custo de vida, atender os necessitados e gerir as finanças públicas de forma responsável. Espero apoiar o governo nessa tarefa”, disse May em uma publicação nas redes sociais.
Quando for oficializada como primeira-ministra - o que deve acontecer na terça-feira, 6, após um encontro com a rainha Elizabeth II no Palácio de Balmoral, na Escócia, na terça-feira, 6 - Truss se tornará a terceira mulher a ocupar o cargo mais importante da política britânica. Antes dela, apenas May (2016-2019) e Margaret Thatcher (1979-1990) chegaram ao posto.
As semelhanças entre as Thatcher, May e Truss não acabam apenas no fato de serem mulheres ascendendo ao principal cargo do governo britânico. As três lideranças fizeram suas carreiras políticas no Partido Conservador e serviram (no caso de Truss, ainda vai servir) como chefes-de-governo durante o reinado de Elizabeth II, que vai confirmar seu 15º premiê em 70 anos a frente da coroa.
Quanto ao governo, no entanto, resta saber se Truss será mais May ou mais Thatcher. Enquanto a “dama-de-ferro” foi uma das premiês mais longevas da História do Reino Unido, conseguindo manter o poder mesmo diante de crises econômicas e sérios turbilhões políticos - tanto na política interna quanto externa, incluindo a Guerra das Malvinas -, May teve um mandato curto, que ficou marcado principalmente pelo insucesso de entregar o Brexit - crise que marcou o início do fim de seu governo.
Em seu discurso de vitória, Truss afirmou que pretende trabalhar em um plano para cortar impostos e baratear a energia no país, duas das questões mais urgentes na política interna do Reino Unido. A nova premiê também garantiu que vai “governar como uma conservadora”, seguindo o prometido em sua campanha.
Apesar de chegar ao cargo, Truss obteve a menor margem de votos da História entre os líderes conservadores que foram escolhidos em um processo interno do partido, conquistando menos de 60% da preferência dos eleitores (57,4%).
O cenário amplo, incluindo a base não conservadora, também aponta para um começo difícil. Em uma pesquisa realizada pelo YouGov no final de agosto, 52% dos entrevistados responderam que Truss seria uma primeira-ministra “ruim” ou “péssima” se eleita, enquanto 43% afirmaram que não confiam “nada” quando se trata de enfrentar o problema do crescente custo de vida, que domina as notícias há semanas.
Ainda no cenário doméstico - mas com possível repercussão internacional -, um dos maiores desafios que aguardam a nova premiê vem da premiê escocesa Nicola Sturgeon, cujo Partido Nacional Escocês (SNP) tem demandado um referendo sobre a separação da Escócia do restante do Reino Unido, em razão do Brexit. Truss já afirmou que jamais vai permitir que “a família britânica se separe”.