Um mês depois das explosões em Beirute: pontos para entender a crise no Líbano


Explosões deixaram 190 mortos, 6.500 feridos e 300 mil desabrigados; agora, país tenta se reconstruir e monta novo governo

Por Redação
Atualização:

BEIRUTE - Um mês depois das explosões que causaram destruição na região portuária de Beirute, a crise econômica e política que o Líbano já vivenciava antes da catástrofe se agravou. 

Embora esteja formando um novo governo, o país ainda enfrenta protestos, sofre com a pandemia do novo coronavírus, teve seu turismo prejudicado e vive um momento delicado na tentativa de superar a maior crise de sua história moderna. 

Confira abaixo alguns pontos sobre a situação atual no Líbano: 

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Crise política

As explosões fizeram o gabinete do antigo primeiro-ministro libanês, Hassan Diab, renunciar. O novo premiê, Mustapha Adib, realizou consultas nesta semana para formar um governo em tempo recorde. Ele sofreu pressão internacional para acelerar o processo. 

"Esperamos poder formar rapidamente um governo constituído por uma equipe homogênea", declarou Adib, em um dia de consultas com as bancadas parlamentares dos principais partidos. O processo de formação de governos no Líbano pode demorar meses devido a bloqueios políticos. 

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Mas a situação é urgente para Mustapha Adib, ex-embaixador libanês na Alemanha, nomeado na segunda-feira. As reformas são vistas como urgentes para tirar o país de sua pior crise econômica em décadas.

Mulher olha equipes de resgate em edifício destruído no Líbano Foto: JOSEPH EID / AFP

Prejuízo bilionário em meio à pandemia 

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A explosão causou um prejuízo de até U$ 4,6 bilhões em danos a residências e à infraestrutura pública e até US$ 3,5 bilhões em outras perdas, como o golpe na produção econômica. 

Os setores social, de habitação e de cultura foram os mais afetados, sofrendo danos que superam US$ 1,9 bilhão e US$ 1 bilhão, respectivamente, segundo estimativas divulgadas pelo Banco Mundial. 

Principal ponto de entrada para importação de alimentos, o porto de Beirute registrou uma queda na capacidade de lidar com as importações de cereais a granel para cerca de um quinto do nível antes da explosão.

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Além disso, hospitais, centros de saúde e maternidades sofreram graves danos. Cerca de 4 mil mulheres grávidas com necessidades de cuidados pré-natais foram deslocadas da capital libanesa. Cerca de 640 edifícios históricos de importância cultural foram danificados pela explosão, 60 dos quais estão em risco de colapso. 

Imagens de satélite mostram o porto de Beirute em 9 de junho e, ao lado, do dia 5 de agosto, um diadepois dasexplosões provocadas por toneladas de nitrato de amônio armazenadas no local. Cidade viveu 'uma situação apocalíptica' no dia seguinte ao incidente que deixou mais de 100 mortos, milhares de feridos e centenas de milhares de desabrigados Foto: Satellite image 2020 Maxar Technologies/via Reuters

190 mortos e 300 mil desabrigados 

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A explosão deixou ao menos 190 mortos, feriu 6.500 e outros 300 mil ficaram desabrigados em Beirute. A estimativa oficial é de que pelo menos 50 mil casas foram danificadas com as explosões. As equipes de resgate continuam trabalhando nos escombros em busca de sobreviventes. 

"Há 99% de possibilidade de não haver nada, mas mesmo que seja menos de 1% esperança, devemos continuar procurando", afirmou' Youssef Malah, um trabalhador da defesa civil. 

A situação social e a crise política do país foram agravadas pela explosão. Ainda há protestos contra o governo Foto: AP Photo/Hassan Ammar
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Aumento da pobreza e da fome 

A crise econômica, a pandemia de covid-19 e a explosão provocaram um crescimento no índice de pobreza. O Líbano vive a pior crise econômica e financeira de sua história moderna, com uma dívida externa girando em torno de 170% do PIB. O país importa cerca de 80% do que consome e hoje aproximadamente 55% das pessoas são consideradas pobres. 

Imigração

Alguns libaneses começaram a deixar o país. Uma pesquisa relatou um aumento de 36% nas partidas diárias de passageiros, enquanto a procura pela palavra "imigração" no Google atingiu um pico de 10 anos no Líbano.

Cerca de 25 mil trabalhadores da grande comunidade migrante do Líbano - principalmente da Síria, Etiópia, Bangladesh e Filipinas - foram afetados diretamente pela explosão, com 150 feridos e 15 mortos. Muitos são trabalhadores informais e perderam a pouca renda e os poucos bens que tinham conseguido no tempo em que vivem no país. 

Vista aérea mostra os danos causados aos silos de grãos do porto de Beirute e a área ao redor do portono coração da capital libanesa. Foto: AFP 

Relembre o caso

No dia 4 de agosto, duas fortes explosões atingiram a região do porto de Beirute. Registradas em vídeos que rapidamente tomaram as redes sociais, elas foram sentidas em cidades vizinhas e até no Chipre, ilha que fica a 240 quilômetros de distância. Testemunhas relataram tremor e janelas quebradas em várias partes da capital do Líbano. 

As autoridades disseram que o acidente foi causado por cerca de 2.750 toneladas de nitrato de amônio armazenadas de forma irregular por anos no porto da capital. Nesta quinta-feira, o presidente libanês, Michel Aoun, ordenou que fossem feitos reparos na velha infraestrutura de reabastecimento do aeroporto de Beirute e pediu uma investigação após um relatório indicar que milhares de litros de combustível vazaram do sistema.

A substância é um fertilizante amplamente usado na agricultura - e já esteve ligada a outras explosões no passado. A carga havia chegado ao Líbano em setembro de 2013, a bordo de um navio de carga de propriedade russa com uma bandeira da Moldávia, e descarregada e colocada no armazém 12 do porto. / AFP, AP e Reuters 

BEIRUTE - Um mês depois das explosões que causaram destruição na região portuária de Beirute, a crise econômica e política que o Líbano já vivenciava antes da catástrofe se agravou. 

Embora esteja formando um novo governo, o país ainda enfrenta protestos, sofre com a pandemia do novo coronavírus, teve seu turismo prejudicado e vive um momento delicado na tentativa de superar a maior crise de sua história moderna. 

Confira abaixo alguns pontos sobre a situação atual no Líbano: 

Crise política

As explosões fizeram o gabinete do antigo primeiro-ministro libanês, Hassan Diab, renunciar. O novo premiê, Mustapha Adib, realizou consultas nesta semana para formar um governo em tempo recorde. Ele sofreu pressão internacional para acelerar o processo. 

"Esperamos poder formar rapidamente um governo constituído por uma equipe homogênea", declarou Adib, em um dia de consultas com as bancadas parlamentares dos principais partidos. O processo de formação de governos no Líbano pode demorar meses devido a bloqueios políticos. 

Mas a situação é urgente para Mustapha Adib, ex-embaixador libanês na Alemanha, nomeado na segunda-feira. As reformas são vistas como urgentes para tirar o país de sua pior crise econômica em décadas.

Mulher olha equipes de resgate em edifício destruído no Líbano Foto: JOSEPH EID / AFP

Prejuízo bilionário em meio à pandemia 

A explosão causou um prejuízo de até U$ 4,6 bilhões em danos a residências e à infraestrutura pública e até US$ 3,5 bilhões em outras perdas, como o golpe na produção econômica. 

Os setores social, de habitação e de cultura foram os mais afetados, sofrendo danos que superam US$ 1,9 bilhão e US$ 1 bilhão, respectivamente, segundo estimativas divulgadas pelo Banco Mundial. 

Principal ponto de entrada para importação de alimentos, o porto de Beirute registrou uma queda na capacidade de lidar com as importações de cereais a granel para cerca de um quinto do nível antes da explosão.

Além disso, hospitais, centros de saúde e maternidades sofreram graves danos. Cerca de 4 mil mulheres grávidas com necessidades de cuidados pré-natais foram deslocadas da capital libanesa. Cerca de 640 edifícios históricos de importância cultural foram danificados pela explosão, 60 dos quais estão em risco de colapso. 

Imagens de satélite mostram o porto de Beirute em 9 de junho e, ao lado, do dia 5 de agosto, um diadepois dasexplosões provocadas por toneladas de nitrato de amônio armazenadas no local. Cidade viveu 'uma situação apocalíptica' no dia seguinte ao incidente que deixou mais de 100 mortos, milhares de feridos e centenas de milhares de desabrigados Foto: Satellite image 2020 Maxar Technologies/via Reuters

190 mortos e 300 mil desabrigados 

A explosão deixou ao menos 190 mortos, feriu 6.500 e outros 300 mil ficaram desabrigados em Beirute. A estimativa oficial é de que pelo menos 50 mil casas foram danificadas com as explosões. As equipes de resgate continuam trabalhando nos escombros em busca de sobreviventes. 

"Há 99% de possibilidade de não haver nada, mas mesmo que seja menos de 1% esperança, devemos continuar procurando", afirmou' Youssef Malah, um trabalhador da defesa civil. 

A situação social e a crise política do país foram agravadas pela explosão. Ainda há protestos contra o governo Foto: AP Photo/Hassan Ammar

Aumento da pobreza e da fome 

A crise econômica, a pandemia de covid-19 e a explosão provocaram um crescimento no índice de pobreza. O Líbano vive a pior crise econômica e financeira de sua história moderna, com uma dívida externa girando em torno de 170% do PIB. O país importa cerca de 80% do que consome e hoje aproximadamente 55% das pessoas são consideradas pobres. 

Imigração

Alguns libaneses começaram a deixar o país. Uma pesquisa relatou um aumento de 36% nas partidas diárias de passageiros, enquanto a procura pela palavra "imigração" no Google atingiu um pico de 10 anos no Líbano.

Cerca de 25 mil trabalhadores da grande comunidade migrante do Líbano - principalmente da Síria, Etiópia, Bangladesh e Filipinas - foram afetados diretamente pela explosão, com 150 feridos e 15 mortos. Muitos são trabalhadores informais e perderam a pouca renda e os poucos bens que tinham conseguido no tempo em que vivem no país. 

Vista aérea mostra os danos causados aos silos de grãos do porto de Beirute e a área ao redor do portono coração da capital libanesa. Foto: AFP 

Relembre o caso

No dia 4 de agosto, duas fortes explosões atingiram a região do porto de Beirute. Registradas em vídeos que rapidamente tomaram as redes sociais, elas foram sentidas em cidades vizinhas e até no Chipre, ilha que fica a 240 quilômetros de distância. Testemunhas relataram tremor e janelas quebradas em várias partes da capital do Líbano. 

As autoridades disseram que o acidente foi causado por cerca de 2.750 toneladas de nitrato de amônio armazenadas de forma irregular por anos no porto da capital. Nesta quinta-feira, o presidente libanês, Michel Aoun, ordenou que fossem feitos reparos na velha infraestrutura de reabastecimento do aeroporto de Beirute e pediu uma investigação após um relatório indicar que milhares de litros de combustível vazaram do sistema.

A substância é um fertilizante amplamente usado na agricultura - e já esteve ligada a outras explosões no passado. A carga havia chegado ao Líbano em setembro de 2013, a bordo de um navio de carga de propriedade russa com uma bandeira da Moldávia, e descarregada e colocada no armazém 12 do porto. / AFP, AP e Reuters 

BEIRUTE - Um mês depois das explosões que causaram destruição na região portuária de Beirute, a crise econômica e política que o Líbano já vivenciava antes da catástrofe se agravou. 

Embora esteja formando um novo governo, o país ainda enfrenta protestos, sofre com a pandemia do novo coronavírus, teve seu turismo prejudicado e vive um momento delicado na tentativa de superar a maior crise de sua história moderna. 

Confira abaixo alguns pontos sobre a situação atual no Líbano: 

Crise política

As explosões fizeram o gabinete do antigo primeiro-ministro libanês, Hassan Diab, renunciar. O novo premiê, Mustapha Adib, realizou consultas nesta semana para formar um governo em tempo recorde. Ele sofreu pressão internacional para acelerar o processo. 

"Esperamos poder formar rapidamente um governo constituído por uma equipe homogênea", declarou Adib, em um dia de consultas com as bancadas parlamentares dos principais partidos. O processo de formação de governos no Líbano pode demorar meses devido a bloqueios políticos. 

Mas a situação é urgente para Mustapha Adib, ex-embaixador libanês na Alemanha, nomeado na segunda-feira. As reformas são vistas como urgentes para tirar o país de sua pior crise econômica em décadas.

Mulher olha equipes de resgate em edifício destruído no Líbano Foto: JOSEPH EID / AFP

Prejuízo bilionário em meio à pandemia 

A explosão causou um prejuízo de até U$ 4,6 bilhões em danos a residências e à infraestrutura pública e até US$ 3,5 bilhões em outras perdas, como o golpe na produção econômica. 

Os setores social, de habitação e de cultura foram os mais afetados, sofrendo danos que superam US$ 1,9 bilhão e US$ 1 bilhão, respectivamente, segundo estimativas divulgadas pelo Banco Mundial. 

Principal ponto de entrada para importação de alimentos, o porto de Beirute registrou uma queda na capacidade de lidar com as importações de cereais a granel para cerca de um quinto do nível antes da explosão.

Além disso, hospitais, centros de saúde e maternidades sofreram graves danos. Cerca de 4 mil mulheres grávidas com necessidades de cuidados pré-natais foram deslocadas da capital libanesa. Cerca de 640 edifícios históricos de importância cultural foram danificados pela explosão, 60 dos quais estão em risco de colapso. 

Imagens de satélite mostram o porto de Beirute em 9 de junho e, ao lado, do dia 5 de agosto, um diadepois dasexplosões provocadas por toneladas de nitrato de amônio armazenadas no local. Cidade viveu 'uma situação apocalíptica' no dia seguinte ao incidente que deixou mais de 100 mortos, milhares de feridos e centenas de milhares de desabrigados Foto: Satellite image 2020 Maxar Technologies/via Reuters

190 mortos e 300 mil desabrigados 

A explosão deixou ao menos 190 mortos, feriu 6.500 e outros 300 mil ficaram desabrigados em Beirute. A estimativa oficial é de que pelo menos 50 mil casas foram danificadas com as explosões. As equipes de resgate continuam trabalhando nos escombros em busca de sobreviventes. 

"Há 99% de possibilidade de não haver nada, mas mesmo que seja menos de 1% esperança, devemos continuar procurando", afirmou' Youssef Malah, um trabalhador da defesa civil. 

A situação social e a crise política do país foram agravadas pela explosão. Ainda há protestos contra o governo Foto: AP Photo/Hassan Ammar

Aumento da pobreza e da fome 

A crise econômica, a pandemia de covid-19 e a explosão provocaram um crescimento no índice de pobreza. O Líbano vive a pior crise econômica e financeira de sua história moderna, com uma dívida externa girando em torno de 170% do PIB. O país importa cerca de 80% do que consome e hoje aproximadamente 55% das pessoas são consideradas pobres. 

Imigração

Alguns libaneses começaram a deixar o país. Uma pesquisa relatou um aumento de 36% nas partidas diárias de passageiros, enquanto a procura pela palavra "imigração" no Google atingiu um pico de 10 anos no Líbano.

Cerca de 25 mil trabalhadores da grande comunidade migrante do Líbano - principalmente da Síria, Etiópia, Bangladesh e Filipinas - foram afetados diretamente pela explosão, com 150 feridos e 15 mortos. Muitos são trabalhadores informais e perderam a pouca renda e os poucos bens que tinham conseguido no tempo em que vivem no país. 

Vista aérea mostra os danos causados aos silos de grãos do porto de Beirute e a área ao redor do portono coração da capital libanesa. Foto: AFP 

Relembre o caso

No dia 4 de agosto, duas fortes explosões atingiram a região do porto de Beirute. Registradas em vídeos que rapidamente tomaram as redes sociais, elas foram sentidas em cidades vizinhas e até no Chipre, ilha que fica a 240 quilômetros de distância. Testemunhas relataram tremor e janelas quebradas em várias partes da capital do Líbano. 

As autoridades disseram que o acidente foi causado por cerca de 2.750 toneladas de nitrato de amônio armazenadas de forma irregular por anos no porto da capital. Nesta quinta-feira, o presidente libanês, Michel Aoun, ordenou que fossem feitos reparos na velha infraestrutura de reabastecimento do aeroporto de Beirute e pediu uma investigação após um relatório indicar que milhares de litros de combustível vazaram do sistema.

A substância é um fertilizante amplamente usado na agricultura - e já esteve ligada a outras explosões no passado. A carga havia chegado ao Líbano em setembro de 2013, a bordo de um navio de carga de propriedade russa com uma bandeira da Moldávia, e descarregada e colocada no armazém 12 do porto. / AFP, AP e Reuters 

BEIRUTE - Um mês depois das explosões que causaram destruição na região portuária de Beirute, a crise econômica e política que o Líbano já vivenciava antes da catástrofe se agravou. 

Embora esteja formando um novo governo, o país ainda enfrenta protestos, sofre com a pandemia do novo coronavírus, teve seu turismo prejudicado e vive um momento delicado na tentativa de superar a maior crise de sua história moderna. 

Confira abaixo alguns pontos sobre a situação atual no Líbano: 

Crise política

As explosões fizeram o gabinete do antigo primeiro-ministro libanês, Hassan Diab, renunciar. O novo premiê, Mustapha Adib, realizou consultas nesta semana para formar um governo em tempo recorde. Ele sofreu pressão internacional para acelerar o processo. 

"Esperamos poder formar rapidamente um governo constituído por uma equipe homogênea", declarou Adib, em um dia de consultas com as bancadas parlamentares dos principais partidos. O processo de formação de governos no Líbano pode demorar meses devido a bloqueios políticos. 

Mas a situação é urgente para Mustapha Adib, ex-embaixador libanês na Alemanha, nomeado na segunda-feira. As reformas são vistas como urgentes para tirar o país de sua pior crise econômica em décadas.

Mulher olha equipes de resgate em edifício destruído no Líbano Foto: JOSEPH EID / AFP

Prejuízo bilionário em meio à pandemia 

A explosão causou um prejuízo de até U$ 4,6 bilhões em danos a residências e à infraestrutura pública e até US$ 3,5 bilhões em outras perdas, como o golpe na produção econômica. 

Os setores social, de habitação e de cultura foram os mais afetados, sofrendo danos que superam US$ 1,9 bilhão e US$ 1 bilhão, respectivamente, segundo estimativas divulgadas pelo Banco Mundial. 

Principal ponto de entrada para importação de alimentos, o porto de Beirute registrou uma queda na capacidade de lidar com as importações de cereais a granel para cerca de um quinto do nível antes da explosão.

Além disso, hospitais, centros de saúde e maternidades sofreram graves danos. Cerca de 4 mil mulheres grávidas com necessidades de cuidados pré-natais foram deslocadas da capital libanesa. Cerca de 640 edifícios históricos de importância cultural foram danificados pela explosão, 60 dos quais estão em risco de colapso. 

Imagens de satélite mostram o porto de Beirute em 9 de junho e, ao lado, do dia 5 de agosto, um diadepois dasexplosões provocadas por toneladas de nitrato de amônio armazenadas no local. Cidade viveu 'uma situação apocalíptica' no dia seguinte ao incidente que deixou mais de 100 mortos, milhares de feridos e centenas de milhares de desabrigados Foto: Satellite image 2020 Maxar Technologies/via Reuters

190 mortos e 300 mil desabrigados 

A explosão deixou ao menos 190 mortos, feriu 6.500 e outros 300 mil ficaram desabrigados em Beirute. A estimativa oficial é de que pelo menos 50 mil casas foram danificadas com as explosões. As equipes de resgate continuam trabalhando nos escombros em busca de sobreviventes. 

"Há 99% de possibilidade de não haver nada, mas mesmo que seja menos de 1% esperança, devemos continuar procurando", afirmou' Youssef Malah, um trabalhador da defesa civil. 

A situação social e a crise política do país foram agravadas pela explosão. Ainda há protestos contra o governo Foto: AP Photo/Hassan Ammar

Aumento da pobreza e da fome 

A crise econômica, a pandemia de covid-19 e a explosão provocaram um crescimento no índice de pobreza. O Líbano vive a pior crise econômica e financeira de sua história moderna, com uma dívida externa girando em torno de 170% do PIB. O país importa cerca de 80% do que consome e hoje aproximadamente 55% das pessoas são consideradas pobres. 

Imigração

Alguns libaneses começaram a deixar o país. Uma pesquisa relatou um aumento de 36% nas partidas diárias de passageiros, enquanto a procura pela palavra "imigração" no Google atingiu um pico de 10 anos no Líbano.

Cerca de 25 mil trabalhadores da grande comunidade migrante do Líbano - principalmente da Síria, Etiópia, Bangladesh e Filipinas - foram afetados diretamente pela explosão, com 150 feridos e 15 mortos. Muitos são trabalhadores informais e perderam a pouca renda e os poucos bens que tinham conseguido no tempo em que vivem no país. 

Vista aérea mostra os danos causados aos silos de grãos do porto de Beirute e a área ao redor do portono coração da capital libanesa. Foto: AFP 

Relembre o caso

No dia 4 de agosto, duas fortes explosões atingiram a região do porto de Beirute. Registradas em vídeos que rapidamente tomaram as redes sociais, elas foram sentidas em cidades vizinhas e até no Chipre, ilha que fica a 240 quilômetros de distância. Testemunhas relataram tremor e janelas quebradas em várias partes da capital do Líbano. 

As autoridades disseram que o acidente foi causado por cerca de 2.750 toneladas de nitrato de amônio armazenadas de forma irregular por anos no porto da capital. Nesta quinta-feira, o presidente libanês, Michel Aoun, ordenou que fossem feitos reparos na velha infraestrutura de reabastecimento do aeroporto de Beirute e pediu uma investigação após um relatório indicar que milhares de litros de combustível vazaram do sistema.

A substância é um fertilizante amplamente usado na agricultura - e já esteve ligada a outras explosões no passado. A carga havia chegado ao Líbano em setembro de 2013, a bordo de um navio de carga de propriedade russa com uma bandeira da Moldávia, e descarregada e colocada no armazém 12 do porto. / AFP, AP e Reuters 

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