THE NEW YORK TIMES — Tal como a maioria dos britânicos, muitos dinamarqueses também conheceram apenas uma rainha ao longo da sua vida: uma que era extremamente popular, conhecida pelo seu senso de responsabilidade, decoro e compromisso com os seus deveres.
No último dia de 2023, 31 de dezembro, a rainha dinamarquesa, Margrethe II, declarou que renunciaria em janeiro. Seu filho, de 55 anos, subiu ao trono como Frederik X neste domingo, 14..
Assim como o rei Charles III, do Reino Unido, que assumiu o poder após a morte da sua mãe, Elizabeth II, Frederik faz parte de uma geração mais jovem de membros da realeza que tiveram as suas vidas exaustivamente documentadas na mídia e que abraçaram posicionamentos contemporâneos, principalmente a luta contra as mudanças climáticas.
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Embora a rainha Margrethe uma vez tenha incomodado os cientistas por afirmar que não estava convencida de que as mudanças climáticas fossem diretamente provocadas pelos humanos, o seu filho é conhecido pela sua preocupação com questões ambientais.
O então príncipe Frederik descreveu como uma viagem ao Ártico mudou permanentemente a sua visão sobre a crise climática, convencendo-o de que era seu dever pessoal falar abertamente sobre o assunto. Participou de cúpulas climáticas da ONU sobre o clima e deu inúmeros discursos e entrevistas sobre questões ambientais, destacando a urgência de agir e pressionando os investidores a utilizarem o seu capital de formas que envolvam o aquecimento global.
Pernille Almlund, professora de comunicação na Universidade de Roskilde, na Dinamarca, disse que, como a maioria das empresas, uma família real moderna não poderia deixar de se envolver nas questões climáticas. “Eles também têm uma marca”, disse ela.
Mas o compromisso do agora rei Frederik X com o ambiente também despertou algumas dúvidas entre aquelas pessoas que dizem que ter membros da família real pedindo reduções de emissões de carbono enquanto vivem em castelos e viajam em aviões privados pode ser como um tiro que sai pela culatra.
“O príncipe herdeiro precisa encontrar um equilíbrio”, disse Marie Ronde, uma repórter dinamarquesa que cobre a realeza, em um artigo publicado no ano passado no site da emissora TV2. “Há uma discrepância entre ser amigo do clima e mostrar grandeza e esplendor.”
A recente coroação de Charles, no Reino Unido, ocorreu no momento em que as pesquisas mostravam que os britânicos, especialmente os jovens, sentem uma fadiga crescente rem relação aos velhos rituais e as as ostentações planejadas da monarquia.
Mas os observadores da realeza na Dinamarca dizem que o então príncipe Frederik demonstrou uma propensão para modernizar a monarquia, pelo menos no seu tom. Lars Hovbakke Sorensen, especialista na família real dinamarquesa, disse que Fredrik era conhecido por falar com a mente aberta, sem colocar muita ênfase na formalidade e nos títulos.
“Quando diferentes dinamarqueses o encontraram e conversaram com ele, sempre sentiram depois que acabaram de falar com Frederik (e não com o príncipe)”, disse o Hovbakke Sorensen. “E isso é algo que se encaixa bem com o tempo e a importância da casa real se renovar e gradualmente se tornar mais informal.” Hovbakke Sorensen acrescentou que a monarquia dinamarquesa já evoluiu muito mais rapidamente do que a coroa britânica e tornou-se menos tradicional.
A monarquia na Dinamarca também é menos polarizadora. Debates em torno da realeza ocasionalmente aparecem na imprensa, mas a monarquia da Dinamarca não lida com o mesmo nível de escândalo, escrutínio e crítica que sua contraparte britânica. Mais de 75% da população dinamarquesa apoia uma forma de governo com um chefe de Estado real. Em comparação, cerca de 62% dos britânicos apoiam a manutenção da monarquia, de acordo com uma pesquisa recente do YouGov.
Mesmo assim, a mídia acompanhou de perto a vida dos membros da família real. Em 1988, repórteres dinamarqueses cobriram extensivamente um acidente de carro em que o então príncipe Frederik se envolveu enquanto estava na França, depois que seu irmão mais novo perdeu o controle do carro. Quatro anos depois, o príncipe estava no lugar do passageiro quando a polícia parou um carro que sua namorada dirigia; ela foi posteriormente multada por dirigir embriagada e por não ter carteira de motorista.
Em uma biografia do príncipe escrita por Jens Andersen, Frederik foi citado como tendo dito que na sua juventude, a perspectiva de se tornar rei era “uma desvantagem” que o tornava inseguro, tímido e desajeitado.
Ao longo dos anos, porém, o príncipe se formou na Universidade de Aarhus, na Dinamarca, e iniciou uma extensa carreira militar, servindo no exército, na força aérea e na marinha, onde fez parte da unidade de elite marítima, o Frogman Corps. Ele relatou que, à medida que se tornou mais familiarizado com as suas responsabilidades reais, a perspectiva de se tornar rei “passou de uma certa forma de medo para admiração”.
O então príncipe Frederik também ficou conhecido por sua dedicação ao preparo físico, tendo corrido maratonas e completado uma competição de Ironman. Ele também promove publicamente uma vida saudável e o bem-estar pessoal.
Na noite de segunda-feira, 1º, a primeira-ministra da Dinamarca, Mette Frederiksen, fez uma alteração de última hora no tema de seu discurso de Ano Novo para focar na sucessão real. “A rainha disse à sua maneira: ‘Tenho um filho em quem tenho grande confiança’”, disse . Frederiksen. “Posso acrescentar que nós também temos essa confiança”, acrescentou. “Porque conhecemos nosso futuro rei.”