Uma canção pode ameaçar o domínio do Partido Comunista da China? Leia a análise


Autoridades chinesas buscam banir um hino de protesto popular de Hong Kong

Por Keith B. Richburg

THE NEW YORK TIMES — Uma canção é capaz de colocar em perigo a segurança nacional da China e ameaçar subverter o poder do governante Partido Comunista?

Você leu corretamente: uma canção.

As autoridades de Hong Kong temem que sim — e se movimentam para obter uma liminar da Justiça para banir um hino de protesto intitulado “Glória a Hong Kong”. As autoridades pretendem proibir que a música seja executada, transmitida, distribuída, exibida, vendida, impressa ou publicada de qualquer forma, em qualquer plataforma.

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Manifestantes seguram seus celulares no alto enquanto cantam "Glória a Hong Kong" durante uma manifestação no Chater Garden, em Hong Kong, em 26 de outubro de 2019.  Foto: Mark Schiefelbein / AP

E não apenas a canção, mas também sua melodia sem a letra. Segundo a abrangente requisição do governo, até mesmo cantarolar a música no metrô ou na rua poderá violar a draconiana lei de segurança nacional da cidade.

Os versos de “Glória a Hong Kong” foram escritos em língua cantonesa, principalmente por um compositor local conhecido como Thomas dgx yhl. A canção emergiu durante os protestos antigoverno de 2019 e tornou-se o hino não oficial onipresente do movimento. Suas palavras mais provocativas? “Libertar nossa Hong Kong num alento comum / A revolução do nosso tempo!”

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Na Hong Kong de hoje, essas palavras são consideradas perigosas por promover secessão — o que Pequim não admite.

Quando o governo chinês impôs sua lei de segurança nacional sobre esta cidade insubmissa, em 2020, as autoridades declararam que qualquer indivíduo que promovesse o slogan “Libertar Hong Kong, revolução do nosso tempo” seria processado. A primeira condenação sob a lei foi do jovem ativista Tong Ying-kit, foi preso por ostentar o slogan numa bandeira instalada em sua moto ao acelerar na direção de uma tropa de policiais durante uma manifestação massiva. Ele foi sentenciado a 9 anos de prisão por terrorismo e incitação à secessão.

A abrangente legislação foi bem-sucedida em esmagar os protestos. As cenas de dezenas de milhares de pessoas trajando camisetas pretas reunindo-se para cantar o hino desafiadoramente em shoppings e locais movimentados são memórias cada vez mais distantes. Mas para grande embaraço da liderança municipal, a canção continuou a ressoar em ocasiões inesperadas.

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O primeiro incidente notório ocorreu em novembro de 2022, durante uma partida de rúgbi na Coreia do Sul, em que “Glória a Hong Kong” foi executada no lugar da “Marcha dos Voluntários”, o hino nacional chinês. Os organizadores do evento classificaram o engano como um “simples erro humano”, mas apoiadores de Pequim suspeitaram de vontades menos ingênuas.

Várias outras supostas confusões similares seguiram-se em eventos esportivos. Em certas ocasiões, a “Marcha dos Voluntários” foi executada mas identificada por legendas televisivas como “Glória a Hong Kong”. Os erros atiçaram a ira das autoridades, culminando na moção do governo pelo banimento da canção de protesto.

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Mas o verdadeiro alvo de Pequim parece ser a internet. Quem busca “hino de Hong Kong” no Google, encontra “Glória Hong Kong” nas primeiras colocações dos resultados. Da mesma forma, no YouTube várias versões de “Glória a Hong Kong” figuram no topo da busca em inglês pelo hino.

O objetivo da liminar judicial é principalmente forçar os gigantes da tecnologia a remover a canção considerada ofensiva de suas plataformas, para além silenciar as pessoas nas ruas. Houve preocupações de que a censura à música já havia começado quando ela desapareceu brevemente no mês passado de sites de streaming, reaparecendo posteriormente listada como “edição 2023″.

Um grupo de músicos toca a canção de protesto "Glory to Hong Kong" durante um protesto contra a lei de extradição em um flash mob dentro de um shopping center em Kowloon Tong, em Hong Kong, China, em 18 de setembro de 2019.  Foto: Tyrone Siu / REUTERS
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O governo de Hong Kong supostamente pediu ao Google para afixar o hino correto no topo das buscas, mas teve o pedido rejeitado, com a empresa afirmando que não manipula resultados de buscas e algoritmos. O ministro da Segurança, Chris Tang, criticou o Google e afirmou que ver a canção errada bem colocada em resultados de buscas “fere os sentimentos” do povo de Hong Kong.

O tribunal solicitou aconselhamento sobre o requerimento do governo. Até aqui, mais de uma dúzia de grupos de defesa de direitos humanos e organizações internacionais de ativistas de Hong Kong no exílio escreveram para os diretores das gigantes da tecnologia Apple, Meta, Spotify e Twitter pedindo-lhes que se oponham à censura. A Associação de Jornalistas de Hong Kong — sindicato de facto dos jornalistas locais — afirmou ter recebido garantias de que o governo incluiria uma isenção a meios de comunicação se a canção for banida. A próxima audiência está marcada para 21 de julho.

Se Hong Kong banir a canção, sua censura será apenas o exemplo mais recente dos esforços do governo de sufocar qualquer foco de dissidência e fazer vigorar uma noção de “patriotismo” em relação à “mãe-pátria” chinesa sobre uma população cada vez mais intimidada. Livros que tratam de temas considerados sensíveis têm sido retirados das livrarias.

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Filmes são sujeitos a censura política. Até mesmo usar uma camiseta preta — há muito um símbolo de oposição a Pequim em Hong Kong — ou carregar uma flor amarela pode fazer com que pessoas sejam detidas pela polícia.

Parece não haver nenhum limite nos esforços do governo de Hong Kong em suprimir a livre expressão. Se as gigantes da tecnologia removerem “Glória a Hong Kong” de suas plataformas, a próxima exigência será apagar todas as referências aos massivos protestos antigoverno de 2019? Ou à história do massacre da Praça Tiananmen, que já é censurada na China continental?

Evidentemente, as empresas de tecnologia poderiam se recusar a atender ao banimento. Mas então poderão ser bloqueadas em Hong Kong, da mesma forma que alguns produtos Google e Meta são banidos da China continental.

Hong Kong tornou-se um polo financeiro internacional por meio de sua abertura, seu Judiciário independente e do fluxo livre de informações. Tudo isso poderá estar em risco se “Glória a Hong Kong” for banida. Para além, Hong Kong arrisca se transformar em mais uma cidade como tantas outras na China continental — e pode ser justamente isso o que Pequim deseja. / TRADUÇÃO DE GUILHERME RUSSO

THE NEW YORK TIMES — Uma canção é capaz de colocar em perigo a segurança nacional da China e ameaçar subverter o poder do governante Partido Comunista?

Você leu corretamente: uma canção.

As autoridades de Hong Kong temem que sim — e se movimentam para obter uma liminar da Justiça para banir um hino de protesto intitulado “Glória a Hong Kong”. As autoridades pretendem proibir que a música seja executada, transmitida, distribuída, exibida, vendida, impressa ou publicada de qualquer forma, em qualquer plataforma.

Manifestantes seguram seus celulares no alto enquanto cantam "Glória a Hong Kong" durante uma manifestação no Chater Garden, em Hong Kong, em 26 de outubro de 2019.  Foto: Mark Schiefelbein / AP

E não apenas a canção, mas também sua melodia sem a letra. Segundo a abrangente requisição do governo, até mesmo cantarolar a música no metrô ou na rua poderá violar a draconiana lei de segurança nacional da cidade.

Os versos de “Glória a Hong Kong” foram escritos em língua cantonesa, principalmente por um compositor local conhecido como Thomas dgx yhl. A canção emergiu durante os protestos antigoverno de 2019 e tornou-se o hino não oficial onipresente do movimento. Suas palavras mais provocativas? “Libertar nossa Hong Kong num alento comum / A revolução do nosso tempo!”

Na Hong Kong de hoje, essas palavras são consideradas perigosas por promover secessão — o que Pequim não admite.

Quando o governo chinês impôs sua lei de segurança nacional sobre esta cidade insubmissa, em 2020, as autoridades declararam que qualquer indivíduo que promovesse o slogan “Libertar Hong Kong, revolução do nosso tempo” seria processado. A primeira condenação sob a lei foi do jovem ativista Tong Ying-kit, foi preso por ostentar o slogan numa bandeira instalada em sua moto ao acelerar na direção de uma tropa de policiais durante uma manifestação massiva. Ele foi sentenciado a 9 anos de prisão por terrorismo e incitação à secessão.

A abrangente legislação foi bem-sucedida em esmagar os protestos. As cenas de dezenas de milhares de pessoas trajando camisetas pretas reunindo-se para cantar o hino desafiadoramente em shoppings e locais movimentados são memórias cada vez mais distantes. Mas para grande embaraço da liderança municipal, a canção continuou a ressoar em ocasiões inesperadas.

O primeiro incidente notório ocorreu em novembro de 2022, durante uma partida de rúgbi na Coreia do Sul, em que “Glória a Hong Kong” foi executada no lugar da “Marcha dos Voluntários”, o hino nacional chinês. Os organizadores do evento classificaram o engano como um “simples erro humano”, mas apoiadores de Pequim suspeitaram de vontades menos ingênuas.

Várias outras supostas confusões similares seguiram-se em eventos esportivos. Em certas ocasiões, a “Marcha dos Voluntários” foi executada mas identificada por legendas televisivas como “Glória a Hong Kong”. Os erros atiçaram a ira das autoridades, culminando na moção do governo pelo banimento da canção de protesto.

Mas o verdadeiro alvo de Pequim parece ser a internet. Quem busca “hino de Hong Kong” no Google, encontra “Glória Hong Kong” nas primeiras colocações dos resultados. Da mesma forma, no YouTube várias versões de “Glória a Hong Kong” figuram no topo da busca em inglês pelo hino.

O objetivo da liminar judicial é principalmente forçar os gigantes da tecnologia a remover a canção considerada ofensiva de suas plataformas, para além silenciar as pessoas nas ruas. Houve preocupações de que a censura à música já havia começado quando ela desapareceu brevemente no mês passado de sites de streaming, reaparecendo posteriormente listada como “edição 2023″.

Um grupo de músicos toca a canção de protesto "Glory to Hong Kong" durante um protesto contra a lei de extradição em um flash mob dentro de um shopping center em Kowloon Tong, em Hong Kong, China, em 18 de setembro de 2019.  Foto: Tyrone Siu / REUTERS

O governo de Hong Kong supostamente pediu ao Google para afixar o hino correto no topo das buscas, mas teve o pedido rejeitado, com a empresa afirmando que não manipula resultados de buscas e algoritmos. O ministro da Segurança, Chris Tang, criticou o Google e afirmou que ver a canção errada bem colocada em resultados de buscas “fere os sentimentos” do povo de Hong Kong.

O tribunal solicitou aconselhamento sobre o requerimento do governo. Até aqui, mais de uma dúzia de grupos de defesa de direitos humanos e organizações internacionais de ativistas de Hong Kong no exílio escreveram para os diretores das gigantes da tecnologia Apple, Meta, Spotify e Twitter pedindo-lhes que se oponham à censura. A Associação de Jornalistas de Hong Kong — sindicato de facto dos jornalistas locais — afirmou ter recebido garantias de que o governo incluiria uma isenção a meios de comunicação se a canção for banida. A próxima audiência está marcada para 21 de julho.

Se Hong Kong banir a canção, sua censura será apenas o exemplo mais recente dos esforços do governo de sufocar qualquer foco de dissidência e fazer vigorar uma noção de “patriotismo” em relação à “mãe-pátria” chinesa sobre uma população cada vez mais intimidada. Livros que tratam de temas considerados sensíveis têm sido retirados das livrarias.

Filmes são sujeitos a censura política. Até mesmo usar uma camiseta preta — há muito um símbolo de oposição a Pequim em Hong Kong — ou carregar uma flor amarela pode fazer com que pessoas sejam detidas pela polícia.

Parece não haver nenhum limite nos esforços do governo de Hong Kong em suprimir a livre expressão. Se as gigantes da tecnologia removerem “Glória a Hong Kong” de suas plataformas, a próxima exigência será apagar todas as referências aos massivos protestos antigoverno de 2019? Ou à história do massacre da Praça Tiananmen, que já é censurada na China continental?

Evidentemente, as empresas de tecnologia poderiam se recusar a atender ao banimento. Mas então poderão ser bloqueadas em Hong Kong, da mesma forma que alguns produtos Google e Meta são banidos da China continental.

Hong Kong tornou-se um polo financeiro internacional por meio de sua abertura, seu Judiciário independente e do fluxo livre de informações. Tudo isso poderá estar em risco se “Glória a Hong Kong” for banida. Para além, Hong Kong arrisca se transformar em mais uma cidade como tantas outras na China continental — e pode ser justamente isso o que Pequim deseja. / TRADUÇÃO DE GUILHERME RUSSO

THE NEW YORK TIMES — Uma canção é capaz de colocar em perigo a segurança nacional da China e ameaçar subverter o poder do governante Partido Comunista?

Você leu corretamente: uma canção.

As autoridades de Hong Kong temem que sim — e se movimentam para obter uma liminar da Justiça para banir um hino de protesto intitulado “Glória a Hong Kong”. As autoridades pretendem proibir que a música seja executada, transmitida, distribuída, exibida, vendida, impressa ou publicada de qualquer forma, em qualquer plataforma.

Manifestantes seguram seus celulares no alto enquanto cantam "Glória a Hong Kong" durante uma manifestação no Chater Garden, em Hong Kong, em 26 de outubro de 2019.  Foto: Mark Schiefelbein / AP

E não apenas a canção, mas também sua melodia sem a letra. Segundo a abrangente requisição do governo, até mesmo cantarolar a música no metrô ou na rua poderá violar a draconiana lei de segurança nacional da cidade.

Os versos de “Glória a Hong Kong” foram escritos em língua cantonesa, principalmente por um compositor local conhecido como Thomas dgx yhl. A canção emergiu durante os protestos antigoverno de 2019 e tornou-se o hino não oficial onipresente do movimento. Suas palavras mais provocativas? “Libertar nossa Hong Kong num alento comum / A revolução do nosso tempo!”

Na Hong Kong de hoje, essas palavras são consideradas perigosas por promover secessão — o que Pequim não admite.

Quando o governo chinês impôs sua lei de segurança nacional sobre esta cidade insubmissa, em 2020, as autoridades declararam que qualquer indivíduo que promovesse o slogan “Libertar Hong Kong, revolução do nosso tempo” seria processado. A primeira condenação sob a lei foi do jovem ativista Tong Ying-kit, foi preso por ostentar o slogan numa bandeira instalada em sua moto ao acelerar na direção de uma tropa de policiais durante uma manifestação massiva. Ele foi sentenciado a 9 anos de prisão por terrorismo e incitação à secessão.

A abrangente legislação foi bem-sucedida em esmagar os protestos. As cenas de dezenas de milhares de pessoas trajando camisetas pretas reunindo-se para cantar o hino desafiadoramente em shoppings e locais movimentados são memórias cada vez mais distantes. Mas para grande embaraço da liderança municipal, a canção continuou a ressoar em ocasiões inesperadas.

O primeiro incidente notório ocorreu em novembro de 2022, durante uma partida de rúgbi na Coreia do Sul, em que “Glória a Hong Kong” foi executada no lugar da “Marcha dos Voluntários”, o hino nacional chinês. Os organizadores do evento classificaram o engano como um “simples erro humano”, mas apoiadores de Pequim suspeitaram de vontades menos ingênuas.

Várias outras supostas confusões similares seguiram-se em eventos esportivos. Em certas ocasiões, a “Marcha dos Voluntários” foi executada mas identificada por legendas televisivas como “Glória a Hong Kong”. Os erros atiçaram a ira das autoridades, culminando na moção do governo pelo banimento da canção de protesto.

Mas o verdadeiro alvo de Pequim parece ser a internet. Quem busca “hino de Hong Kong” no Google, encontra “Glória Hong Kong” nas primeiras colocações dos resultados. Da mesma forma, no YouTube várias versões de “Glória a Hong Kong” figuram no topo da busca em inglês pelo hino.

O objetivo da liminar judicial é principalmente forçar os gigantes da tecnologia a remover a canção considerada ofensiva de suas plataformas, para além silenciar as pessoas nas ruas. Houve preocupações de que a censura à música já havia começado quando ela desapareceu brevemente no mês passado de sites de streaming, reaparecendo posteriormente listada como “edição 2023″.

Um grupo de músicos toca a canção de protesto "Glory to Hong Kong" durante um protesto contra a lei de extradição em um flash mob dentro de um shopping center em Kowloon Tong, em Hong Kong, China, em 18 de setembro de 2019.  Foto: Tyrone Siu / REUTERS

O governo de Hong Kong supostamente pediu ao Google para afixar o hino correto no topo das buscas, mas teve o pedido rejeitado, com a empresa afirmando que não manipula resultados de buscas e algoritmos. O ministro da Segurança, Chris Tang, criticou o Google e afirmou que ver a canção errada bem colocada em resultados de buscas “fere os sentimentos” do povo de Hong Kong.

O tribunal solicitou aconselhamento sobre o requerimento do governo. Até aqui, mais de uma dúzia de grupos de defesa de direitos humanos e organizações internacionais de ativistas de Hong Kong no exílio escreveram para os diretores das gigantes da tecnologia Apple, Meta, Spotify e Twitter pedindo-lhes que se oponham à censura. A Associação de Jornalistas de Hong Kong — sindicato de facto dos jornalistas locais — afirmou ter recebido garantias de que o governo incluiria uma isenção a meios de comunicação se a canção for banida. A próxima audiência está marcada para 21 de julho.

Se Hong Kong banir a canção, sua censura será apenas o exemplo mais recente dos esforços do governo de sufocar qualquer foco de dissidência e fazer vigorar uma noção de “patriotismo” em relação à “mãe-pátria” chinesa sobre uma população cada vez mais intimidada. Livros que tratam de temas considerados sensíveis têm sido retirados das livrarias.

Filmes são sujeitos a censura política. Até mesmo usar uma camiseta preta — há muito um símbolo de oposição a Pequim em Hong Kong — ou carregar uma flor amarela pode fazer com que pessoas sejam detidas pela polícia.

Parece não haver nenhum limite nos esforços do governo de Hong Kong em suprimir a livre expressão. Se as gigantes da tecnologia removerem “Glória a Hong Kong” de suas plataformas, a próxima exigência será apagar todas as referências aos massivos protestos antigoverno de 2019? Ou à história do massacre da Praça Tiananmen, que já é censurada na China continental?

Evidentemente, as empresas de tecnologia poderiam se recusar a atender ao banimento. Mas então poderão ser bloqueadas em Hong Kong, da mesma forma que alguns produtos Google e Meta são banidos da China continental.

Hong Kong tornou-se um polo financeiro internacional por meio de sua abertura, seu Judiciário independente e do fluxo livre de informações. Tudo isso poderá estar em risco se “Glória a Hong Kong” for banida. Para além, Hong Kong arrisca se transformar em mais uma cidade como tantas outras na China continental — e pode ser justamente isso o que Pequim deseja. / TRADUÇÃO DE GUILHERME RUSSO

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