Uma crise capaz de confundir os estrangeiros


Moradores que não nasceram na Catalunha veem erros de Rajoy e de independentistas

Por Andrei Netto e Barcelona

BARCELONA - Em meio ao clima de rivalidade política que se estabeleceu na Catalunha entre partidários da independência e da união à Espanha, estrangeiros radicados em Barcelona veem com surpresa o debate sobre a autodeterminação regional.

Líderes separatistas catalães são presos; MP pede detenção de ex-governador

Entre os ouvidos pelo Estado, as principais críticas dizem respeito à intransigência do governo de Mariano Rajoy nas condições para negociar a reforma da Constituição, e à forma como os separatistas procederam fora da legalidade, levando a cabo um processo secessionista que resultou na intervenção.

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Para o francês Paul de Fombelles, separatistas e unionistas se veem como inimigos Foto: Andrei Netto/Estadão

Cidade cosmopolita, Barcelona é farta em “olhar estrangeiro” sobre a crise. Até turistas ocasionais acabam firmando opiniões sobre a turbulência causada pelo movimento independentista.

Vivendo na capital há sete anos, período no qual teve dois filhos na Catalunha, o francês Paul de Fombelles é um dos que lamentam o radicalismo em torno da questão do independentismo da região. “O erro fundamental de Madri e dos unionistas, é ter considerado os separatistas como um grupo distante de pessoas más, como se vivêssemos um conto de fadas, e por consequência tê-los menosprezado”, diz. “Já o erro dos independentistas foi com muita frequência considerar Madri como o mal em razão da crise econômica, apontando o governo às vezes de forma irracional como culpado pela pobreza e pelo desemprego causados pela crise.”

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Para Fombelles, pleitear a independência catalã não é algo “absurdo, ilógico ou folclórico que deve ser rejeitado”, como o governo de Rajoy sustenta. “Sou um pouco menos tolerante com uma parte dos representantes da independência, de tendência marxista, que se apoia na teoria da opressão. É mentira dizer que há uma opressão em curso por Madri, mesmo que a violência de 1.º de outubro tenha sido totalmente inaceitável.”

O universitário italiano Gianfranco Norberti, há quatro anos na região, acredita que a Catalunha de fato foi oprimida. Durante a ditadura de Francisco Franco (1936-1975), por exemplo, a língua catalã era proibida, e prenomes catalães eram substituídos por prenomes espanhóis nos passaportes. Para Norberti, a história autoriza os catalães a reclamar a independência. “Mas eu preferiria um processo negociado de reforma da Constituição e talvez um maior grau de autonomia via federalismo”, diz. A psicóloga brasileira Catarina Passos Laxe, radicada em Barcelona desde 1998, entende que o movimento independentista liderado por Carles Puigdemont cometeu erros graves. “Eu critico o movimento tal como está sendo feito. Você não pode convocar um plebiscito sem apoio legal, que de certa forma iludiu a população prometendo uma independência que não era viável”, explica.

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A psicóloga é mais crítica à intervenção de Madri. “Sei que está dentro da Constituição, mas é uma Constituição da época de Franco, que deve evoluir”, argumenta. Casada com um catalão “menos independentista” do que ela mesma, Catarina já definiu: votará em um separatista em 21 de dezembro.

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Veja em 1 minuto a história da região que já sofreu com a guerra e o fascismo

BARCELONA - Em meio ao clima de rivalidade política que se estabeleceu na Catalunha entre partidários da independência e da união à Espanha, estrangeiros radicados em Barcelona veem com surpresa o debate sobre a autodeterminação regional.

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Entre os ouvidos pelo Estado, as principais críticas dizem respeito à intransigência do governo de Mariano Rajoy nas condições para negociar a reforma da Constituição, e à forma como os separatistas procederam fora da legalidade, levando a cabo um processo secessionista que resultou na intervenção.

Para o francês Paul de Fombelles, separatistas e unionistas se veem como inimigos Foto: Andrei Netto/Estadão

Cidade cosmopolita, Barcelona é farta em “olhar estrangeiro” sobre a crise. Até turistas ocasionais acabam firmando opiniões sobre a turbulência causada pelo movimento independentista.

Vivendo na capital há sete anos, período no qual teve dois filhos na Catalunha, o francês Paul de Fombelles é um dos que lamentam o radicalismo em torno da questão do independentismo da região. “O erro fundamental de Madri e dos unionistas, é ter considerado os separatistas como um grupo distante de pessoas más, como se vivêssemos um conto de fadas, e por consequência tê-los menosprezado”, diz. “Já o erro dos independentistas foi com muita frequência considerar Madri como o mal em razão da crise econômica, apontando o governo às vezes de forma irracional como culpado pela pobreza e pelo desemprego causados pela crise.”

Para Fombelles, pleitear a independência catalã não é algo “absurdo, ilógico ou folclórico que deve ser rejeitado”, como o governo de Rajoy sustenta. “Sou um pouco menos tolerante com uma parte dos representantes da independência, de tendência marxista, que se apoia na teoria da opressão. É mentira dizer que há uma opressão em curso por Madri, mesmo que a violência de 1.º de outubro tenha sido totalmente inaceitável.”

O universitário italiano Gianfranco Norberti, há quatro anos na região, acredita que a Catalunha de fato foi oprimida. Durante a ditadura de Francisco Franco (1936-1975), por exemplo, a língua catalã era proibida, e prenomes catalães eram substituídos por prenomes espanhóis nos passaportes. Para Norberti, a história autoriza os catalães a reclamar a independência. “Mas eu preferiria um processo negociado de reforma da Constituição e talvez um maior grau de autonomia via federalismo”, diz. A psicóloga brasileira Catarina Passos Laxe, radicada em Barcelona desde 1998, entende que o movimento independentista liderado por Carles Puigdemont cometeu erros graves. “Eu critico o movimento tal como está sendo feito. Você não pode convocar um plebiscito sem apoio legal, que de certa forma iludiu a população prometendo uma independência que não era viável”, explica.

A psicóloga é mais crítica à intervenção de Madri. “Sei que está dentro da Constituição, mas é uma Constituição da época de Franco, que deve evoluir”, argumenta. Casada com um catalão “menos independentista” do que ela mesma, Catarina já definiu: votará em um separatista em 21 de dezembro.

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BARCELONA - Em meio ao clima de rivalidade política que se estabeleceu na Catalunha entre partidários da independência e da união à Espanha, estrangeiros radicados em Barcelona veem com surpresa o debate sobre a autodeterminação regional.

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Entre os ouvidos pelo Estado, as principais críticas dizem respeito à intransigência do governo de Mariano Rajoy nas condições para negociar a reforma da Constituição, e à forma como os separatistas procederam fora da legalidade, levando a cabo um processo secessionista que resultou na intervenção.

Para o francês Paul de Fombelles, separatistas e unionistas se veem como inimigos Foto: Andrei Netto/Estadão

Cidade cosmopolita, Barcelona é farta em “olhar estrangeiro” sobre a crise. Até turistas ocasionais acabam firmando opiniões sobre a turbulência causada pelo movimento independentista.

Vivendo na capital há sete anos, período no qual teve dois filhos na Catalunha, o francês Paul de Fombelles é um dos que lamentam o radicalismo em torno da questão do independentismo da região. “O erro fundamental de Madri e dos unionistas, é ter considerado os separatistas como um grupo distante de pessoas más, como se vivêssemos um conto de fadas, e por consequência tê-los menosprezado”, diz. “Já o erro dos independentistas foi com muita frequência considerar Madri como o mal em razão da crise econômica, apontando o governo às vezes de forma irracional como culpado pela pobreza e pelo desemprego causados pela crise.”

Para Fombelles, pleitear a independência catalã não é algo “absurdo, ilógico ou folclórico que deve ser rejeitado”, como o governo de Rajoy sustenta. “Sou um pouco menos tolerante com uma parte dos representantes da independência, de tendência marxista, que se apoia na teoria da opressão. É mentira dizer que há uma opressão em curso por Madri, mesmo que a violência de 1.º de outubro tenha sido totalmente inaceitável.”

O universitário italiano Gianfranco Norberti, há quatro anos na região, acredita que a Catalunha de fato foi oprimida. Durante a ditadura de Francisco Franco (1936-1975), por exemplo, a língua catalã era proibida, e prenomes catalães eram substituídos por prenomes espanhóis nos passaportes. Para Norberti, a história autoriza os catalães a reclamar a independência. “Mas eu preferiria um processo negociado de reforma da Constituição e talvez um maior grau de autonomia via federalismo”, diz. A psicóloga brasileira Catarina Passos Laxe, radicada em Barcelona desde 1998, entende que o movimento independentista liderado por Carles Puigdemont cometeu erros graves. “Eu critico o movimento tal como está sendo feito. Você não pode convocar um plebiscito sem apoio legal, que de certa forma iludiu a população prometendo uma independência que não era viável”, explica.

A psicóloga é mais crítica à intervenção de Madri. “Sei que está dentro da Constituição, mas é uma Constituição da época de Franco, que deve evoluir”, argumenta. Casada com um catalão “menos independentista” do que ela mesma, Catarina já definiu: votará em um separatista em 21 de dezembro.

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