A Universidade de Oxford, do Reino Unido, entregou 98 vacas ao povoado maasai de Loita, no sudoeste do Quênia, como compensação pelos artefatos roubados da comunidade durante a época colonial britânica. A entrega foi feita durante o fim de semana, no condado de Narok, em uma cerimônia de purificação chamada Inkirro, segundo o jornal local Nation.
Os objetos estiveram expostos no Museo Pitt Rivers, da Universidade de Oxford, durante 138 anos, até que o acadêmico queniano Samuel Sankiriaki, durante uma visita, fez a descoberta. “Estive no museu em 2017 e me surpreendeu descobrir os artefatos maasais que, por sua descrição, indicavam de onde eram. Então me perguntei como eles chegaram lá”, disse Sankiriaki.
Os objetos foram identificados como originais de Loita e pertencentes às famílias Sululu e Mpaima. Cada uma destas famílias recebeu 49 vacas como uma representação de paz e reconciliação durante uma cerimônia de purificação no fim de semana passado, onde os representantes da universidade conduziram o gado por um rio antes de entregá-lo às famílias.
Essas cerimônias, na cultura maasai, são realizadas principalmente quando alguém que matou um membro da comunidade volta para a família afetada e busca perdão e paz, de acordo com o jornal do Quênia K24 news. O porta-voz das famílias afetadas, Seka Ole Sululu, agradeceu à universidade pelo gesto, mas insistiu que as famílias esperam uma compensação mais adequada.
Funcionários da Universidade de Oxford, liderados pela diretora do museu, Laura Van Broekhoven, reconheceu que a instituição possui 148 artefatos da comunidade maasai adquiridos durante a era colonial, mas que cinco deles foram levados para lá por engano. Os artefatos, alguns descritos por Sankiriaki como “sensíveis”, incluem um “enkononkoi” (colar para homens) usado pelos mais velhos, um “emonyorit” (colar para mulheres), um “isikira” (cocar para meninas iniciadas) e um “isutia " (colar especial).
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Da mesma forma, o acadêmico denunciou que os artefatos tinham sido utilizados comercialmente durante o século passado, enquanto seus donos viviam na pobreza. “Quando o Sr. Sankiriaki visitou nosso museu e viu os itens, ele ficou furioso. Ele nos perguntou por que esses itens estavam lá, e foi quando percebemos que eles tinham um apego especial à comunidade”, explicou Broekhoven.
Durante a cerimônia Inkirro, o governador do condado de Narok, Patrick Ntuto, disse acreditar que “os proprietários (dos artefatos) foram mortos ou mutilados antes de serem tirados deles”. Os líderes locais estão pressionando a universidade para estabelecer um campus na região e oferecer bolsas de estudo para os alunos de Loita. O Quênia foi uma colônia britânica de 1920 até 1963, quando alcançou a independência./EFE