MANÁGUA - Pelo menos 21 estudantes universitários foram intoxicados nesta sexta-feira, 11, na Nicarágua enquanto participavam de protestos contra o governo de Daniel Ortega, sem registro de mortos até agora, em meio a uma crise que já deixou 50 mortos em 24 dias.
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Estudantes da Universidade Politécnica da Nicarágua (Upoli) e da Universidade Nacional Agrária (UNA) ingeriram substâncias venenosas aplicadas em bananas e água, que lhes foram doados junto com outros alimentos, segundo denunciaram os alunos.
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A ação foi condenada pelas autoridades da UNA, a única entre as universidades estatais que até agora expressou um apoio aberto aos estudantes.
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"As autoridades da UNA repudiam firme e categoricamente o fato de que pessoas de identidade desconhecida tenham entregado alimentos e bebidas que, pelos seus efeitos, indicam que continham algum tipo de substância tóxica, pondo em perigo a saúde dos estudantes que protestavam pacificamente nos arredores da universidade na manhã de hoje", declarou a UNA, em comunicado.
Segundo os denunciantes, 18 estudantes sofreram envenenamento por comer bananas na UNA e outros três por beber água na Upoli.
As vítimas, que foram transferidas a um hospital de Manágua, sofreram afetações em diferentes níveis e, embora alguns permaneçam em observação, suas vidas aparentemente estão fora de perigo, segundo a UNA, cuja diretoria recomendou aos alunos não consumir alimentos nem bebidas de fontes desconhecidas.
"Neste momento é crime ser estudante", comentou um porta-voz do Movimento Estudantil 19 de Abril, ao referir-se ao ataque dos desconhecidos.
Desde que começaram as manifestações, no último dia 17, os estudantes foram atacados pelas forças de choque ligadas ao governo da Nicarágua, conhecidas como "turbas", sob a direção da Juventude Sandinista e com o apoio da Polícia Nacional, o que é qualificado por organizações de direitos humanos como atos repressivos.
Os universitários reivindicaram de forma reiterada ao governo a cessação dos ataques.
Nesta sexta, completam-se 24 dias de crise na Nicarágua, como resultado de grandes e contínuas manifestações a favor e contra Ortega, que se iniciaram com a rejeição a reformas na Previdência e continuaram após sua revogação, em função das mortes por causa da repressão.
Um diálogo entre o governo e o setor privado, com a Conferência Episcopal (CEN) como mediadora, é visto como a solução para a crise, mas não tem data de início. /EFE