Governo dos EUA esconderia provas de aliens na misteriosa Área 51? Vizinhos do local dizem que sim


Instalação dos Estados Unidos atrai, há décadas, entusiastas da vida alienígena; em depoimento recente no Capitólio, ex-oficial de inteligência da Força Aérea afirmou que o governo esconde evidências de aeronaves extraterrestres e ‘restos biológicos não humanos’

Por Guillermo Azábal
Atualização:

Uma van preta guarda 24 horas por dia um caminho de paralelepípedos nas montanhas do Estado de Nevada, nos Estados Unidos, onde coiotes e antílopes vagam como bem entendem até se depararem com a entrada da base militar mais enigmática do mundo: seu nome é Área 51.

Há uma década, o Departamento de Defesa dos EUA confirmou sua existência e especificou que desde 1955 serviu como campo de treinamento para a Força Aérea do País, mas esse anúncio veio tarde demais, já que cerca de 50 entusiastas da ufologia já haviam se mudado para uma cidade próxima, na década de 1990.

Reboques de caravanas e apenas 20 casas pré-fabricadas continuam a compor aquela cidade, chamada Rachel, onde se instalaram americanos aposentados que encontraram a localização da base e acreditaram que o governo estava analisando restos de OVNIs dentro dela.

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Em Rachel, a duas horas e meia de Las Vegas pela cinematográfica Estrada Extraterrestre com suas dezenas de quilômetros em linha reta, o nome de David Grusch agora se repete em todas as conversas de seus vizinhos. Trata-se do ex-oficial de inteligência da Força Aérea que, no dia 26 de julho, assegurou perante o Capitólio que o governo esconde evidências de aeronaves extraterrestres e “restos biológicos não humanos” há anos.

Placa de boas-vindas em Rachel, Nevada, recepciona os mais de 50 mil turistas que vão até a cidade próxima à área 51 para tentar desvendar mistérios sobre óvnis.  Foto: EFE/ Guillermo Azábal

“Essa coisa do Grusch não é novidade. Para aqueles que não acreditam que existam seres que nos visitam, eu diria para passarem uma noite aqui. Eles ‘veriam coisas inimagináveis’”, afirmou à EFE Michael, gerente do Little A’Le ‘Inn bar e motel em Rachel, localizado a 32 quilômetros do que também é conhecido como a base do lago Groom.

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A aparição de Grusch - como parte de um subcomitê de Segurança Interna patrocinado por democratas e republicanos - foi inédita na Câmara dos Deputados dos Estados Unidos e abre caminho para “superar o estigma”, segundo Jamie, um caubói de 50 anos que, como permite a lei de Nevada, chegou ao bar da cidade com uma arma em punho após um dia em seu rancho.

“Há quanto tempo ouvimos as pessoas falarem sobre nós como os malucos dos alienígenas? Algo está mudando agora”, disse Jamie à EFE, que se mudou para Rachel depois de investigar o “Caso Roswell”, no qual um objeto desconhecido colidiu com uma fazenda do Novo México, em 1947.

Bar junto ao motel Little Ale Inn, localizado na pequena cidade de Rachel. Na cidade em que "respira" as conspirações sobre óvnis, até a decoração é temática. Foto: EFE/ Guillermo Azábal
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Esse suposto incidente extraterrestre passou despercebido, mas a questão assumiu uma dimensão incomum em 1978, quando o físico nuclear Stanton T. Friedman e outros pesquisadores concluíram um estudo sugerindo que o governo dos Estados Unidos havia escondido os destroços do impacto em Roswell por razões de “segurança nacional”.

Começou, então, um longo debate social que se intensificou em 2017, depois que o Departamento de Defesa admitiu que estava trabalhando por uma década no programa Advanced Aerospace Threat Identification (programa de Identificação Avançada de Ameaças Aeroespaciais, em português), para investigar objetos voadores de origem desconhecida.

Uma vez aceita a existência desses fenômenos aéreos, que segundo o Pentágono foram avistados até 650 vezes até agora este ano, as posições se dividem entre a hipótese extraterrestre e aqueles que sustentam que são aviões, balões ou radares da inteligência serviços de potências como a China ou a Rússia. “Eles querem que pensemos que são aeronaves estrangeiras para continuar escondendo informações e, aliás, justificar missões nesses países”, disse Rosie, uma turista do estado do Tennessee, em declarações à EFE, no único motel de Rachel.

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Assim como ela, mais 55 mil pessoas visitam a cidade todos os anos para tentar chegar o mais próximo possível da Área 51, e, aproveitando que o capitalismo aproveita até de uma das bases mais secretas do mundo para fazer todo tipo de souvenir, levam um botton em forma de alienígena ou uma camiseta de nave espacial.

Entrada da Área 51, em Nevada. Local, designado como a instalação da Força Aérea dos Estados Unidos, é envolto por teorias da conspiração sobre alienígenas.  Foto: EFE/ Guillermo Azábal

O confronto sobre OVNIs tornou-se tão acirrado nos últimos anos que, segundo um estudo do Gallup, aproximadamente 135 milhões de americanos já endossavam a hipótese alienígena em 2021. E o eco transcendeu a comunidade científica dos EUA, onde estão personalidades importantes como Avi Loeb, professor de física teórica na Universidade de Harvard, que fala abertamente sobre “tentativas de civilizações extraterrestres de estabelecer contato” com humanos.

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Loeb disse à EFE que o testemunho de Grusch poderia “oferecer novas possibilidades” se ele e os outros dois que deram depoimentos no Capitólio - o ex-comandante da Marinha David Fravor e o ex-piloto da Marinha Ryan Graves - fornecerem “evidências conclusivas”.

Do outro lado, está Seth Shostak, astrônomo da Search for Extraterrestrial Intelligence, instituição científica originalmente promovida por Carl Sagan e financiada pela Nasa, que foi direto: “O que Grusch disse é estúpido”, disse à EFE. O pesquisador argumentou que o trabalho está sendo feito para detectar possíveis “formas de vida fora da Terra”, mas que a referência de Grusch a supostos restos biológicos não humanos é “ridícula”.

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“Os OVNIs e alienígenas estão interessados apenas nos Estados Unidos? Ou todos os países são cúmplices?” Shostak zombou.

A noite cai e o aviso do garçom Michael parece ecoar pelas montanhas ao redor de Rachel. Enquanto isso, o vento sacode a bandeira das estrelas e listras no telhado do Little A’Le’Inn, porque nos EUA você pode acreditar em OVNIs e até questionar seu governo, mas por qual cabeça passaria não ser patriota?/EFE

Uma van preta guarda 24 horas por dia um caminho de paralelepípedos nas montanhas do Estado de Nevada, nos Estados Unidos, onde coiotes e antílopes vagam como bem entendem até se depararem com a entrada da base militar mais enigmática do mundo: seu nome é Área 51.

Há uma década, o Departamento de Defesa dos EUA confirmou sua existência e especificou que desde 1955 serviu como campo de treinamento para a Força Aérea do País, mas esse anúncio veio tarde demais, já que cerca de 50 entusiastas da ufologia já haviam se mudado para uma cidade próxima, na década de 1990.

Reboques de caravanas e apenas 20 casas pré-fabricadas continuam a compor aquela cidade, chamada Rachel, onde se instalaram americanos aposentados que encontraram a localização da base e acreditaram que o governo estava analisando restos de OVNIs dentro dela.

Em Rachel, a duas horas e meia de Las Vegas pela cinematográfica Estrada Extraterrestre com suas dezenas de quilômetros em linha reta, o nome de David Grusch agora se repete em todas as conversas de seus vizinhos. Trata-se do ex-oficial de inteligência da Força Aérea que, no dia 26 de julho, assegurou perante o Capitólio que o governo esconde evidências de aeronaves extraterrestres e “restos biológicos não humanos” há anos.

Placa de boas-vindas em Rachel, Nevada, recepciona os mais de 50 mil turistas que vão até a cidade próxima à área 51 para tentar desvendar mistérios sobre óvnis.  Foto: EFE/ Guillermo Azábal

“Essa coisa do Grusch não é novidade. Para aqueles que não acreditam que existam seres que nos visitam, eu diria para passarem uma noite aqui. Eles ‘veriam coisas inimagináveis’”, afirmou à EFE Michael, gerente do Little A’Le ‘Inn bar e motel em Rachel, localizado a 32 quilômetros do que também é conhecido como a base do lago Groom.

A aparição de Grusch - como parte de um subcomitê de Segurança Interna patrocinado por democratas e republicanos - foi inédita na Câmara dos Deputados dos Estados Unidos e abre caminho para “superar o estigma”, segundo Jamie, um caubói de 50 anos que, como permite a lei de Nevada, chegou ao bar da cidade com uma arma em punho após um dia em seu rancho.

“Há quanto tempo ouvimos as pessoas falarem sobre nós como os malucos dos alienígenas? Algo está mudando agora”, disse Jamie à EFE, que se mudou para Rachel depois de investigar o “Caso Roswell”, no qual um objeto desconhecido colidiu com uma fazenda do Novo México, em 1947.

Bar junto ao motel Little Ale Inn, localizado na pequena cidade de Rachel. Na cidade em que "respira" as conspirações sobre óvnis, até a decoração é temática. Foto: EFE/ Guillermo Azábal

Esse suposto incidente extraterrestre passou despercebido, mas a questão assumiu uma dimensão incomum em 1978, quando o físico nuclear Stanton T. Friedman e outros pesquisadores concluíram um estudo sugerindo que o governo dos Estados Unidos havia escondido os destroços do impacto em Roswell por razões de “segurança nacional”.

Começou, então, um longo debate social que se intensificou em 2017, depois que o Departamento de Defesa admitiu que estava trabalhando por uma década no programa Advanced Aerospace Threat Identification (programa de Identificação Avançada de Ameaças Aeroespaciais, em português), para investigar objetos voadores de origem desconhecida.

Uma vez aceita a existência desses fenômenos aéreos, que segundo o Pentágono foram avistados até 650 vezes até agora este ano, as posições se dividem entre a hipótese extraterrestre e aqueles que sustentam que são aviões, balões ou radares da inteligência serviços de potências como a China ou a Rússia. “Eles querem que pensemos que são aeronaves estrangeiras para continuar escondendo informações e, aliás, justificar missões nesses países”, disse Rosie, uma turista do estado do Tennessee, em declarações à EFE, no único motel de Rachel.

Assim como ela, mais 55 mil pessoas visitam a cidade todos os anos para tentar chegar o mais próximo possível da Área 51, e, aproveitando que o capitalismo aproveita até de uma das bases mais secretas do mundo para fazer todo tipo de souvenir, levam um botton em forma de alienígena ou uma camiseta de nave espacial.

Entrada da Área 51, em Nevada. Local, designado como a instalação da Força Aérea dos Estados Unidos, é envolto por teorias da conspiração sobre alienígenas.  Foto: EFE/ Guillermo Azábal

O confronto sobre OVNIs tornou-se tão acirrado nos últimos anos que, segundo um estudo do Gallup, aproximadamente 135 milhões de americanos já endossavam a hipótese alienígena em 2021. E o eco transcendeu a comunidade científica dos EUA, onde estão personalidades importantes como Avi Loeb, professor de física teórica na Universidade de Harvard, que fala abertamente sobre “tentativas de civilizações extraterrestres de estabelecer contato” com humanos.

Loeb disse à EFE que o testemunho de Grusch poderia “oferecer novas possibilidades” se ele e os outros dois que deram depoimentos no Capitólio - o ex-comandante da Marinha David Fravor e o ex-piloto da Marinha Ryan Graves - fornecerem “evidências conclusivas”.

Do outro lado, está Seth Shostak, astrônomo da Search for Extraterrestrial Intelligence, instituição científica originalmente promovida por Carl Sagan e financiada pela Nasa, que foi direto: “O que Grusch disse é estúpido”, disse à EFE. O pesquisador argumentou que o trabalho está sendo feito para detectar possíveis “formas de vida fora da Terra”, mas que a referência de Grusch a supostos restos biológicos não humanos é “ridícula”.

“Os OVNIs e alienígenas estão interessados apenas nos Estados Unidos? Ou todos os países são cúmplices?” Shostak zombou.

A noite cai e o aviso do garçom Michael parece ecoar pelas montanhas ao redor de Rachel. Enquanto isso, o vento sacode a bandeira das estrelas e listras no telhado do Little A’Le’Inn, porque nos EUA você pode acreditar em OVNIs e até questionar seu governo, mas por qual cabeça passaria não ser patriota?/EFE

Uma van preta guarda 24 horas por dia um caminho de paralelepípedos nas montanhas do Estado de Nevada, nos Estados Unidos, onde coiotes e antílopes vagam como bem entendem até se depararem com a entrada da base militar mais enigmática do mundo: seu nome é Área 51.

Há uma década, o Departamento de Defesa dos EUA confirmou sua existência e especificou que desde 1955 serviu como campo de treinamento para a Força Aérea do País, mas esse anúncio veio tarde demais, já que cerca de 50 entusiastas da ufologia já haviam se mudado para uma cidade próxima, na década de 1990.

Reboques de caravanas e apenas 20 casas pré-fabricadas continuam a compor aquela cidade, chamada Rachel, onde se instalaram americanos aposentados que encontraram a localização da base e acreditaram que o governo estava analisando restos de OVNIs dentro dela.

Em Rachel, a duas horas e meia de Las Vegas pela cinematográfica Estrada Extraterrestre com suas dezenas de quilômetros em linha reta, o nome de David Grusch agora se repete em todas as conversas de seus vizinhos. Trata-se do ex-oficial de inteligência da Força Aérea que, no dia 26 de julho, assegurou perante o Capitólio que o governo esconde evidências de aeronaves extraterrestres e “restos biológicos não humanos” há anos.

Placa de boas-vindas em Rachel, Nevada, recepciona os mais de 50 mil turistas que vão até a cidade próxima à área 51 para tentar desvendar mistérios sobre óvnis.  Foto: EFE/ Guillermo Azábal

“Essa coisa do Grusch não é novidade. Para aqueles que não acreditam que existam seres que nos visitam, eu diria para passarem uma noite aqui. Eles ‘veriam coisas inimagináveis’”, afirmou à EFE Michael, gerente do Little A’Le ‘Inn bar e motel em Rachel, localizado a 32 quilômetros do que também é conhecido como a base do lago Groom.

A aparição de Grusch - como parte de um subcomitê de Segurança Interna patrocinado por democratas e republicanos - foi inédita na Câmara dos Deputados dos Estados Unidos e abre caminho para “superar o estigma”, segundo Jamie, um caubói de 50 anos que, como permite a lei de Nevada, chegou ao bar da cidade com uma arma em punho após um dia em seu rancho.

“Há quanto tempo ouvimos as pessoas falarem sobre nós como os malucos dos alienígenas? Algo está mudando agora”, disse Jamie à EFE, que se mudou para Rachel depois de investigar o “Caso Roswell”, no qual um objeto desconhecido colidiu com uma fazenda do Novo México, em 1947.

Bar junto ao motel Little Ale Inn, localizado na pequena cidade de Rachel. Na cidade em que "respira" as conspirações sobre óvnis, até a decoração é temática. Foto: EFE/ Guillermo Azábal

Esse suposto incidente extraterrestre passou despercebido, mas a questão assumiu uma dimensão incomum em 1978, quando o físico nuclear Stanton T. Friedman e outros pesquisadores concluíram um estudo sugerindo que o governo dos Estados Unidos havia escondido os destroços do impacto em Roswell por razões de “segurança nacional”.

Começou, então, um longo debate social que se intensificou em 2017, depois que o Departamento de Defesa admitiu que estava trabalhando por uma década no programa Advanced Aerospace Threat Identification (programa de Identificação Avançada de Ameaças Aeroespaciais, em português), para investigar objetos voadores de origem desconhecida.

Uma vez aceita a existência desses fenômenos aéreos, que segundo o Pentágono foram avistados até 650 vezes até agora este ano, as posições se dividem entre a hipótese extraterrestre e aqueles que sustentam que são aviões, balões ou radares da inteligência serviços de potências como a China ou a Rússia. “Eles querem que pensemos que são aeronaves estrangeiras para continuar escondendo informações e, aliás, justificar missões nesses países”, disse Rosie, uma turista do estado do Tennessee, em declarações à EFE, no único motel de Rachel.

Assim como ela, mais 55 mil pessoas visitam a cidade todos os anos para tentar chegar o mais próximo possível da Área 51, e, aproveitando que o capitalismo aproveita até de uma das bases mais secretas do mundo para fazer todo tipo de souvenir, levam um botton em forma de alienígena ou uma camiseta de nave espacial.

Entrada da Área 51, em Nevada. Local, designado como a instalação da Força Aérea dos Estados Unidos, é envolto por teorias da conspiração sobre alienígenas.  Foto: EFE/ Guillermo Azábal

O confronto sobre OVNIs tornou-se tão acirrado nos últimos anos que, segundo um estudo do Gallup, aproximadamente 135 milhões de americanos já endossavam a hipótese alienígena em 2021. E o eco transcendeu a comunidade científica dos EUA, onde estão personalidades importantes como Avi Loeb, professor de física teórica na Universidade de Harvard, que fala abertamente sobre “tentativas de civilizações extraterrestres de estabelecer contato” com humanos.

Loeb disse à EFE que o testemunho de Grusch poderia “oferecer novas possibilidades” se ele e os outros dois que deram depoimentos no Capitólio - o ex-comandante da Marinha David Fravor e o ex-piloto da Marinha Ryan Graves - fornecerem “evidências conclusivas”.

Do outro lado, está Seth Shostak, astrônomo da Search for Extraterrestrial Intelligence, instituição científica originalmente promovida por Carl Sagan e financiada pela Nasa, que foi direto: “O que Grusch disse é estúpido”, disse à EFE. O pesquisador argumentou que o trabalho está sendo feito para detectar possíveis “formas de vida fora da Terra”, mas que a referência de Grusch a supostos restos biológicos não humanos é “ridícula”.

“Os OVNIs e alienígenas estão interessados apenas nos Estados Unidos? Ou todos os países são cúmplices?” Shostak zombou.

A noite cai e o aviso do garçom Michael parece ecoar pelas montanhas ao redor de Rachel. Enquanto isso, o vento sacode a bandeira das estrelas e listras no telhado do Little A’Le’Inn, porque nos EUA você pode acreditar em OVNIs e até questionar seu governo, mas por qual cabeça passaria não ser patriota?/EFE

Uma van preta guarda 24 horas por dia um caminho de paralelepípedos nas montanhas do Estado de Nevada, nos Estados Unidos, onde coiotes e antílopes vagam como bem entendem até se depararem com a entrada da base militar mais enigmática do mundo: seu nome é Área 51.

Há uma década, o Departamento de Defesa dos EUA confirmou sua existência e especificou que desde 1955 serviu como campo de treinamento para a Força Aérea do País, mas esse anúncio veio tarde demais, já que cerca de 50 entusiastas da ufologia já haviam se mudado para uma cidade próxima, na década de 1990.

Reboques de caravanas e apenas 20 casas pré-fabricadas continuam a compor aquela cidade, chamada Rachel, onde se instalaram americanos aposentados que encontraram a localização da base e acreditaram que o governo estava analisando restos de OVNIs dentro dela.

Em Rachel, a duas horas e meia de Las Vegas pela cinematográfica Estrada Extraterrestre com suas dezenas de quilômetros em linha reta, o nome de David Grusch agora se repete em todas as conversas de seus vizinhos. Trata-se do ex-oficial de inteligência da Força Aérea que, no dia 26 de julho, assegurou perante o Capitólio que o governo esconde evidências de aeronaves extraterrestres e “restos biológicos não humanos” há anos.

Placa de boas-vindas em Rachel, Nevada, recepciona os mais de 50 mil turistas que vão até a cidade próxima à área 51 para tentar desvendar mistérios sobre óvnis.  Foto: EFE/ Guillermo Azábal

“Essa coisa do Grusch não é novidade. Para aqueles que não acreditam que existam seres que nos visitam, eu diria para passarem uma noite aqui. Eles ‘veriam coisas inimagináveis’”, afirmou à EFE Michael, gerente do Little A’Le ‘Inn bar e motel em Rachel, localizado a 32 quilômetros do que também é conhecido como a base do lago Groom.

A aparição de Grusch - como parte de um subcomitê de Segurança Interna patrocinado por democratas e republicanos - foi inédita na Câmara dos Deputados dos Estados Unidos e abre caminho para “superar o estigma”, segundo Jamie, um caubói de 50 anos que, como permite a lei de Nevada, chegou ao bar da cidade com uma arma em punho após um dia em seu rancho.

“Há quanto tempo ouvimos as pessoas falarem sobre nós como os malucos dos alienígenas? Algo está mudando agora”, disse Jamie à EFE, que se mudou para Rachel depois de investigar o “Caso Roswell”, no qual um objeto desconhecido colidiu com uma fazenda do Novo México, em 1947.

Bar junto ao motel Little Ale Inn, localizado na pequena cidade de Rachel. Na cidade em que "respira" as conspirações sobre óvnis, até a decoração é temática. Foto: EFE/ Guillermo Azábal

Esse suposto incidente extraterrestre passou despercebido, mas a questão assumiu uma dimensão incomum em 1978, quando o físico nuclear Stanton T. Friedman e outros pesquisadores concluíram um estudo sugerindo que o governo dos Estados Unidos havia escondido os destroços do impacto em Roswell por razões de “segurança nacional”.

Começou, então, um longo debate social que se intensificou em 2017, depois que o Departamento de Defesa admitiu que estava trabalhando por uma década no programa Advanced Aerospace Threat Identification (programa de Identificação Avançada de Ameaças Aeroespaciais, em português), para investigar objetos voadores de origem desconhecida.

Uma vez aceita a existência desses fenômenos aéreos, que segundo o Pentágono foram avistados até 650 vezes até agora este ano, as posições se dividem entre a hipótese extraterrestre e aqueles que sustentam que são aviões, balões ou radares da inteligência serviços de potências como a China ou a Rússia. “Eles querem que pensemos que são aeronaves estrangeiras para continuar escondendo informações e, aliás, justificar missões nesses países”, disse Rosie, uma turista do estado do Tennessee, em declarações à EFE, no único motel de Rachel.

Assim como ela, mais 55 mil pessoas visitam a cidade todos os anos para tentar chegar o mais próximo possível da Área 51, e, aproveitando que o capitalismo aproveita até de uma das bases mais secretas do mundo para fazer todo tipo de souvenir, levam um botton em forma de alienígena ou uma camiseta de nave espacial.

Entrada da Área 51, em Nevada. Local, designado como a instalação da Força Aérea dos Estados Unidos, é envolto por teorias da conspiração sobre alienígenas.  Foto: EFE/ Guillermo Azábal

O confronto sobre OVNIs tornou-se tão acirrado nos últimos anos que, segundo um estudo do Gallup, aproximadamente 135 milhões de americanos já endossavam a hipótese alienígena em 2021. E o eco transcendeu a comunidade científica dos EUA, onde estão personalidades importantes como Avi Loeb, professor de física teórica na Universidade de Harvard, que fala abertamente sobre “tentativas de civilizações extraterrestres de estabelecer contato” com humanos.

Loeb disse à EFE que o testemunho de Grusch poderia “oferecer novas possibilidades” se ele e os outros dois que deram depoimentos no Capitólio - o ex-comandante da Marinha David Fravor e o ex-piloto da Marinha Ryan Graves - fornecerem “evidências conclusivas”.

Do outro lado, está Seth Shostak, astrônomo da Search for Extraterrestrial Intelligence, instituição científica originalmente promovida por Carl Sagan e financiada pela Nasa, que foi direto: “O que Grusch disse é estúpido”, disse à EFE. O pesquisador argumentou que o trabalho está sendo feito para detectar possíveis “formas de vida fora da Terra”, mas que a referência de Grusch a supostos restos biológicos não humanos é “ridícula”.

“Os OVNIs e alienígenas estão interessados apenas nos Estados Unidos? Ou todos os países são cúmplices?” Shostak zombou.

A noite cai e o aviso do garçom Michael parece ecoar pelas montanhas ao redor de Rachel. Enquanto isso, o vento sacode a bandeira das estrelas e listras no telhado do Little A’Le’Inn, porque nos EUA você pode acreditar em OVNIs e até questionar seu governo, mas por qual cabeça passaria não ser patriota?/EFE

Uma van preta guarda 24 horas por dia um caminho de paralelepípedos nas montanhas do Estado de Nevada, nos Estados Unidos, onde coiotes e antílopes vagam como bem entendem até se depararem com a entrada da base militar mais enigmática do mundo: seu nome é Área 51.

Há uma década, o Departamento de Defesa dos EUA confirmou sua existência e especificou que desde 1955 serviu como campo de treinamento para a Força Aérea do País, mas esse anúncio veio tarde demais, já que cerca de 50 entusiastas da ufologia já haviam se mudado para uma cidade próxima, na década de 1990.

Reboques de caravanas e apenas 20 casas pré-fabricadas continuam a compor aquela cidade, chamada Rachel, onde se instalaram americanos aposentados que encontraram a localização da base e acreditaram que o governo estava analisando restos de OVNIs dentro dela.

Em Rachel, a duas horas e meia de Las Vegas pela cinematográfica Estrada Extraterrestre com suas dezenas de quilômetros em linha reta, o nome de David Grusch agora se repete em todas as conversas de seus vizinhos. Trata-se do ex-oficial de inteligência da Força Aérea que, no dia 26 de julho, assegurou perante o Capitólio que o governo esconde evidências de aeronaves extraterrestres e “restos biológicos não humanos” há anos.

Placa de boas-vindas em Rachel, Nevada, recepciona os mais de 50 mil turistas que vão até a cidade próxima à área 51 para tentar desvendar mistérios sobre óvnis.  Foto: EFE/ Guillermo Azábal

“Essa coisa do Grusch não é novidade. Para aqueles que não acreditam que existam seres que nos visitam, eu diria para passarem uma noite aqui. Eles ‘veriam coisas inimagináveis’”, afirmou à EFE Michael, gerente do Little A’Le ‘Inn bar e motel em Rachel, localizado a 32 quilômetros do que também é conhecido como a base do lago Groom.

A aparição de Grusch - como parte de um subcomitê de Segurança Interna patrocinado por democratas e republicanos - foi inédita na Câmara dos Deputados dos Estados Unidos e abre caminho para “superar o estigma”, segundo Jamie, um caubói de 50 anos que, como permite a lei de Nevada, chegou ao bar da cidade com uma arma em punho após um dia em seu rancho.

“Há quanto tempo ouvimos as pessoas falarem sobre nós como os malucos dos alienígenas? Algo está mudando agora”, disse Jamie à EFE, que se mudou para Rachel depois de investigar o “Caso Roswell”, no qual um objeto desconhecido colidiu com uma fazenda do Novo México, em 1947.

Bar junto ao motel Little Ale Inn, localizado na pequena cidade de Rachel. Na cidade em que "respira" as conspirações sobre óvnis, até a decoração é temática. Foto: EFE/ Guillermo Azábal

Esse suposto incidente extraterrestre passou despercebido, mas a questão assumiu uma dimensão incomum em 1978, quando o físico nuclear Stanton T. Friedman e outros pesquisadores concluíram um estudo sugerindo que o governo dos Estados Unidos havia escondido os destroços do impacto em Roswell por razões de “segurança nacional”.

Começou, então, um longo debate social que se intensificou em 2017, depois que o Departamento de Defesa admitiu que estava trabalhando por uma década no programa Advanced Aerospace Threat Identification (programa de Identificação Avançada de Ameaças Aeroespaciais, em português), para investigar objetos voadores de origem desconhecida.

Uma vez aceita a existência desses fenômenos aéreos, que segundo o Pentágono foram avistados até 650 vezes até agora este ano, as posições se dividem entre a hipótese extraterrestre e aqueles que sustentam que são aviões, balões ou radares da inteligência serviços de potências como a China ou a Rússia. “Eles querem que pensemos que são aeronaves estrangeiras para continuar escondendo informações e, aliás, justificar missões nesses países”, disse Rosie, uma turista do estado do Tennessee, em declarações à EFE, no único motel de Rachel.

Assim como ela, mais 55 mil pessoas visitam a cidade todos os anos para tentar chegar o mais próximo possível da Área 51, e, aproveitando que o capitalismo aproveita até de uma das bases mais secretas do mundo para fazer todo tipo de souvenir, levam um botton em forma de alienígena ou uma camiseta de nave espacial.

Entrada da Área 51, em Nevada. Local, designado como a instalação da Força Aérea dos Estados Unidos, é envolto por teorias da conspiração sobre alienígenas.  Foto: EFE/ Guillermo Azábal

O confronto sobre OVNIs tornou-se tão acirrado nos últimos anos que, segundo um estudo do Gallup, aproximadamente 135 milhões de americanos já endossavam a hipótese alienígena em 2021. E o eco transcendeu a comunidade científica dos EUA, onde estão personalidades importantes como Avi Loeb, professor de física teórica na Universidade de Harvard, que fala abertamente sobre “tentativas de civilizações extraterrestres de estabelecer contato” com humanos.

Loeb disse à EFE que o testemunho de Grusch poderia “oferecer novas possibilidades” se ele e os outros dois que deram depoimentos no Capitólio - o ex-comandante da Marinha David Fravor e o ex-piloto da Marinha Ryan Graves - fornecerem “evidências conclusivas”.

Do outro lado, está Seth Shostak, astrônomo da Search for Extraterrestrial Intelligence, instituição científica originalmente promovida por Carl Sagan e financiada pela Nasa, que foi direto: “O que Grusch disse é estúpido”, disse à EFE. O pesquisador argumentou que o trabalho está sendo feito para detectar possíveis “formas de vida fora da Terra”, mas que a referência de Grusch a supostos restos biológicos não humanos é “ridícula”.

“Os OVNIs e alienígenas estão interessados apenas nos Estados Unidos? Ou todos os países são cúmplices?” Shostak zombou.

A noite cai e o aviso do garçom Michael parece ecoar pelas montanhas ao redor de Rachel. Enquanto isso, o vento sacode a bandeira das estrelas e listras no telhado do Little A’Le’Inn, porque nos EUA você pode acreditar em OVNIs e até questionar seu governo, mas por qual cabeça passaria não ser patriota?/EFE

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