Venda de submarino nuclear dos EUA para Austrália aumenta tensão no Pacífico


Ambicioso acordo entre EUA, Austrália e Reino Unido para tentar conter a ascensão militar da China no Pacífico pode aumentar ainda mais a tensão na região, segundo especialistas

Por Redação
Atualização:

Na terça-feira, 14, a China acusou os países de embarcarem em um “caminho de erro e perigo”. “Isso é típico de uma mentalidade da Guerra Fria e só provocará uma corrida armamentista, quebrará os mecanismos internacionais de não proliferação nuclear e prejudicará a paz e a estabilidade regional”, disse o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Wang Wenbin.

Os EUA se comprometeram a vender pela primeira vez em 65 anos submarinos de propulsão nuclear para um aliado. A Austrália se comprometeu a comprar de três a cinco modelos da classe Virgínia, uma embarcação de ataque que pode empregar mísseis de cruzeiro e que começou a ser fabricada no ano 2000.

Em imagem de 31 de agosto de 2014, submarino Virgínia sendo transportado para a água após ser construído Foto: John Whalen/Marinha dos EUA/via Reuters
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A aquisição vai ser a primeira etapa do Aukus, o pacto militar negociado pelo governo de Joe Biden com o da Austrália e do Reino Unido, em um momento de crescente tensão com a China e em meio a um realinhamento global que está provocando aumentos dramáticos nos gastos militares após a invasão russa da Ucrânia. Aukus é um acrônimo unindo os nomes dos países em inglês.

Na segunda-feira, 12, o presidente Joe Biden apareceu em um estaleiro naval ao lado de Anthony Albanese, premiê australiano, e Rishi Sunak, do Reino Unido. “Estamos mostrando novamente como as democracias podem oferecer nossa própria segurança e prosperidade”, acrescentou Biden. “E não apenas para nós, mas para o mundo inteiro”.

O acordo é substancial, já que a Austrália nas próximas décadas gastará mais de US$ 100 bilhões para comprar os submarinos e construir sua própria capacidade industrial, bem como fortalecer a capacidade de construção naval dos Estados Unidos e do Reino Unido, disseram autoridades.

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Ao mesmo tempo, analistas afirmam que o acordo pode causar ainda mais instabilidade regional. “Muito da defesa da venda dos submarinos para a Austrália reflete a preocupação ocidental com a expansão militar chinesa, mas a questão é como a China encara o Aukus”, explica Jian Zhang, professor de Estudos Internacionais e Políticos na Universidade de Camberra. “Há grande ansiedade da China sobre as implicações do Aukus para os interesses de segurança nacional do país, e os analistas de segurança chineses veem o Aukus fundamentalmente uma camarilha militar anti-China, uma grande estratégia dos EUA para construir uma Otan na Ásia-Pacífico”.

De fato, o acordo visa reforçar as capacidades militares dos aliados dos EUA no Indo-Pacífico, aprofundar os laços entre os militares australianos e americanos e melhorar a postura da força americana na região. O acordo marcou a mais recente manobra geopolítica em um momento de turbulência global, já que a Rússia invadiu a Ucrânia e a China está se esforçando para expandir sua influência.

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Para o professor emérito de Estudos Estratégicos na Australian National University, Hugh White, o novo acordo submarino coloca a Austrália e toda a região em risco. “A China tem um interesse evidente em controlar os mares e os territórios próximos, mas em nenhum momento mostrou uma visão de expansionismo territorial”, escreveu Hugh White em um relatório publicado no ano passado. “Uma Otan no Pacífico não ajuda a conter a crescente rivalidade, muito menos submarinos nucleares rondando seus mares”.

Vantagem militar

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Hoje, a Austrália não pode atingir um alvo ou proteger sua costa a mais de 150 quilômetros do continente, afirmou à Economist, Ashley Townshend, um especialista australiano do Carnegie Endowment, um think tank em Washington. Seus novos submarinos, disse ele, darão “opções de escalada” em crises regionais em que os líderes australianos podem precisar para “dissuadir ou derrotar” uma presença militar chinesa. “Esta será uma capacidade soberana australiana”, enfatizou Albanese, “construída por australianos, comandada pela Royal Australian Navy e mantida por trabalhadores australianos em estaleiros australianos”.

Mas o cenário que mais pesa para os planejadores americanos é uma guerra maior devido a Taiwan. Um pacto EUA-Austrália em 2021 definiu o propósito de todo esse investimento em instalações australianas: “apoiar combates de alto nível e operações militares combinadas na região”. Oito submarinos adicionais de mísseis rondando os mares do Sul e do Leste da China tornariam significativamente mais difícil para a China obter sucesso em uma operação de invasão através do Estreito de Taiwan.

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“Os submarinos chineses têm tecnologia menos avançada e são mais barulhentos do que deveriam ser, portanto, mais detectáveis”, disse à Reuters, Bates Gill, diretor-executivo do Centro de Análise da China da Asia Society.

O diretor-executivo do Centro de Estudos dos Estados Unidos, Michael Green, ex-membro do Conselho de Segurança Nacional dos EUA que escreveu um artigo para o Pentágono há sete anos sobre guerra submarina, disse estimar que os EUA tinham uma vantagem de 15 anos sobre a China nesse campo.

“Os chineses estão desenvolvendo mísseis balísticos capazes de atingir porta-aviões para afundar navios de superfície, porta-aviões e contratorpedeiros. Essa vantagem da guerra submarina é absolutamente crítica para dissuadir a China de pensar que pode usar a força contra qualquer país na região”, disse Green. / NYT, AP e W. POST

Na terça-feira, 14, a China acusou os países de embarcarem em um “caminho de erro e perigo”. “Isso é típico de uma mentalidade da Guerra Fria e só provocará uma corrida armamentista, quebrará os mecanismos internacionais de não proliferação nuclear e prejudicará a paz e a estabilidade regional”, disse o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Wang Wenbin.

Os EUA se comprometeram a vender pela primeira vez em 65 anos submarinos de propulsão nuclear para um aliado. A Austrália se comprometeu a comprar de três a cinco modelos da classe Virgínia, uma embarcação de ataque que pode empregar mísseis de cruzeiro e que começou a ser fabricada no ano 2000.

Em imagem de 31 de agosto de 2014, submarino Virgínia sendo transportado para a água após ser construído Foto: John Whalen/Marinha dos EUA/via Reuters

A aquisição vai ser a primeira etapa do Aukus, o pacto militar negociado pelo governo de Joe Biden com o da Austrália e do Reino Unido, em um momento de crescente tensão com a China e em meio a um realinhamento global que está provocando aumentos dramáticos nos gastos militares após a invasão russa da Ucrânia. Aukus é um acrônimo unindo os nomes dos países em inglês.

Na segunda-feira, 12, o presidente Joe Biden apareceu em um estaleiro naval ao lado de Anthony Albanese, premiê australiano, e Rishi Sunak, do Reino Unido. “Estamos mostrando novamente como as democracias podem oferecer nossa própria segurança e prosperidade”, acrescentou Biden. “E não apenas para nós, mas para o mundo inteiro”.

O acordo é substancial, já que a Austrália nas próximas décadas gastará mais de US$ 100 bilhões para comprar os submarinos e construir sua própria capacidade industrial, bem como fortalecer a capacidade de construção naval dos Estados Unidos e do Reino Unido, disseram autoridades.

Ao mesmo tempo, analistas afirmam que o acordo pode causar ainda mais instabilidade regional. “Muito da defesa da venda dos submarinos para a Austrália reflete a preocupação ocidental com a expansão militar chinesa, mas a questão é como a China encara o Aukus”, explica Jian Zhang, professor de Estudos Internacionais e Políticos na Universidade de Camberra. “Há grande ansiedade da China sobre as implicações do Aukus para os interesses de segurança nacional do país, e os analistas de segurança chineses veem o Aukus fundamentalmente uma camarilha militar anti-China, uma grande estratégia dos EUA para construir uma Otan na Ásia-Pacífico”.

De fato, o acordo visa reforçar as capacidades militares dos aliados dos EUA no Indo-Pacífico, aprofundar os laços entre os militares australianos e americanos e melhorar a postura da força americana na região. O acordo marcou a mais recente manobra geopolítica em um momento de turbulência global, já que a Rússia invadiu a Ucrânia e a China está se esforçando para expandir sua influência.

Para o professor emérito de Estudos Estratégicos na Australian National University, Hugh White, o novo acordo submarino coloca a Austrália e toda a região em risco. “A China tem um interesse evidente em controlar os mares e os territórios próximos, mas em nenhum momento mostrou uma visão de expansionismo territorial”, escreveu Hugh White em um relatório publicado no ano passado. “Uma Otan no Pacífico não ajuda a conter a crescente rivalidade, muito menos submarinos nucleares rondando seus mares”.

Vantagem militar

Hoje, a Austrália não pode atingir um alvo ou proteger sua costa a mais de 150 quilômetros do continente, afirmou à Economist, Ashley Townshend, um especialista australiano do Carnegie Endowment, um think tank em Washington. Seus novos submarinos, disse ele, darão “opções de escalada” em crises regionais em que os líderes australianos podem precisar para “dissuadir ou derrotar” uma presença militar chinesa. “Esta será uma capacidade soberana australiana”, enfatizou Albanese, “construída por australianos, comandada pela Royal Australian Navy e mantida por trabalhadores australianos em estaleiros australianos”.

Mas o cenário que mais pesa para os planejadores americanos é uma guerra maior devido a Taiwan. Um pacto EUA-Austrália em 2021 definiu o propósito de todo esse investimento em instalações australianas: “apoiar combates de alto nível e operações militares combinadas na região”. Oito submarinos adicionais de mísseis rondando os mares do Sul e do Leste da China tornariam significativamente mais difícil para a China obter sucesso em uma operação de invasão através do Estreito de Taiwan.

“Os submarinos chineses têm tecnologia menos avançada e são mais barulhentos do que deveriam ser, portanto, mais detectáveis”, disse à Reuters, Bates Gill, diretor-executivo do Centro de Análise da China da Asia Society.

O diretor-executivo do Centro de Estudos dos Estados Unidos, Michael Green, ex-membro do Conselho de Segurança Nacional dos EUA que escreveu um artigo para o Pentágono há sete anos sobre guerra submarina, disse estimar que os EUA tinham uma vantagem de 15 anos sobre a China nesse campo.

“Os chineses estão desenvolvendo mísseis balísticos capazes de atingir porta-aviões para afundar navios de superfície, porta-aviões e contratorpedeiros. Essa vantagem da guerra submarina é absolutamente crítica para dissuadir a China de pensar que pode usar a força contra qualquer país na região”, disse Green. / NYT, AP e W. POST

Na terça-feira, 14, a China acusou os países de embarcarem em um “caminho de erro e perigo”. “Isso é típico de uma mentalidade da Guerra Fria e só provocará uma corrida armamentista, quebrará os mecanismos internacionais de não proliferação nuclear e prejudicará a paz e a estabilidade regional”, disse o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Wang Wenbin.

Os EUA se comprometeram a vender pela primeira vez em 65 anos submarinos de propulsão nuclear para um aliado. A Austrália se comprometeu a comprar de três a cinco modelos da classe Virgínia, uma embarcação de ataque que pode empregar mísseis de cruzeiro e que começou a ser fabricada no ano 2000.

Em imagem de 31 de agosto de 2014, submarino Virgínia sendo transportado para a água após ser construído Foto: John Whalen/Marinha dos EUA/via Reuters

A aquisição vai ser a primeira etapa do Aukus, o pacto militar negociado pelo governo de Joe Biden com o da Austrália e do Reino Unido, em um momento de crescente tensão com a China e em meio a um realinhamento global que está provocando aumentos dramáticos nos gastos militares após a invasão russa da Ucrânia. Aukus é um acrônimo unindo os nomes dos países em inglês.

Na segunda-feira, 12, o presidente Joe Biden apareceu em um estaleiro naval ao lado de Anthony Albanese, premiê australiano, e Rishi Sunak, do Reino Unido. “Estamos mostrando novamente como as democracias podem oferecer nossa própria segurança e prosperidade”, acrescentou Biden. “E não apenas para nós, mas para o mundo inteiro”.

O acordo é substancial, já que a Austrália nas próximas décadas gastará mais de US$ 100 bilhões para comprar os submarinos e construir sua própria capacidade industrial, bem como fortalecer a capacidade de construção naval dos Estados Unidos e do Reino Unido, disseram autoridades.

Ao mesmo tempo, analistas afirmam que o acordo pode causar ainda mais instabilidade regional. “Muito da defesa da venda dos submarinos para a Austrália reflete a preocupação ocidental com a expansão militar chinesa, mas a questão é como a China encara o Aukus”, explica Jian Zhang, professor de Estudos Internacionais e Políticos na Universidade de Camberra. “Há grande ansiedade da China sobre as implicações do Aukus para os interesses de segurança nacional do país, e os analistas de segurança chineses veem o Aukus fundamentalmente uma camarilha militar anti-China, uma grande estratégia dos EUA para construir uma Otan na Ásia-Pacífico”.

De fato, o acordo visa reforçar as capacidades militares dos aliados dos EUA no Indo-Pacífico, aprofundar os laços entre os militares australianos e americanos e melhorar a postura da força americana na região. O acordo marcou a mais recente manobra geopolítica em um momento de turbulência global, já que a Rússia invadiu a Ucrânia e a China está se esforçando para expandir sua influência.

Para o professor emérito de Estudos Estratégicos na Australian National University, Hugh White, o novo acordo submarino coloca a Austrália e toda a região em risco. “A China tem um interesse evidente em controlar os mares e os territórios próximos, mas em nenhum momento mostrou uma visão de expansionismo territorial”, escreveu Hugh White em um relatório publicado no ano passado. “Uma Otan no Pacífico não ajuda a conter a crescente rivalidade, muito menos submarinos nucleares rondando seus mares”.

Vantagem militar

Hoje, a Austrália não pode atingir um alvo ou proteger sua costa a mais de 150 quilômetros do continente, afirmou à Economist, Ashley Townshend, um especialista australiano do Carnegie Endowment, um think tank em Washington. Seus novos submarinos, disse ele, darão “opções de escalada” em crises regionais em que os líderes australianos podem precisar para “dissuadir ou derrotar” uma presença militar chinesa. “Esta será uma capacidade soberana australiana”, enfatizou Albanese, “construída por australianos, comandada pela Royal Australian Navy e mantida por trabalhadores australianos em estaleiros australianos”.

Mas o cenário que mais pesa para os planejadores americanos é uma guerra maior devido a Taiwan. Um pacto EUA-Austrália em 2021 definiu o propósito de todo esse investimento em instalações australianas: “apoiar combates de alto nível e operações militares combinadas na região”. Oito submarinos adicionais de mísseis rondando os mares do Sul e do Leste da China tornariam significativamente mais difícil para a China obter sucesso em uma operação de invasão através do Estreito de Taiwan.

“Os submarinos chineses têm tecnologia menos avançada e são mais barulhentos do que deveriam ser, portanto, mais detectáveis”, disse à Reuters, Bates Gill, diretor-executivo do Centro de Análise da China da Asia Society.

O diretor-executivo do Centro de Estudos dos Estados Unidos, Michael Green, ex-membro do Conselho de Segurança Nacional dos EUA que escreveu um artigo para o Pentágono há sete anos sobre guerra submarina, disse estimar que os EUA tinham uma vantagem de 15 anos sobre a China nesse campo.

“Os chineses estão desenvolvendo mísseis balísticos capazes de atingir porta-aviões para afundar navios de superfície, porta-aviões e contratorpedeiros. Essa vantagem da guerra submarina é absolutamente crítica para dissuadir a China de pensar que pode usar a força contra qualquer país na região”, disse Green. / NYT, AP e W. POST

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