Itália: Veneza vai dobrar taxa para turistas que passarem apenas o dia na cidade


Autoridades anunciaram que a taxa para visitantes de um dia, que foi de € 5 no início deste ano, retornará em 2025, desta vez dobrando para até € 10 em algumas datas; moradores dizem que essa não é a solução para o excesso de turistas

Por Rebecca Ann Hughes

Por quatro meses no início deste ano, a cidade italiana de Veneza testou um esquema de cobrança adicional para visitantes de um dia. Os turistas que não ficavam em acomodações noturnas tinham que pagar € 5 (cerca de R$ 31) em certos dias considerados mais congestionados, incluindo fins de semana e feriados nacionais.

A taxa foi testada como uma maneira de “dissuadir” visitantes de chegarem em dias superlotados e, assim, ajudar a combater o problema do turismo excessivo em Veneza.

Introduzidas no século 11, as gôndolas são uma das principais atrações de Veneza.  Foto: World Factbookc/CIA
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Em 2023, 5,7 milhões de pessoas visitaram Veneza, com os dias de pico registrando mais de 80 mil chegadas. Para colocar isso em contexto, o centro histórico de Veneza agora tem menos de 50 mil residentes.

No entanto, o experimento não conseguiu reduzir o número de visitantes na icônica cidade dos canais. Em vez disso, durante os primeiros 11 dias do período piloto, quase 750 mil visitantes foram registrados. Nos mesmos dias em 2023, houve cerca de 680 mil entradas.

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Apesar dos resultados insatisfatórios, as autoridades de Veneza anunciaram que a taxa para visitantes de um dia retornará em 2025, desta vez dobrando para até € 10 (R$ 62) em alguns dias.

Muitos residentes de Veneza foram contra a taxa de entrada desde o início, realizando protestos, inclusive no dia do seu lançamento. Para os ativistas, a solução para os problemas de turismo de Veneza está em apoiar a comunidade local.

“Ataque à privacidade”

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Susanna Polloni é uma ativista da organização Rete Solidale Casa, que luta pelos direitos de moradia para os residentes de Veneza.

Ela destaca que a taxa de entrada não afetou apenas os turistas que foram obrigados a pagar, mas também aqueles que vivem na cidade que não foram. “Quais razões justificam o ataque à privacidade, tendo reduzido a cidade mais bonita do mundo à única cidade paga, tendo forçado seus habitantes a provar que são cidadãos de sua própria cidade?”, ela diz. “O peso do turismo excessivo foi empurrado para a vida dos cidadãos de Veneza”, completa.

Susanna estudou os dados oficiais da Sala de Controle Inteligente de Veneza, que reúne todos os tipos de estatísticas de visitantes, e destaca outro problema que ela sente que as autoridades deveriam estar abordando.

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O número de visitantes noturnos registrados é maior do que o número de camas registradas na cidade, levando-a a concluir que existem dezenas de aluguéis de curto prazo ilegais.

Há uma “urgência indispensável para a cidade de se equipar com uma regulamentação de aluguel que reduza significativamente os aluguéis de curto prazo”, diz.

A ponte Rialto foi uma das primeiras pontes a atravessar o canal em Veneza.  Foto: World Factbookc/CIA
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Necessidade de investimento na gestão do turismo

Para muitos ativistas, não é apenas o número de turistas, mas também o tipo de turismo que está prejudicando Veneza.

Valeria Duflot criou o site de conselhos para visitantes Venezia Autentica, em 2015, e agora defende um modelo de turismo que beneficie a população local.

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“Acredito que (a taxa para visitantes de um dia) de forma alguma é suficiente para abordar os principais problemas causados pelo turismo hoje: o deslocamento de negócios locais e da população local”, diz. “Todos nós deveríamos ver o declínio de Veneza, sua comunidade e seu patrimônio como um conto de advertência e trabalhar coletivamente para transformar a maneira como medimos o sucesso e envolvemos as comunidades na indústria do turismo”.

Ilha de San Giorgio Maggiore, em Veneza.  Foto: World Factbookc/CIA

Para Valeria, é necessária uma maior ênfase em influenciar e capacitar os turistas a gastarem seu tempo e dinheiro de forma que beneficie a comunidade local, a economia e o patrimônio.

Para ela, a taxa de entrada de € 5 não é apenas ineficaz, mas está impedindo que os fundos sejam direcionados para ações para ajudar os residentes. “Outras medidas necessárias e urgentes são a renovação e atribuição de moradias públicas vagas, diversificação econômica para criar empregos que não estejam no único canal do turismo, melhoria do transporte público local e dos serviços sociais e de saúde”, afirma. “Somente dessa forma será possível salvar a cidade”, conclui.

c.2024 Fortune Media IP Limited

Distribuído por The New York Times Licensing Group

Por quatro meses no início deste ano, a cidade italiana de Veneza testou um esquema de cobrança adicional para visitantes de um dia. Os turistas que não ficavam em acomodações noturnas tinham que pagar € 5 (cerca de R$ 31) em certos dias considerados mais congestionados, incluindo fins de semana e feriados nacionais.

A taxa foi testada como uma maneira de “dissuadir” visitantes de chegarem em dias superlotados e, assim, ajudar a combater o problema do turismo excessivo em Veneza.

Introduzidas no século 11, as gôndolas são uma das principais atrações de Veneza.  Foto: World Factbookc/CIA

Em 2023, 5,7 milhões de pessoas visitaram Veneza, com os dias de pico registrando mais de 80 mil chegadas. Para colocar isso em contexto, o centro histórico de Veneza agora tem menos de 50 mil residentes.

No entanto, o experimento não conseguiu reduzir o número de visitantes na icônica cidade dos canais. Em vez disso, durante os primeiros 11 dias do período piloto, quase 750 mil visitantes foram registrados. Nos mesmos dias em 2023, houve cerca de 680 mil entradas.

Apesar dos resultados insatisfatórios, as autoridades de Veneza anunciaram que a taxa para visitantes de um dia retornará em 2025, desta vez dobrando para até € 10 (R$ 62) em alguns dias.

Muitos residentes de Veneza foram contra a taxa de entrada desde o início, realizando protestos, inclusive no dia do seu lançamento. Para os ativistas, a solução para os problemas de turismo de Veneza está em apoiar a comunidade local.

“Ataque à privacidade”

Susanna Polloni é uma ativista da organização Rete Solidale Casa, que luta pelos direitos de moradia para os residentes de Veneza.

Ela destaca que a taxa de entrada não afetou apenas os turistas que foram obrigados a pagar, mas também aqueles que vivem na cidade que não foram. “Quais razões justificam o ataque à privacidade, tendo reduzido a cidade mais bonita do mundo à única cidade paga, tendo forçado seus habitantes a provar que são cidadãos de sua própria cidade?”, ela diz. “O peso do turismo excessivo foi empurrado para a vida dos cidadãos de Veneza”, completa.

Susanna estudou os dados oficiais da Sala de Controle Inteligente de Veneza, que reúne todos os tipos de estatísticas de visitantes, e destaca outro problema que ela sente que as autoridades deveriam estar abordando.

O número de visitantes noturnos registrados é maior do que o número de camas registradas na cidade, levando-a a concluir que existem dezenas de aluguéis de curto prazo ilegais.

Há uma “urgência indispensável para a cidade de se equipar com uma regulamentação de aluguel que reduza significativamente os aluguéis de curto prazo”, diz.

A ponte Rialto foi uma das primeiras pontes a atravessar o canal em Veneza.  Foto: World Factbookc/CIA

Necessidade de investimento na gestão do turismo

Para muitos ativistas, não é apenas o número de turistas, mas também o tipo de turismo que está prejudicando Veneza.

Valeria Duflot criou o site de conselhos para visitantes Venezia Autentica, em 2015, e agora defende um modelo de turismo que beneficie a população local.

“Acredito que (a taxa para visitantes de um dia) de forma alguma é suficiente para abordar os principais problemas causados pelo turismo hoje: o deslocamento de negócios locais e da população local”, diz. “Todos nós deveríamos ver o declínio de Veneza, sua comunidade e seu patrimônio como um conto de advertência e trabalhar coletivamente para transformar a maneira como medimos o sucesso e envolvemos as comunidades na indústria do turismo”.

Ilha de San Giorgio Maggiore, em Veneza.  Foto: World Factbookc/CIA

Para Valeria, é necessária uma maior ênfase em influenciar e capacitar os turistas a gastarem seu tempo e dinheiro de forma que beneficie a comunidade local, a economia e o patrimônio.

Para ela, a taxa de entrada de € 5 não é apenas ineficaz, mas está impedindo que os fundos sejam direcionados para ações para ajudar os residentes. “Outras medidas necessárias e urgentes são a renovação e atribuição de moradias públicas vagas, diversificação econômica para criar empregos que não estejam no único canal do turismo, melhoria do transporte público local e dos serviços sociais e de saúde”, afirma. “Somente dessa forma será possível salvar a cidade”, conclui.

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Por quatro meses no início deste ano, a cidade italiana de Veneza testou um esquema de cobrança adicional para visitantes de um dia. Os turistas que não ficavam em acomodações noturnas tinham que pagar € 5 (cerca de R$ 31) em certos dias considerados mais congestionados, incluindo fins de semana e feriados nacionais.

A taxa foi testada como uma maneira de “dissuadir” visitantes de chegarem em dias superlotados e, assim, ajudar a combater o problema do turismo excessivo em Veneza.

Introduzidas no século 11, as gôndolas são uma das principais atrações de Veneza.  Foto: World Factbookc/CIA

Em 2023, 5,7 milhões de pessoas visitaram Veneza, com os dias de pico registrando mais de 80 mil chegadas. Para colocar isso em contexto, o centro histórico de Veneza agora tem menos de 50 mil residentes.

No entanto, o experimento não conseguiu reduzir o número de visitantes na icônica cidade dos canais. Em vez disso, durante os primeiros 11 dias do período piloto, quase 750 mil visitantes foram registrados. Nos mesmos dias em 2023, houve cerca de 680 mil entradas.

Apesar dos resultados insatisfatórios, as autoridades de Veneza anunciaram que a taxa para visitantes de um dia retornará em 2025, desta vez dobrando para até € 10 (R$ 62) em alguns dias.

Muitos residentes de Veneza foram contra a taxa de entrada desde o início, realizando protestos, inclusive no dia do seu lançamento. Para os ativistas, a solução para os problemas de turismo de Veneza está em apoiar a comunidade local.

“Ataque à privacidade”

Susanna Polloni é uma ativista da organização Rete Solidale Casa, que luta pelos direitos de moradia para os residentes de Veneza.

Ela destaca que a taxa de entrada não afetou apenas os turistas que foram obrigados a pagar, mas também aqueles que vivem na cidade que não foram. “Quais razões justificam o ataque à privacidade, tendo reduzido a cidade mais bonita do mundo à única cidade paga, tendo forçado seus habitantes a provar que são cidadãos de sua própria cidade?”, ela diz. “O peso do turismo excessivo foi empurrado para a vida dos cidadãos de Veneza”, completa.

Susanna estudou os dados oficiais da Sala de Controle Inteligente de Veneza, que reúne todos os tipos de estatísticas de visitantes, e destaca outro problema que ela sente que as autoridades deveriam estar abordando.

O número de visitantes noturnos registrados é maior do que o número de camas registradas na cidade, levando-a a concluir que existem dezenas de aluguéis de curto prazo ilegais.

Há uma “urgência indispensável para a cidade de se equipar com uma regulamentação de aluguel que reduza significativamente os aluguéis de curto prazo”, diz.

A ponte Rialto foi uma das primeiras pontes a atravessar o canal em Veneza.  Foto: World Factbookc/CIA

Necessidade de investimento na gestão do turismo

Para muitos ativistas, não é apenas o número de turistas, mas também o tipo de turismo que está prejudicando Veneza.

Valeria Duflot criou o site de conselhos para visitantes Venezia Autentica, em 2015, e agora defende um modelo de turismo que beneficie a população local.

“Acredito que (a taxa para visitantes de um dia) de forma alguma é suficiente para abordar os principais problemas causados pelo turismo hoje: o deslocamento de negócios locais e da população local”, diz. “Todos nós deveríamos ver o declínio de Veneza, sua comunidade e seu patrimônio como um conto de advertência e trabalhar coletivamente para transformar a maneira como medimos o sucesso e envolvemos as comunidades na indústria do turismo”.

Ilha de San Giorgio Maggiore, em Veneza.  Foto: World Factbookc/CIA

Para Valeria, é necessária uma maior ênfase em influenciar e capacitar os turistas a gastarem seu tempo e dinheiro de forma que beneficie a comunidade local, a economia e o patrimônio.

Para ela, a taxa de entrada de € 5 não é apenas ineficaz, mas está impedindo que os fundos sejam direcionados para ações para ajudar os residentes. “Outras medidas necessárias e urgentes são a renovação e atribuição de moradias públicas vagas, diversificação econômica para criar empregos que não estejam no único canal do turismo, melhoria do transporte público local e dos serviços sociais e de saúde”, afirma. “Somente dessa forma será possível salvar a cidade”, conclui.

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