Venezuela desvaloriza o bolívar e o equipara ao dólar no câmbio paralelo


É a primeira vez em anos que o governo equipara os dois valores, numa medida que deve ampliar ainda mais a hiperinflação no país, que no ano passado, foi estimada em 1,6 milhão por cento

Por Luiz Raatz

O governo da Venezuela desvalorizou o bolívar soberano para pessoas físicas e jurídicas e equiparou a cotação da moeda em relação ao dólar ao câmbio paralelo. Com a desvalorização de 34,83%, o dólar passou a custar 3,2 mil bolívares soberanos, contra 3,188 do câmbio paralelo. Ainda não estava claro se a taxa preferencial para empresas públicas, alvo de denúncias de corrupção, seguirá existindo.

É a primeira vez em anos que o governo equipara os dois valores, numa medida que deve ampliar ainda mais a hiperinflação no país, que no ano passado, foi estimada em 1,6 milhão por cento. Economistas são céticos quanto ao impacto da medida na grave crise venezuelana, mas dizem que ela representa uma mudança na gestão chavista da economia, na qual vigora há 16 anos um rígido controle cambial.

O presidente Nicolás Maduro segura a bandeira nacional enquanto fala para apoiadores que convocou para as ruas nos protestos de23 de janeiro de 2019 Foto: Luis ROBAYO/AFP
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“É um sinal de mudança, ainda que não esteja claro o tamanho disso nem o alcance”, disse ao Estado Asdrubal Oliveros, da consultoria Econoanalítica. “Mas é insuficiente para corrigir as enormes distorções macroeconômicas que afetam a Venezuela, que incluem uma hiperinflação gigantesca, um déficit fiscal enorme e a queda na produção de petróleo.”

O esquema incorpora uma plataforma tecnológica operada pela empresa privada Interbanex com autorização do Banco Central da Venezuela (BCV), para intermediar entidades privadas e operadoras como bancos. Até agora, no entanto, apenas dois dos 30 bancos em operação no país.  “A taxa de câmbio será a definida pela oferta e demanda”, disse Interbanex.

Especialistas pedem a Maduro que elimine essa política de intervenção para enfrentar a grave crise econômica, com escassez de alimentos e remédios básicos e uma inflação que o FMI projeta em 10 milhões por cento para 2019.

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A medida é adotada em meio a um agravamento da crise política, depois que na última quarta-feira o presidente do Parlamento, de maioria opositora, Juan Guaidó, se autoproclamou presidente interino. Para Oliveros, a medida já vinha sendo planejada, mas o momento do anúncio pode ser usado para beneficiar o chavismo. 

“O ‘timing’ pode ajudar o governo a tirar o foco da pressão internacional internamente”, afirmou Asdrubal. “Era uma medida que já era avaliada há alguma tempo

Maduro denunciou a manobra como um "golpe" liderado pelos Estados Unidos, que reconheceu Guaidó como presidente, assim como vários países da América Latina. Além de dar sua bênção a um governo paralelo, Washington ameaçou endurecer as sanções contra o governo de Maduro.

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A taxa oficial na última sexta-feira era de 2.084,39 bolívares por dólar, resultado de um sistema de leilões coordenado pelo BCV. Não ficou claro se a nova plataforma substituirá os leilões ou se as duas modalidades vão coexistir.

Dada a oferta limitada de divisas através dos canais oficiais, um mercado paralelo do dólar emergiu, onde as cotações chegam a ser multiplicadas por 30 em relação às taxas do governo.

Maduro e autoridades do alto escalão do seu governo rotularam esse mercado negro de "criminoso", assegurando que inflacionava artificialmente o valor das moedas estrangeiras para afundar a economia venezuelana.

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O proprietário de um dos portais que comercializa a moeda americana foi preso em abril passado, acusado de "terrorismo financeiro" - e milhares de contas bancárias foram bloqueadas por operações à margem do controle cambial. Desde agosto passado, quando Maduro lançou um pacote de reformas contra a crise, o bolívar desvalorizou 98,12%. O plano já havia começado com uma desvalorização de 96%. / COM AFP

Acompanhe ao vivo notícias em tempo real sobre a crise na Venezuela.​

O governo da Venezuela desvalorizou o bolívar soberano para pessoas físicas e jurídicas e equiparou a cotação da moeda em relação ao dólar ao câmbio paralelo. Com a desvalorização de 34,83%, o dólar passou a custar 3,2 mil bolívares soberanos, contra 3,188 do câmbio paralelo. Ainda não estava claro se a taxa preferencial para empresas públicas, alvo de denúncias de corrupção, seguirá existindo.

É a primeira vez em anos que o governo equipara os dois valores, numa medida que deve ampliar ainda mais a hiperinflação no país, que no ano passado, foi estimada em 1,6 milhão por cento. Economistas são céticos quanto ao impacto da medida na grave crise venezuelana, mas dizem que ela representa uma mudança na gestão chavista da economia, na qual vigora há 16 anos um rígido controle cambial.

O presidente Nicolás Maduro segura a bandeira nacional enquanto fala para apoiadores que convocou para as ruas nos protestos de23 de janeiro de 2019 Foto: Luis ROBAYO/AFP

“É um sinal de mudança, ainda que não esteja claro o tamanho disso nem o alcance”, disse ao Estado Asdrubal Oliveros, da consultoria Econoanalítica. “Mas é insuficiente para corrigir as enormes distorções macroeconômicas que afetam a Venezuela, que incluem uma hiperinflação gigantesca, um déficit fiscal enorme e a queda na produção de petróleo.”

O esquema incorpora uma plataforma tecnológica operada pela empresa privada Interbanex com autorização do Banco Central da Venezuela (BCV), para intermediar entidades privadas e operadoras como bancos. Até agora, no entanto, apenas dois dos 30 bancos em operação no país.  “A taxa de câmbio será a definida pela oferta e demanda”, disse Interbanex.

Especialistas pedem a Maduro que elimine essa política de intervenção para enfrentar a grave crise econômica, com escassez de alimentos e remédios básicos e uma inflação que o FMI projeta em 10 milhões por cento para 2019.

A medida é adotada em meio a um agravamento da crise política, depois que na última quarta-feira o presidente do Parlamento, de maioria opositora, Juan Guaidó, se autoproclamou presidente interino. Para Oliveros, a medida já vinha sendo planejada, mas o momento do anúncio pode ser usado para beneficiar o chavismo. 

“O ‘timing’ pode ajudar o governo a tirar o foco da pressão internacional internamente”, afirmou Asdrubal. “Era uma medida que já era avaliada há alguma tempo

Maduro denunciou a manobra como um "golpe" liderado pelos Estados Unidos, que reconheceu Guaidó como presidente, assim como vários países da América Latina. Além de dar sua bênção a um governo paralelo, Washington ameaçou endurecer as sanções contra o governo de Maduro.

A taxa oficial na última sexta-feira era de 2.084,39 bolívares por dólar, resultado de um sistema de leilões coordenado pelo BCV. Não ficou claro se a nova plataforma substituirá os leilões ou se as duas modalidades vão coexistir.

Dada a oferta limitada de divisas através dos canais oficiais, um mercado paralelo do dólar emergiu, onde as cotações chegam a ser multiplicadas por 30 em relação às taxas do governo.

Maduro e autoridades do alto escalão do seu governo rotularam esse mercado negro de "criminoso", assegurando que inflacionava artificialmente o valor das moedas estrangeiras para afundar a economia venezuelana.

O proprietário de um dos portais que comercializa a moeda americana foi preso em abril passado, acusado de "terrorismo financeiro" - e milhares de contas bancárias foram bloqueadas por operações à margem do controle cambial. Desde agosto passado, quando Maduro lançou um pacote de reformas contra a crise, o bolívar desvalorizou 98,12%. O plano já havia começado com uma desvalorização de 96%. / COM AFP

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O governo da Venezuela desvalorizou o bolívar soberano para pessoas físicas e jurídicas e equiparou a cotação da moeda em relação ao dólar ao câmbio paralelo. Com a desvalorização de 34,83%, o dólar passou a custar 3,2 mil bolívares soberanos, contra 3,188 do câmbio paralelo. Ainda não estava claro se a taxa preferencial para empresas públicas, alvo de denúncias de corrupção, seguirá existindo.

É a primeira vez em anos que o governo equipara os dois valores, numa medida que deve ampliar ainda mais a hiperinflação no país, que no ano passado, foi estimada em 1,6 milhão por cento. Economistas são céticos quanto ao impacto da medida na grave crise venezuelana, mas dizem que ela representa uma mudança na gestão chavista da economia, na qual vigora há 16 anos um rígido controle cambial.

O presidente Nicolás Maduro segura a bandeira nacional enquanto fala para apoiadores que convocou para as ruas nos protestos de23 de janeiro de 2019 Foto: Luis ROBAYO/AFP

“É um sinal de mudança, ainda que não esteja claro o tamanho disso nem o alcance”, disse ao Estado Asdrubal Oliveros, da consultoria Econoanalítica. “Mas é insuficiente para corrigir as enormes distorções macroeconômicas que afetam a Venezuela, que incluem uma hiperinflação gigantesca, um déficit fiscal enorme e a queda na produção de petróleo.”

O esquema incorpora uma plataforma tecnológica operada pela empresa privada Interbanex com autorização do Banco Central da Venezuela (BCV), para intermediar entidades privadas e operadoras como bancos. Até agora, no entanto, apenas dois dos 30 bancos em operação no país.  “A taxa de câmbio será a definida pela oferta e demanda”, disse Interbanex.

Especialistas pedem a Maduro que elimine essa política de intervenção para enfrentar a grave crise econômica, com escassez de alimentos e remédios básicos e uma inflação que o FMI projeta em 10 milhões por cento para 2019.

A medida é adotada em meio a um agravamento da crise política, depois que na última quarta-feira o presidente do Parlamento, de maioria opositora, Juan Guaidó, se autoproclamou presidente interino. Para Oliveros, a medida já vinha sendo planejada, mas o momento do anúncio pode ser usado para beneficiar o chavismo. 

“O ‘timing’ pode ajudar o governo a tirar o foco da pressão internacional internamente”, afirmou Asdrubal. “Era uma medida que já era avaliada há alguma tempo

Maduro denunciou a manobra como um "golpe" liderado pelos Estados Unidos, que reconheceu Guaidó como presidente, assim como vários países da América Latina. Além de dar sua bênção a um governo paralelo, Washington ameaçou endurecer as sanções contra o governo de Maduro.

A taxa oficial na última sexta-feira era de 2.084,39 bolívares por dólar, resultado de um sistema de leilões coordenado pelo BCV. Não ficou claro se a nova plataforma substituirá os leilões ou se as duas modalidades vão coexistir.

Dada a oferta limitada de divisas através dos canais oficiais, um mercado paralelo do dólar emergiu, onde as cotações chegam a ser multiplicadas por 30 em relação às taxas do governo.

Maduro e autoridades do alto escalão do seu governo rotularam esse mercado negro de "criminoso", assegurando que inflacionava artificialmente o valor das moedas estrangeiras para afundar a economia venezuelana.

O proprietário de um dos portais que comercializa a moeda americana foi preso em abril passado, acusado de "terrorismo financeiro" - e milhares de contas bancárias foram bloqueadas por operações à margem do controle cambial. Desde agosto passado, quando Maduro lançou um pacote de reformas contra a crise, o bolívar desvalorizou 98,12%. O plano já havia começado com uma desvalorização de 96%. / COM AFP

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