Venezuela estreia nova moeda com parte do comércio fechada e desconfiança da população


'Bolívar soberano' entra em vigor após Nicolás Maduro cortar cinco zeros do pacote monetário anterior e anunciar aumento de 3.500% no salário mínimo a partir de setembro; medidas são inviáveis e devem piorar hiperinflação, dizem especialistas

Por Redação

CARACAS - As novas cédulas da moeda venezuelana, o bolívar soberano, sem cinco zeros, entraram em circulação nesta segunda-feira, 20, na Venezuela em meio a falta de informação, lojas fechadas, pane no sistema bancário e temor da população em relação ao pacote econômico. As novas medidas, apelidadas de “Maduraço”, tentam controlar a hiperinflação, projetada em 1.000.000% para 2018 pelo FMI, ante uma crise devastadora que levou milhões de venezuelanos a abandonar o país. A oposição convocou para esta terça-feira, 21, protestos contra as medidas em todo o país.

Tomados pela incerteza, muitos comerciantes fecharam suas lojas no fim de semana em Caracas e em outras cidades, depois de meses de uma economia atingida por uma hiperinflação projetada em 1.000.000% para 2018 pelo FMI, e longas filas nos postos de gasolina ante um anunciado aumento dos preços.

Maduro exibe a nota de 500 bolívares soberanos, a mais alta do novo sistema monetário da Venezuela Foto: Miraflores Palace/Handout via REUTERS
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Maduro, confrontado com uma enorme insatisfação popular, garante que a emissão de novas cédulas será o ponto de partida para "uma grande mudança". A maior nota será de 500 bolívares (cerca de US$ 7 no mercado negro).

No entanto, os especialistas consideram inviável um programa que inclui um aumento do salário mínimo de quase 3.500% a partir de 1º de setembro, um novo sistema cambiário que resultará numa macrodesvalorização e altas do combustível e impostos.

O presidente também anunciou que o governo assumirá por 90 dias o aumento salarial que deverão realizar as pequenas e médias empresas.

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"É uma coisa de louco", declarou Henkel García, diretor da consultora Econométrica, ao considerar que o reajuste dos salários implicará um novo aumento da massa monetária, raiz da hiperinflação.

Inflação: Quanto se gasta para fazer compras na Venezuela

1 | 13

Queijo: 7,5 milhões de bolívares

Foto: REUTERS/Carlos Garcia Rawlins
2 | 13

Pacote de absorventes: 3,5 milhões de bolívares

Foto: REUTERS/Carlos Garcia Rawlins
3 | 13

Um quilo de arroz: 2,5 milhões de bolívares

Foto: REUTERS/Carlos Garcia Rawlins
4 | 13

500 g de margarina: 3 milhões de bolívares

5 | 13

1 quilo de cenouras: 3 milhões de bolívares

Foto: REUTERS/Carlos Garcia Rawlins
6 | 13

1 quilo de farinha de milho: 2,5 milhões de bolívares

Foto: REUTERS/Carlos Garcia Rawlins
7 | 13

Sabonete: 3,5 milhões de bolívares

Foto: REUTERS/Carlos Garcia Rawlins
8 | 13

Pacote de fraldas: 8 milhões de bolívares

Foto: REUTERS/Carlos Garcia Rawlins
9 | 13

2,4 quilos de frango: 14,6 milhões de bolívares

Foto: REUTERS/Carlos Garcia Rawlins
10 | 13

Um rolo de papel higiênico: 2,6 milhões de bolívares

Foto: REUTERS/Carlos Garcia Rawlins
11 | 13

1 quilo de macarrão: 2,5 milhões de bolívares

Foto: REUTERS/Carlos Garcia Rawlins
12 | 13

1 quilo de carne vermelha: 9,5 milhões de bolívares

Foto: REUTERS/Carlos Garcia Rawlins
13 | 13

1 quilo de tomates: 5 milhões de bolívares

Foto: REUTERS/Carlos Garcia Rawlins

Com uma indústria do petróleo em queda vertiginosa e sem financiamento internacional, o acesso a dinheiro fresco é inviável.

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A produção de petróleo - fonte de 96% das receitas - desabou de 3,2 milhões de barris diários em 2008 a 1,4 milhão em julho, enquanto que o déficit fiscal se aproxima dos 20% do PIB, segundo consultoras privadas.

"Se você mantém o déficit e a emissão desordenada de dinheiro para cobrir esse déficit, a crise continuará se agravando", destacou o economista Jean Paul Leidenz.

A emissão das novas cédulas chega apenas 20 meses depois que o governo lançou cédulas de alta denominação, diluídas pela inflação e a desvalorização acelerada.

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Esta é a segunda reconversão em uma década, depois que o falecidopresidente Hugo Chávez (1999-2013) eliminou, em 2008, três zeros da moeda e criou o "bolívar forte", que agora se chama "bolívar soberano".

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Nicolás Maduro anunciou uma mudança nos subsídios para combustíveis na Venezuela. O tom vago do anúncio levou muitos venezuelanos a correr para os postos com medo de a gasolina passar a custar o preço internacional, impensável para quem vive com o salário mínimo de um dólar.

Crise regional

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A aplicação do programa de Maduro coincide com graves tensões migratórias e o êxodo em massa de venezuelanos. A ONU avalia que 2,3 milhões de venezuelanos imigraram para fugir da crise.

O Brasil enviará tropas a sua fronteira depois que, em reação ao assalto de cidadãos venezuelanos, os moradores da cidade Pacaraima, na fronteira de Roraima com o país vizinho, queimaram no sábado os acampamentos de imigrantes venezuelanos, que chegaram em massa no último ano ao País.

A Venezuela exigiu que as autoridades brasileiras protejam seus cidadãos.

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O Equador começou no sábado a bloquear a passagem de venezuelanos em suas fronteiras, exigindo passaporte invés de carteiras de identidade.

O Peru adotou medida similar e, em função disso, a Colômbia teme que milhares de venezuelanos tentem entrar em seu território.

Ante o aumento das tensões, o secretário-geral da Organização de Estados Americanos (OEA), Luis Almagro, pediu para que se "mantenha as portas abertas ao povo da Venezuela, vítima da pior crise humanitária que o continente já viu".

Protestos contra Maduro

Por causa destas medidas, três partidos opositores, a Causa R do dirigente Andrés Velásquez, o Vontade Popular (VP) liderado pelo político preso Leopoldo López e o Primeiro Justiça (PJ) do ex-presidente do Parlamento, convocaram para terça-feira uma greve e um protesto nacional.

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A chancelaria da Venezuela pediu ao governo brasileiro que proteja seus cidadãos, após um confronto que terminou na destruição de abrigos de imigrantes venezuelanos no sábado, na cidade de Pacaraima, em Roraima. O incidente ocorreu após uma suposta agressão a um comerciante local.

Segundo explicou Valásquez, a greve será "por tempo definido de 24 horas", embora também tenha dito que este é "um primeiro passo de uma agenda de luta que certamente vai ter outras interrupções".

"As medidas anunciadas na sexta-feira passada não são nenhum plano de recuperação econômica para o país. Pelo contrário, o que representa para o povo venezuelano é mais fome, é mais ruína, mais pobreza, mais sofrimento, mais dor, mais inflação", disse o político.

Não está claro como a greve será articulada sem a participação de outros partidos opositores.

Manifestações por direitos trabalhistas, contra a falta de alimentos e medicamentos e as falhas de serviços como água e luz se multiplicam, com uma oposição dividida e fragilizada.

O setor privado, além disso, trabalha apenas a 30% de sua capacidade devido ao colapso da economia, enquanto o governo exerce um férreo controle sobre o funcionalismo público. / AFP, EFE e REUTERS

CARACAS - As novas cédulas da moeda venezuelana, o bolívar soberano, sem cinco zeros, entraram em circulação nesta segunda-feira, 20, na Venezuela em meio a falta de informação, lojas fechadas, pane no sistema bancário e temor da população em relação ao pacote econômico. As novas medidas, apelidadas de “Maduraço”, tentam controlar a hiperinflação, projetada em 1.000.000% para 2018 pelo FMI, ante uma crise devastadora que levou milhões de venezuelanos a abandonar o país. A oposição convocou para esta terça-feira, 21, protestos contra as medidas em todo o país.

Tomados pela incerteza, muitos comerciantes fecharam suas lojas no fim de semana em Caracas e em outras cidades, depois de meses de uma economia atingida por uma hiperinflação projetada em 1.000.000% para 2018 pelo FMI, e longas filas nos postos de gasolina ante um anunciado aumento dos preços.

Maduro exibe a nota de 500 bolívares soberanos, a mais alta do novo sistema monetário da Venezuela Foto: Miraflores Palace/Handout via REUTERS

Maduro, confrontado com uma enorme insatisfação popular, garante que a emissão de novas cédulas será o ponto de partida para "uma grande mudança". A maior nota será de 500 bolívares (cerca de US$ 7 no mercado negro).

No entanto, os especialistas consideram inviável um programa que inclui um aumento do salário mínimo de quase 3.500% a partir de 1º de setembro, um novo sistema cambiário que resultará numa macrodesvalorização e altas do combustível e impostos.

O presidente também anunciou que o governo assumirá por 90 dias o aumento salarial que deverão realizar as pequenas e médias empresas.

"É uma coisa de louco", declarou Henkel García, diretor da consultora Econométrica, ao considerar que o reajuste dos salários implicará um novo aumento da massa monetária, raiz da hiperinflação.

Inflação: Quanto se gasta para fazer compras na Venezuela

1 | 13

Queijo: 7,5 milhões de bolívares

Foto: REUTERS/Carlos Garcia Rawlins
2 | 13

Pacote de absorventes: 3,5 milhões de bolívares

Foto: REUTERS/Carlos Garcia Rawlins
3 | 13

Um quilo de arroz: 2,5 milhões de bolívares

Foto: REUTERS/Carlos Garcia Rawlins
4 | 13

500 g de margarina: 3 milhões de bolívares

5 | 13

1 quilo de cenouras: 3 milhões de bolívares

Foto: REUTERS/Carlos Garcia Rawlins
6 | 13

1 quilo de farinha de milho: 2,5 milhões de bolívares

Foto: REUTERS/Carlos Garcia Rawlins
7 | 13

Sabonete: 3,5 milhões de bolívares

Foto: REUTERS/Carlos Garcia Rawlins
8 | 13

Pacote de fraldas: 8 milhões de bolívares

Foto: REUTERS/Carlos Garcia Rawlins
9 | 13

2,4 quilos de frango: 14,6 milhões de bolívares

Foto: REUTERS/Carlos Garcia Rawlins
10 | 13

Um rolo de papel higiênico: 2,6 milhões de bolívares

Foto: REUTERS/Carlos Garcia Rawlins
11 | 13

1 quilo de macarrão: 2,5 milhões de bolívares

Foto: REUTERS/Carlos Garcia Rawlins
12 | 13

1 quilo de carne vermelha: 9,5 milhões de bolívares

Foto: REUTERS/Carlos Garcia Rawlins
13 | 13

1 quilo de tomates: 5 milhões de bolívares

Foto: REUTERS/Carlos Garcia Rawlins

Com uma indústria do petróleo em queda vertiginosa e sem financiamento internacional, o acesso a dinheiro fresco é inviável.

A produção de petróleo - fonte de 96% das receitas - desabou de 3,2 milhões de barris diários em 2008 a 1,4 milhão em julho, enquanto que o déficit fiscal se aproxima dos 20% do PIB, segundo consultoras privadas.

"Se você mantém o déficit e a emissão desordenada de dinheiro para cobrir esse déficit, a crise continuará se agravando", destacou o economista Jean Paul Leidenz.

A emissão das novas cédulas chega apenas 20 meses depois que o governo lançou cédulas de alta denominação, diluídas pela inflação e a desvalorização acelerada.

Esta é a segunda reconversão em uma década, depois que o falecidopresidente Hugo Chávez (1999-2013) eliminou, em 2008, três zeros da moeda e criou o "bolívar forte", que agora se chama "bolívar soberano".

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Nicolás Maduro anunciou uma mudança nos subsídios para combustíveis na Venezuela. O tom vago do anúncio levou muitos venezuelanos a correr para os postos com medo de a gasolina passar a custar o preço internacional, impensável para quem vive com o salário mínimo de um dólar.

Crise regional

A aplicação do programa de Maduro coincide com graves tensões migratórias e o êxodo em massa de venezuelanos. A ONU avalia que 2,3 milhões de venezuelanos imigraram para fugir da crise.

O Brasil enviará tropas a sua fronteira depois que, em reação ao assalto de cidadãos venezuelanos, os moradores da cidade Pacaraima, na fronteira de Roraima com o país vizinho, queimaram no sábado os acampamentos de imigrantes venezuelanos, que chegaram em massa no último ano ao País.

A Venezuela exigiu que as autoridades brasileiras protejam seus cidadãos.

O Equador começou no sábado a bloquear a passagem de venezuelanos em suas fronteiras, exigindo passaporte invés de carteiras de identidade.

O Peru adotou medida similar e, em função disso, a Colômbia teme que milhares de venezuelanos tentem entrar em seu território.

Ante o aumento das tensões, o secretário-geral da Organização de Estados Americanos (OEA), Luis Almagro, pediu para que se "mantenha as portas abertas ao povo da Venezuela, vítima da pior crise humanitária que o continente já viu".

Protestos contra Maduro

Por causa destas medidas, três partidos opositores, a Causa R do dirigente Andrés Velásquez, o Vontade Popular (VP) liderado pelo político preso Leopoldo López e o Primeiro Justiça (PJ) do ex-presidente do Parlamento, convocaram para terça-feira uma greve e um protesto nacional.

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A chancelaria da Venezuela pediu ao governo brasileiro que proteja seus cidadãos, após um confronto que terminou na destruição de abrigos de imigrantes venezuelanos no sábado, na cidade de Pacaraima, em Roraima. O incidente ocorreu após uma suposta agressão a um comerciante local.

Segundo explicou Valásquez, a greve será "por tempo definido de 24 horas", embora também tenha dito que este é "um primeiro passo de uma agenda de luta que certamente vai ter outras interrupções".

"As medidas anunciadas na sexta-feira passada não são nenhum plano de recuperação econômica para o país. Pelo contrário, o que representa para o povo venezuelano é mais fome, é mais ruína, mais pobreza, mais sofrimento, mais dor, mais inflação", disse o político.

Não está claro como a greve será articulada sem a participação de outros partidos opositores.

Manifestações por direitos trabalhistas, contra a falta de alimentos e medicamentos e as falhas de serviços como água e luz se multiplicam, com uma oposição dividida e fragilizada.

O setor privado, além disso, trabalha apenas a 30% de sua capacidade devido ao colapso da economia, enquanto o governo exerce um férreo controle sobre o funcionalismo público. / AFP, EFE e REUTERS

CARACAS - As novas cédulas da moeda venezuelana, o bolívar soberano, sem cinco zeros, entraram em circulação nesta segunda-feira, 20, na Venezuela em meio a falta de informação, lojas fechadas, pane no sistema bancário e temor da população em relação ao pacote econômico. As novas medidas, apelidadas de “Maduraço”, tentam controlar a hiperinflação, projetada em 1.000.000% para 2018 pelo FMI, ante uma crise devastadora que levou milhões de venezuelanos a abandonar o país. A oposição convocou para esta terça-feira, 21, protestos contra as medidas em todo o país.

Tomados pela incerteza, muitos comerciantes fecharam suas lojas no fim de semana em Caracas e em outras cidades, depois de meses de uma economia atingida por uma hiperinflação projetada em 1.000.000% para 2018 pelo FMI, e longas filas nos postos de gasolina ante um anunciado aumento dos preços.

Maduro exibe a nota de 500 bolívares soberanos, a mais alta do novo sistema monetário da Venezuela Foto: Miraflores Palace/Handout via REUTERS

Maduro, confrontado com uma enorme insatisfação popular, garante que a emissão de novas cédulas será o ponto de partida para "uma grande mudança". A maior nota será de 500 bolívares (cerca de US$ 7 no mercado negro).

No entanto, os especialistas consideram inviável um programa que inclui um aumento do salário mínimo de quase 3.500% a partir de 1º de setembro, um novo sistema cambiário que resultará numa macrodesvalorização e altas do combustível e impostos.

O presidente também anunciou que o governo assumirá por 90 dias o aumento salarial que deverão realizar as pequenas e médias empresas.

"É uma coisa de louco", declarou Henkel García, diretor da consultora Econométrica, ao considerar que o reajuste dos salários implicará um novo aumento da massa monetária, raiz da hiperinflação.

Inflação: Quanto se gasta para fazer compras na Venezuela

1 | 13

Queijo: 7,5 milhões de bolívares

Foto: REUTERS/Carlos Garcia Rawlins
2 | 13

Pacote de absorventes: 3,5 milhões de bolívares

Foto: REUTERS/Carlos Garcia Rawlins
3 | 13

Um quilo de arroz: 2,5 milhões de bolívares

Foto: REUTERS/Carlos Garcia Rawlins
4 | 13

500 g de margarina: 3 milhões de bolívares

5 | 13

1 quilo de cenouras: 3 milhões de bolívares

Foto: REUTERS/Carlos Garcia Rawlins
6 | 13

1 quilo de farinha de milho: 2,5 milhões de bolívares

Foto: REUTERS/Carlos Garcia Rawlins
7 | 13

Sabonete: 3,5 milhões de bolívares

Foto: REUTERS/Carlos Garcia Rawlins
8 | 13

Pacote de fraldas: 8 milhões de bolívares

Foto: REUTERS/Carlos Garcia Rawlins
9 | 13

2,4 quilos de frango: 14,6 milhões de bolívares

Foto: REUTERS/Carlos Garcia Rawlins
10 | 13

Um rolo de papel higiênico: 2,6 milhões de bolívares

Foto: REUTERS/Carlos Garcia Rawlins
11 | 13

1 quilo de macarrão: 2,5 milhões de bolívares

Foto: REUTERS/Carlos Garcia Rawlins
12 | 13

1 quilo de carne vermelha: 9,5 milhões de bolívares

Foto: REUTERS/Carlos Garcia Rawlins
13 | 13

1 quilo de tomates: 5 milhões de bolívares

Foto: REUTERS/Carlos Garcia Rawlins

Com uma indústria do petróleo em queda vertiginosa e sem financiamento internacional, o acesso a dinheiro fresco é inviável.

A produção de petróleo - fonte de 96% das receitas - desabou de 3,2 milhões de barris diários em 2008 a 1,4 milhão em julho, enquanto que o déficit fiscal se aproxima dos 20% do PIB, segundo consultoras privadas.

"Se você mantém o déficit e a emissão desordenada de dinheiro para cobrir esse déficit, a crise continuará se agravando", destacou o economista Jean Paul Leidenz.

A emissão das novas cédulas chega apenas 20 meses depois que o governo lançou cédulas de alta denominação, diluídas pela inflação e a desvalorização acelerada.

Esta é a segunda reconversão em uma década, depois que o falecidopresidente Hugo Chávez (1999-2013) eliminou, em 2008, três zeros da moeda e criou o "bolívar forte", que agora se chama "bolívar soberano".

Seu navegador não suporta esse video.

Nicolás Maduro anunciou uma mudança nos subsídios para combustíveis na Venezuela. O tom vago do anúncio levou muitos venezuelanos a correr para os postos com medo de a gasolina passar a custar o preço internacional, impensável para quem vive com o salário mínimo de um dólar.

Crise regional

A aplicação do programa de Maduro coincide com graves tensões migratórias e o êxodo em massa de venezuelanos. A ONU avalia que 2,3 milhões de venezuelanos imigraram para fugir da crise.

O Brasil enviará tropas a sua fronteira depois que, em reação ao assalto de cidadãos venezuelanos, os moradores da cidade Pacaraima, na fronteira de Roraima com o país vizinho, queimaram no sábado os acampamentos de imigrantes venezuelanos, que chegaram em massa no último ano ao País.

A Venezuela exigiu que as autoridades brasileiras protejam seus cidadãos.

O Equador começou no sábado a bloquear a passagem de venezuelanos em suas fronteiras, exigindo passaporte invés de carteiras de identidade.

O Peru adotou medida similar e, em função disso, a Colômbia teme que milhares de venezuelanos tentem entrar em seu território.

Ante o aumento das tensões, o secretário-geral da Organização de Estados Americanos (OEA), Luis Almagro, pediu para que se "mantenha as portas abertas ao povo da Venezuela, vítima da pior crise humanitária que o continente já viu".

Protestos contra Maduro

Por causa destas medidas, três partidos opositores, a Causa R do dirigente Andrés Velásquez, o Vontade Popular (VP) liderado pelo político preso Leopoldo López e o Primeiro Justiça (PJ) do ex-presidente do Parlamento, convocaram para terça-feira uma greve e um protesto nacional.

Seu navegador não suporta esse video.

A chancelaria da Venezuela pediu ao governo brasileiro que proteja seus cidadãos, após um confronto que terminou na destruição de abrigos de imigrantes venezuelanos no sábado, na cidade de Pacaraima, em Roraima. O incidente ocorreu após uma suposta agressão a um comerciante local.

Segundo explicou Valásquez, a greve será "por tempo definido de 24 horas", embora também tenha dito que este é "um primeiro passo de uma agenda de luta que certamente vai ter outras interrupções".

"As medidas anunciadas na sexta-feira passada não são nenhum plano de recuperação econômica para o país. Pelo contrário, o que representa para o povo venezuelano é mais fome, é mais ruína, mais pobreza, mais sofrimento, mais dor, mais inflação", disse o político.

Não está claro como a greve será articulada sem a participação de outros partidos opositores.

Manifestações por direitos trabalhistas, contra a falta de alimentos e medicamentos e as falhas de serviços como água e luz se multiplicam, com uma oposição dividida e fragilizada.

O setor privado, além disso, trabalha apenas a 30% de sua capacidade devido ao colapso da economia, enquanto o governo exerce um férreo controle sobre o funcionalismo público. / AFP, EFE e REUTERS

CARACAS - As novas cédulas da moeda venezuelana, o bolívar soberano, sem cinco zeros, entraram em circulação nesta segunda-feira, 20, na Venezuela em meio a falta de informação, lojas fechadas, pane no sistema bancário e temor da população em relação ao pacote econômico. As novas medidas, apelidadas de “Maduraço”, tentam controlar a hiperinflação, projetada em 1.000.000% para 2018 pelo FMI, ante uma crise devastadora que levou milhões de venezuelanos a abandonar o país. A oposição convocou para esta terça-feira, 21, protestos contra as medidas em todo o país.

Tomados pela incerteza, muitos comerciantes fecharam suas lojas no fim de semana em Caracas e em outras cidades, depois de meses de uma economia atingida por uma hiperinflação projetada em 1.000.000% para 2018 pelo FMI, e longas filas nos postos de gasolina ante um anunciado aumento dos preços.

Maduro exibe a nota de 500 bolívares soberanos, a mais alta do novo sistema monetário da Venezuela Foto: Miraflores Palace/Handout via REUTERS

Maduro, confrontado com uma enorme insatisfação popular, garante que a emissão de novas cédulas será o ponto de partida para "uma grande mudança". A maior nota será de 500 bolívares (cerca de US$ 7 no mercado negro).

No entanto, os especialistas consideram inviável um programa que inclui um aumento do salário mínimo de quase 3.500% a partir de 1º de setembro, um novo sistema cambiário que resultará numa macrodesvalorização e altas do combustível e impostos.

O presidente também anunciou que o governo assumirá por 90 dias o aumento salarial que deverão realizar as pequenas e médias empresas.

"É uma coisa de louco", declarou Henkel García, diretor da consultora Econométrica, ao considerar que o reajuste dos salários implicará um novo aumento da massa monetária, raiz da hiperinflação.

Inflação: Quanto se gasta para fazer compras na Venezuela

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Queijo: 7,5 milhões de bolívares

Foto: REUTERS/Carlos Garcia Rawlins
2 | 13

Pacote de absorventes: 3,5 milhões de bolívares

Foto: REUTERS/Carlos Garcia Rawlins
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Um quilo de arroz: 2,5 milhões de bolívares

Foto: REUTERS/Carlos Garcia Rawlins
4 | 13

500 g de margarina: 3 milhões de bolívares

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1 quilo de cenouras: 3 milhões de bolívares

Foto: REUTERS/Carlos Garcia Rawlins
6 | 13

1 quilo de farinha de milho: 2,5 milhões de bolívares

Foto: REUTERS/Carlos Garcia Rawlins
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Sabonete: 3,5 milhões de bolívares

Foto: REUTERS/Carlos Garcia Rawlins
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Pacote de fraldas: 8 milhões de bolívares

Foto: REUTERS/Carlos Garcia Rawlins
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2,4 quilos de frango: 14,6 milhões de bolívares

Foto: REUTERS/Carlos Garcia Rawlins
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Um rolo de papel higiênico: 2,6 milhões de bolívares

Foto: REUTERS/Carlos Garcia Rawlins
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1 quilo de macarrão: 2,5 milhões de bolívares

Foto: REUTERS/Carlos Garcia Rawlins
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1 quilo de carne vermelha: 9,5 milhões de bolívares

Foto: REUTERS/Carlos Garcia Rawlins
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1 quilo de tomates: 5 milhões de bolívares

Foto: REUTERS/Carlos Garcia Rawlins

Com uma indústria do petróleo em queda vertiginosa e sem financiamento internacional, o acesso a dinheiro fresco é inviável.

A produção de petróleo - fonte de 96% das receitas - desabou de 3,2 milhões de barris diários em 2008 a 1,4 milhão em julho, enquanto que o déficit fiscal se aproxima dos 20% do PIB, segundo consultoras privadas.

"Se você mantém o déficit e a emissão desordenada de dinheiro para cobrir esse déficit, a crise continuará se agravando", destacou o economista Jean Paul Leidenz.

A emissão das novas cédulas chega apenas 20 meses depois que o governo lançou cédulas de alta denominação, diluídas pela inflação e a desvalorização acelerada.

Esta é a segunda reconversão em uma década, depois que o falecidopresidente Hugo Chávez (1999-2013) eliminou, em 2008, três zeros da moeda e criou o "bolívar forte", que agora se chama "bolívar soberano".

Seu navegador não suporta esse video.

Nicolás Maduro anunciou uma mudança nos subsídios para combustíveis na Venezuela. O tom vago do anúncio levou muitos venezuelanos a correr para os postos com medo de a gasolina passar a custar o preço internacional, impensável para quem vive com o salário mínimo de um dólar.

Crise regional

A aplicação do programa de Maduro coincide com graves tensões migratórias e o êxodo em massa de venezuelanos. A ONU avalia que 2,3 milhões de venezuelanos imigraram para fugir da crise.

O Brasil enviará tropas a sua fronteira depois que, em reação ao assalto de cidadãos venezuelanos, os moradores da cidade Pacaraima, na fronteira de Roraima com o país vizinho, queimaram no sábado os acampamentos de imigrantes venezuelanos, que chegaram em massa no último ano ao País.

A Venezuela exigiu que as autoridades brasileiras protejam seus cidadãos.

O Equador começou no sábado a bloquear a passagem de venezuelanos em suas fronteiras, exigindo passaporte invés de carteiras de identidade.

O Peru adotou medida similar e, em função disso, a Colômbia teme que milhares de venezuelanos tentem entrar em seu território.

Ante o aumento das tensões, o secretário-geral da Organização de Estados Americanos (OEA), Luis Almagro, pediu para que se "mantenha as portas abertas ao povo da Venezuela, vítima da pior crise humanitária que o continente já viu".

Protestos contra Maduro

Por causa destas medidas, três partidos opositores, a Causa R do dirigente Andrés Velásquez, o Vontade Popular (VP) liderado pelo político preso Leopoldo López e o Primeiro Justiça (PJ) do ex-presidente do Parlamento, convocaram para terça-feira uma greve e um protesto nacional.

Seu navegador não suporta esse video.

A chancelaria da Venezuela pediu ao governo brasileiro que proteja seus cidadãos, após um confronto que terminou na destruição de abrigos de imigrantes venezuelanos no sábado, na cidade de Pacaraima, em Roraima. O incidente ocorreu após uma suposta agressão a um comerciante local.

Segundo explicou Valásquez, a greve será "por tempo definido de 24 horas", embora também tenha dito que este é "um primeiro passo de uma agenda de luta que certamente vai ter outras interrupções".

"As medidas anunciadas na sexta-feira passada não são nenhum plano de recuperação econômica para o país. Pelo contrário, o que representa para o povo venezuelano é mais fome, é mais ruína, mais pobreza, mais sofrimento, mais dor, mais inflação", disse o político.

Não está claro como a greve será articulada sem a participação de outros partidos opositores.

Manifestações por direitos trabalhistas, contra a falta de alimentos e medicamentos e as falhas de serviços como água e luz se multiplicam, com uma oposição dividida e fragilizada.

O setor privado, além disso, trabalha apenas a 30% de sua capacidade devido ao colapso da economia, enquanto o governo exerce um férreo controle sobre o funcionalismo público. / AFP, EFE e REUTERS

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