Guiana: entenda a importância do petróleo para a disputa territorial do país com a Venezuela


A descoberta de petróleo bruto no país em 2015 pela empresa americana do setor petrolífero ExxonMobil transformou a economia da Guiana, que possui cerca de 11 bilhões de barris de reservas provas de petróleo bruto

Por Redação
Atualização:

As reservas de petróleo no território da Guiana são um fator chave para entender a disputa entre o único país de língua inglesa na América do Sul e a Venezuela, que tem um plebiscito marcado para o domingo, 3, com o intuito de decidir se deve tentar anexar a região de Essequibo, que é território da Guiana.

A descoberta de petróleo bruto no país em 2015 pela empresa americana do setor petrolífero ExxonMobil transformou a economia da Guiana. A ex-colônia britânica possui cerca de 11 bilhões de barris de reservas provadas de petróleo bruto, ou cerca de 0,6% do total mundial. A produção começou três anos atrás e agora está aumentando o ritmo.

Até 2028, o país pode chegar a produzir 1,2 milhão de barris por dia – uma marca que hoje tornaria a Guiana um dos 20 principais produtores de petróleo.

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O ditador da Venezuela, Nicolás Maduro, participa de comício a favor da anexação de Essequibo, uma região que faz parte do território da Guiana  Foto: Miguel Gutiérrez/ EFE

Exploração

A Guiana é uma das economias que cresce de forma mais rápida no mundo e teme não conseguir explorar todo o potencial petrolífero disponível. Segundo o Fundo Monetário Internacional (FMI), o país cresceu 62% no ano passado e deverá somar mais 37% este ano. Essa é a taxa de crescimento mais rápida em qualquer lugar do mundo.

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O país tenta seguir ao mesmo tempo o que foi discutido no Acordo de Paris de 2015, quando os países prometeram reduzir as suas emissões de gases com efeito de estufa para zero até 2050. Isso significa tentar reduzir a utilização de petróleo.

Em entrevista à BBC, o presidente do país, Irfaan Ali, chegou a admitir que o tempo “não está do seu lado”, embora tenha acrescentado que a Guiana está fazendo de tudo para aumentar a produção de petróleo cada vez mais.

A ExxonMobil e seus parceiros não estão perdendo tempo em lançar o país no mercado. “É um objetivo do governo – e nosso também – acelerar o desenvolvimento dos recursos aqui o mais rápido possível”, disse Meghan Macdonald, porta-voz da empresa. Em parte, isso também significa maximizar os lucros enquanto os preços do petróleo estão altos.

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Apoiadores venezuelanos da anexação da região de Essequibo, que faz parte do território da Guiana, participam de comício em Caracas, Venezuela  Foto: Pedro Rances Mattey/ AFP

A sorte inesperada da Guiana está reanimando a produção de petróleo da América Latina. De acordo com um relatório recente da Agência Internacional de Energia, a produção global aumentará 5,8 milhões de barris por dia até 2028. Cerca de um quarto da oferta adicional virá da América Latina, deixando para trás aproximadamente uma década de queda na produção da região. Em meio a isso, a produção na Argentina, no Brasil e na Guiana crescerá e cairá no resto do mundo.

A descoberta ocorreu paralelamente ao sucateamento da indústria petrolífera venezuelana, afundada em casos de corrupção e mau gerenciamento. As sanções impostas pelos Estados Unidos em 2017 agravaram a situação do setor. A PDVSA, que em 2008 produzia mais de 3 milhões de barris por dia, hoje, produz apenas 800 mil, segundo a Reuters.

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Resposta

O referendo venezuelano é uma resposta da Venezuela ao leilão de exploração de petróleo anunciado pela Guiana este ano. Caracas alega que Georgetown não tem o direito de lançar concessões em áreas marítimas na região e lançou a ofensiva.

Esse é o ponto mais alto da disputa que se intensifica desde 2015. Naquele ano, a crise na Venezuela já dava o sinais do colapso que estava por vir. Enquanto a inflação disparava e o governo se afundava em dívidas, o ditador Nicolás Maduro prometia uma “grande vitória”: a retomada do Essequibo.

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Após declarar independência da Espanha, em 1811, a Venezuela avançou em direção ao rio. Três anos depois, o Reino Unido assumiu o controle do que hoje é Guiana, em um acordo com a Holanda. A definição das fronteiras ficou em aberto e a coroa Britânica ficou com o território em disputa.

Nas décadas seguintes, a Venezuela passou a disputar a fronteira e recorreu à ajuda dos Estados Unidos, algo que hoje seria impensável. A saída diplomática veio em 1899, quando foi convocado um tribunal composto por dois americanos (indicados pela Venezuela), dois britânicos e um russo para o desempate. Ficou decidido que o território pertencia à então Guiana inglesa.

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Cinco décadas mais tarde, a Venezuela voltou a contestar o território alegando que o juiz russo fez parte de um complô com os britânicos. A discussão se arrastou até 1966, quando um acordo firmado em Genebra, meses antes da independência da Guiana, abriu o caminho para uma solução negociada, mas nunca houve consenso.

“Recorremos ao acordo de Genebra, que se firmou quando o Reino Unido decidiu dar a independência a Guiana, segundo o qual as partes se comprometem a buscar uma solução prática”, justificou Nicolás Maduro em vídeo que celebrava os 55 anos da negociação. “Então esse território historicamente e legalmente é venezuelano, todo ele, até o rio Essequibo”, concluiu.

As reservas de petróleo no território da Guiana são um fator chave para entender a disputa entre o único país de língua inglesa na América do Sul e a Venezuela, que tem um plebiscito marcado para o domingo, 3, com o intuito de decidir se deve tentar anexar a região de Essequibo, que é território da Guiana.

A descoberta de petróleo bruto no país em 2015 pela empresa americana do setor petrolífero ExxonMobil transformou a economia da Guiana. A ex-colônia britânica possui cerca de 11 bilhões de barris de reservas provadas de petróleo bruto, ou cerca de 0,6% do total mundial. A produção começou três anos atrás e agora está aumentando o ritmo.

Até 2028, o país pode chegar a produzir 1,2 milhão de barris por dia – uma marca que hoje tornaria a Guiana um dos 20 principais produtores de petróleo.

O ditador da Venezuela, Nicolás Maduro, participa de comício a favor da anexação de Essequibo, uma região que faz parte do território da Guiana  Foto: Miguel Gutiérrez/ EFE

Exploração

A Guiana é uma das economias que cresce de forma mais rápida no mundo e teme não conseguir explorar todo o potencial petrolífero disponível. Segundo o Fundo Monetário Internacional (FMI), o país cresceu 62% no ano passado e deverá somar mais 37% este ano. Essa é a taxa de crescimento mais rápida em qualquer lugar do mundo.

O país tenta seguir ao mesmo tempo o que foi discutido no Acordo de Paris de 2015, quando os países prometeram reduzir as suas emissões de gases com efeito de estufa para zero até 2050. Isso significa tentar reduzir a utilização de petróleo.

Em entrevista à BBC, o presidente do país, Irfaan Ali, chegou a admitir que o tempo “não está do seu lado”, embora tenha acrescentado que a Guiana está fazendo de tudo para aumentar a produção de petróleo cada vez mais.

A ExxonMobil e seus parceiros não estão perdendo tempo em lançar o país no mercado. “É um objetivo do governo – e nosso também – acelerar o desenvolvimento dos recursos aqui o mais rápido possível”, disse Meghan Macdonald, porta-voz da empresa. Em parte, isso também significa maximizar os lucros enquanto os preços do petróleo estão altos.

Apoiadores venezuelanos da anexação da região de Essequibo, que faz parte do território da Guiana, participam de comício em Caracas, Venezuela  Foto: Pedro Rances Mattey/ AFP

A sorte inesperada da Guiana está reanimando a produção de petróleo da América Latina. De acordo com um relatório recente da Agência Internacional de Energia, a produção global aumentará 5,8 milhões de barris por dia até 2028. Cerca de um quarto da oferta adicional virá da América Latina, deixando para trás aproximadamente uma década de queda na produção da região. Em meio a isso, a produção na Argentina, no Brasil e na Guiana crescerá e cairá no resto do mundo.

A descoberta ocorreu paralelamente ao sucateamento da indústria petrolífera venezuelana, afundada em casos de corrupção e mau gerenciamento. As sanções impostas pelos Estados Unidos em 2017 agravaram a situação do setor. A PDVSA, que em 2008 produzia mais de 3 milhões de barris por dia, hoje, produz apenas 800 mil, segundo a Reuters.

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O referendo venezuelano é uma resposta da Venezuela ao leilão de exploração de petróleo anunciado pela Guiana este ano. Caracas alega que Georgetown não tem o direito de lançar concessões em áreas marítimas na região e lançou a ofensiva.

Esse é o ponto mais alto da disputa que se intensifica desde 2015. Naquele ano, a crise na Venezuela já dava o sinais do colapso que estava por vir. Enquanto a inflação disparava e o governo se afundava em dívidas, o ditador Nicolás Maduro prometia uma “grande vitória”: a retomada do Essequibo.

Após declarar independência da Espanha, em 1811, a Venezuela avançou em direção ao rio. Três anos depois, o Reino Unido assumiu o controle do que hoje é Guiana, em um acordo com a Holanda. A definição das fronteiras ficou em aberto e a coroa Britânica ficou com o território em disputa.

Nas décadas seguintes, a Venezuela passou a disputar a fronteira e recorreu à ajuda dos Estados Unidos, algo que hoje seria impensável. A saída diplomática veio em 1899, quando foi convocado um tribunal composto por dois americanos (indicados pela Venezuela), dois britânicos e um russo para o desempate. Ficou decidido que o território pertencia à então Guiana inglesa.

Cinco décadas mais tarde, a Venezuela voltou a contestar o território alegando que o juiz russo fez parte de um complô com os britânicos. A discussão se arrastou até 1966, quando um acordo firmado em Genebra, meses antes da independência da Guiana, abriu o caminho para uma solução negociada, mas nunca houve consenso.

“Recorremos ao acordo de Genebra, que se firmou quando o Reino Unido decidiu dar a independência a Guiana, segundo o qual as partes se comprometem a buscar uma solução prática”, justificou Nicolás Maduro em vídeo que celebrava os 55 anos da negociação. “Então esse território historicamente e legalmente é venezuelano, todo ele, até o rio Essequibo”, concluiu.

As reservas de petróleo no território da Guiana são um fator chave para entender a disputa entre o único país de língua inglesa na América do Sul e a Venezuela, que tem um plebiscito marcado para o domingo, 3, com o intuito de decidir se deve tentar anexar a região de Essequibo, que é território da Guiana.

A descoberta de petróleo bruto no país em 2015 pela empresa americana do setor petrolífero ExxonMobil transformou a economia da Guiana. A ex-colônia britânica possui cerca de 11 bilhões de barris de reservas provadas de petróleo bruto, ou cerca de 0,6% do total mundial. A produção começou três anos atrás e agora está aumentando o ritmo.

Até 2028, o país pode chegar a produzir 1,2 milhão de barris por dia – uma marca que hoje tornaria a Guiana um dos 20 principais produtores de petróleo.

O ditador da Venezuela, Nicolás Maduro, participa de comício a favor da anexação de Essequibo, uma região que faz parte do território da Guiana  Foto: Miguel Gutiérrez/ EFE

Exploração

A Guiana é uma das economias que cresce de forma mais rápida no mundo e teme não conseguir explorar todo o potencial petrolífero disponível. Segundo o Fundo Monetário Internacional (FMI), o país cresceu 62% no ano passado e deverá somar mais 37% este ano. Essa é a taxa de crescimento mais rápida em qualquer lugar do mundo.

O país tenta seguir ao mesmo tempo o que foi discutido no Acordo de Paris de 2015, quando os países prometeram reduzir as suas emissões de gases com efeito de estufa para zero até 2050. Isso significa tentar reduzir a utilização de petróleo.

Em entrevista à BBC, o presidente do país, Irfaan Ali, chegou a admitir que o tempo “não está do seu lado”, embora tenha acrescentado que a Guiana está fazendo de tudo para aumentar a produção de petróleo cada vez mais.

A ExxonMobil e seus parceiros não estão perdendo tempo em lançar o país no mercado. “É um objetivo do governo – e nosso também – acelerar o desenvolvimento dos recursos aqui o mais rápido possível”, disse Meghan Macdonald, porta-voz da empresa. Em parte, isso também significa maximizar os lucros enquanto os preços do petróleo estão altos.

Apoiadores venezuelanos da anexação da região de Essequibo, que faz parte do território da Guiana, participam de comício em Caracas, Venezuela  Foto: Pedro Rances Mattey/ AFP

A sorte inesperada da Guiana está reanimando a produção de petróleo da América Latina. De acordo com um relatório recente da Agência Internacional de Energia, a produção global aumentará 5,8 milhões de barris por dia até 2028. Cerca de um quarto da oferta adicional virá da América Latina, deixando para trás aproximadamente uma década de queda na produção da região. Em meio a isso, a produção na Argentina, no Brasil e na Guiana crescerá e cairá no resto do mundo.

A descoberta ocorreu paralelamente ao sucateamento da indústria petrolífera venezuelana, afundada em casos de corrupção e mau gerenciamento. As sanções impostas pelos Estados Unidos em 2017 agravaram a situação do setor. A PDVSA, que em 2008 produzia mais de 3 milhões de barris por dia, hoje, produz apenas 800 mil, segundo a Reuters.

Resposta

O referendo venezuelano é uma resposta da Venezuela ao leilão de exploração de petróleo anunciado pela Guiana este ano. Caracas alega que Georgetown não tem o direito de lançar concessões em áreas marítimas na região e lançou a ofensiva.

Esse é o ponto mais alto da disputa que se intensifica desde 2015. Naquele ano, a crise na Venezuela já dava o sinais do colapso que estava por vir. Enquanto a inflação disparava e o governo se afundava em dívidas, o ditador Nicolás Maduro prometia uma “grande vitória”: a retomada do Essequibo.

Após declarar independência da Espanha, em 1811, a Venezuela avançou em direção ao rio. Três anos depois, o Reino Unido assumiu o controle do que hoje é Guiana, em um acordo com a Holanda. A definição das fronteiras ficou em aberto e a coroa Britânica ficou com o território em disputa.

Nas décadas seguintes, a Venezuela passou a disputar a fronteira e recorreu à ajuda dos Estados Unidos, algo que hoje seria impensável. A saída diplomática veio em 1899, quando foi convocado um tribunal composto por dois americanos (indicados pela Venezuela), dois britânicos e um russo para o desempate. Ficou decidido que o território pertencia à então Guiana inglesa.

Cinco décadas mais tarde, a Venezuela voltou a contestar o território alegando que o juiz russo fez parte de um complô com os britânicos. A discussão se arrastou até 1966, quando um acordo firmado em Genebra, meses antes da independência da Guiana, abriu o caminho para uma solução negociada, mas nunca houve consenso.

“Recorremos ao acordo de Genebra, que se firmou quando o Reino Unido decidiu dar a independência a Guiana, segundo o qual as partes se comprometem a buscar uma solução prática”, justificou Nicolás Maduro em vídeo que celebrava os 55 anos da negociação. “Então esse território historicamente e legalmente é venezuelano, todo ele, até o rio Essequibo”, concluiu.

As reservas de petróleo no território da Guiana são um fator chave para entender a disputa entre o único país de língua inglesa na América do Sul e a Venezuela, que tem um plebiscito marcado para o domingo, 3, com o intuito de decidir se deve tentar anexar a região de Essequibo, que é território da Guiana.

A descoberta de petróleo bruto no país em 2015 pela empresa americana do setor petrolífero ExxonMobil transformou a economia da Guiana. A ex-colônia britânica possui cerca de 11 bilhões de barris de reservas provadas de petróleo bruto, ou cerca de 0,6% do total mundial. A produção começou três anos atrás e agora está aumentando o ritmo.

Até 2028, o país pode chegar a produzir 1,2 milhão de barris por dia – uma marca que hoje tornaria a Guiana um dos 20 principais produtores de petróleo.

O ditador da Venezuela, Nicolás Maduro, participa de comício a favor da anexação de Essequibo, uma região que faz parte do território da Guiana  Foto: Miguel Gutiérrez/ EFE

Exploração

A Guiana é uma das economias que cresce de forma mais rápida no mundo e teme não conseguir explorar todo o potencial petrolífero disponível. Segundo o Fundo Monetário Internacional (FMI), o país cresceu 62% no ano passado e deverá somar mais 37% este ano. Essa é a taxa de crescimento mais rápida em qualquer lugar do mundo.

O país tenta seguir ao mesmo tempo o que foi discutido no Acordo de Paris de 2015, quando os países prometeram reduzir as suas emissões de gases com efeito de estufa para zero até 2050. Isso significa tentar reduzir a utilização de petróleo.

Em entrevista à BBC, o presidente do país, Irfaan Ali, chegou a admitir que o tempo “não está do seu lado”, embora tenha acrescentado que a Guiana está fazendo de tudo para aumentar a produção de petróleo cada vez mais.

A ExxonMobil e seus parceiros não estão perdendo tempo em lançar o país no mercado. “É um objetivo do governo – e nosso também – acelerar o desenvolvimento dos recursos aqui o mais rápido possível”, disse Meghan Macdonald, porta-voz da empresa. Em parte, isso também significa maximizar os lucros enquanto os preços do petróleo estão altos.

Apoiadores venezuelanos da anexação da região de Essequibo, que faz parte do território da Guiana, participam de comício em Caracas, Venezuela  Foto: Pedro Rances Mattey/ AFP

A sorte inesperada da Guiana está reanimando a produção de petróleo da América Latina. De acordo com um relatório recente da Agência Internacional de Energia, a produção global aumentará 5,8 milhões de barris por dia até 2028. Cerca de um quarto da oferta adicional virá da América Latina, deixando para trás aproximadamente uma década de queda na produção da região. Em meio a isso, a produção na Argentina, no Brasil e na Guiana crescerá e cairá no resto do mundo.

A descoberta ocorreu paralelamente ao sucateamento da indústria petrolífera venezuelana, afundada em casos de corrupção e mau gerenciamento. As sanções impostas pelos Estados Unidos em 2017 agravaram a situação do setor. A PDVSA, que em 2008 produzia mais de 3 milhões de barris por dia, hoje, produz apenas 800 mil, segundo a Reuters.

Resposta

O referendo venezuelano é uma resposta da Venezuela ao leilão de exploração de petróleo anunciado pela Guiana este ano. Caracas alega que Georgetown não tem o direito de lançar concessões em áreas marítimas na região e lançou a ofensiva.

Esse é o ponto mais alto da disputa que se intensifica desde 2015. Naquele ano, a crise na Venezuela já dava o sinais do colapso que estava por vir. Enquanto a inflação disparava e o governo se afundava em dívidas, o ditador Nicolás Maduro prometia uma “grande vitória”: a retomada do Essequibo.

Após declarar independência da Espanha, em 1811, a Venezuela avançou em direção ao rio. Três anos depois, o Reino Unido assumiu o controle do que hoje é Guiana, em um acordo com a Holanda. A definição das fronteiras ficou em aberto e a coroa Britânica ficou com o território em disputa.

Nas décadas seguintes, a Venezuela passou a disputar a fronteira e recorreu à ajuda dos Estados Unidos, algo que hoje seria impensável. A saída diplomática veio em 1899, quando foi convocado um tribunal composto por dois americanos (indicados pela Venezuela), dois britânicos e um russo para o desempate. Ficou decidido que o território pertencia à então Guiana inglesa.

Cinco décadas mais tarde, a Venezuela voltou a contestar o território alegando que o juiz russo fez parte de um complô com os britânicos. A discussão se arrastou até 1966, quando um acordo firmado em Genebra, meses antes da independência da Guiana, abriu o caminho para uma solução negociada, mas nunca houve consenso.

“Recorremos ao acordo de Genebra, que se firmou quando o Reino Unido decidiu dar a independência a Guiana, segundo o qual as partes se comprometem a buscar uma solução prática”, justificou Nicolás Maduro em vídeo que celebrava os 55 anos da negociação. “Então esse território historicamente e legalmente é venezuelano, todo ele, até o rio Essequibo”, concluiu.

As reservas de petróleo no território da Guiana são um fator chave para entender a disputa entre o único país de língua inglesa na América do Sul e a Venezuela, que tem um plebiscito marcado para o domingo, 3, com o intuito de decidir se deve tentar anexar a região de Essequibo, que é território da Guiana.

A descoberta de petróleo bruto no país em 2015 pela empresa americana do setor petrolífero ExxonMobil transformou a economia da Guiana. A ex-colônia britânica possui cerca de 11 bilhões de barris de reservas provadas de petróleo bruto, ou cerca de 0,6% do total mundial. A produção começou três anos atrás e agora está aumentando o ritmo.

Até 2028, o país pode chegar a produzir 1,2 milhão de barris por dia – uma marca que hoje tornaria a Guiana um dos 20 principais produtores de petróleo.

O ditador da Venezuela, Nicolás Maduro, participa de comício a favor da anexação de Essequibo, uma região que faz parte do território da Guiana  Foto: Miguel Gutiérrez/ EFE

Exploração

A Guiana é uma das economias que cresce de forma mais rápida no mundo e teme não conseguir explorar todo o potencial petrolífero disponível. Segundo o Fundo Monetário Internacional (FMI), o país cresceu 62% no ano passado e deverá somar mais 37% este ano. Essa é a taxa de crescimento mais rápida em qualquer lugar do mundo.

O país tenta seguir ao mesmo tempo o que foi discutido no Acordo de Paris de 2015, quando os países prometeram reduzir as suas emissões de gases com efeito de estufa para zero até 2050. Isso significa tentar reduzir a utilização de petróleo.

Em entrevista à BBC, o presidente do país, Irfaan Ali, chegou a admitir que o tempo “não está do seu lado”, embora tenha acrescentado que a Guiana está fazendo de tudo para aumentar a produção de petróleo cada vez mais.

A ExxonMobil e seus parceiros não estão perdendo tempo em lançar o país no mercado. “É um objetivo do governo – e nosso também – acelerar o desenvolvimento dos recursos aqui o mais rápido possível”, disse Meghan Macdonald, porta-voz da empresa. Em parte, isso também significa maximizar os lucros enquanto os preços do petróleo estão altos.

Apoiadores venezuelanos da anexação da região de Essequibo, que faz parte do território da Guiana, participam de comício em Caracas, Venezuela  Foto: Pedro Rances Mattey/ AFP

A sorte inesperada da Guiana está reanimando a produção de petróleo da América Latina. De acordo com um relatório recente da Agência Internacional de Energia, a produção global aumentará 5,8 milhões de barris por dia até 2028. Cerca de um quarto da oferta adicional virá da América Latina, deixando para trás aproximadamente uma década de queda na produção da região. Em meio a isso, a produção na Argentina, no Brasil e na Guiana crescerá e cairá no resto do mundo.

A descoberta ocorreu paralelamente ao sucateamento da indústria petrolífera venezuelana, afundada em casos de corrupção e mau gerenciamento. As sanções impostas pelos Estados Unidos em 2017 agravaram a situação do setor. A PDVSA, que em 2008 produzia mais de 3 milhões de barris por dia, hoje, produz apenas 800 mil, segundo a Reuters.

Resposta

O referendo venezuelano é uma resposta da Venezuela ao leilão de exploração de petróleo anunciado pela Guiana este ano. Caracas alega que Georgetown não tem o direito de lançar concessões em áreas marítimas na região e lançou a ofensiva.

Esse é o ponto mais alto da disputa que se intensifica desde 2015. Naquele ano, a crise na Venezuela já dava o sinais do colapso que estava por vir. Enquanto a inflação disparava e o governo se afundava em dívidas, o ditador Nicolás Maduro prometia uma “grande vitória”: a retomada do Essequibo.

Após declarar independência da Espanha, em 1811, a Venezuela avançou em direção ao rio. Três anos depois, o Reino Unido assumiu o controle do que hoje é Guiana, em um acordo com a Holanda. A definição das fronteiras ficou em aberto e a coroa Britânica ficou com o território em disputa.

Nas décadas seguintes, a Venezuela passou a disputar a fronteira e recorreu à ajuda dos Estados Unidos, algo que hoje seria impensável. A saída diplomática veio em 1899, quando foi convocado um tribunal composto por dois americanos (indicados pela Venezuela), dois britânicos e um russo para o desempate. Ficou decidido que o território pertencia à então Guiana inglesa.

Cinco décadas mais tarde, a Venezuela voltou a contestar o território alegando que o juiz russo fez parte de um complô com os britânicos. A discussão se arrastou até 1966, quando um acordo firmado em Genebra, meses antes da independência da Guiana, abriu o caminho para uma solução negociada, mas nunca houve consenso.

“Recorremos ao acordo de Genebra, que se firmou quando o Reino Unido decidiu dar a independência a Guiana, segundo o qual as partes se comprometem a buscar uma solução prática”, justificou Nicolás Maduro em vídeo que celebrava os 55 anos da negociação. “Então esse território historicamente e legalmente é venezuelano, todo ele, até o rio Essequibo”, concluiu.

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