Uma jornalista venezuelana foi presa neste domingo, 25, em Caracas, junto com o seu filho, por policiais que teriam invadido a casa onde eles moram, segundo o Sindicato Nacional de Trabalhadores da Imprensa (SNTP) da Venezuela, que vem monitorando o caso. Carmela Longo é especializada em cobrir celebridades e muito conhecida no país.
O sindicato anunciou as prisões em uma publicação na rede social X, antigo Twitter. “Efetivos da Polícia Nacional levaram a jornalista e seu filho”, afirmou, após informar sobre uma operação na residência de Carmela mais cedo.
Nesta segunda-feira, 26, em novas publicações, o sindicato afirmou que o filho de Carmela foi liberado após ser interrogado na sede da Diretoria de Investigação (DIP). Ainda segundo informações do sindicato, a acusação da procuradoria venezuelana contra a jornalista envolve “instigação ao ódio” e “terrorismo” - ela permanecerá detida e será apresentada na terça-feira, 27, à Justiça, em um tribunal especializado em julgar casos de terrorismo.
Oficialmente, as autoridades não anunciaram nenhuma medida contra a comunicadora. As informações sobre as acusações teriam sido repassadas por policiais a integrantes do sindicato.
A casa de Carmela já havia sido invadida anteriormente e os agentes do governo de Nicolás Maduro confiscaram computadores da jornalista. A sua prisão é a sétima de um repórter ou editor contabilizada pelo SNTP após as eleições de 28 de julho. Apesar das denúncias de fraude pela oposição, as autoridades eleitorais venezuelanas confirmaram Maduro como vencedor do pleito.
“Registro com preocupação a detenção da jornalista Carmela Longo”, afirmou Pedro Vaca, relator especial para a Liberdade de Expressão da Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH). “Continua a repressão contra o jornalismo na Venezuela. A comunidade internacional que acredita na democracia deve condenar a repressão e exigir a libertação das pessoas detidas”, escreveu em sua conta no X.
Os protestos realizados após o questionado resultado das eleições na Venezuela já deixaram 27 mortos, sendo dois militares, cerca de 200 feridos e mais de 2.400 detidos. Maduro os classifica como “terroristas”.
A detenção de Carmela ocorre depois que a jornalista informou, na terça-feira passada, dia 20 de agosto, sobre sua demissão do jornal Últimas Noticias, de linha chavista, onde trabalhou por quase duas décadas. Antes de ser vendido, em 2013, o jornal era crítico do chavismo.
O SNTP já denunciou a demissão de dezenas de trabalhadores de meios de comunicação estatais por interações em redes sociais a favor da oposição. Maduro acusa seus rivais de usar as redes para lançar “campanhas de ódio” e ordenou o bloqueio da plataforma X. / COM AFP