CARACAS - O governo da Venezuela pediu esta semana aos venezuelanos que vejam os coelhos como algo mais que "um bonito animal de estimação", buscando defender um plano que promove sua criação e consumo, em meio a duras críticas dos opositores, que rejeitam esse tipo de ideia como solução para a crônica escassez de alimentos.
Desde que a presidência decidiu impulsionar o "Plano Coelho", que se soma a outras iniciativas do governo de Nicolás Maduro", que financia projetos para ensinar os cidadãos a plantar alimentos nas lajes e balcões de suas casas, replicando ideias como a de criar galinhas, promovida por seu mentor político, o presidente Hugo Chávez, morto em 2013.
"Há um problema cultural, pois nos ensinaram que o coelho é um animal de estimação. Ele não é um mascote, são dois quilos de carne com alta proteína e sem colesterol", afirmou Freddy Bernal, ministro para a Agricultura Urbana. Ele calcula que se pode obter até 80 coelhos por ano com apenas uma coelha.
Imediatamente páginas de internet do gobierno começaram a enumerar os benefícios de criar e consumir carne de coelho, em um país que, segundo dados oficiais mais recentes, de 2014, reduziu em dois anos o consumo de carne de porco, vaca e galinha.
"A carne (de coelho) é um alimento recomendado para quando queremos aumentar nossa massa muscular em razão do elevado conteúdo de proteínas de alto valor biológico", disse um artigo divulgado no Facebook pela equipe de Bernal.
Maduro vem denunciando que há dificuldade para importar comida e remédios por um bloqueio financeiro e econômico causado pelas sanções impostas em agosto pelo governo do presidente americano, Donald Trump.
A promoção do "Plano Coelho" desatou críticas entre os opositores de Maduro que, nas redes sociais, disseram que essa não é uma solução para as "falhas nutricionais" que, segundo estudos privados, afetam um terço das crianças mais pobres.
"Vocês estão falando sério? Vocês querem que as pessoas comecem a criar coelhos para resolver o problema de fome em nosso país?", questionou o governador do Estado de Miranda e duas vezes candidato à presidência pela oposição, Henrique Capriles. "Se vocês não conseguem fazer com que o país produza alimentos, vão embora", acrescentou. / REUTERS
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A crise política e econômica na Venezuela tem como principal vítima a população. O país vive uma escassez absoluta de produtos de primeira necessidade, que muitas vezes faz do dia das pessoas uma via-crúcis.