Milhares de pessoas protestam contra fraude de Maduro e derrubam estátuas de Chávez na Venezuela


Foram registradas manifestações em bairros de Caracas e cidades ao redor, com tentativas de fechamento de rodovias, panelaço e pessoas gritando das janelas

Por Redação
Atualização:

Milhares de venezuelanos se arriscaram a ir às ruas e a fechar rodovias nesta segunda-feira, 29, para protestar contra a proclamação do ditador Nicolás Maduro como vencedor das eleições. Diversas cidades, incluindo a capital Caracas, registraram movimentos espontâneos, que se desenvolveram em passeatas nas ruas, panelaços e até mesmo a derrubada de uma estátua de Hugo Chavéz.

Pouco depois que o Conselho Eleitoral Nacional (CNE), que é controlado pelo partido governista de Maduro, anunciou que ele havia conquistado um terceiro mandato de seis anos, manifestantes indignados começaram a marchar por Caracas e por cidades por toda a Venezuela.

Novos protestos pacíficos foram convocados por María Corina Machado para terça-feira, 29, contra Maduro. O ditador, por sua vez, também mobilizou sua militância para amanhã, oque aumenta o risco de enfrentamento.

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Em um discurso na sede presidêncial, Maduro pediu pela “máxima mobilização cívico-militar-policial para defender a paz” e instou uma vigília contra o que chamou de insurreição e golpe de estado.

Na capital, os protestos foram majoritariamente pacíficos, mas quando dezenas de policiais bloquearam uma passeata, uma briga começou. A polícia usou gás lacrimogêneo para dispersar os manifestantes, alguns dos quais atiraram pedras e outros objetos em policiais que estavam estacionados em uma avenida principal de um distrito de classe alta de Caracas.

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“E vai cair, e vai cair, este governo vai cair!”, gritavam milhares de manifestantes que foram às ruas da gigantesca favela de Petare, a maior de Caracas. “Entregue o poder já!”, exclamavam outros.

Milhares de pessoas foram às ruas protestar contra a reeleição de Nicolás Maduro em atos espontâneos registrados em Caracas e outras cidades venezuelanas. Foto: Matias Delacroix/AP

Alguns jovens mascarados arrancaram cartazes de campanha de Maduro pendurados em postes de luz. Pessoas nos telhados assistiam, batendo panelas e agitando bandeiras venezuelanas em demonstração de apoio. Forças de segurança fortemente armadas estavam a apenas alguns quarteirões do protesto.

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Segundo o jornal digital TalCual, foram registrados panelaços nos bairros Las Palmas, Petare, La Urbina, Santa Fé, La Candelaria, San Bernardino, Chacao, La Concordia, Caricuao, Lídice, La Califórnia, Forças Armadas, 23 de janeiro, El Cementerio , Los Naranjos, entre outros. Todos na capital Caracas.

De natureza espontânea, os protestos não foram convocados pela oposição venezuelana. Em seu discurso onde contestou os resultados eleitorais, o candidato Edmundo González Urrutia pediu para que não haja atos de violência nas ruas. “Os venezuelanos e o mundo inteiro sabem o que aconteceu”, disse, pedindo aos apoiadores que permanecessem calmos e apelaram ao governo para evitar atiçar o conflito.

Reprimidos pela força policial venezuelana, os protestos não foram convocados pela oposição. Foto: Matias Delacroix/AP
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Também foram registradas manifestações de rua em Valência, San Diego, Cagua e Falcón. Alguns manifestantes tentaram bloquear rodovias, incluindo uma que conecta a capital com uma cidade portuária onde fica o principal aeroporto internacional do país.

Na capital do Estado de Falcón, Coro, manifestantes derrubaram e destruíram uma estátua erguida em homenagem ao ex-presidente Hugo Chávez, que morreu em 2013 e no domingo, dia das eleições, completaria 70 anos.

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De acordo com o jornal El Nacional, manifestações em El Cemeterio e na rodovia La Guaira em Caracas tiveram objetos queimados pela população.

As manifestações ocorrem em paralelo ao ato de proclamação de Maduro, que denunciou uma tentativa de golpe de Estado “de caráter fascista e contrarrevolucionário”.

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‘Decepção’

“Pela liberdade do nosso país, pelo futuro dos nossos filhos, queremos liberdade, queremos que Maduro vá embora. Vá embora, Maduro!”, disse à AFP Marina Sugey, uma dona de casa de 42 anos, durante o protesto em Petare.

“Não era o que esperávamos”, contou à AFP Veruska Donado, uma enfermeira de 34 anos. “Tínhamos esperança de que pelo menos houvesse uma mudança, mas sempre ganha a tirania e sempre ganha a trapaça. Sei que a única saída é ir embora”, acrescentou.

Freddy Polanco, um chef de 54 anos, chamou o resultado de “fraude”. “Queremos uma mudança para a Venezuela, que nossa família volte para a Venezuela, que as grandes empresas voltem ao nosso país”.

“Isto é pelo descontentamento”, disse à AFP uma moradora de Caracas que pediu anonimato por temor a represálias. “Demoraram até quase uma da madrugada para dar resultados de mentira”, acrescentou, com lágrimas nos olhos. Em suas mãos, ela segurava uma buzina com as cores amarelo, azul e vermelho da bandeira da Venezuela.

“Isso me deixou muito desamparada, saí para gritar”, contou, sobre a reação que teve após ouvir o anúncio do CNE. “Agora estamos avaliando, será que vou embora? Será que fico? O último que apague a luz”, confessou.

No centro de Caracas, alguns comerciantes preferiram manter seus negócios fechados. “Minha família ficou chorando em casa”, descreveu o dono de uma venda de comida rápida com a grade de segurança do local aberta pela metade.

Da janela de seu apartamento, um jovem expressava seu mal-estar: “Onde estão os 5 milhões comemorando por Maduro?”, perguntou.

Manifestantes marcham em motocicletas contra os resultados eleitorais, em Caracas Foto: Fernando Vergara/AP

“Fomos roubados”, gritou um motociclista ao passar, enquanto outros buzinavam em apoio ao pequeno grupo que fazia um panelaço na calçada. “Eles estão nos matando de fome, estou arrasada”, comentou, por sua vez, María, uma aposentada de 78 anos.

Por medo dos “coletivos”, como são conhecidos na Venezuela os grupos paramilitares chavistas acusados de reprimir protestos contra a ditadura, a maioria optou por protestar das varandas de suas casas.

Jenny Gil, de 56 anos, foi uma das poucas que se atreveram a sair de casa e bater panela em uma avenida de La Candelaria, no coração de Caracas. “Estamos decepcionados com Maduro, Edmundo ganhou porque estive presente na votação no colégio Andrés Eloy e contamos voto por voto, e ele ganhou, tenho as evidências de que ele ganhou”, contou.

Junto de Jenny também protestava Janeth Carabaño, de 49 anos, que retornou do Equador há dois meses com a esperança de uma mudança de governo. “Passei cinco anos fora do país e vim para votar, e não é possível que roubem o meu voto assim tão descaradamente, isso é uma injustiça”, contou, ao som metálico de um panelaço.

Moradores batem panelas durante um protestos em Caracas Foto: Cristian Hernandez/AP

Perto dali, um grupo de jovens subiu em um poste de iluminação pública para retirar um dos muitos de cartazes com o rosto de Maduro que cobrem as ruas de Caracas. “Quando ouvi os resultados, comecei a chorar, indignada, e disse ‘amanhã vou embora’, porque isso não pode continuar assim, já chega!”, afirmou Carabaño, que diz protestar por um futuro melhor para seus dois filhos e neto.

Aqueles que saíram às ruas sofreram ameaças. “Passou um cara e fez um sinal no pescoço para nos avisar que vamos morrer”, contou Jenny Gil.

Maduro proclamado

Maduro foi formalmente declarado vencedor da disputada presidencial, embora o CNE não tenha apresentado os dados definitivos.

O Conselho Eleitoral Nacional, que é leal ao chavismo, anunciou sua vitória, dando a ele um terceiro mandato de seis anos como líder de uma economia se recuperando do colapso e uma população desesperada por mudanças. Os ministros da defesa, comunicações, tecnologia e o chefe da Assembleia Nacional estavam entre os presentes que aplaudiram.

Nicolás Maduro está sendo proclamado presidente da Venezuela”, afirmou o presidente do CNE, Elvis Amoroso, pouco depois das 13h locais (14h de Brasília).

O ditador Nicolás Maduro recebe a certificação do presidente do CNE, Elvis Amoroso Foto: Matias Delacroix/AP

Segundo anunciou ontem o CNE, Madurou teria vencido com 51% dos votos contra 44% de Edmundo González Urrutia, afirmando que os números já eram “irreversíveis” com 80% das urnas apuradas. A diferença entre o número total de votos, porém, foi de um pouco mais de 704 mil votos, o que levantou questionamentos sobre essa irreversibilidade.

A Venezuela está sendo cobrada pela comunidade internacional para apresentar as atas eleitorais, com as quais é possível fazer a verificação dos dados. Desde o fechamento das urnas a oposição denuncia não ter tido acesso aos documentos, apenas 40% deles, os quais endossaria a vitória de González Urrutia por 70% dos votos.

“Os venezuelanos expressaram a sua vontade absoluta de eleger Maduro como líder do país. As eleições decorreram num clima de respeito, paz e participação democrática, embora alguns tenham tentado gerar violência. Houve muitos ataques ao nosso sistema eleitoral, mas a capacidade moral e ética do pessoal da CNE superou todos os obstáculos”, afirmou Amoroso.

Manifestantes protesta contra os resultados eleitorais de ontem na Venezuela Foto: Matias Delacroix/AP

“Nós nunca fomos movidos pelo ódio. Pelo contrário, sempre fomos vítimas dos poderosos”, disse Maduro na cerimônia televisionada nacionalmente. “Uma tentativa está sendo feita para impor um golpe de Estado na Venezuela novamente de natureza fascista e contrarrevolucionária.”

“Já conhecemos esse filme e, dessa vez, não haverá nenhum tipo de fraqueza”, acrescentou, dizendo que a “lei da Venezuela será respeitada”.

Não houve comentário imediato da oposição, que havia prometido defender seus votos. Os líderes da oposição planejam realizar uma entrevista coletiva no fim do dia.

Nestas eleições, estava presente uma pequena delegação do Centro Carter, que pediu ao CNE “que publique imediatamente os resultados das eleições presidenciais por colégio eleitoral”. Um painel de especialistas da ONU emitirá um relatório confidencial.

Moradores jogam objetiso na Guarda Nacional em protestos em Caracas Foto: Fernando Vergara/AP

María Corina investigada

Também nesta segunda, o Ministério Público da Venezuela, comandado pelo chavista Tarek William Saab anunciou ter aberto uma investigação sobre um “ataque informático ao sistema de transmissão de dados do Conselho Nacional Eleitoral (CNE)”. Ele indicou que são considerados suspeitos os líderes opositores María Corina Machado, Leopoldo López e Lester Toledo, os dois últimos exilados.

Durante o anúncio do resultado, Elvis Amoroso denunciou um suposto ataque hacker para justificar o atraso na divulgação dos números. A oposição, porém, aponta entraves propositais do CNE para transmitir as atas eleitorais a fim de declarar Nicolás Maduro vencedor por meio de fraude.

“Felizmente, essa ação não teve sucesso, mas atrasou o processo e o anúncio dos resultados”, afirmou Saab em discurso. “Queriam adulterar as atas. Segundo a informação classificada que recebemos, o principal envolvido nesse ataque seria o cidadão Lester Toledo, tristemente célebre fugitivo da justiça que se encontra no exterior. Junto a ele, aparecem como envolvidos o fugitivo da justiça venezuelana Leopoldo López e María Corina Machado. Os fiscais estão recolhendo os elementos de convicção dessas ações que tentaram adulterar os resultados”./AFP e AP

Membros da Guarda Nacional tentam dispersar manifestantes em Caracas Foto: Fernando Vergara/AP

Milhares de venezuelanos se arriscaram a ir às ruas e a fechar rodovias nesta segunda-feira, 29, para protestar contra a proclamação do ditador Nicolás Maduro como vencedor das eleições. Diversas cidades, incluindo a capital Caracas, registraram movimentos espontâneos, que se desenvolveram em passeatas nas ruas, panelaços e até mesmo a derrubada de uma estátua de Hugo Chavéz.

Pouco depois que o Conselho Eleitoral Nacional (CNE), que é controlado pelo partido governista de Maduro, anunciou que ele havia conquistado um terceiro mandato de seis anos, manifestantes indignados começaram a marchar por Caracas e por cidades por toda a Venezuela.

Novos protestos pacíficos foram convocados por María Corina Machado para terça-feira, 29, contra Maduro. O ditador, por sua vez, também mobilizou sua militância para amanhã, oque aumenta o risco de enfrentamento.

Em um discurso na sede presidêncial, Maduro pediu pela “máxima mobilização cívico-militar-policial para defender a paz” e instou uma vigília contra o que chamou de insurreição e golpe de estado.

Na capital, os protestos foram majoritariamente pacíficos, mas quando dezenas de policiais bloquearam uma passeata, uma briga começou. A polícia usou gás lacrimogêneo para dispersar os manifestantes, alguns dos quais atiraram pedras e outros objetos em policiais que estavam estacionados em uma avenida principal de um distrito de classe alta de Caracas.

“E vai cair, e vai cair, este governo vai cair!”, gritavam milhares de manifestantes que foram às ruas da gigantesca favela de Petare, a maior de Caracas. “Entregue o poder já!”, exclamavam outros.

Milhares de pessoas foram às ruas protestar contra a reeleição de Nicolás Maduro em atos espontâneos registrados em Caracas e outras cidades venezuelanas. Foto: Matias Delacroix/AP

Alguns jovens mascarados arrancaram cartazes de campanha de Maduro pendurados em postes de luz. Pessoas nos telhados assistiam, batendo panelas e agitando bandeiras venezuelanas em demonstração de apoio. Forças de segurança fortemente armadas estavam a apenas alguns quarteirões do protesto.

Segundo o jornal digital TalCual, foram registrados panelaços nos bairros Las Palmas, Petare, La Urbina, Santa Fé, La Candelaria, San Bernardino, Chacao, La Concordia, Caricuao, Lídice, La Califórnia, Forças Armadas, 23 de janeiro, El Cementerio , Los Naranjos, entre outros. Todos na capital Caracas.

De natureza espontânea, os protestos não foram convocados pela oposição venezuelana. Em seu discurso onde contestou os resultados eleitorais, o candidato Edmundo González Urrutia pediu para que não haja atos de violência nas ruas. “Os venezuelanos e o mundo inteiro sabem o que aconteceu”, disse, pedindo aos apoiadores que permanecessem calmos e apelaram ao governo para evitar atiçar o conflito.

Reprimidos pela força policial venezuelana, os protestos não foram convocados pela oposição. Foto: Matias Delacroix/AP

Também foram registradas manifestações de rua em Valência, San Diego, Cagua e Falcón. Alguns manifestantes tentaram bloquear rodovias, incluindo uma que conecta a capital com uma cidade portuária onde fica o principal aeroporto internacional do país.

Na capital do Estado de Falcón, Coro, manifestantes derrubaram e destruíram uma estátua erguida em homenagem ao ex-presidente Hugo Chávez, que morreu em 2013 e no domingo, dia das eleições, completaria 70 anos.

De acordo com o jornal El Nacional, manifestações em El Cemeterio e na rodovia La Guaira em Caracas tiveram objetos queimados pela população.

As manifestações ocorrem em paralelo ao ato de proclamação de Maduro, que denunciou uma tentativa de golpe de Estado “de caráter fascista e contrarrevolucionário”.

‘Decepção’

“Pela liberdade do nosso país, pelo futuro dos nossos filhos, queremos liberdade, queremos que Maduro vá embora. Vá embora, Maduro!”, disse à AFP Marina Sugey, uma dona de casa de 42 anos, durante o protesto em Petare.

“Não era o que esperávamos”, contou à AFP Veruska Donado, uma enfermeira de 34 anos. “Tínhamos esperança de que pelo menos houvesse uma mudança, mas sempre ganha a tirania e sempre ganha a trapaça. Sei que a única saída é ir embora”, acrescentou.

Freddy Polanco, um chef de 54 anos, chamou o resultado de “fraude”. “Queremos uma mudança para a Venezuela, que nossa família volte para a Venezuela, que as grandes empresas voltem ao nosso país”.

“Isto é pelo descontentamento”, disse à AFP uma moradora de Caracas que pediu anonimato por temor a represálias. “Demoraram até quase uma da madrugada para dar resultados de mentira”, acrescentou, com lágrimas nos olhos. Em suas mãos, ela segurava uma buzina com as cores amarelo, azul e vermelho da bandeira da Venezuela.

“Isso me deixou muito desamparada, saí para gritar”, contou, sobre a reação que teve após ouvir o anúncio do CNE. “Agora estamos avaliando, será que vou embora? Será que fico? O último que apague a luz”, confessou.

No centro de Caracas, alguns comerciantes preferiram manter seus negócios fechados. “Minha família ficou chorando em casa”, descreveu o dono de uma venda de comida rápida com a grade de segurança do local aberta pela metade.

Da janela de seu apartamento, um jovem expressava seu mal-estar: “Onde estão os 5 milhões comemorando por Maduro?”, perguntou.

Manifestantes marcham em motocicletas contra os resultados eleitorais, em Caracas Foto: Fernando Vergara/AP

“Fomos roubados”, gritou um motociclista ao passar, enquanto outros buzinavam em apoio ao pequeno grupo que fazia um panelaço na calçada. “Eles estão nos matando de fome, estou arrasada”, comentou, por sua vez, María, uma aposentada de 78 anos.

Por medo dos “coletivos”, como são conhecidos na Venezuela os grupos paramilitares chavistas acusados de reprimir protestos contra a ditadura, a maioria optou por protestar das varandas de suas casas.

Jenny Gil, de 56 anos, foi uma das poucas que se atreveram a sair de casa e bater panela em uma avenida de La Candelaria, no coração de Caracas. “Estamos decepcionados com Maduro, Edmundo ganhou porque estive presente na votação no colégio Andrés Eloy e contamos voto por voto, e ele ganhou, tenho as evidências de que ele ganhou”, contou.

Junto de Jenny também protestava Janeth Carabaño, de 49 anos, que retornou do Equador há dois meses com a esperança de uma mudança de governo. “Passei cinco anos fora do país e vim para votar, e não é possível que roubem o meu voto assim tão descaradamente, isso é uma injustiça”, contou, ao som metálico de um panelaço.

Moradores batem panelas durante um protestos em Caracas Foto: Cristian Hernandez/AP

Perto dali, um grupo de jovens subiu em um poste de iluminação pública para retirar um dos muitos de cartazes com o rosto de Maduro que cobrem as ruas de Caracas. “Quando ouvi os resultados, comecei a chorar, indignada, e disse ‘amanhã vou embora’, porque isso não pode continuar assim, já chega!”, afirmou Carabaño, que diz protestar por um futuro melhor para seus dois filhos e neto.

Aqueles que saíram às ruas sofreram ameaças. “Passou um cara e fez um sinal no pescoço para nos avisar que vamos morrer”, contou Jenny Gil.

Maduro proclamado

Maduro foi formalmente declarado vencedor da disputada presidencial, embora o CNE não tenha apresentado os dados definitivos.

O Conselho Eleitoral Nacional, que é leal ao chavismo, anunciou sua vitória, dando a ele um terceiro mandato de seis anos como líder de uma economia se recuperando do colapso e uma população desesperada por mudanças. Os ministros da defesa, comunicações, tecnologia e o chefe da Assembleia Nacional estavam entre os presentes que aplaudiram.

Nicolás Maduro está sendo proclamado presidente da Venezuela”, afirmou o presidente do CNE, Elvis Amoroso, pouco depois das 13h locais (14h de Brasília).

O ditador Nicolás Maduro recebe a certificação do presidente do CNE, Elvis Amoroso Foto: Matias Delacroix/AP

Segundo anunciou ontem o CNE, Madurou teria vencido com 51% dos votos contra 44% de Edmundo González Urrutia, afirmando que os números já eram “irreversíveis” com 80% das urnas apuradas. A diferença entre o número total de votos, porém, foi de um pouco mais de 704 mil votos, o que levantou questionamentos sobre essa irreversibilidade.

A Venezuela está sendo cobrada pela comunidade internacional para apresentar as atas eleitorais, com as quais é possível fazer a verificação dos dados. Desde o fechamento das urnas a oposição denuncia não ter tido acesso aos documentos, apenas 40% deles, os quais endossaria a vitória de González Urrutia por 70% dos votos.

“Os venezuelanos expressaram a sua vontade absoluta de eleger Maduro como líder do país. As eleições decorreram num clima de respeito, paz e participação democrática, embora alguns tenham tentado gerar violência. Houve muitos ataques ao nosso sistema eleitoral, mas a capacidade moral e ética do pessoal da CNE superou todos os obstáculos”, afirmou Amoroso.

Manifestantes protesta contra os resultados eleitorais de ontem na Venezuela Foto: Matias Delacroix/AP

“Nós nunca fomos movidos pelo ódio. Pelo contrário, sempre fomos vítimas dos poderosos”, disse Maduro na cerimônia televisionada nacionalmente. “Uma tentativa está sendo feita para impor um golpe de Estado na Venezuela novamente de natureza fascista e contrarrevolucionária.”

“Já conhecemos esse filme e, dessa vez, não haverá nenhum tipo de fraqueza”, acrescentou, dizendo que a “lei da Venezuela será respeitada”.

Não houve comentário imediato da oposição, que havia prometido defender seus votos. Os líderes da oposição planejam realizar uma entrevista coletiva no fim do dia.

Nestas eleições, estava presente uma pequena delegação do Centro Carter, que pediu ao CNE “que publique imediatamente os resultados das eleições presidenciais por colégio eleitoral”. Um painel de especialistas da ONU emitirá um relatório confidencial.

Moradores jogam objetiso na Guarda Nacional em protestos em Caracas Foto: Fernando Vergara/AP

María Corina investigada

Também nesta segunda, o Ministério Público da Venezuela, comandado pelo chavista Tarek William Saab anunciou ter aberto uma investigação sobre um “ataque informático ao sistema de transmissão de dados do Conselho Nacional Eleitoral (CNE)”. Ele indicou que são considerados suspeitos os líderes opositores María Corina Machado, Leopoldo López e Lester Toledo, os dois últimos exilados.

Durante o anúncio do resultado, Elvis Amoroso denunciou um suposto ataque hacker para justificar o atraso na divulgação dos números. A oposição, porém, aponta entraves propositais do CNE para transmitir as atas eleitorais a fim de declarar Nicolás Maduro vencedor por meio de fraude.

“Felizmente, essa ação não teve sucesso, mas atrasou o processo e o anúncio dos resultados”, afirmou Saab em discurso. “Queriam adulterar as atas. Segundo a informação classificada que recebemos, o principal envolvido nesse ataque seria o cidadão Lester Toledo, tristemente célebre fugitivo da justiça que se encontra no exterior. Junto a ele, aparecem como envolvidos o fugitivo da justiça venezuelana Leopoldo López e María Corina Machado. Os fiscais estão recolhendo os elementos de convicção dessas ações que tentaram adulterar os resultados”./AFP e AP

Membros da Guarda Nacional tentam dispersar manifestantes em Caracas Foto: Fernando Vergara/AP

Milhares de venezuelanos se arriscaram a ir às ruas e a fechar rodovias nesta segunda-feira, 29, para protestar contra a proclamação do ditador Nicolás Maduro como vencedor das eleições. Diversas cidades, incluindo a capital Caracas, registraram movimentos espontâneos, que se desenvolveram em passeatas nas ruas, panelaços e até mesmo a derrubada de uma estátua de Hugo Chavéz.

Pouco depois que o Conselho Eleitoral Nacional (CNE), que é controlado pelo partido governista de Maduro, anunciou que ele havia conquistado um terceiro mandato de seis anos, manifestantes indignados começaram a marchar por Caracas e por cidades por toda a Venezuela.

Novos protestos pacíficos foram convocados por María Corina Machado para terça-feira, 29, contra Maduro. O ditador, por sua vez, também mobilizou sua militância para amanhã, oque aumenta o risco de enfrentamento.

Em um discurso na sede presidêncial, Maduro pediu pela “máxima mobilização cívico-militar-policial para defender a paz” e instou uma vigília contra o que chamou de insurreição e golpe de estado.

Na capital, os protestos foram majoritariamente pacíficos, mas quando dezenas de policiais bloquearam uma passeata, uma briga começou. A polícia usou gás lacrimogêneo para dispersar os manifestantes, alguns dos quais atiraram pedras e outros objetos em policiais que estavam estacionados em uma avenida principal de um distrito de classe alta de Caracas.

“E vai cair, e vai cair, este governo vai cair!”, gritavam milhares de manifestantes que foram às ruas da gigantesca favela de Petare, a maior de Caracas. “Entregue o poder já!”, exclamavam outros.

Milhares de pessoas foram às ruas protestar contra a reeleição de Nicolás Maduro em atos espontâneos registrados em Caracas e outras cidades venezuelanas. Foto: Matias Delacroix/AP

Alguns jovens mascarados arrancaram cartazes de campanha de Maduro pendurados em postes de luz. Pessoas nos telhados assistiam, batendo panelas e agitando bandeiras venezuelanas em demonstração de apoio. Forças de segurança fortemente armadas estavam a apenas alguns quarteirões do protesto.

Segundo o jornal digital TalCual, foram registrados panelaços nos bairros Las Palmas, Petare, La Urbina, Santa Fé, La Candelaria, San Bernardino, Chacao, La Concordia, Caricuao, Lídice, La Califórnia, Forças Armadas, 23 de janeiro, El Cementerio , Los Naranjos, entre outros. Todos na capital Caracas.

De natureza espontânea, os protestos não foram convocados pela oposição venezuelana. Em seu discurso onde contestou os resultados eleitorais, o candidato Edmundo González Urrutia pediu para que não haja atos de violência nas ruas. “Os venezuelanos e o mundo inteiro sabem o que aconteceu”, disse, pedindo aos apoiadores que permanecessem calmos e apelaram ao governo para evitar atiçar o conflito.

Reprimidos pela força policial venezuelana, os protestos não foram convocados pela oposição. Foto: Matias Delacroix/AP

Também foram registradas manifestações de rua em Valência, San Diego, Cagua e Falcón. Alguns manifestantes tentaram bloquear rodovias, incluindo uma que conecta a capital com uma cidade portuária onde fica o principal aeroporto internacional do país.

Na capital do Estado de Falcón, Coro, manifestantes derrubaram e destruíram uma estátua erguida em homenagem ao ex-presidente Hugo Chávez, que morreu em 2013 e no domingo, dia das eleições, completaria 70 anos.

De acordo com o jornal El Nacional, manifestações em El Cemeterio e na rodovia La Guaira em Caracas tiveram objetos queimados pela população.

As manifestações ocorrem em paralelo ao ato de proclamação de Maduro, que denunciou uma tentativa de golpe de Estado “de caráter fascista e contrarrevolucionário”.

‘Decepção’

“Pela liberdade do nosso país, pelo futuro dos nossos filhos, queremos liberdade, queremos que Maduro vá embora. Vá embora, Maduro!”, disse à AFP Marina Sugey, uma dona de casa de 42 anos, durante o protesto em Petare.

“Não era o que esperávamos”, contou à AFP Veruska Donado, uma enfermeira de 34 anos. “Tínhamos esperança de que pelo menos houvesse uma mudança, mas sempre ganha a tirania e sempre ganha a trapaça. Sei que a única saída é ir embora”, acrescentou.

Freddy Polanco, um chef de 54 anos, chamou o resultado de “fraude”. “Queremos uma mudança para a Venezuela, que nossa família volte para a Venezuela, que as grandes empresas voltem ao nosso país”.

“Isto é pelo descontentamento”, disse à AFP uma moradora de Caracas que pediu anonimato por temor a represálias. “Demoraram até quase uma da madrugada para dar resultados de mentira”, acrescentou, com lágrimas nos olhos. Em suas mãos, ela segurava uma buzina com as cores amarelo, azul e vermelho da bandeira da Venezuela.

“Isso me deixou muito desamparada, saí para gritar”, contou, sobre a reação que teve após ouvir o anúncio do CNE. “Agora estamos avaliando, será que vou embora? Será que fico? O último que apague a luz”, confessou.

No centro de Caracas, alguns comerciantes preferiram manter seus negócios fechados. “Minha família ficou chorando em casa”, descreveu o dono de uma venda de comida rápida com a grade de segurança do local aberta pela metade.

Da janela de seu apartamento, um jovem expressava seu mal-estar: “Onde estão os 5 milhões comemorando por Maduro?”, perguntou.

Manifestantes marcham em motocicletas contra os resultados eleitorais, em Caracas Foto: Fernando Vergara/AP

“Fomos roubados”, gritou um motociclista ao passar, enquanto outros buzinavam em apoio ao pequeno grupo que fazia um panelaço na calçada. “Eles estão nos matando de fome, estou arrasada”, comentou, por sua vez, María, uma aposentada de 78 anos.

Por medo dos “coletivos”, como são conhecidos na Venezuela os grupos paramilitares chavistas acusados de reprimir protestos contra a ditadura, a maioria optou por protestar das varandas de suas casas.

Jenny Gil, de 56 anos, foi uma das poucas que se atreveram a sair de casa e bater panela em uma avenida de La Candelaria, no coração de Caracas. “Estamos decepcionados com Maduro, Edmundo ganhou porque estive presente na votação no colégio Andrés Eloy e contamos voto por voto, e ele ganhou, tenho as evidências de que ele ganhou”, contou.

Junto de Jenny também protestava Janeth Carabaño, de 49 anos, que retornou do Equador há dois meses com a esperança de uma mudança de governo. “Passei cinco anos fora do país e vim para votar, e não é possível que roubem o meu voto assim tão descaradamente, isso é uma injustiça”, contou, ao som metálico de um panelaço.

Moradores batem panelas durante um protestos em Caracas Foto: Cristian Hernandez/AP

Perto dali, um grupo de jovens subiu em um poste de iluminação pública para retirar um dos muitos de cartazes com o rosto de Maduro que cobrem as ruas de Caracas. “Quando ouvi os resultados, comecei a chorar, indignada, e disse ‘amanhã vou embora’, porque isso não pode continuar assim, já chega!”, afirmou Carabaño, que diz protestar por um futuro melhor para seus dois filhos e neto.

Aqueles que saíram às ruas sofreram ameaças. “Passou um cara e fez um sinal no pescoço para nos avisar que vamos morrer”, contou Jenny Gil.

Maduro proclamado

Maduro foi formalmente declarado vencedor da disputada presidencial, embora o CNE não tenha apresentado os dados definitivos.

O Conselho Eleitoral Nacional, que é leal ao chavismo, anunciou sua vitória, dando a ele um terceiro mandato de seis anos como líder de uma economia se recuperando do colapso e uma população desesperada por mudanças. Os ministros da defesa, comunicações, tecnologia e o chefe da Assembleia Nacional estavam entre os presentes que aplaudiram.

Nicolás Maduro está sendo proclamado presidente da Venezuela”, afirmou o presidente do CNE, Elvis Amoroso, pouco depois das 13h locais (14h de Brasília).

O ditador Nicolás Maduro recebe a certificação do presidente do CNE, Elvis Amoroso Foto: Matias Delacroix/AP

Segundo anunciou ontem o CNE, Madurou teria vencido com 51% dos votos contra 44% de Edmundo González Urrutia, afirmando que os números já eram “irreversíveis” com 80% das urnas apuradas. A diferença entre o número total de votos, porém, foi de um pouco mais de 704 mil votos, o que levantou questionamentos sobre essa irreversibilidade.

A Venezuela está sendo cobrada pela comunidade internacional para apresentar as atas eleitorais, com as quais é possível fazer a verificação dos dados. Desde o fechamento das urnas a oposição denuncia não ter tido acesso aos documentos, apenas 40% deles, os quais endossaria a vitória de González Urrutia por 70% dos votos.

“Os venezuelanos expressaram a sua vontade absoluta de eleger Maduro como líder do país. As eleições decorreram num clima de respeito, paz e participação democrática, embora alguns tenham tentado gerar violência. Houve muitos ataques ao nosso sistema eleitoral, mas a capacidade moral e ética do pessoal da CNE superou todos os obstáculos”, afirmou Amoroso.

Manifestantes protesta contra os resultados eleitorais de ontem na Venezuela Foto: Matias Delacroix/AP

“Nós nunca fomos movidos pelo ódio. Pelo contrário, sempre fomos vítimas dos poderosos”, disse Maduro na cerimônia televisionada nacionalmente. “Uma tentativa está sendo feita para impor um golpe de Estado na Venezuela novamente de natureza fascista e contrarrevolucionária.”

“Já conhecemos esse filme e, dessa vez, não haverá nenhum tipo de fraqueza”, acrescentou, dizendo que a “lei da Venezuela será respeitada”.

Não houve comentário imediato da oposição, que havia prometido defender seus votos. Os líderes da oposição planejam realizar uma entrevista coletiva no fim do dia.

Nestas eleições, estava presente uma pequena delegação do Centro Carter, que pediu ao CNE “que publique imediatamente os resultados das eleições presidenciais por colégio eleitoral”. Um painel de especialistas da ONU emitirá um relatório confidencial.

Moradores jogam objetiso na Guarda Nacional em protestos em Caracas Foto: Fernando Vergara/AP

María Corina investigada

Também nesta segunda, o Ministério Público da Venezuela, comandado pelo chavista Tarek William Saab anunciou ter aberto uma investigação sobre um “ataque informático ao sistema de transmissão de dados do Conselho Nacional Eleitoral (CNE)”. Ele indicou que são considerados suspeitos os líderes opositores María Corina Machado, Leopoldo López e Lester Toledo, os dois últimos exilados.

Durante o anúncio do resultado, Elvis Amoroso denunciou um suposto ataque hacker para justificar o atraso na divulgação dos números. A oposição, porém, aponta entraves propositais do CNE para transmitir as atas eleitorais a fim de declarar Nicolás Maduro vencedor por meio de fraude.

“Felizmente, essa ação não teve sucesso, mas atrasou o processo e o anúncio dos resultados”, afirmou Saab em discurso. “Queriam adulterar as atas. Segundo a informação classificada que recebemos, o principal envolvido nesse ataque seria o cidadão Lester Toledo, tristemente célebre fugitivo da justiça que se encontra no exterior. Junto a ele, aparecem como envolvidos o fugitivo da justiça venezuelana Leopoldo López e María Corina Machado. Os fiscais estão recolhendo os elementos de convicção dessas ações que tentaram adulterar os resultados”./AFP e AP

Membros da Guarda Nacional tentam dispersar manifestantes em Caracas Foto: Fernando Vergara/AP

Milhares de venezuelanos se arriscaram a ir às ruas e a fechar rodovias nesta segunda-feira, 29, para protestar contra a proclamação do ditador Nicolás Maduro como vencedor das eleições. Diversas cidades, incluindo a capital Caracas, registraram movimentos espontâneos, que se desenvolveram em passeatas nas ruas, panelaços e até mesmo a derrubada de uma estátua de Hugo Chavéz.

Pouco depois que o Conselho Eleitoral Nacional (CNE), que é controlado pelo partido governista de Maduro, anunciou que ele havia conquistado um terceiro mandato de seis anos, manifestantes indignados começaram a marchar por Caracas e por cidades por toda a Venezuela.

Novos protestos pacíficos foram convocados por María Corina Machado para terça-feira, 29, contra Maduro. O ditador, por sua vez, também mobilizou sua militância para amanhã, oque aumenta o risco de enfrentamento.

Em um discurso na sede presidêncial, Maduro pediu pela “máxima mobilização cívico-militar-policial para defender a paz” e instou uma vigília contra o que chamou de insurreição e golpe de estado.

Na capital, os protestos foram majoritariamente pacíficos, mas quando dezenas de policiais bloquearam uma passeata, uma briga começou. A polícia usou gás lacrimogêneo para dispersar os manifestantes, alguns dos quais atiraram pedras e outros objetos em policiais que estavam estacionados em uma avenida principal de um distrito de classe alta de Caracas.

“E vai cair, e vai cair, este governo vai cair!”, gritavam milhares de manifestantes que foram às ruas da gigantesca favela de Petare, a maior de Caracas. “Entregue o poder já!”, exclamavam outros.

Milhares de pessoas foram às ruas protestar contra a reeleição de Nicolás Maduro em atos espontâneos registrados em Caracas e outras cidades venezuelanas. Foto: Matias Delacroix/AP

Alguns jovens mascarados arrancaram cartazes de campanha de Maduro pendurados em postes de luz. Pessoas nos telhados assistiam, batendo panelas e agitando bandeiras venezuelanas em demonstração de apoio. Forças de segurança fortemente armadas estavam a apenas alguns quarteirões do protesto.

Segundo o jornal digital TalCual, foram registrados panelaços nos bairros Las Palmas, Petare, La Urbina, Santa Fé, La Candelaria, San Bernardino, Chacao, La Concordia, Caricuao, Lídice, La Califórnia, Forças Armadas, 23 de janeiro, El Cementerio , Los Naranjos, entre outros. Todos na capital Caracas.

De natureza espontânea, os protestos não foram convocados pela oposição venezuelana. Em seu discurso onde contestou os resultados eleitorais, o candidato Edmundo González Urrutia pediu para que não haja atos de violência nas ruas. “Os venezuelanos e o mundo inteiro sabem o que aconteceu”, disse, pedindo aos apoiadores que permanecessem calmos e apelaram ao governo para evitar atiçar o conflito.

Reprimidos pela força policial venezuelana, os protestos não foram convocados pela oposição. Foto: Matias Delacroix/AP

Também foram registradas manifestações de rua em Valência, San Diego, Cagua e Falcón. Alguns manifestantes tentaram bloquear rodovias, incluindo uma que conecta a capital com uma cidade portuária onde fica o principal aeroporto internacional do país.

Na capital do Estado de Falcón, Coro, manifestantes derrubaram e destruíram uma estátua erguida em homenagem ao ex-presidente Hugo Chávez, que morreu em 2013 e no domingo, dia das eleições, completaria 70 anos.

De acordo com o jornal El Nacional, manifestações em El Cemeterio e na rodovia La Guaira em Caracas tiveram objetos queimados pela população.

As manifestações ocorrem em paralelo ao ato de proclamação de Maduro, que denunciou uma tentativa de golpe de Estado “de caráter fascista e contrarrevolucionário”.

‘Decepção’

“Pela liberdade do nosso país, pelo futuro dos nossos filhos, queremos liberdade, queremos que Maduro vá embora. Vá embora, Maduro!”, disse à AFP Marina Sugey, uma dona de casa de 42 anos, durante o protesto em Petare.

“Não era o que esperávamos”, contou à AFP Veruska Donado, uma enfermeira de 34 anos. “Tínhamos esperança de que pelo menos houvesse uma mudança, mas sempre ganha a tirania e sempre ganha a trapaça. Sei que a única saída é ir embora”, acrescentou.

Freddy Polanco, um chef de 54 anos, chamou o resultado de “fraude”. “Queremos uma mudança para a Venezuela, que nossa família volte para a Venezuela, que as grandes empresas voltem ao nosso país”.

“Isto é pelo descontentamento”, disse à AFP uma moradora de Caracas que pediu anonimato por temor a represálias. “Demoraram até quase uma da madrugada para dar resultados de mentira”, acrescentou, com lágrimas nos olhos. Em suas mãos, ela segurava uma buzina com as cores amarelo, azul e vermelho da bandeira da Venezuela.

“Isso me deixou muito desamparada, saí para gritar”, contou, sobre a reação que teve após ouvir o anúncio do CNE. “Agora estamos avaliando, será que vou embora? Será que fico? O último que apague a luz”, confessou.

No centro de Caracas, alguns comerciantes preferiram manter seus negócios fechados. “Minha família ficou chorando em casa”, descreveu o dono de uma venda de comida rápida com a grade de segurança do local aberta pela metade.

Da janela de seu apartamento, um jovem expressava seu mal-estar: “Onde estão os 5 milhões comemorando por Maduro?”, perguntou.

Manifestantes marcham em motocicletas contra os resultados eleitorais, em Caracas Foto: Fernando Vergara/AP

“Fomos roubados”, gritou um motociclista ao passar, enquanto outros buzinavam em apoio ao pequeno grupo que fazia um panelaço na calçada. “Eles estão nos matando de fome, estou arrasada”, comentou, por sua vez, María, uma aposentada de 78 anos.

Por medo dos “coletivos”, como são conhecidos na Venezuela os grupos paramilitares chavistas acusados de reprimir protestos contra a ditadura, a maioria optou por protestar das varandas de suas casas.

Jenny Gil, de 56 anos, foi uma das poucas que se atreveram a sair de casa e bater panela em uma avenida de La Candelaria, no coração de Caracas. “Estamos decepcionados com Maduro, Edmundo ganhou porque estive presente na votação no colégio Andrés Eloy e contamos voto por voto, e ele ganhou, tenho as evidências de que ele ganhou”, contou.

Junto de Jenny também protestava Janeth Carabaño, de 49 anos, que retornou do Equador há dois meses com a esperança de uma mudança de governo. “Passei cinco anos fora do país e vim para votar, e não é possível que roubem o meu voto assim tão descaradamente, isso é uma injustiça”, contou, ao som metálico de um panelaço.

Moradores batem panelas durante um protestos em Caracas Foto: Cristian Hernandez/AP

Perto dali, um grupo de jovens subiu em um poste de iluminação pública para retirar um dos muitos de cartazes com o rosto de Maduro que cobrem as ruas de Caracas. “Quando ouvi os resultados, comecei a chorar, indignada, e disse ‘amanhã vou embora’, porque isso não pode continuar assim, já chega!”, afirmou Carabaño, que diz protestar por um futuro melhor para seus dois filhos e neto.

Aqueles que saíram às ruas sofreram ameaças. “Passou um cara e fez um sinal no pescoço para nos avisar que vamos morrer”, contou Jenny Gil.

Maduro proclamado

Maduro foi formalmente declarado vencedor da disputada presidencial, embora o CNE não tenha apresentado os dados definitivos.

O Conselho Eleitoral Nacional, que é leal ao chavismo, anunciou sua vitória, dando a ele um terceiro mandato de seis anos como líder de uma economia se recuperando do colapso e uma população desesperada por mudanças. Os ministros da defesa, comunicações, tecnologia e o chefe da Assembleia Nacional estavam entre os presentes que aplaudiram.

Nicolás Maduro está sendo proclamado presidente da Venezuela”, afirmou o presidente do CNE, Elvis Amoroso, pouco depois das 13h locais (14h de Brasília).

O ditador Nicolás Maduro recebe a certificação do presidente do CNE, Elvis Amoroso Foto: Matias Delacroix/AP

Segundo anunciou ontem o CNE, Madurou teria vencido com 51% dos votos contra 44% de Edmundo González Urrutia, afirmando que os números já eram “irreversíveis” com 80% das urnas apuradas. A diferença entre o número total de votos, porém, foi de um pouco mais de 704 mil votos, o que levantou questionamentos sobre essa irreversibilidade.

A Venezuela está sendo cobrada pela comunidade internacional para apresentar as atas eleitorais, com as quais é possível fazer a verificação dos dados. Desde o fechamento das urnas a oposição denuncia não ter tido acesso aos documentos, apenas 40% deles, os quais endossaria a vitória de González Urrutia por 70% dos votos.

“Os venezuelanos expressaram a sua vontade absoluta de eleger Maduro como líder do país. As eleições decorreram num clima de respeito, paz e participação democrática, embora alguns tenham tentado gerar violência. Houve muitos ataques ao nosso sistema eleitoral, mas a capacidade moral e ética do pessoal da CNE superou todos os obstáculos”, afirmou Amoroso.

Manifestantes protesta contra os resultados eleitorais de ontem na Venezuela Foto: Matias Delacroix/AP

“Nós nunca fomos movidos pelo ódio. Pelo contrário, sempre fomos vítimas dos poderosos”, disse Maduro na cerimônia televisionada nacionalmente. “Uma tentativa está sendo feita para impor um golpe de Estado na Venezuela novamente de natureza fascista e contrarrevolucionária.”

“Já conhecemos esse filme e, dessa vez, não haverá nenhum tipo de fraqueza”, acrescentou, dizendo que a “lei da Venezuela será respeitada”.

Não houve comentário imediato da oposição, que havia prometido defender seus votos. Os líderes da oposição planejam realizar uma entrevista coletiva no fim do dia.

Nestas eleições, estava presente uma pequena delegação do Centro Carter, que pediu ao CNE “que publique imediatamente os resultados das eleições presidenciais por colégio eleitoral”. Um painel de especialistas da ONU emitirá um relatório confidencial.

Moradores jogam objetiso na Guarda Nacional em protestos em Caracas Foto: Fernando Vergara/AP

María Corina investigada

Também nesta segunda, o Ministério Público da Venezuela, comandado pelo chavista Tarek William Saab anunciou ter aberto uma investigação sobre um “ataque informático ao sistema de transmissão de dados do Conselho Nacional Eleitoral (CNE)”. Ele indicou que são considerados suspeitos os líderes opositores María Corina Machado, Leopoldo López e Lester Toledo, os dois últimos exilados.

Durante o anúncio do resultado, Elvis Amoroso denunciou um suposto ataque hacker para justificar o atraso na divulgação dos números. A oposição, porém, aponta entraves propositais do CNE para transmitir as atas eleitorais a fim de declarar Nicolás Maduro vencedor por meio de fraude.

“Felizmente, essa ação não teve sucesso, mas atrasou o processo e o anúncio dos resultados”, afirmou Saab em discurso. “Queriam adulterar as atas. Segundo a informação classificada que recebemos, o principal envolvido nesse ataque seria o cidadão Lester Toledo, tristemente célebre fugitivo da justiça que se encontra no exterior. Junto a ele, aparecem como envolvidos o fugitivo da justiça venezuelana Leopoldo López e María Corina Machado. Os fiscais estão recolhendo os elementos de convicção dessas ações que tentaram adulterar os resultados”./AFP e AP

Membros da Guarda Nacional tentam dispersar manifestantes em Caracas Foto: Fernando Vergara/AP

Milhares de venezuelanos se arriscaram a ir às ruas e a fechar rodovias nesta segunda-feira, 29, para protestar contra a proclamação do ditador Nicolás Maduro como vencedor das eleições. Diversas cidades, incluindo a capital Caracas, registraram movimentos espontâneos, que se desenvolveram em passeatas nas ruas, panelaços e até mesmo a derrubada de uma estátua de Hugo Chavéz.

Pouco depois que o Conselho Eleitoral Nacional (CNE), que é controlado pelo partido governista de Maduro, anunciou que ele havia conquistado um terceiro mandato de seis anos, manifestantes indignados começaram a marchar por Caracas e por cidades por toda a Venezuela.

Novos protestos pacíficos foram convocados por María Corina Machado para terça-feira, 29, contra Maduro. O ditador, por sua vez, também mobilizou sua militância para amanhã, oque aumenta o risco de enfrentamento.

Em um discurso na sede presidêncial, Maduro pediu pela “máxima mobilização cívico-militar-policial para defender a paz” e instou uma vigília contra o que chamou de insurreição e golpe de estado.

Na capital, os protestos foram majoritariamente pacíficos, mas quando dezenas de policiais bloquearam uma passeata, uma briga começou. A polícia usou gás lacrimogêneo para dispersar os manifestantes, alguns dos quais atiraram pedras e outros objetos em policiais que estavam estacionados em uma avenida principal de um distrito de classe alta de Caracas.

“E vai cair, e vai cair, este governo vai cair!”, gritavam milhares de manifestantes que foram às ruas da gigantesca favela de Petare, a maior de Caracas. “Entregue o poder já!”, exclamavam outros.

Milhares de pessoas foram às ruas protestar contra a reeleição de Nicolás Maduro em atos espontâneos registrados em Caracas e outras cidades venezuelanas. Foto: Matias Delacroix/AP

Alguns jovens mascarados arrancaram cartazes de campanha de Maduro pendurados em postes de luz. Pessoas nos telhados assistiam, batendo panelas e agitando bandeiras venezuelanas em demonstração de apoio. Forças de segurança fortemente armadas estavam a apenas alguns quarteirões do protesto.

Segundo o jornal digital TalCual, foram registrados panelaços nos bairros Las Palmas, Petare, La Urbina, Santa Fé, La Candelaria, San Bernardino, Chacao, La Concordia, Caricuao, Lídice, La Califórnia, Forças Armadas, 23 de janeiro, El Cementerio , Los Naranjos, entre outros. Todos na capital Caracas.

De natureza espontânea, os protestos não foram convocados pela oposição venezuelana. Em seu discurso onde contestou os resultados eleitorais, o candidato Edmundo González Urrutia pediu para que não haja atos de violência nas ruas. “Os venezuelanos e o mundo inteiro sabem o que aconteceu”, disse, pedindo aos apoiadores que permanecessem calmos e apelaram ao governo para evitar atiçar o conflito.

Reprimidos pela força policial venezuelana, os protestos não foram convocados pela oposição. Foto: Matias Delacroix/AP

Também foram registradas manifestações de rua em Valência, San Diego, Cagua e Falcón. Alguns manifestantes tentaram bloquear rodovias, incluindo uma que conecta a capital com uma cidade portuária onde fica o principal aeroporto internacional do país.

Na capital do Estado de Falcón, Coro, manifestantes derrubaram e destruíram uma estátua erguida em homenagem ao ex-presidente Hugo Chávez, que morreu em 2013 e no domingo, dia das eleições, completaria 70 anos.

De acordo com o jornal El Nacional, manifestações em El Cemeterio e na rodovia La Guaira em Caracas tiveram objetos queimados pela população.

As manifestações ocorrem em paralelo ao ato de proclamação de Maduro, que denunciou uma tentativa de golpe de Estado “de caráter fascista e contrarrevolucionário”.

‘Decepção’

“Pela liberdade do nosso país, pelo futuro dos nossos filhos, queremos liberdade, queremos que Maduro vá embora. Vá embora, Maduro!”, disse à AFP Marina Sugey, uma dona de casa de 42 anos, durante o protesto em Petare.

“Não era o que esperávamos”, contou à AFP Veruska Donado, uma enfermeira de 34 anos. “Tínhamos esperança de que pelo menos houvesse uma mudança, mas sempre ganha a tirania e sempre ganha a trapaça. Sei que a única saída é ir embora”, acrescentou.

Freddy Polanco, um chef de 54 anos, chamou o resultado de “fraude”. “Queremos uma mudança para a Venezuela, que nossa família volte para a Venezuela, que as grandes empresas voltem ao nosso país”.

“Isto é pelo descontentamento”, disse à AFP uma moradora de Caracas que pediu anonimato por temor a represálias. “Demoraram até quase uma da madrugada para dar resultados de mentira”, acrescentou, com lágrimas nos olhos. Em suas mãos, ela segurava uma buzina com as cores amarelo, azul e vermelho da bandeira da Venezuela.

“Isso me deixou muito desamparada, saí para gritar”, contou, sobre a reação que teve após ouvir o anúncio do CNE. “Agora estamos avaliando, será que vou embora? Será que fico? O último que apague a luz”, confessou.

No centro de Caracas, alguns comerciantes preferiram manter seus negócios fechados. “Minha família ficou chorando em casa”, descreveu o dono de uma venda de comida rápida com a grade de segurança do local aberta pela metade.

Da janela de seu apartamento, um jovem expressava seu mal-estar: “Onde estão os 5 milhões comemorando por Maduro?”, perguntou.

Manifestantes marcham em motocicletas contra os resultados eleitorais, em Caracas Foto: Fernando Vergara/AP

“Fomos roubados”, gritou um motociclista ao passar, enquanto outros buzinavam em apoio ao pequeno grupo que fazia um panelaço na calçada. “Eles estão nos matando de fome, estou arrasada”, comentou, por sua vez, María, uma aposentada de 78 anos.

Por medo dos “coletivos”, como são conhecidos na Venezuela os grupos paramilitares chavistas acusados de reprimir protestos contra a ditadura, a maioria optou por protestar das varandas de suas casas.

Jenny Gil, de 56 anos, foi uma das poucas que se atreveram a sair de casa e bater panela em uma avenida de La Candelaria, no coração de Caracas. “Estamos decepcionados com Maduro, Edmundo ganhou porque estive presente na votação no colégio Andrés Eloy e contamos voto por voto, e ele ganhou, tenho as evidências de que ele ganhou”, contou.

Junto de Jenny também protestava Janeth Carabaño, de 49 anos, que retornou do Equador há dois meses com a esperança de uma mudança de governo. “Passei cinco anos fora do país e vim para votar, e não é possível que roubem o meu voto assim tão descaradamente, isso é uma injustiça”, contou, ao som metálico de um panelaço.

Moradores batem panelas durante um protestos em Caracas Foto: Cristian Hernandez/AP

Perto dali, um grupo de jovens subiu em um poste de iluminação pública para retirar um dos muitos de cartazes com o rosto de Maduro que cobrem as ruas de Caracas. “Quando ouvi os resultados, comecei a chorar, indignada, e disse ‘amanhã vou embora’, porque isso não pode continuar assim, já chega!”, afirmou Carabaño, que diz protestar por um futuro melhor para seus dois filhos e neto.

Aqueles que saíram às ruas sofreram ameaças. “Passou um cara e fez um sinal no pescoço para nos avisar que vamos morrer”, contou Jenny Gil.

Maduro proclamado

Maduro foi formalmente declarado vencedor da disputada presidencial, embora o CNE não tenha apresentado os dados definitivos.

O Conselho Eleitoral Nacional, que é leal ao chavismo, anunciou sua vitória, dando a ele um terceiro mandato de seis anos como líder de uma economia se recuperando do colapso e uma população desesperada por mudanças. Os ministros da defesa, comunicações, tecnologia e o chefe da Assembleia Nacional estavam entre os presentes que aplaudiram.

Nicolás Maduro está sendo proclamado presidente da Venezuela”, afirmou o presidente do CNE, Elvis Amoroso, pouco depois das 13h locais (14h de Brasília).

O ditador Nicolás Maduro recebe a certificação do presidente do CNE, Elvis Amoroso Foto: Matias Delacroix/AP

Segundo anunciou ontem o CNE, Madurou teria vencido com 51% dos votos contra 44% de Edmundo González Urrutia, afirmando que os números já eram “irreversíveis” com 80% das urnas apuradas. A diferença entre o número total de votos, porém, foi de um pouco mais de 704 mil votos, o que levantou questionamentos sobre essa irreversibilidade.

A Venezuela está sendo cobrada pela comunidade internacional para apresentar as atas eleitorais, com as quais é possível fazer a verificação dos dados. Desde o fechamento das urnas a oposição denuncia não ter tido acesso aos documentos, apenas 40% deles, os quais endossaria a vitória de González Urrutia por 70% dos votos.

“Os venezuelanos expressaram a sua vontade absoluta de eleger Maduro como líder do país. As eleições decorreram num clima de respeito, paz e participação democrática, embora alguns tenham tentado gerar violência. Houve muitos ataques ao nosso sistema eleitoral, mas a capacidade moral e ética do pessoal da CNE superou todos os obstáculos”, afirmou Amoroso.

Manifestantes protesta contra os resultados eleitorais de ontem na Venezuela Foto: Matias Delacroix/AP

“Nós nunca fomos movidos pelo ódio. Pelo contrário, sempre fomos vítimas dos poderosos”, disse Maduro na cerimônia televisionada nacionalmente. “Uma tentativa está sendo feita para impor um golpe de Estado na Venezuela novamente de natureza fascista e contrarrevolucionária.”

“Já conhecemos esse filme e, dessa vez, não haverá nenhum tipo de fraqueza”, acrescentou, dizendo que a “lei da Venezuela será respeitada”.

Não houve comentário imediato da oposição, que havia prometido defender seus votos. Os líderes da oposição planejam realizar uma entrevista coletiva no fim do dia.

Nestas eleições, estava presente uma pequena delegação do Centro Carter, que pediu ao CNE “que publique imediatamente os resultados das eleições presidenciais por colégio eleitoral”. Um painel de especialistas da ONU emitirá um relatório confidencial.

Moradores jogam objetiso na Guarda Nacional em protestos em Caracas Foto: Fernando Vergara/AP

María Corina investigada

Também nesta segunda, o Ministério Público da Venezuela, comandado pelo chavista Tarek William Saab anunciou ter aberto uma investigação sobre um “ataque informático ao sistema de transmissão de dados do Conselho Nacional Eleitoral (CNE)”. Ele indicou que são considerados suspeitos os líderes opositores María Corina Machado, Leopoldo López e Lester Toledo, os dois últimos exilados.

Durante o anúncio do resultado, Elvis Amoroso denunciou um suposto ataque hacker para justificar o atraso na divulgação dos números. A oposição, porém, aponta entraves propositais do CNE para transmitir as atas eleitorais a fim de declarar Nicolás Maduro vencedor por meio de fraude.

“Felizmente, essa ação não teve sucesso, mas atrasou o processo e o anúncio dos resultados”, afirmou Saab em discurso. “Queriam adulterar as atas. Segundo a informação classificada que recebemos, o principal envolvido nesse ataque seria o cidadão Lester Toledo, tristemente célebre fugitivo da justiça que se encontra no exterior. Junto a ele, aparecem como envolvidos o fugitivo da justiça venezuelana Leopoldo López e María Corina Machado. Os fiscais estão recolhendo os elementos de convicção dessas ações que tentaram adulterar os resultados”./AFP e AP

Membros da Guarda Nacional tentam dispersar manifestantes em Caracas Foto: Fernando Vergara/AP

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