O presidente americano, Joe Biden, optou por viajar para o exterior em meio às eleições legislativas para, assim como alguns de seus antecessores, evitar o custo político de um resultado que costuma punir o ocupante da Casa Branca.
Por essa razão, quando em 1994 os republicanos dominaram as duas casas do Congresso pela primeira vez em décadas, Bill Clinton viajou para as Filipinas. Em 2010, foi a vez de Barack Obama viajar para o Pacífico e a Europa, quando a oposição também derrotou os democratas nas eleições de meio de mandato. Até mesmo republicanos como Donald Trump preferiram sair do país quando o partido perdeu o controle da Câmara em 2018.
Mas com o inesperado fracasso republicano nas eleições deste ano, com os democratas podendo ampliar seu controle do Senado e com o destino da Câmara ainda indefinido, Biden desfruta de uma oportunidade rara: capitalizar politicamente no exterior uma vitória doméstica.
Na manhã de ontem, em Phnom Penh, no Camboja, Biden telefonou para a senadora democrata Catherine Cortez Masto, que, com sua vitória em Nevada no sábado, garantiu ao partido o controle do Senado. Desde que deixou Washington na quinta-feira, o cenário das eleições de meio de mandato fez com que Biden celebrasse as boas notícias.
“Estou muito satisfeito. É um reflexo da qualidade dos nossos candidatos e dos nossos programas de governo”, disse o presidente. “Isso me deixa mais forte para a reunião do G-20.”
Jake Sullivan, conselheiro de segurança nacional de Biden, disse a repórteres no domingo que as eleições de meio de mandato ajudaram o presidente a impor “o que esta eleição disse sobre a democracia americana” no exterior.
“Ele também sente que isso estabelece uma posição forte para ele no cenário internacional e vimos que acho que isso se desenrola em cores vivas hoje”, acrescentou Sullivan.
Vitória eleitoral
O resultado do Senado foi o ápice de um intenso esforço de campanha nos últimos dias que procurou reformular a eleição em termos mais favoráveis aos democratas. Durante grande parte da campanha, Biden lutou com baixos índices de aprovação e enfrentou um Partido Republicano cujos líderes queriam fazer das eleições um referendo sobre sua liderança.
“Vimos a afirmação da agenda do presidente, a defesa de sua mensagem e a rejeição de tantos negadores das eleições”, disse Anita Dunn, conselheira sênior de Biden. “Então, sim, você poderia dizer que a Casa Branca está de bom humor.”/ NYT