THE NEW YORK TIMES - Vários Estados nesta Superterça têm chamados aos eleitores para que se oponham a Joe Biden nas urnas pela posição do presidente sobre Israel e a guerra em Gaza. Um impulso que começou no mês passado, em Michigan.
Mais de 100 mil eleitores do Estado votaram como “não comprometidos” na primária democrata, depois que um grupo de jovens árabes-americanos iniciou uma campanha encorajando o protesto contra a aliança de Biden com Israel - a opção ganhou dois delegados para a Convenção Nacional Democrata.
Inspirados pela campanha, grupos pró-palestinos em todo o país iniciaram esforços semelhantes para pressionar o presidente a pedir um cessar-fogo permanente.
No Colorado, um grupo de ativistas palestinos correu para criar uma campanha nas redes sociais para a opção de “não comprometido” no estado enquanto os resultados de Michigan ainda estavam sendo divulgados na semana passada. Em Minnesota, os organizadores bateram de porta em porta e realizaram eventos para incentivar o voto “não comprometido”, com alcance para muçulmanos somalis americanos e eleitores jovens. E em Massachusetts, milhares de manifestantes em um comício em Cambridge entoaram “sem preferência”, uma opção de protesto semelhante.
As campanhas foram fragmentadas, organizadas com muito menos tempo e recursos do que a operação de Michigan. Muitas foram planejadas em questão de dias, bem depois que a votação antecipada já havia começado, e vários organizadores se recusaram a articular padrões específicos para o que seria sucesso na noite de terça-feira além do objetivo de ver Biden mudar de posição. (Organizadores em Minnesota disseram que estavam mirando em 5.000 votos “não comprometidos”, uma meta baixa, cerca de duas vezes o que a opção recebeu na primária democrata de 2020.)
Os outros Estados também não têm a posição de Michigan na reação mais ampla à política de Biden: o Estado tem uma população árabe-americana considerável, para quem a questão tem sido particularmente dolorosa, e antes da votação, democratas proeminentes no Estado alertaram sobre o potencial risco político. O esforço “não comprometido” contou com o apoio da representante Rashida Tlaib, membro do grupo de liberais na Câmara conhecido como o esquadrão.
Espera-se que Biden vença todas as disputas primárias onde ativistas começaram os esforços “não comprometidos”, que incluem Colorado, Massachusetts e Minnesota, Estados que ele venceu em 2020, e Carolina do Norte, um estado disputado que o Biden perdeu por pouco para o ex-presidente Donald Trump. Mas a perspectiva de uma eleição acirrada em novembro significa que qualquer queda no apoio pode prejudicar suas perspectivas de reeleição.
“O que enfrentamos em novembro é um candidato realmente perigoso com Donald Trump, que causará um imenso prejuízo às nossas comunidades e é uma verdadeira ameaça existencial para nossa democracia - isso é real e vemos isso”, disse Elianne Farhat, uma das organizadoras do movimento não comprometido em Minnesota. “Mas agora estamos nos concentrando em enviar uma mensagem ao presidente Biden, que está no controle agora.”
Nas últimas semanas, o governo Biden tem sido mais enérgico ao pedir que Tel-Aviv e o grupo terrorista Hamas, que atacou Israel em 7 de outubro, cheguem a um acordo para uma pausa nos combates e para que mais ajuda chegue a Gaza.
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No sábado, os Estados Unidos lançaram por via aérea 38.000 refeições na região, que está enfrentando uma crise humanitária. No domingo, a vice-presidente Kamala Harris pediu um “cessar-fogo imediato, pelo menos pelas próximas seis semanas”. E na segunda-feira, Biden escreveu no X que ele “não deixaria de pressionar por um acordo que garanta a libertação dos reféns mantidos pelo Hamas, traga um cessar-fogo imediato para Gaza por pelo menos seis semanas e permita uma onda de ajuda a toda a Faixa de Gaza”.
“O presidente ouve os eleitores que participam das campanhas pelo voto não comprometido”, disse Lauren Hitt, porta-voz da campanha de Biden. “Ele compartilha o objetivo deles de pôr fim à violência e obter uma paz justa e duradoura - e está trabalhando incansavelmente para esse fim.”
Mas os organizadores que se opõem a Biden disseram em entrevistas que essas medidas não eram suficientes. Vários deles atribuíram à campanha de Michigan as recentes mudanças de política e disseram que esperavam aumentar a pressão sobre a posição do governo.
“Sabemos o quanto há de raiva por aí, e sabemos disso há meses, mas foi inspirador para todos ver isso traduzido em resultados políticos efetivos”, disse Cole Harrison, diretor executivo da Massachusetts Peace Action, um grupo antiguerra. “Queremos mostrar que a raiva não se limita apenas a Michigan.”
Alguns dos aliados de Biden temem que os esforços contínuos para se opor ao presidente o enfraqueçam nas eleições gerais contra Trump. “As eleições têm um certo ímpeto”, disse Keith Ellison, procurador-geral democrata de Minnesota, que votou em Biden.
Ellison, que foi o primeiro muçulmano eleito para o Congresso em 2006, disse que “é preciso haver um cessar-fogo agora”. Mas ele argumentou que Trump representava uma ameaça à democracia americana e precisava ser combatido a todo custo - algo que os oponentes de Biden dizem que cabe ao Partido Democrata resolver.
“Se Joe Biden acha que apenas dar migalhas às pessoas, como fez no passado, vai funcionar para ele, ele terá um despertar muito rude”, disse Abdullah Elagha, um organizador da Colorado Palestine Coalition, que disse ter feito cerca de 30.000 ligações.
A abordagem foi montada em um curto período por grupos que já estavam organizando protestos pró-palestinos — em Massachusetts e Colorado, os organizadores usaram manifestações já planejadas durante o fim de semana para promover os votos de protesto. O movimento Não Comprometido Minnesota disse ter gastado cerca de US$20.000 na campanha desde a última segunda-feira. A maioria dos esforços em outros Estados tem sido virtual: Harrison disse que a operação em Massachusetts, que começou no sábado, arrecadou cerca de US$4.000 no domingo para impulsionar seu alcance por mensagens de texto.
Os esforços não receberam endossos significativos em muitos desses Estados. Em Minnesota, a deputada Ilhan Omar acusou o governo Biden de “autorizar o massacre dos palestinos”, mas não pediu aos democratas que votassem pelo “não comprometido”. O gabinete dela recusou o pedido de entrevista.
Os esforços da Superterça também estão sendo promovidos pela campanha nacional Abandonar Biden, um grupo que começou em dezembro, composto por eleitores e organizadores que se comprometeram a não votar para reeleger o presidente em novembro, independentemente de ele mudar sua posição.
“O que é uma farsa é o Partido Democrata pensar que pode nos intimidar com o Partido Republicano,” disse Rania Masri, uma ativista que apoia a campanha na Carolina do Norte. “Não estamos apenas indo atrás do presidente — estamos indo atrás de todos os representantes do Congresso que apoiam esse genocídio, e estamos prometendo não votar em nenhum deles”, acrescentou.
O problema pode assombrar a campanha de Biden depois de terça-feira. Na Geórgia, uma campanha incentiva o voto em branco para primária, em 12 de março. Em Washington, há esforços semelhantes pelo voto “não comprometido” na primária do Estado, também na próxima semana.
“Michigan foi uma inspiração para muitos movimentos em todo o país,” disse Rami Al-Kabra, um vereador em Bothell, no Estado de Washington. “Este é um esforço antiguerra. Não foi nossa primeira escolha, mas temos que fazer o presidente Biden saber que nossos votos não devem ser considerados garantidos.”
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