O presidente americano Joe Biden se reuniu com o líder da China, Xi Jinping, neste sábado, 16, no Peru, encerrando um capítulo nas relações entre as superpotências rivais para dar espaço a outro possivelmente ainda mais tenso, já que Donald Trump prometeu adotar uma abordagem mais agressiva em relação a Pequim quando reassumir a presidência em janeiro.
O encontro dos mandatários ocorreu durante o fórum de Cooperação Econômica Ásia-Pacífico (Apec) e foi provavelmente sua última oportunidade de Biden falar diretamente Xi enquanto presidente, após quatro anos em que buscou competir com a China, mas sempre buscando evitar um conflito aberto.
Sem mencionar o nome de Trump, Xi pareceu sinalizar sua preocupação de que a retórica protecionista do presidente eleito durante a campanha pudesse levar o relacionamento entre EUA e China a um novo ponto baixo.
“A China está pronta para trabalhar com uma nova administração dos EUA para manter a comunicação, expandir a cooperação e administrar diferenças, de forma a buscar uma transição estável do relacionamento China-EUA, em benefício de ambos os povos”, disse Xi.
Ele alertou que um relacionamento estável entre China e EUA era crítico não apenas para as duas nações, mas também para o “futuro e destino da humanidade”. “Faça, a escolha sábia”, afirmou. “Continuem explorando o caminho certo para que dois grandes países se deem bem.”
Há muita incerteza sobre o que está por vir no relacionamento EUA-China sob Trump, que fez campanha prometendo impor tarifas de 60% sobre as importações chinesas. Muitas empresas americanas, como Nike e a varejista de óculos Warby Parker, já estão diversificando suas fontes de fornecimento fora da China. A marca de calçados Steve Madden, por exemplo, planeja reduzir as importações da China em até 45% no próximo ano.
Biden, por sua vez, foi à reunião com a expectativa de pedir a Xi a persuadir a Coreia do Norte a não aprofundar ainda mais seu apoio à guerra da Rússia contra a Ucrânia. Segundo comunicado da Casa Branca, Biden condenou o envio de “milhares de tropas norte-coreanas” à Rússia, chamando-o de “expansão perigosa da guerra ilegal contra a Ucrânia”.
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O presidente americano também reafirmou a política de “uma só China”, mas expressou preocupação com o aumento da atividade militar chinesa em torno de Taiwan. Biden também levantou questões sobre práticas comerciais consideradas injustas e alertou sobre ataques cibernéticos que comprometem infraestruturas críticas americanas.
Oficiais da administração Biden aconselharão a equipe de Trump de que gerenciar a intensa competição com Pequim será provavelmente o desafio mais significativo de política externa que enfrentarão, disse Jake Sullivan, conselheiro de segurança nacional da Casa Branca. Biden considera seu relacionamento com Xi um dos mais relevantes no cenário internacional e dedicou muito esforço para cultivá-lo.
Ambos os líderes discutiram avanços em áreas de cooperação desde o último encontro, em novembro de 2023, como combate ao narcotráfico, comunicação militar e regulamentação de inteligência artificial. Biden elogiou os esforços chineses para controlar 55 substâncias químicas perigosas usadas na fabricação de drogas sintéticas, um tema de crescente preocupação nos EUA.
Xi, por sua vez, reforçou que “parcerias sólidas levam a relações mais produtivas, enquanto rivalidades prejudicam o progresso mútuo”. “Quando os países se tratam como parceiros e amigos, buscando pontos em comum enquanto deixam de lado as diferenças, seu relacionamento progride. Mas, se eles se veem como rivais, buscando competição feroz e machucar um ao outro, acabam perturbando ou até atrasando a relação”, completou Xi./Associated Press e The New York Times.