Xi Jinping, Vladimir Putin e a ameaça ao mundo de autocratas envelhecidos; leia a análise


Estados Unidos e seus aliados enfrentarão uma ameaça direta nos próximos anos com um eixo de líderes que possuem armas nucleares e pouco tempo para alcançar suas ambições

Por Michael Beckley

THE NEW YORK TIMES – Xi Jinping e Vladimir Putin têm 70 anos, o que dá um lampejo de esperança para quem se preocupa com seus esforços de reformular a ordem mundial. A próxima década ou a seguinte provavelmente testemunharão mudanças de liderança na China e na Rússia capazes de desempenhar um papel em redefinir suas relações com o Ocidente.

Mas no futuro próximo, os Estados Unidos e seus aliados enfrentarão uma ameaça direta: um eixo de líderes envelhecidos que possuem armas nucleares, cujo tempo para alcançar suas grandiosas ambições está se esgotando. Conforme deixa claro a desventura de Putin na Ucrânia, líderes autocráticos nem sempre desaparecem pacificamente.

Ditadores velhos têm menos tempo para remoldar o mundo — e mais memórias de ser obedecidos em seu país e insultados no exterior por sua conduta. Eles se tornam cada vez mais repressivos e agressivos à medida que o poder lhes sobe à cabeça. Cercados de bajuladores, tomam decisões desastrosas consecutivamente; começam a refletir sobre seus legados e a se perguntar por que não receberam o respeito global que creem merecer nem alcançaram a glória que gravaria seus nomes entre os grandes da história. E podem decidir que não querem ser lembrados como meras figuras transicionais. Trata-se de uma combinação explosiva: um autocrata confiante ao extremo, ressentido e com pressa.

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Presidente da China, Xi Jinping, ao lado do presidente da Rússia, Vladimir Putin, durante encontro em Moscou em 5 de junho de 2019 Foto: Evgenia Novozhenina/Reuters

Em seus primeiros anos no poder na China, Mao Tsé-tung previu que seus planos de superar as potências capitalistas poderiam levar de 50 a 75 anos. Mas conforme passou dos 60, Mao encurtou progressivamente esse cronograma, e em 1958 lançou o Grande Salto Adiante, um esquema equivocado para transformar a China rapidamente em uma gigante industrial. Pelo menos 45 milhões de pessoas morreram de fome ou outras causas conforme a agricultura foi negligenciada naquele frenesi para atender os objetivos de Mao. Em parte para unir o país em torno da campanha, Mao instigou uma crise internacional bombardeando ilhas controladas pelo governo nacionalista chinês de Taiwan. Entre 1966 e 1976, o esforço derradeiro do envelhecido Mao para salvaguardar seu poder e seu legado resultou no caos da Revolução Cultural.

Kim Il-sung, da Coreia do Norte, foi outro líder que agiu agressivamente em seus anos finais. Encorajado pelas dificuldades dos EUA no Vietnã e a subsequente redução da presença militar dos americanos na Ásia, Kim passou sua terceira e quarta décadas no poder de provocação em provocação. Entre 1968 e 1988, seu regime capturou um navio-espião dos EUA e sua tripulação; derrubou uma aeronave de reconhecimento americana, matando as 31 pessoas a bordo; tentou assassinar presidentes sul-coreanos em várias ocasiões e matou dezenas de autoridades sul-coreanas, incluindo uma primeira-dama; explodiu um avião comercial sul-coreano, matando as 115 pessoas a bordo; e construiu túneis que permitiriam a entrada de 30 mil soldados por hora na Coreia do Sul.

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Ditadores idosos raramente sossegam o facho, mesmo quando estão aferrados firmemente ao poder. Josef Stálin emergiu da 2.ª Guerra vitorioso aos 66 anos. Mas em vez de trabalhar com seus aliados de tempo de guerra, buscou dominar a Eurásia e mandou uma nova onda de prisioneiros aos gulags. Leonid Brejnev buscou inicialmente reduzir as tensões com o Ocidente. Mas em sua segunda década no poder, o debilitado líder soviético adotou uma posição mais hostil, promovendo revoluções comunistas em todo o mundo, invadindo o Afeganistão em 1979 e apontando mísseis nucleares para a Europa Ocidental, enquanto enchia o próprio peito de medalhas.

Autocratas envelhecidos geralmente não mudam de curso sem algum estímulo. Mao buscou aproximação com os EUA somente após o conflito fronteiriço sino-soviético de 1969 deixar claro que a China precisava de Washington para se contrapor a Moscou. O coronel Muamar Kadafi entregou suas armas de destruição em massa em 2003 em razão de vários fatores, incluindo pressão dos EUA. O generalíssimo nacionalista chinês Chiang Kai-shek e o homem-forte sul-coreano Syngman Rhee suprimiram relutantemente seus anseios de conquistar a China e a Península Coreana, respectivamente, em parte por temer que os americanos os abandonassem.

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O que nos traz de volta a Xi e Putin.

Em vez de sossegar e pensar em aposentar-se, ambos reivindicaram agressivamente vastos territórios, implementaram mobilizações militares massivas, incrementaram relações com regimes iliberais como Coreia do Norte e Irã e fortaleceram cultos às suas personalidades. Depois de invadir a Ucrânia, Putin comparou a si mesmo explicitamente com Pedro, o Grande, o conquistador e modernizador que fundou o Império Russo; enquanto a propaganda do Partido Comunista Chinês define Xi como a culminação de uma trindade gloriosa: sob Mao, a China se levantou; sob Deng Xiaoping, a China enriqueceu; e sob Xi, a China se tornará poderosa.

Xi e Putin deixaram claras suas ambições de redesenhar o mapa da Eurásia. Putin afirma que a Ucrânia não existe como país independente e infere que Moscou deve reunificar o “mundo russo” — uma área que corresponde aproximadamente ao mapa das antigas fronteiras soviéticas. As reivindicações de Pequim incluem Taiwan, a maior parte do Mar do Sul da China e do Mar do Leste da China e fatias de território também reivindicadas pela Índia. “Nós não podemos perder nenhum centímetro de território deixado pelos nossos ancestrais”, disse Xi em 2018.

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Barco de pesca passa por um local turístico na ilha de Pingtan, o ponto na China mais próximo de Taiwan, na província de Fujian, sudeste da China, em imagem de abril. Tensões entre o continente e a ilha tem crescido desde o ano passado Foto: Greg Baker/AFP

Diplomacia não dissuadiu Putin de invadir a Ucrânia e dificilmente alterará a fixação de Xi em absorver Taiwan, o que ele define como essencial para realizar “o grande rejuvenescimento da nação chinesa”. Ditadores revanchistas tipicamente não respondem a palavras gentis, têm de ser bloqueados por alianças de exércitos poderosos e economias resilientes.

Para este objetivo, os EUA e seus aliados deveriam acelerar transferências de armas para nações na linha de frente como Ucrânia e Taiwan e forjar um bloco econômico e de segurança para estocar munições e recursos críticos e proteger águas internacionais e territórios de aliados. O Ocidente tem de se agrupar e privar Pequim e Moscou de qualquer esperança de guerras fáceis de conquista.

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Durante a Guerra Fria, a doutrina de “contenção” foi projetada para refrear a expansão soviética, até que a deterioração interna forçou Moscou a desistir de suas ambições. Este deve ser o mesmo objetivo hoje, e pode ser que não tarde meio século para alcançá-lo. A Rússia já está em declínio, a ascensão da China empacou, e ambos os países têm deixado vizinhos apreensivos. Os EUA e seus aliados só precisam conter a Rússia e a China até que as atuais tendências desapareçam, não para sempre. Eventualmente, os sonhos de dominação de seus líderes começarão a parecer caprichos, e seus sucessores poderão decidir retificar as dificuldades econômicas e estratégicas de seus países por meio de moderação geopolítica e reformas internas.

Até lá, conter dois ditadores velhos não será fácil, mas será a melhor esperança de limitar qualquer perturbação que eles venham a causar até desvanecer nos livros de história. /TRADUÇÃO DE GUILHERME RUSSO

THE NEW YORK TIMES – Xi Jinping e Vladimir Putin têm 70 anos, o que dá um lampejo de esperança para quem se preocupa com seus esforços de reformular a ordem mundial. A próxima década ou a seguinte provavelmente testemunharão mudanças de liderança na China e na Rússia capazes de desempenhar um papel em redefinir suas relações com o Ocidente.

Mas no futuro próximo, os Estados Unidos e seus aliados enfrentarão uma ameaça direta: um eixo de líderes envelhecidos que possuem armas nucleares, cujo tempo para alcançar suas grandiosas ambições está se esgotando. Conforme deixa claro a desventura de Putin na Ucrânia, líderes autocráticos nem sempre desaparecem pacificamente.

Ditadores velhos têm menos tempo para remoldar o mundo — e mais memórias de ser obedecidos em seu país e insultados no exterior por sua conduta. Eles se tornam cada vez mais repressivos e agressivos à medida que o poder lhes sobe à cabeça. Cercados de bajuladores, tomam decisões desastrosas consecutivamente; começam a refletir sobre seus legados e a se perguntar por que não receberam o respeito global que creem merecer nem alcançaram a glória que gravaria seus nomes entre os grandes da história. E podem decidir que não querem ser lembrados como meras figuras transicionais. Trata-se de uma combinação explosiva: um autocrata confiante ao extremo, ressentido e com pressa.

Presidente da China, Xi Jinping, ao lado do presidente da Rússia, Vladimir Putin, durante encontro em Moscou em 5 de junho de 2019 Foto: Evgenia Novozhenina/Reuters

Em seus primeiros anos no poder na China, Mao Tsé-tung previu que seus planos de superar as potências capitalistas poderiam levar de 50 a 75 anos. Mas conforme passou dos 60, Mao encurtou progressivamente esse cronograma, e em 1958 lançou o Grande Salto Adiante, um esquema equivocado para transformar a China rapidamente em uma gigante industrial. Pelo menos 45 milhões de pessoas morreram de fome ou outras causas conforme a agricultura foi negligenciada naquele frenesi para atender os objetivos de Mao. Em parte para unir o país em torno da campanha, Mao instigou uma crise internacional bombardeando ilhas controladas pelo governo nacionalista chinês de Taiwan. Entre 1966 e 1976, o esforço derradeiro do envelhecido Mao para salvaguardar seu poder e seu legado resultou no caos da Revolução Cultural.

Kim Il-sung, da Coreia do Norte, foi outro líder que agiu agressivamente em seus anos finais. Encorajado pelas dificuldades dos EUA no Vietnã e a subsequente redução da presença militar dos americanos na Ásia, Kim passou sua terceira e quarta décadas no poder de provocação em provocação. Entre 1968 e 1988, seu regime capturou um navio-espião dos EUA e sua tripulação; derrubou uma aeronave de reconhecimento americana, matando as 31 pessoas a bordo; tentou assassinar presidentes sul-coreanos em várias ocasiões e matou dezenas de autoridades sul-coreanas, incluindo uma primeira-dama; explodiu um avião comercial sul-coreano, matando as 115 pessoas a bordo; e construiu túneis que permitiriam a entrada de 30 mil soldados por hora na Coreia do Sul.

Ditadores idosos raramente sossegam o facho, mesmo quando estão aferrados firmemente ao poder. Josef Stálin emergiu da 2.ª Guerra vitorioso aos 66 anos. Mas em vez de trabalhar com seus aliados de tempo de guerra, buscou dominar a Eurásia e mandou uma nova onda de prisioneiros aos gulags. Leonid Brejnev buscou inicialmente reduzir as tensões com o Ocidente. Mas em sua segunda década no poder, o debilitado líder soviético adotou uma posição mais hostil, promovendo revoluções comunistas em todo o mundo, invadindo o Afeganistão em 1979 e apontando mísseis nucleares para a Europa Ocidental, enquanto enchia o próprio peito de medalhas.

Autocratas envelhecidos geralmente não mudam de curso sem algum estímulo. Mao buscou aproximação com os EUA somente após o conflito fronteiriço sino-soviético de 1969 deixar claro que a China precisava de Washington para se contrapor a Moscou. O coronel Muamar Kadafi entregou suas armas de destruição em massa em 2003 em razão de vários fatores, incluindo pressão dos EUA. O generalíssimo nacionalista chinês Chiang Kai-shek e o homem-forte sul-coreano Syngman Rhee suprimiram relutantemente seus anseios de conquistar a China e a Península Coreana, respectivamente, em parte por temer que os americanos os abandonassem.

O que nos traz de volta a Xi e Putin.

Em vez de sossegar e pensar em aposentar-se, ambos reivindicaram agressivamente vastos territórios, implementaram mobilizações militares massivas, incrementaram relações com regimes iliberais como Coreia do Norte e Irã e fortaleceram cultos às suas personalidades. Depois de invadir a Ucrânia, Putin comparou a si mesmo explicitamente com Pedro, o Grande, o conquistador e modernizador que fundou o Império Russo; enquanto a propaganda do Partido Comunista Chinês define Xi como a culminação de uma trindade gloriosa: sob Mao, a China se levantou; sob Deng Xiaoping, a China enriqueceu; e sob Xi, a China se tornará poderosa.

Xi e Putin deixaram claras suas ambições de redesenhar o mapa da Eurásia. Putin afirma que a Ucrânia não existe como país independente e infere que Moscou deve reunificar o “mundo russo” — uma área que corresponde aproximadamente ao mapa das antigas fronteiras soviéticas. As reivindicações de Pequim incluem Taiwan, a maior parte do Mar do Sul da China e do Mar do Leste da China e fatias de território também reivindicadas pela Índia. “Nós não podemos perder nenhum centímetro de território deixado pelos nossos ancestrais”, disse Xi em 2018.

Barco de pesca passa por um local turístico na ilha de Pingtan, o ponto na China mais próximo de Taiwan, na província de Fujian, sudeste da China, em imagem de abril. Tensões entre o continente e a ilha tem crescido desde o ano passado Foto: Greg Baker/AFP

Diplomacia não dissuadiu Putin de invadir a Ucrânia e dificilmente alterará a fixação de Xi em absorver Taiwan, o que ele define como essencial para realizar “o grande rejuvenescimento da nação chinesa”. Ditadores revanchistas tipicamente não respondem a palavras gentis, têm de ser bloqueados por alianças de exércitos poderosos e economias resilientes.

Para este objetivo, os EUA e seus aliados deveriam acelerar transferências de armas para nações na linha de frente como Ucrânia e Taiwan e forjar um bloco econômico e de segurança para estocar munições e recursos críticos e proteger águas internacionais e territórios de aliados. O Ocidente tem de se agrupar e privar Pequim e Moscou de qualquer esperança de guerras fáceis de conquista.

Durante a Guerra Fria, a doutrina de “contenção” foi projetada para refrear a expansão soviética, até que a deterioração interna forçou Moscou a desistir de suas ambições. Este deve ser o mesmo objetivo hoje, e pode ser que não tarde meio século para alcançá-lo. A Rússia já está em declínio, a ascensão da China empacou, e ambos os países têm deixado vizinhos apreensivos. Os EUA e seus aliados só precisam conter a Rússia e a China até que as atuais tendências desapareçam, não para sempre. Eventualmente, os sonhos de dominação de seus líderes começarão a parecer caprichos, e seus sucessores poderão decidir retificar as dificuldades econômicas e estratégicas de seus países por meio de moderação geopolítica e reformas internas.

Até lá, conter dois ditadores velhos não será fácil, mas será a melhor esperança de limitar qualquer perturbação que eles venham a causar até desvanecer nos livros de história. /TRADUÇÃO DE GUILHERME RUSSO

THE NEW YORK TIMES – Xi Jinping e Vladimir Putin têm 70 anos, o que dá um lampejo de esperança para quem se preocupa com seus esforços de reformular a ordem mundial. A próxima década ou a seguinte provavelmente testemunharão mudanças de liderança na China e na Rússia capazes de desempenhar um papel em redefinir suas relações com o Ocidente.

Mas no futuro próximo, os Estados Unidos e seus aliados enfrentarão uma ameaça direta: um eixo de líderes envelhecidos que possuem armas nucleares, cujo tempo para alcançar suas grandiosas ambições está se esgotando. Conforme deixa claro a desventura de Putin na Ucrânia, líderes autocráticos nem sempre desaparecem pacificamente.

Ditadores velhos têm menos tempo para remoldar o mundo — e mais memórias de ser obedecidos em seu país e insultados no exterior por sua conduta. Eles se tornam cada vez mais repressivos e agressivos à medida que o poder lhes sobe à cabeça. Cercados de bajuladores, tomam decisões desastrosas consecutivamente; começam a refletir sobre seus legados e a se perguntar por que não receberam o respeito global que creem merecer nem alcançaram a glória que gravaria seus nomes entre os grandes da história. E podem decidir que não querem ser lembrados como meras figuras transicionais. Trata-se de uma combinação explosiva: um autocrata confiante ao extremo, ressentido e com pressa.

Presidente da China, Xi Jinping, ao lado do presidente da Rússia, Vladimir Putin, durante encontro em Moscou em 5 de junho de 2019 Foto: Evgenia Novozhenina/Reuters

Em seus primeiros anos no poder na China, Mao Tsé-tung previu que seus planos de superar as potências capitalistas poderiam levar de 50 a 75 anos. Mas conforme passou dos 60, Mao encurtou progressivamente esse cronograma, e em 1958 lançou o Grande Salto Adiante, um esquema equivocado para transformar a China rapidamente em uma gigante industrial. Pelo menos 45 milhões de pessoas morreram de fome ou outras causas conforme a agricultura foi negligenciada naquele frenesi para atender os objetivos de Mao. Em parte para unir o país em torno da campanha, Mao instigou uma crise internacional bombardeando ilhas controladas pelo governo nacionalista chinês de Taiwan. Entre 1966 e 1976, o esforço derradeiro do envelhecido Mao para salvaguardar seu poder e seu legado resultou no caos da Revolução Cultural.

Kim Il-sung, da Coreia do Norte, foi outro líder que agiu agressivamente em seus anos finais. Encorajado pelas dificuldades dos EUA no Vietnã e a subsequente redução da presença militar dos americanos na Ásia, Kim passou sua terceira e quarta décadas no poder de provocação em provocação. Entre 1968 e 1988, seu regime capturou um navio-espião dos EUA e sua tripulação; derrubou uma aeronave de reconhecimento americana, matando as 31 pessoas a bordo; tentou assassinar presidentes sul-coreanos em várias ocasiões e matou dezenas de autoridades sul-coreanas, incluindo uma primeira-dama; explodiu um avião comercial sul-coreano, matando as 115 pessoas a bordo; e construiu túneis que permitiriam a entrada de 30 mil soldados por hora na Coreia do Sul.

Ditadores idosos raramente sossegam o facho, mesmo quando estão aferrados firmemente ao poder. Josef Stálin emergiu da 2.ª Guerra vitorioso aos 66 anos. Mas em vez de trabalhar com seus aliados de tempo de guerra, buscou dominar a Eurásia e mandou uma nova onda de prisioneiros aos gulags. Leonid Brejnev buscou inicialmente reduzir as tensões com o Ocidente. Mas em sua segunda década no poder, o debilitado líder soviético adotou uma posição mais hostil, promovendo revoluções comunistas em todo o mundo, invadindo o Afeganistão em 1979 e apontando mísseis nucleares para a Europa Ocidental, enquanto enchia o próprio peito de medalhas.

Autocratas envelhecidos geralmente não mudam de curso sem algum estímulo. Mao buscou aproximação com os EUA somente após o conflito fronteiriço sino-soviético de 1969 deixar claro que a China precisava de Washington para se contrapor a Moscou. O coronel Muamar Kadafi entregou suas armas de destruição em massa em 2003 em razão de vários fatores, incluindo pressão dos EUA. O generalíssimo nacionalista chinês Chiang Kai-shek e o homem-forte sul-coreano Syngman Rhee suprimiram relutantemente seus anseios de conquistar a China e a Península Coreana, respectivamente, em parte por temer que os americanos os abandonassem.

O que nos traz de volta a Xi e Putin.

Em vez de sossegar e pensar em aposentar-se, ambos reivindicaram agressivamente vastos territórios, implementaram mobilizações militares massivas, incrementaram relações com regimes iliberais como Coreia do Norte e Irã e fortaleceram cultos às suas personalidades. Depois de invadir a Ucrânia, Putin comparou a si mesmo explicitamente com Pedro, o Grande, o conquistador e modernizador que fundou o Império Russo; enquanto a propaganda do Partido Comunista Chinês define Xi como a culminação de uma trindade gloriosa: sob Mao, a China se levantou; sob Deng Xiaoping, a China enriqueceu; e sob Xi, a China se tornará poderosa.

Xi e Putin deixaram claras suas ambições de redesenhar o mapa da Eurásia. Putin afirma que a Ucrânia não existe como país independente e infere que Moscou deve reunificar o “mundo russo” — uma área que corresponde aproximadamente ao mapa das antigas fronteiras soviéticas. As reivindicações de Pequim incluem Taiwan, a maior parte do Mar do Sul da China e do Mar do Leste da China e fatias de território também reivindicadas pela Índia. “Nós não podemos perder nenhum centímetro de território deixado pelos nossos ancestrais”, disse Xi em 2018.

Barco de pesca passa por um local turístico na ilha de Pingtan, o ponto na China mais próximo de Taiwan, na província de Fujian, sudeste da China, em imagem de abril. Tensões entre o continente e a ilha tem crescido desde o ano passado Foto: Greg Baker/AFP

Diplomacia não dissuadiu Putin de invadir a Ucrânia e dificilmente alterará a fixação de Xi em absorver Taiwan, o que ele define como essencial para realizar “o grande rejuvenescimento da nação chinesa”. Ditadores revanchistas tipicamente não respondem a palavras gentis, têm de ser bloqueados por alianças de exércitos poderosos e economias resilientes.

Para este objetivo, os EUA e seus aliados deveriam acelerar transferências de armas para nações na linha de frente como Ucrânia e Taiwan e forjar um bloco econômico e de segurança para estocar munições e recursos críticos e proteger águas internacionais e territórios de aliados. O Ocidente tem de se agrupar e privar Pequim e Moscou de qualquer esperança de guerras fáceis de conquista.

Durante a Guerra Fria, a doutrina de “contenção” foi projetada para refrear a expansão soviética, até que a deterioração interna forçou Moscou a desistir de suas ambições. Este deve ser o mesmo objetivo hoje, e pode ser que não tarde meio século para alcançá-lo. A Rússia já está em declínio, a ascensão da China empacou, e ambos os países têm deixado vizinhos apreensivos. Os EUA e seus aliados só precisam conter a Rússia e a China até que as atuais tendências desapareçam, não para sempre. Eventualmente, os sonhos de dominação de seus líderes começarão a parecer caprichos, e seus sucessores poderão decidir retificar as dificuldades econômicas e estratégicas de seus países por meio de moderação geopolítica e reformas internas.

Até lá, conter dois ditadores velhos não será fácil, mas será a melhor esperança de limitar qualquer perturbação que eles venham a causar até desvanecer nos livros de história. /TRADUÇÃO DE GUILHERME RUSSO

THE NEW YORK TIMES – Xi Jinping e Vladimir Putin têm 70 anos, o que dá um lampejo de esperança para quem se preocupa com seus esforços de reformular a ordem mundial. A próxima década ou a seguinte provavelmente testemunharão mudanças de liderança na China e na Rússia capazes de desempenhar um papel em redefinir suas relações com o Ocidente.

Mas no futuro próximo, os Estados Unidos e seus aliados enfrentarão uma ameaça direta: um eixo de líderes envelhecidos que possuem armas nucleares, cujo tempo para alcançar suas grandiosas ambições está se esgotando. Conforme deixa claro a desventura de Putin na Ucrânia, líderes autocráticos nem sempre desaparecem pacificamente.

Ditadores velhos têm menos tempo para remoldar o mundo — e mais memórias de ser obedecidos em seu país e insultados no exterior por sua conduta. Eles se tornam cada vez mais repressivos e agressivos à medida que o poder lhes sobe à cabeça. Cercados de bajuladores, tomam decisões desastrosas consecutivamente; começam a refletir sobre seus legados e a se perguntar por que não receberam o respeito global que creem merecer nem alcançaram a glória que gravaria seus nomes entre os grandes da história. E podem decidir que não querem ser lembrados como meras figuras transicionais. Trata-se de uma combinação explosiva: um autocrata confiante ao extremo, ressentido e com pressa.

Presidente da China, Xi Jinping, ao lado do presidente da Rússia, Vladimir Putin, durante encontro em Moscou em 5 de junho de 2019 Foto: Evgenia Novozhenina/Reuters

Em seus primeiros anos no poder na China, Mao Tsé-tung previu que seus planos de superar as potências capitalistas poderiam levar de 50 a 75 anos. Mas conforme passou dos 60, Mao encurtou progressivamente esse cronograma, e em 1958 lançou o Grande Salto Adiante, um esquema equivocado para transformar a China rapidamente em uma gigante industrial. Pelo menos 45 milhões de pessoas morreram de fome ou outras causas conforme a agricultura foi negligenciada naquele frenesi para atender os objetivos de Mao. Em parte para unir o país em torno da campanha, Mao instigou uma crise internacional bombardeando ilhas controladas pelo governo nacionalista chinês de Taiwan. Entre 1966 e 1976, o esforço derradeiro do envelhecido Mao para salvaguardar seu poder e seu legado resultou no caos da Revolução Cultural.

Kim Il-sung, da Coreia do Norte, foi outro líder que agiu agressivamente em seus anos finais. Encorajado pelas dificuldades dos EUA no Vietnã e a subsequente redução da presença militar dos americanos na Ásia, Kim passou sua terceira e quarta décadas no poder de provocação em provocação. Entre 1968 e 1988, seu regime capturou um navio-espião dos EUA e sua tripulação; derrubou uma aeronave de reconhecimento americana, matando as 31 pessoas a bordo; tentou assassinar presidentes sul-coreanos em várias ocasiões e matou dezenas de autoridades sul-coreanas, incluindo uma primeira-dama; explodiu um avião comercial sul-coreano, matando as 115 pessoas a bordo; e construiu túneis que permitiriam a entrada de 30 mil soldados por hora na Coreia do Sul.

Ditadores idosos raramente sossegam o facho, mesmo quando estão aferrados firmemente ao poder. Josef Stálin emergiu da 2.ª Guerra vitorioso aos 66 anos. Mas em vez de trabalhar com seus aliados de tempo de guerra, buscou dominar a Eurásia e mandou uma nova onda de prisioneiros aos gulags. Leonid Brejnev buscou inicialmente reduzir as tensões com o Ocidente. Mas em sua segunda década no poder, o debilitado líder soviético adotou uma posição mais hostil, promovendo revoluções comunistas em todo o mundo, invadindo o Afeganistão em 1979 e apontando mísseis nucleares para a Europa Ocidental, enquanto enchia o próprio peito de medalhas.

Autocratas envelhecidos geralmente não mudam de curso sem algum estímulo. Mao buscou aproximação com os EUA somente após o conflito fronteiriço sino-soviético de 1969 deixar claro que a China precisava de Washington para se contrapor a Moscou. O coronel Muamar Kadafi entregou suas armas de destruição em massa em 2003 em razão de vários fatores, incluindo pressão dos EUA. O generalíssimo nacionalista chinês Chiang Kai-shek e o homem-forte sul-coreano Syngman Rhee suprimiram relutantemente seus anseios de conquistar a China e a Península Coreana, respectivamente, em parte por temer que os americanos os abandonassem.

O que nos traz de volta a Xi e Putin.

Em vez de sossegar e pensar em aposentar-se, ambos reivindicaram agressivamente vastos territórios, implementaram mobilizações militares massivas, incrementaram relações com regimes iliberais como Coreia do Norte e Irã e fortaleceram cultos às suas personalidades. Depois de invadir a Ucrânia, Putin comparou a si mesmo explicitamente com Pedro, o Grande, o conquistador e modernizador que fundou o Império Russo; enquanto a propaganda do Partido Comunista Chinês define Xi como a culminação de uma trindade gloriosa: sob Mao, a China se levantou; sob Deng Xiaoping, a China enriqueceu; e sob Xi, a China se tornará poderosa.

Xi e Putin deixaram claras suas ambições de redesenhar o mapa da Eurásia. Putin afirma que a Ucrânia não existe como país independente e infere que Moscou deve reunificar o “mundo russo” — uma área que corresponde aproximadamente ao mapa das antigas fronteiras soviéticas. As reivindicações de Pequim incluem Taiwan, a maior parte do Mar do Sul da China e do Mar do Leste da China e fatias de território também reivindicadas pela Índia. “Nós não podemos perder nenhum centímetro de território deixado pelos nossos ancestrais”, disse Xi em 2018.

Barco de pesca passa por um local turístico na ilha de Pingtan, o ponto na China mais próximo de Taiwan, na província de Fujian, sudeste da China, em imagem de abril. Tensões entre o continente e a ilha tem crescido desde o ano passado Foto: Greg Baker/AFP

Diplomacia não dissuadiu Putin de invadir a Ucrânia e dificilmente alterará a fixação de Xi em absorver Taiwan, o que ele define como essencial para realizar “o grande rejuvenescimento da nação chinesa”. Ditadores revanchistas tipicamente não respondem a palavras gentis, têm de ser bloqueados por alianças de exércitos poderosos e economias resilientes.

Para este objetivo, os EUA e seus aliados deveriam acelerar transferências de armas para nações na linha de frente como Ucrânia e Taiwan e forjar um bloco econômico e de segurança para estocar munições e recursos críticos e proteger águas internacionais e territórios de aliados. O Ocidente tem de se agrupar e privar Pequim e Moscou de qualquer esperança de guerras fáceis de conquista.

Durante a Guerra Fria, a doutrina de “contenção” foi projetada para refrear a expansão soviética, até que a deterioração interna forçou Moscou a desistir de suas ambições. Este deve ser o mesmo objetivo hoje, e pode ser que não tarde meio século para alcançá-lo. A Rússia já está em declínio, a ascensão da China empacou, e ambos os países têm deixado vizinhos apreensivos. Os EUA e seus aliados só precisam conter a Rússia e a China até que as atuais tendências desapareçam, não para sempre. Eventualmente, os sonhos de dominação de seus líderes começarão a parecer caprichos, e seus sucessores poderão decidir retificar as dificuldades econômicas e estratégicas de seus países por meio de moderação geopolítica e reformas internas.

Até lá, conter dois ditadores velhos não será fácil, mas será a melhor esperança de limitar qualquer perturbação que eles venham a causar até desvanecer nos livros de história. /TRADUÇÃO DE GUILHERME RUSSO

THE NEW YORK TIMES – Xi Jinping e Vladimir Putin têm 70 anos, o que dá um lampejo de esperança para quem se preocupa com seus esforços de reformular a ordem mundial. A próxima década ou a seguinte provavelmente testemunharão mudanças de liderança na China e na Rússia capazes de desempenhar um papel em redefinir suas relações com o Ocidente.

Mas no futuro próximo, os Estados Unidos e seus aliados enfrentarão uma ameaça direta: um eixo de líderes envelhecidos que possuem armas nucleares, cujo tempo para alcançar suas grandiosas ambições está se esgotando. Conforme deixa claro a desventura de Putin na Ucrânia, líderes autocráticos nem sempre desaparecem pacificamente.

Ditadores velhos têm menos tempo para remoldar o mundo — e mais memórias de ser obedecidos em seu país e insultados no exterior por sua conduta. Eles se tornam cada vez mais repressivos e agressivos à medida que o poder lhes sobe à cabeça. Cercados de bajuladores, tomam decisões desastrosas consecutivamente; começam a refletir sobre seus legados e a se perguntar por que não receberam o respeito global que creem merecer nem alcançaram a glória que gravaria seus nomes entre os grandes da história. E podem decidir que não querem ser lembrados como meras figuras transicionais. Trata-se de uma combinação explosiva: um autocrata confiante ao extremo, ressentido e com pressa.

Presidente da China, Xi Jinping, ao lado do presidente da Rússia, Vladimir Putin, durante encontro em Moscou em 5 de junho de 2019 Foto: Evgenia Novozhenina/Reuters

Em seus primeiros anos no poder na China, Mao Tsé-tung previu que seus planos de superar as potências capitalistas poderiam levar de 50 a 75 anos. Mas conforme passou dos 60, Mao encurtou progressivamente esse cronograma, e em 1958 lançou o Grande Salto Adiante, um esquema equivocado para transformar a China rapidamente em uma gigante industrial. Pelo menos 45 milhões de pessoas morreram de fome ou outras causas conforme a agricultura foi negligenciada naquele frenesi para atender os objetivos de Mao. Em parte para unir o país em torno da campanha, Mao instigou uma crise internacional bombardeando ilhas controladas pelo governo nacionalista chinês de Taiwan. Entre 1966 e 1976, o esforço derradeiro do envelhecido Mao para salvaguardar seu poder e seu legado resultou no caos da Revolução Cultural.

Kim Il-sung, da Coreia do Norte, foi outro líder que agiu agressivamente em seus anos finais. Encorajado pelas dificuldades dos EUA no Vietnã e a subsequente redução da presença militar dos americanos na Ásia, Kim passou sua terceira e quarta décadas no poder de provocação em provocação. Entre 1968 e 1988, seu regime capturou um navio-espião dos EUA e sua tripulação; derrubou uma aeronave de reconhecimento americana, matando as 31 pessoas a bordo; tentou assassinar presidentes sul-coreanos em várias ocasiões e matou dezenas de autoridades sul-coreanas, incluindo uma primeira-dama; explodiu um avião comercial sul-coreano, matando as 115 pessoas a bordo; e construiu túneis que permitiriam a entrada de 30 mil soldados por hora na Coreia do Sul.

Ditadores idosos raramente sossegam o facho, mesmo quando estão aferrados firmemente ao poder. Josef Stálin emergiu da 2.ª Guerra vitorioso aos 66 anos. Mas em vez de trabalhar com seus aliados de tempo de guerra, buscou dominar a Eurásia e mandou uma nova onda de prisioneiros aos gulags. Leonid Brejnev buscou inicialmente reduzir as tensões com o Ocidente. Mas em sua segunda década no poder, o debilitado líder soviético adotou uma posição mais hostil, promovendo revoluções comunistas em todo o mundo, invadindo o Afeganistão em 1979 e apontando mísseis nucleares para a Europa Ocidental, enquanto enchia o próprio peito de medalhas.

Autocratas envelhecidos geralmente não mudam de curso sem algum estímulo. Mao buscou aproximação com os EUA somente após o conflito fronteiriço sino-soviético de 1969 deixar claro que a China precisava de Washington para se contrapor a Moscou. O coronel Muamar Kadafi entregou suas armas de destruição em massa em 2003 em razão de vários fatores, incluindo pressão dos EUA. O generalíssimo nacionalista chinês Chiang Kai-shek e o homem-forte sul-coreano Syngman Rhee suprimiram relutantemente seus anseios de conquistar a China e a Península Coreana, respectivamente, em parte por temer que os americanos os abandonassem.

O que nos traz de volta a Xi e Putin.

Em vez de sossegar e pensar em aposentar-se, ambos reivindicaram agressivamente vastos territórios, implementaram mobilizações militares massivas, incrementaram relações com regimes iliberais como Coreia do Norte e Irã e fortaleceram cultos às suas personalidades. Depois de invadir a Ucrânia, Putin comparou a si mesmo explicitamente com Pedro, o Grande, o conquistador e modernizador que fundou o Império Russo; enquanto a propaganda do Partido Comunista Chinês define Xi como a culminação de uma trindade gloriosa: sob Mao, a China se levantou; sob Deng Xiaoping, a China enriqueceu; e sob Xi, a China se tornará poderosa.

Xi e Putin deixaram claras suas ambições de redesenhar o mapa da Eurásia. Putin afirma que a Ucrânia não existe como país independente e infere que Moscou deve reunificar o “mundo russo” — uma área que corresponde aproximadamente ao mapa das antigas fronteiras soviéticas. As reivindicações de Pequim incluem Taiwan, a maior parte do Mar do Sul da China e do Mar do Leste da China e fatias de território também reivindicadas pela Índia. “Nós não podemos perder nenhum centímetro de território deixado pelos nossos ancestrais”, disse Xi em 2018.

Barco de pesca passa por um local turístico na ilha de Pingtan, o ponto na China mais próximo de Taiwan, na província de Fujian, sudeste da China, em imagem de abril. Tensões entre o continente e a ilha tem crescido desde o ano passado Foto: Greg Baker/AFP

Diplomacia não dissuadiu Putin de invadir a Ucrânia e dificilmente alterará a fixação de Xi em absorver Taiwan, o que ele define como essencial para realizar “o grande rejuvenescimento da nação chinesa”. Ditadores revanchistas tipicamente não respondem a palavras gentis, têm de ser bloqueados por alianças de exércitos poderosos e economias resilientes.

Para este objetivo, os EUA e seus aliados deveriam acelerar transferências de armas para nações na linha de frente como Ucrânia e Taiwan e forjar um bloco econômico e de segurança para estocar munições e recursos críticos e proteger águas internacionais e territórios de aliados. O Ocidente tem de se agrupar e privar Pequim e Moscou de qualquer esperança de guerras fáceis de conquista.

Durante a Guerra Fria, a doutrina de “contenção” foi projetada para refrear a expansão soviética, até que a deterioração interna forçou Moscou a desistir de suas ambições. Este deve ser o mesmo objetivo hoje, e pode ser que não tarde meio século para alcançá-lo. A Rússia já está em declínio, a ascensão da China empacou, e ambos os países têm deixado vizinhos apreensivos. Os EUA e seus aliados só precisam conter a Rússia e a China até que as atuais tendências desapareçam, não para sempre. Eventualmente, os sonhos de dominação de seus líderes começarão a parecer caprichos, e seus sucessores poderão decidir retificar as dificuldades econômicas e estratégicas de seus países por meio de moderação geopolítica e reformas internas.

Até lá, conter dois ditadores velhos não será fácil, mas será a melhor esperança de limitar qualquer perturbação que eles venham a causar até desvanecer nos livros de história. /TRADUÇÃO DE GUILHERME RUSSO

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