Airbnb luta contra o problema das casas alugadas para festas


Barulho, danos à propriedade, problemas de segurança. Airbnb se apressa a resolver os riscos das casas de festas

Por Erin Griffith

A residência de luxo em Incline Village, Nevada, ao norte do Lago Tahoe, possui uma banheira de hidromassagem, sauna, mesa de sinuca, dois pátios e um quintal repleto de pinheiros altos. Pode acomodar 14 pessoas, de acordo com o site do Airbnb. E tem sido um pesadelo para Sarah Schmitz, uma senhora aposentada que mora ao lado.

A casa com frequência é local de festas barulhentas de despedidas de solteiro ou casamentos, disse a aposentada. Recentemente um grupo de universitários se hospedou ali e a fumaça da maconha entrava em sua casa. Quando pediu para pararem, jogaram lixo no seu terreno. “É uma casa com festas constantes”, disse. Ela chamou a polícia dezena de vezes e se juntou ao Incline Village STR Advisory Group, organização que luta contra as locações de curto prazo, onde a maior fonte é o Airbnb.

Mark Pernice/The New York Times 
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O que Sarah Schmitz contesta faz parte do “problema das festas em casa”, enfrentado pelo Airbnb. Quando um hóspede aluga uma propriedade para dar festas, algo que vem ocorrendo com mais frequência durante a pandemia do coronavírus, uma vez que as pessoas procuram lugares para socializarem pois os bares estão fechados e os hotéis representam mais risco. Em julho, a polícia de Nova Jersey interrompeu uma festa num imóvel alugado pelo Airbnb com mais de 700 pessoas.

As casas de festas são um risco para a reputação do Airbnb e com a companhia de US$ 18 bilhões se preparando para entrar na bolsa este ano. Em muitas localidades, as pessoas vêm se irritando com o barulho e os contratempos gerados pelos inquilinos. As queixas feitas de sites como Airbnb e Vrbo aumentaram 250% entre julho e setembro, em comparação com o ano anterior, de acordo com a empresa Host Compliance.

E pior, as casas de festas trazem problemas de segurança. Entre março e outubro pelo menos 27 tiroteios tinham ligação com imóveis alugados pelo Airbnb nos Estados Unidos e no Canadá, segundo um levantamento das notícias locais feito por Jessica Black, ativista que luta contra os aluguéis de curto prazo. Os dados coletados por ela foram confirmados pelo The New York Times.

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Ao longo dos anos, os funcionários do Airbnb têm insistido para os executivos adotarem medidas para resolver o problema, segundo afirmaram seis pessoas que cuidam das questões da segurança na companhia. Mas a startup decidiu dar mais prioridade para o crescimento até que um tiroteio durante o Halloween num imóvel alugado pelo Airbnb saiu na capa dos jornais de todo o país. Cinco pessoas morreram.

Os problemas estão provocando muitas disputas do Airbnb com as comunidades sobre como regulamentar os aluguéis de casas. Grupos como o de Incline Village estão mais incisivos e compartilhando suas estratégias para combater essas locações de curto prazo. Cidades como Chicago, San Diego, Atlanta e Ann Arbor, Michigan, recentemente propuseram ou até implementaram regras mais rígidas e proibições no caso dessas propriedades.

“A viabilidade e a lucratividade do Airbnb serão uma incógnita se o problema nas festas não for solucionado”, disse Karen Xie, professora na universidade de Denver que pesquisa esse setor de locações de curto prazo.

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Christopher Nulty, porta-voz do Airbnb, disse que a empresa vem combatendo o problema com “novas políticas, produtos e tecnologias mais robustos para acabar com as grandes reuniões que extrapolam de longe medidas adotadas por outros”. Segundo ele, a empresa tem feito mudanças, apesar de “sabidamente terem impacto no crescimento e nas reservas”.

O Airbnb começou a implementar as novas regras em torno da época em que preparava para entrar com seu pedido de registro na Bolsa de Valores. Em julho, estabeleceu que hóspedes com menos de 25 anos e menos de três avaliações positivas no site não podem reservar casas inteiras perto do local onde vivem. Em agosto, mês em que entrou com o pedido de abertura do seu capital, a companhia estabeleceu um limite de 16 pessoas para uma reserva, proibiu festas e processou hóspedes responsáveis pelos eventos.

No mês passado, a companhia começou a testar tecnologia para bloquear reservas suspeitas feitas em último minuto e tirou algumas casas de festas da sua lista. E antes do Halloween – um ano depois do tiroteio ocorrido numa casa da Airbnb em Orinda, Califórnia –proibiu locações de uma única noite naquela data.

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Há muito tempo, a empresa está às voltas com problemas de segurança, segundo disseram alguns funcionários. Eles disseram que vinham solicitando à empresa para entrarem com processo por danos contra pessoas que usam as casas alugadas para festas, mas os executivos temiam que isto chamasse a atenção para os eventos. 

Vários funcionários disseram ter procurado remover a opção de “reserva instantânea, que confirma as feitas de imediato sem exigir aprovação do locador. Mas o recurso, que foi usado em quase 70% das reservas feitas em 2019, aumentava a procura, tornando o Airbnb mais competitivo com os hotéis. Portanto a empresa não tomou nenhuma providência.

Segundo Nulty, a Airbnb promoveu o recurso de reserva instantânea para que os proprietários de um imóvel locado não pudessem discriminar os hóspedes e negar a reserva a um deles, acrescentando que eles podem desativar o recurso se assim desejarem. Mas negou que os executivos foram pressionados a processar as pessoas que promovem festas e que seus advogados rejeitaram a proposta por temerem chamar a atenção pública.

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Em Incline Village, que tem cerca de nove mil habitantes, as casas de festa do Airbnb vêm incomodando cada vez mais os moradores. Logo depois que Joe e Edie Farrel, terapeutas aposentados, se mudaram para sua casa de férias ali, no ano passado, a casa vizinha se tornou um local do Airbnb. A música alta e as pessoas bêbadas criaram “’10 dias de ansiedade”, durante os feriados do quatro de julho, disse Edie Farrell.

“O Airbnb basicamente está ajudando as pessoas a criarem um hotel no nosso bairro”, disse Joe Farrell, 68 anos. “Agora você precisa se preocupar com sua segurança, paz e tranquilidade”. E então ocorreu o tiroteio fatal no Airbnb de Orinda. Um artigo no site da revista Vice se referindo às reservas fraudulentas do Airbnb e contas falsas de locatários também viralizou, levantando dúvidas quanto à confiança.

Em resposta, a companhia declarou que iria banir festas realizadas por organizadores profissionais e promovidas nas redes sociais. E que faria uma verificação dos cadastros dos seus milhões de imóveis, anunciando uma linha direta global para vizinhos denunciarem as festas. E promoveu sua diretora de políticas, Margaret Richardson, para o cargo de vice-presidente de confiança (Depois disto ela saiu da companhia).

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Mas quando a pandemia surgiu em março, os executivos tiveram dificuldade para manter a companhia à tona. A verificação ficou paralisada. A linha direta para os bairros, que seria disponibilizada globalmente, só é acessível nos Estados Unidos, Canadá e Holanda. / TRADUÇÃO DE TEREZINHA MARTINO

The New York Times Licensing Group - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito do The New York Times.

A residência de luxo em Incline Village, Nevada, ao norte do Lago Tahoe, possui uma banheira de hidromassagem, sauna, mesa de sinuca, dois pátios e um quintal repleto de pinheiros altos. Pode acomodar 14 pessoas, de acordo com o site do Airbnb. E tem sido um pesadelo para Sarah Schmitz, uma senhora aposentada que mora ao lado.

A casa com frequência é local de festas barulhentas de despedidas de solteiro ou casamentos, disse a aposentada. Recentemente um grupo de universitários se hospedou ali e a fumaça da maconha entrava em sua casa. Quando pediu para pararem, jogaram lixo no seu terreno. “É uma casa com festas constantes”, disse. Ela chamou a polícia dezena de vezes e se juntou ao Incline Village STR Advisory Group, organização que luta contra as locações de curto prazo, onde a maior fonte é o Airbnb.

Mark Pernice/The New York Times 

O que Sarah Schmitz contesta faz parte do “problema das festas em casa”, enfrentado pelo Airbnb. Quando um hóspede aluga uma propriedade para dar festas, algo que vem ocorrendo com mais frequência durante a pandemia do coronavírus, uma vez que as pessoas procuram lugares para socializarem pois os bares estão fechados e os hotéis representam mais risco. Em julho, a polícia de Nova Jersey interrompeu uma festa num imóvel alugado pelo Airbnb com mais de 700 pessoas.

As casas de festas são um risco para a reputação do Airbnb e com a companhia de US$ 18 bilhões se preparando para entrar na bolsa este ano. Em muitas localidades, as pessoas vêm se irritando com o barulho e os contratempos gerados pelos inquilinos. As queixas feitas de sites como Airbnb e Vrbo aumentaram 250% entre julho e setembro, em comparação com o ano anterior, de acordo com a empresa Host Compliance.

E pior, as casas de festas trazem problemas de segurança. Entre março e outubro pelo menos 27 tiroteios tinham ligação com imóveis alugados pelo Airbnb nos Estados Unidos e no Canadá, segundo um levantamento das notícias locais feito por Jessica Black, ativista que luta contra os aluguéis de curto prazo. Os dados coletados por ela foram confirmados pelo The New York Times.

Ao longo dos anos, os funcionários do Airbnb têm insistido para os executivos adotarem medidas para resolver o problema, segundo afirmaram seis pessoas que cuidam das questões da segurança na companhia. Mas a startup decidiu dar mais prioridade para o crescimento até que um tiroteio durante o Halloween num imóvel alugado pelo Airbnb saiu na capa dos jornais de todo o país. Cinco pessoas morreram.

Os problemas estão provocando muitas disputas do Airbnb com as comunidades sobre como regulamentar os aluguéis de casas. Grupos como o de Incline Village estão mais incisivos e compartilhando suas estratégias para combater essas locações de curto prazo. Cidades como Chicago, San Diego, Atlanta e Ann Arbor, Michigan, recentemente propuseram ou até implementaram regras mais rígidas e proibições no caso dessas propriedades.

“A viabilidade e a lucratividade do Airbnb serão uma incógnita se o problema nas festas não for solucionado”, disse Karen Xie, professora na universidade de Denver que pesquisa esse setor de locações de curto prazo.

Christopher Nulty, porta-voz do Airbnb, disse que a empresa vem combatendo o problema com “novas políticas, produtos e tecnologias mais robustos para acabar com as grandes reuniões que extrapolam de longe medidas adotadas por outros”. Segundo ele, a empresa tem feito mudanças, apesar de “sabidamente terem impacto no crescimento e nas reservas”.

O Airbnb começou a implementar as novas regras em torno da época em que preparava para entrar com seu pedido de registro na Bolsa de Valores. Em julho, estabeleceu que hóspedes com menos de 25 anos e menos de três avaliações positivas no site não podem reservar casas inteiras perto do local onde vivem. Em agosto, mês em que entrou com o pedido de abertura do seu capital, a companhia estabeleceu um limite de 16 pessoas para uma reserva, proibiu festas e processou hóspedes responsáveis pelos eventos.

No mês passado, a companhia começou a testar tecnologia para bloquear reservas suspeitas feitas em último minuto e tirou algumas casas de festas da sua lista. E antes do Halloween – um ano depois do tiroteio ocorrido numa casa da Airbnb em Orinda, Califórnia –proibiu locações de uma única noite naquela data.

Há muito tempo, a empresa está às voltas com problemas de segurança, segundo disseram alguns funcionários. Eles disseram que vinham solicitando à empresa para entrarem com processo por danos contra pessoas que usam as casas alugadas para festas, mas os executivos temiam que isto chamasse a atenção para os eventos. 

Vários funcionários disseram ter procurado remover a opção de “reserva instantânea, que confirma as feitas de imediato sem exigir aprovação do locador. Mas o recurso, que foi usado em quase 70% das reservas feitas em 2019, aumentava a procura, tornando o Airbnb mais competitivo com os hotéis. Portanto a empresa não tomou nenhuma providência.

Segundo Nulty, a Airbnb promoveu o recurso de reserva instantânea para que os proprietários de um imóvel locado não pudessem discriminar os hóspedes e negar a reserva a um deles, acrescentando que eles podem desativar o recurso se assim desejarem. Mas negou que os executivos foram pressionados a processar as pessoas que promovem festas e que seus advogados rejeitaram a proposta por temerem chamar a atenção pública.

Em Incline Village, que tem cerca de nove mil habitantes, as casas de festa do Airbnb vêm incomodando cada vez mais os moradores. Logo depois que Joe e Edie Farrel, terapeutas aposentados, se mudaram para sua casa de férias ali, no ano passado, a casa vizinha se tornou um local do Airbnb. A música alta e as pessoas bêbadas criaram “’10 dias de ansiedade”, durante os feriados do quatro de julho, disse Edie Farrell.

“O Airbnb basicamente está ajudando as pessoas a criarem um hotel no nosso bairro”, disse Joe Farrell, 68 anos. “Agora você precisa se preocupar com sua segurança, paz e tranquilidade”. E então ocorreu o tiroteio fatal no Airbnb de Orinda. Um artigo no site da revista Vice se referindo às reservas fraudulentas do Airbnb e contas falsas de locatários também viralizou, levantando dúvidas quanto à confiança.

Em resposta, a companhia declarou que iria banir festas realizadas por organizadores profissionais e promovidas nas redes sociais. E que faria uma verificação dos cadastros dos seus milhões de imóveis, anunciando uma linha direta global para vizinhos denunciarem as festas. E promoveu sua diretora de políticas, Margaret Richardson, para o cargo de vice-presidente de confiança (Depois disto ela saiu da companhia).

Mas quando a pandemia surgiu em março, os executivos tiveram dificuldade para manter a companhia à tona. A verificação ficou paralisada. A linha direta para os bairros, que seria disponibilizada globalmente, só é acessível nos Estados Unidos, Canadá e Holanda. / TRADUÇÃO DE TEREZINHA MARTINO

The New York Times Licensing Group - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito do The New York Times.

A residência de luxo em Incline Village, Nevada, ao norte do Lago Tahoe, possui uma banheira de hidromassagem, sauna, mesa de sinuca, dois pátios e um quintal repleto de pinheiros altos. Pode acomodar 14 pessoas, de acordo com o site do Airbnb. E tem sido um pesadelo para Sarah Schmitz, uma senhora aposentada que mora ao lado.

A casa com frequência é local de festas barulhentas de despedidas de solteiro ou casamentos, disse a aposentada. Recentemente um grupo de universitários se hospedou ali e a fumaça da maconha entrava em sua casa. Quando pediu para pararem, jogaram lixo no seu terreno. “É uma casa com festas constantes”, disse. Ela chamou a polícia dezena de vezes e se juntou ao Incline Village STR Advisory Group, organização que luta contra as locações de curto prazo, onde a maior fonte é o Airbnb.

Mark Pernice/The New York Times 

O que Sarah Schmitz contesta faz parte do “problema das festas em casa”, enfrentado pelo Airbnb. Quando um hóspede aluga uma propriedade para dar festas, algo que vem ocorrendo com mais frequência durante a pandemia do coronavírus, uma vez que as pessoas procuram lugares para socializarem pois os bares estão fechados e os hotéis representam mais risco. Em julho, a polícia de Nova Jersey interrompeu uma festa num imóvel alugado pelo Airbnb com mais de 700 pessoas.

As casas de festas são um risco para a reputação do Airbnb e com a companhia de US$ 18 bilhões se preparando para entrar na bolsa este ano. Em muitas localidades, as pessoas vêm se irritando com o barulho e os contratempos gerados pelos inquilinos. As queixas feitas de sites como Airbnb e Vrbo aumentaram 250% entre julho e setembro, em comparação com o ano anterior, de acordo com a empresa Host Compliance.

E pior, as casas de festas trazem problemas de segurança. Entre março e outubro pelo menos 27 tiroteios tinham ligação com imóveis alugados pelo Airbnb nos Estados Unidos e no Canadá, segundo um levantamento das notícias locais feito por Jessica Black, ativista que luta contra os aluguéis de curto prazo. Os dados coletados por ela foram confirmados pelo The New York Times.

Ao longo dos anos, os funcionários do Airbnb têm insistido para os executivos adotarem medidas para resolver o problema, segundo afirmaram seis pessoas que cuidam das questões da segurança na companhia. Mas a startup decidiu dar mais prioridade para o crescimento até que um tiroteio durante o Halloween num imóvel alugado pelo Airbnb saiu na capa dos jornais de todo o país. Cinco pessoas morreram.

Os problemas estão provocando muitas disputas do Airbnb com as comunidades sobre como regulamentar os aluguéis de casas. Grupos como o de Incline Village estão mais incisivos e compartilhando suas estratégias para combater essas locações de curto prazo. Cidades como Chicago, San Diego, Atlanta e Ann Arbor, Michigan, recentemente propuseram ou até implementaram regras mais rígidas e proibições no caso dessas propriedades.

“A viabilidade e a lucratividade do Airbnb serão uma incógnita se o problema nas festas não for solucionado”, disse Karen Xie, professora na universidade de Denver que pesquisa esse setor de locações de curto prazo.

Christopher Nulty, porta-voz do Airbnb, disse que a empresa vem combatendo o problema com “novas políticas, produtos e tecnologias mais robustos para acabar com as grandes reuniões que extrapolam de longe medidas adotadas por outros”. Segundo ele, a empresa tem feito mudanças, apesar de “sabidamente terem impacto no crescimento e nas reservas”.

O Airbnb começou a implementar as novas regras em torno da época em que preparava para entrar com seu pedido de registro na Bolsa de Valores. Em julho, estabeleceu que hóspedes com menos de 25 anos e menos de três avaliações positivas no site não podem reservar casas inteiras perto do local onde vivem. Em agosto, mês em que entrou com o pedido de abertura do seu capital, a companhia estabeleceu um limite de 16 pessoas para uma reserva, proibiu festas e processou hóspedes responsáveis pelos eventos.

No mês passado, a companhia começou a testar tecnologia para bloquear reservas suspeitas feitas em último minuto e tirou algumas casas de festas da sua lista. E antes do Halloween – um ano depois do tiroteio ocorrido numa casa da Airbnb em Orinda, Califórnia –proibiu locações de uma única noite naquela data.

Há muito tempo, a empresa está às voltas com problemas de segurança, segundo disseram alguns funcionários. Eles disseram que vinham solicitando à empresa para entrarem com processo por danos contra pessoas que usam as casas alugadas para festas, mas os executivos temiam que isto chamasse a atenção para os eventos. 

Vários funcionários disseram ter procurado remover a opção de “reserva instantânea, que confirma as feitas de imediato sem exigir aprovação do locador. Mas o recurso, que foi usado em quase 70% das reservas feitas em 2019, aumentava a procura, tornando o Airbnb mais competitivo com os hotéis. Portanto a empresa não tomou nenhuma providência.

Segundo Nulty, a Airbnb promoveu o recurso de reserva instantânea para que os proprietários de um imóvel locado não pudessem discriminar os hóspedes e negar a reserva a um deles, acrescentando que eles podem desativar o recurso se assim desejarem. Mas negou que os executivos foram pressionados a processar as pessoas que promovem festas e que seus advogados rejeitaram a proposta por temerem chamar a atenção pública.

Em Incline Village, que tem cerca de nove mil habitantes, as casas de festa do Airbnb vêm incomodando cada vez mais os moradores. Logo depois que Joe e Edie Farrel, terapeutas aposentados, se mudaram para sua casa de férias ali, no ano passado, a casa vizinha se tornou um local do Airbnb. A música alta e as pessoas bêbadas criaram “’10 dias de ansiedade”, durante os feriados do quatro de julho, disse Edie Farrell.

“O Airbnb basicamente está ajudando as pessoas a criarem um hotel no nosso bairro”, disse Joe Farrell, 68 anos. “Agora você precisa se preocupar com sua segurança, paz e tranquilidade”. E então ocorreu o tiroteio fatal no Airbnb de Orinda. Um artigo no site da revista Vice se referindo às reservas fraudulentas do Airbnb e contas falsas de locatários também viralizou, levantando dúvidas quanto à confiança.

Em resposta, a companhia declarou que iria banir festas realizadas por organizadores profissionais e promovidas nas redes sociais. E que faria uma verificação dos cadastros dos seus milhões de imóveis, anunciando uma linha direta global para vizinhos denunciarem as festas. E promoveu sua diretora de políticas, Margaret Richardson, para o cargo de vice-presidente de confiança (Depois disto ela saiu da companhia).

Mas quando a pandemia surgiu em março, os executivos tiveram dificuldade para manter a companhia à tona. A verificação ficou paralisada. A linha direta para os bairros, que seria disponibilizada globalmente, só é acessível nos Estados Unidos, Canadá e Holanda. / TRADUÇÃO DE TEREZINHA MARTINO

The New York Times Licensing Group - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito do The New York Times.

A residência de luxo em Incline Village, Nevada, ao norte do Lago Tahoe, possui uma banheira de hidromassagem, sauna, mesa de sinuca, dois pátios e um quintal repleto de pinheiros altos. Pode acomodar 14 pessoas, de acordo com o site do Airbnb. E tem sido um pesadelo para Sarah Schmitz, uma senhora aposentada que mora ao lado.

A casa com frequência é local de festas barulhentas de despedidas de solteiro ou casamentos, disse a aposentada. Recentemente um grupo de universitários se hospedou ali e a fumaça da maconha entrava em sua casa. Quando pediu para pararem, jogaram lixo no seu terreno. “É uma casa com festas constantes”, disse. Ela chamou a polícia dezena de vezes e se juntou ao Incline Village STR Advisory Group, organização que luta contra as locações de curto prazo, onde a maior fonte é o Airbnb.

Mark Pernice/The New York Times 

O que Sarah Schmitz contesta faz parte do “problema das festas em casa”, enfrentado pelo Airbnb. Quando um hóspede aluga uma propriedade para dar festas, algo que vem ocorrendo com mais frequência durante a pandemia do coronavírus, uma vez que as pessoas procuram lugares para socializarem pois os bares estão fechados e os hotéis representam mais risco. Em julho, a polícia de Nova Jersey interrompeu uma festa num imóvel alugado pelo Airbnb com mais de 700 pessoas.

As casas de festas são um risco para a reputação do Airbnb e com a companhia de US$ 18 bilhões se preparando para entrar na bolsa este ano. Em muitas localidades, as pessoas vêm se irritando com o barulho e os contratempos gerados pelos inquilinos. As queixas feitas de sites como Airbnb e Vrbo aumentaram 250% entre julho e setembro, em comparação com o ano anterior, de acordo com a empresa Host Compliance.

E pior, as casas de festas trazem problemas de segurança. Entre março e outubro pelo menos 27 tiroteios tinham ligação com imóveis alugados pelo Airbnb nos Estados Unidos e no Canadá, segundo um levantamento das notícias locais feito por Jessica Black, ativista que luta contra os aluguéis de curto prazo. Os dados coletados por ela foram confirmados pelo The New York Times.

Ao longo dos anos, os funcionários do Airbnb têm insistido para os executivos adotarem medidas para resolver o problema, segundo afirmaram seis pessoas que cuidam das questões da segurança na companhia. Mas a startup decidiu dar mais prioridade para o crescimento até que um tiroteio durante o Halloween num imóvel alugado pelo Airbnb saiu na capa dos jornais de todo o país. Cinco pessoas morreram.

Os problemas estão provocando muitas disputas do Airbnb com as comunidades sobre como regulamentar os aluguéis de casas. Grupos como o de Incline Village estão mais incisivos e compartilhando suas estratégias para combater essas locações de curto prazo. Cidades como Chicago, San Diego, Atlanta e Ann Arbor, Michigan, recentemente propuseram ou até implementaram regras mais rígidas e proibições no caso dessas propriedades.

“A viabilidade e a lucratividade do Airbnb serão uma incógnita se o problema nas festas não for solucionado”, disse Karen Xie, professora na universidade de Denver que pesquisa esse setor de locações de curto prazo.

Christopher Nulty, porta-voz do Airbnb, disse que a empresa vem combatendo o problema com “novas políticas, produtos e tecnologias mais robustos para acabar com as grandes reuniões que extrapolam de longe medidas adotadas por outros”. Segundo ele, a empresa tem feito mudanças, apesar de “sabidamente terem impacto no crescimento e nas reservas”.

O Airbnb começou a implementar as novas regras em torno da época em que preparava para entrar com seu pedido de registro na Bolsa de Valores. Em julho, estabeleceu que hóspedes com menos de 25 anos e menos de três avaliações positivas no site não podem reservar casas inteiras perto do local onde vivem. Em agosto, mês em que entrou com o pedido de abertura do seu capital, a companhia estabeleceu um limite de 16 pessoas para uma reserva, proibiu festas e processou hóspedes responsáveis pelos eventos.

No mês passado, a companhia começou a testar tecnologia para bloquear reservas suspeitas feitas em último minuto e tirou algumas casas de festas da sua lista. E antes do Halloween – um ano depois do tiroteio ocorrido numa casa da Airbnb em Orinda, Califórnia –proibiu locações de uma única noite naquela data.

Há muito tempo, a empresa está às voltas com problemas de segurança, segundo disseram alguns funcionários. Eles disseram que vinham solicitando à empresa para entrarem com processo por danos contra pessoas que usam as casas alugadas para festas, mas os executivos temiam que isto chamasse a atenção para os eventos. 

Vários funcionários disseram ter procurado remover a opção de “reserva instantânea, que confirma as feitas de imediato sem exigir aprovação do locador. Mas o recurso, que foi usado em quase 70% das reservas feitas em 2019, aumentava a procura, tornando o Airbnb mais competitivo com os hotéis. Portanto a empresa não tomou nenhuma providência.

Segundo Nulty, a Airbnb promoveu o recurso de reserva instantânea para que os proprietários de um imóvel locado não pudessem discriminar os hóspedes e negar a reserva a um deles, acrescentando que eles podem desativar o recurso se assim desejarem. Mas negou que os executivos foram pressionados a processar as pessoas que promovem festas e que seus advogados rejeitaram a proposta por temerem chamar a atenção pública.

Em Incline Village, que tem cerca de nove mil habitantes, as casas de festa do Airbnb vêm incomodando cada vez mais os moradores. Logo depois que Joe e Edie Farrel, terapeutas aposentados, se mudaram para sua casa de férias ali, no ano passado, a casa vizinha se tornou um local do Airbnb. A música alta e as pessoas bêbadas criaram “’10 dias de ansiedade”, durante os feriados do quatro de julho, disse Edie Farrell.

“O Airbnb basicamente está ajudando as pessoas a criarem um hotel no nosso bairro”, disse Joe Farrell, 68 anos. “Agora você precisa se preocupar com sua segurança, paz e tranquilidade”. E então ocorreu o tiroteio fatal no Airbnb de Orinda. Um artigo no site da revista Vice se referindo às reservas fraudulentas do Airbnb e contas falsas de locatários também viralizou, levantando dúvidas quanto à confiança.

Em resposta, a companhia declarou que iria banir festas realizadas por organizadores profissionais e promovidas nas redes sociais. E que faria uma verificação dos cadastros dos seus milhões de imóveis, anunciando uma linha direta global para vizinhos denunciarem as festas. E promoveu sua diretora de políticas, Margaret Richardson, para o cargo de vice-presidente de confiança (Depois disto ela saiu da companhia).

Mas quando a pandemia surgiu em março, os executivos tiveram dificuldade para manter a companhia à tona. A verificação ficou paralisada. A linha direta para os bairros, que seria disponibilizada globalmente, só é acessível nos Estados Unidos, Canadá e Holanda. / TRADUÇÃO DE TEREZINHA MARTINO

The New York Times Licensing Group - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito do The New York Times.

A residência de luxo em Incline Village, Nevada, ao norte do Lago Tahoe, possui uma banheira de hidromassagem, sauna, mesa de sinuca, dois pátios e um quintal repleto de pinheiros altos. Pode acomodar 14 pessoas, de acordo com o site do Airbnb. E tem sido um pesadelo para Sarah Schmitz, uma senhora aposentada que mora ao lado.

A casa com frequência é local de festas barulhentas de despedidas de solteiro ou casamentos, disse a aposentada. Recentemente um grupo de universitários se hospedou ali e a fumaça da maconha entrava em sua casa. Quando pediu para pararem, jogaram lixo no seu terreno. “É uma casa com festas constantes”, disse. Ela chamou a polícia dezena de vezes e se juntou ao Incline Village STR Advisory Group, organização que luta contra as locações de curto prazo, onde a maior fonte é o Airbnb.

Mark Pernice/The New York Times 

O que Sarah Schmitz contesta faz parte do “problema das festas em casa”, enfrentado pelo Airbnb. Quando um hóspede aluga uma propriedade para dar festas, algo que vem ocorrendo com mais frequência durante a pandemia do coronavírus, uma vez que as pessoas procuram lugares para socializarem pois os bares estão fechados e os hotéis representam mais risco. Em julho, a polícia de Nova Jersey interrompeu uma festa num imóvel alugado pelo Airbnb com mais de 700 pessoas.

As casas de festas são um risco para a reputação do Airbnb e com a companhia de US$ 18 bilhões se preparando para entrar na bolsa este ano. Em muitas localidades, as pessoas vêm se irritando com o barulho e os contratempos gerados pelos inquilinos. As queixas feitas de sites como Airbnb e Vrbo aumentaram 250% entre julho e setembro, em comparação com o ano anterior, de acordo com a empresa Host Compliance.

E pior, as casas de festas trazem problemas de segurança. Entre março e outubro pelo menos 27 tiroteios tinham ligação com imóveis alugados pelo Airbnb nos Estados Unidos e no Canadá, segundo um levantamento das notícias locais feito por Jessica Black, ativista que luta contra os aluguéis de curto prazo. Os dados coletados por ela foram confirmados pelo The New York Times.

Ao longo dos anos, os funcionários do Airbnb têm insistido para os executivos adotarem medidas para resolver o problema, segundo afirmaram seis pessoas que cuidam das questões da segurança na companhia. Mas a startup decidiu dar mais prioridade para o crescimento até que um tiroteio durante o Halloween num imóvel alugado pelo Airbnb saiu na capa dos jornais de todo o país. Cinco pessoas morreram.

Os problemas estão provocando muitas disputas do Airbnb com as comunidades sobre como regulamentar os aluguéis de casas. Grupos como o de Incline Village estão mais incisivos e compartilhando suas estratégias para combater essas locações de curto prazo. Cidades como Chicago, San Diego, Atlanta e Ann Arbor, Michigan, recentemente propuseram ou até implementaram regras mais rígidas e proibições no caso dessas propriedades.

“A viabilidade e a lucratividade do Airbnb serão uma incógnita se o problema nas festas não for solucionado”, disse Karen Xie, professora na universidade de Denver que pesquisa esse setor de locações de curto prazo.

Christopher Nulty, porta-voz do Airbnb, disse que a empresa vem combatendo o problema com “novas políticas, produtos e tecnologias mais robustos para acabar com as grandes reuniões que extrapolam de longe medidas adotadas por outros”. Segundo ele, a empresa tem feito mudanças, apesar de “sabidamente terem impacto no crescimento e nas reservas”.

O Airbnb começou a implementar as novas regras em torno da época em que preparava para entrar com seu pedido de registro na Bolsa de Valores. Em julho, estabeleceu que hóspedes com menos de 25 anos e menos de três avaliações positivas no site não podem reservar casas inteiras perto do local onde vivem. Em agosto, mês em que entrou com o pedido de abertura do seu capital, a companhia estabeleceu um limite de 16 pessoas para uma reserva, proibiu festas e processou hóspedes responsáveis pelos eventos.

No mês passado, a companhia começou a testar tecnologia para bloquear reservas suspeitas feitas em último minuto e tirou algumas casas de festas da sua lista. E antes do Halloween – um ano depois do tiroteio ocorrido numa casa da Airbnb em Orinda, Califórnia –proibiu locações de uma única noite naquela data.

Há muito tempo, a empresa está às voltas com problemas de segurança, segundo disseram alguns funcionários. Eles disseram que vinham solicitando à empresa para entrarem com processo por danos contra pessoas que usam as casas alugadas para festas, mas os executivos temiam que isto chamasse a atenção para os eventos. 

Vários funcionários disseram ter procurado remover a opção de “reserva instantânea, que confirma as feitas de imediato sem exigir aprovação do locador. Mas o recurso, que foi usado em quase 70% das reservas feitas em 2019, aumentava a procura, tornando o Airbnb mais competitivo com os hotéis. Portanto a empresa não tomou nenhuma providência.

Segundo Nulty, a Airbnb promoveu o recurso de reserva instantânea para que os proprietários de um imóvel locado não pudessem discriminar os hóspedes e negar a reserva a um deles, acrescentando que eles podem desativar o recurso se assim desejarem. Mas negou que os executivos foram pressionados a processar as pessoas que promovem festas e que seus advogados rejeitaram a proposta por temerem chamar a atenção pública.

Em Incline Village, que tem cerca de nove mil habitantes, as casas de festa do Airbnb vêm incomodando cada vez mais os moradores. Logo depois que Joe e Edie Farrel, terapeutas aposentados, se mudaram para sua casa de férias ali, no ano passado, a casa vizinha se tornou um local do Airbnb. A música alta e as pessoas bêbadas criaram “’10 dias de ansiedade”, durante os feriados do quatro de julho, disse Edie Farrell.

“O Airbnb basicamente está ajudando as pessoas a criarem um hotel no nosso bairro”, disse Joe Farrell, 68 anos. “Agora você precisa se preocupar com sua segurança, paz e tranquilidade”. E então ocorreu o tiroteio fatal no Airbnb de Orinda. Um artigo no site da revista Vice se referindo às reservas fraudulentas do Airbnb e contas falsas de locatários também viralizou, levantando dúvidas quanto à confiança.

Em resposta, a companhia declarou que iria banir festas realizadas por organizadores profissionais e promovidas nas redes sociais. E que faria uma verificação dos cadastros dos seus milhões de imóveis, anunciando uma linha direta global para vizinhos denunciarem as festas. E promoveu sua diretora de políticas, Margaret Richardson, para o cargo de vice-presidente de confiança (Depois disto ela saiu da companhia).

Mas quando a pandemia surgiu em março, os executivos tiveram dificuldade para manter a companhia à tona. A verificação ficou paralisada. A linha direta para os bairros, que seria disponibilizada globalmente, só é acessível nos Estados Unidos, Canadá e Holanda. / TRADUÇÃO DE TEREZINHA MARTINO

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