Aplicativos de namoro prosperam na China, mas não apenas para romances


A China reprimiu muitas empresas de tecnologia, mas permitiu que aplicativos de namoro que fornecem conexões sociais floresçam

Por Zixu Wang e Chang Che

THE NEW YORK TIMES - LIFE/STYLE - Quando Qu Tongzhou, uma assistente de fotografia em Xangai, partiu para uma tão aguardada viagem ao oeste da China em junho, ela achou as cidades que visitou pouco acolhedoras. Como efeito colateral das políticas de “zero-covid” do país, os moradores desconfiavam dos viajantes e alguns hotéis recusaram Qu, temendo que ela pudesse trazer o vírus.

Então Qu recorreu ao Tantan e ao Jimu, dois aplicativos populares de namoro chineses parecidos com o Tinder. Ela estava ciente dos riscos envolvidos em conhecer estranhos, mas os aplicativos renderam uma fonte de novos amigos, incluindo um empresário de biotecnologia na cidade de Lanzhou, um médico tibetano na cidade de Xining e um funcionário público em Karamay, uma cidade do noroeste de Xinjiang. A cada parada, seus “matches” lhe davam hospedagem e a levavam a bares e outros locais da região.

“Se eu não usasse esses aplicativos, não teria conhecido muitas pessoas”, disse Qu, 28 anos. “Ninguém teria me levado para passear na cidade.”

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Nos últimos dois anos, a China reprimiu grande parte de sua indústria de tecnologia doméstica, proibindo instituições de ensino on-line com fins lucrativos, restringindo videogames e aplicando multas antitruste multibilionárias nas maiores plataformas de compras on-line. Alguns dos outrora famosos titãs da tecnologia da China, como Jack Ma, fundador da empresa de comércio eletrônico Alibaba, se afastaram da vista do público.

Mas um canto da indústria de tecnologia da China floresceu: os aplicativos de namoro.

O número de aplicativos de namoro na China com mais de 1.000 downloads subiu para 275 este ano, de 81 em 2017, de acordo com a data.ai, uma empresa de análise. Os downloads dos aplicativos aumentaram, assim como as compras dentro deles.

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Os investidores também colocaram mais de US$ 5,3 bilhões em empresas de namoro e redes sociais no país no ano passado, acima dos US$ 300 milhões de 2019, segundo o PitchBook. E as maiores empresas de tecnologia da China, como a ByteDance e a Tencent, estão testando, adquirindo e investindo em novos aplicativos que prometem juntar estranhos.

Esses aplicativos estão florescendo - e Pequim parece deixá-los em paz - por mais do que apenas razões românticas. Eles prometem empurrar as pessoas ao casamento em um momento em que as taxas de casamento e fertilidade da China estão em baixa, mas os aplicativos também estão ajudando os usuários a combater a solidão, já que os lockdowns por conta da covid fizeram estragos nas conexões sociais.

Para muitas pessoas, os aplicativos se tornaram santuários virtuais - uma reviravolta do século 21 no que os urbanistas chamam de “terceiro lugar”, uma comunidade entre o trabalho e o lar - para explorar hobbies, discutir tópicos populares e fazer novos amigos.

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Qu Tongzhou, 28, residente em Xangai. Recentemente, ela usou aplicativos de namoro para fazer amigos enquanto viajava para o oeste da China.  Foto: Qilai Shen/The New York Times

“É muito difícil conhecer pessoas offline”, disse Raphael Zhao, 25, recém-formado em Pequim. Zhao baixou o Tantan em abril, depois de ficar confinado em seu campus por causa das medidas de contenção da covid. “Como essas plataformas são muito abrangentes, acabam te dando a esperança de conhecer alguém com quem convive.”

As autoridades chinesas tomaram medidas contra aplicativos de namoro no passado. Em 2019, o Tantan e outro aplicativo de namoro chamado Momo suspenderam alguns recursos do aplicativo depois que os reguladores os acusaram de negligenciar a disseminação de conteúdo pornográfico em suas plataformas.

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Mas, ao contrário de aulas online e comércio de criptomoedas, áreas que os reguladores da China anularam inequivocamente, namoro e outros serviços centrados em encontros sociais permaneceram relativamente ilesos, pois os aplicativos definiram explicitamente seus objetivos como ajudar a sociedade chinesa a prosperar.

Ajudando o Estado

Zhang Lu, fundador do Soul, um aplicativo de namoro apoiado pela Tencent, disse que “a solidão é o principal problema que queremos resolver”. Blued, o aplicativo de namoro gay mais popular, se apresenta como um aplicativo de saúde pública e conscientização sobre o HIV. Seu site destaca seu trabalho na prevenção do HIV, colaborações com governos locais e encontros de seu fundador com funcionários de alto escalão, como o primeiro-ministro Li Keqiang. (O fundador do Blued renunciou no mês passado, aludindo aos desafios de gerenciar um aplicativo LGBTQ na China, mas os downloads do aplicativo permaneceram constantes.)

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“Em vez de simplesmente reprimir, os aplicativos de namoro são vistos como tecnologias que podem ser efetivamente cooptadas pelo Estado”, disse Yun Zhou, professor assistente de sociologia e estudos chineses da Universidade de Michigan.

Quando o namoro pela internet chegou à China no início dos anos 2000, o poder de formar relacionamentos - antes desproporcionalmente nas mãos de casamenteiros de vilarejos, pais e chefes de fábrica - caiu cada vez mais sobre o indivíduo. Muitos estavam ansiosos pela mudança, gravitando para os recursos do WeChat, o popular aplicativo de mensagens, que permitia conversar com estranhos.

A tendência se acelerou na década de 2010 com a chegada de aplicativos de namoro como Momo e Tantan, que emulavam o Tinder. Ao lado do Soul, eles se tornaram os três aplicativos de namoro mais populares da China, acumulando mais de 150 milhões de usuários ativos mensais no total.

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O Soul e o Momo se recusaram a comentar. O Tantan, de propriedade do Momo, não respondeu a um pedido de comentário.

Os próprios aplicativos mudaram. O Tantan e o Momo há muito combinavam usuários com base em sua aparência física, levando a acusações de que as plataformas cultivavam uma cultura de encontros casuais. Mais recentemente, esses aplicativos começaram a usar os interesses, hobbies e personalidades das pessoas como base para novos encontros sociais.

O Douyin, que pertence à ByteDance e é a versão chinesa do TikTok, e o Little Red Book, um aplicativo parecido com o Instagram, criaram recursos de “descoberta social” que usam seu conhecimento das preferências das pessoas para combiná-las. O Soul tornou-se especialmente popular nos últimos anos por seus perfis de avatar e sua prática de vincular usuários com base em testes de personalidade. No ano passado, o aplicativo ultrapassou o Tantan e o Momo como o aplicativo de namoro mais baixado na loja iOS chinesa.

Muitos usuários desses aplicativos de namoro parecem menos interessados em romance do que em conhecer amigos. Em uma pesquisa realizada em outubro por um instituto de pesquisa chinês, 89% dos entrevistados disseram já ter usado um aplicativo de namoro antes, com a maioria dizendo que queria principalmente expandir seus círculos sociais, não encontrar um parceiro.

Vladimir Peters, um desenvolvedor de Xangai que está trabalhando em seu próprio aplicativo de namoro, disse que muitos chineses mais jovens agora querem que os aplicativos forneçam uma experiência mais holística que combine entretenimento e exploração de hobbies- não apenas um encontro amoroso.

“Os jovens chineses gostam de truques para quebrar o gelo e outras coisas lúdicas que são os pontos de partida para a comunicação”, ele disse. /TRADUÇÃO LÍVIA BUELONI GONÇALVES

The New York Times Licensing Group - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito do The New York Times

THE NEW YORK TIMES - LIFE/STYLE - Quando Qu Tongzhou, uma assistente de fotografia em Xangai, partiu para uma tão aguardada viagem ao oeste da China em junho, ela achou as cidades que visitou pouco acolhedoras. Como efeito colateral das políticas de “zero-covid” do país, os moradores desconfiavam dos viajantes e alguns hotéis recusaram Qu, temendo que ela pudesse trazer o vírus.

Então Qu recorreu ao Tantan e ao Jimu, dois aplicativos populares de namoro chineses parecidos com o Tinder. Ela estava ciente dos riscos envolvidos em conhecer estranhos, mas os aplicativos renderam uma fonte de novos amigos, incluindo um empresário de biotecnologia na cidade de Lanzhou, um médico tibetano na cidade de Xining e um funcionário público em Karamay, uma cidade do noroeste de Xinjiang. A cada parada, seus “matches” lhe davam hospedagem e a levavam a bares e outros locais da região.

“Se eu não usasse esses aplicativos, não teria conhecido muitas pessoas”, disse Qu, 28 anos. “Ninguém teria me levado para passear na cidade.”

Nos últimos dois anos, a China reprimiu grande parte de sua indústria de tecnologia doméstica, proibindo instituições de ensino on-line com fins lucrativos, restringindo videogames e aplicando multas antitruste multibilionárias nas maiores plataformas de compras on-line. Alguns dos outrora famosos titãs da tecnologia da China, como Jack Ma, fundador da empresa de comércio eletrônico Alibaba, se afastaram da vista do público.

Mas um canto da indústria de tecnologia da China floresceu: os aplicativos de namoro.

O número de aplicativos de namoro na China com mais de 1.000 downloads subiu para 275 este ano, de 81 em 2017, de acordo com a data.ai, uma empresa de análise. Os downloads dos aplicativos aumentaram, assim como as compras dentro deles.

Os investidores também colocaram mais de US$ 5,3 bilhões em empresas de namoro e redes sociais no país no ano passado, acima dos US$ 300 milhões de 2019, segundo o PitchBook. E as maiores empresas de tecnologia da China, como a ByteDance e a Tencent, estão testando, adquirindo e investindo em novos aplicativos que prometem juntar estranhos.

Esses aplicativos estão florescendo - e Pequim parece deixá-los em paz - por mais do que apenas razões românticas. Eles prometem empurrar as pessoas ao casamento em um momento em que as taxas de casamento e fertilidade da China estão em baixa, mas os aplicativos também estão ajudando os usuários a combater a solidão, já que os lockdowns por conta da covid fizeram estragos nas conexões sociais.

Para muitas pessoas, os aplicativos se tornaram santuários virtuais - uma reviravolta do século 21 no que os urbanistas chamam de “terceiro lugar”, uma comunidade entre o trabalho e o lar - para explorar hobbies, discutir tópicos populares e fazer novos amigos.

Qu Tongzhou, 28, residente em Xangai. Recentemente, ela usou aplicativos de namoro para fazer amigos enquanto viajava para o oeste da China.  Foto: Qilai Shen/The New York Times

“É muito difícil conhecer pessoas offline”, disse Raphael Zhao, 25, recém-formado em Pequim. Zhao baixou o Tantan em abril, depois de ficar confinado em seu campus por causa das medidas de contenção da covid. “Como essas plataformas são muito abrangentes, acabam te dando a esperança de conhecer alguém com quem convive.”

As autoridades chinesas tomaram medidas contra aplicativos de namoro no passado. Em 2019, o Tantan e outro aplicativo de namoro chamado Momo suspenderam alguns recursos do aplicativo depois que os reguladores os acusaram de negligenciar a disseminação de conteúdo pornográfico em suas plataformas.

Mas, ao contrário de aulas online e comércio de criptomoedas, áreas que os reguladores da China anularam inequivocamente, namoro e outros serviços centrados em encontros sociais permaneceram relativamente ilesos, pois os aplicativos definiram explicitamente seus objetivos como ajudar a sociedade chinesa a prosperar.

Ajudando o Estado

Zhang Lu, fundador do Soul, um aplicativo de namoro apoiado pela Tencent, disse que “a solidão é o principal problema que queremos resolver”. Blued, o aplicativo de namoro gay mais popular, se apresenta como um aplicativo de saúde pública e conscientização sobre o HIV. Seu site destaca seu trabalho na prevenção do HIV, colaborações com governos locais e encontros de seu fundador com funcionários de alto escalão, como o primeiro-ministro Li Keqiang. (O fundador do Blued renunciou no mês passado, aludindo aos desafios de gerenciar um aplicativo LGBTQ na China, mas os downloads do aplicativo permaneceram constantes.)

“Em vez de simplesmente reprimir, os aplicativos de namoro são vistos como tecnologias que podem ser efetivamente cooptadas pelo Estado”, disse Yun Zhou, professor assistente de sociologia e estudos chineses da Universidade de Michigan.

Quando o namoro pela internet chegou à China no início dos anos 2000, o poder de formar relacionamentos - antes desproporcionalmente nas mãos de casamenteiros de vilarejos, pais e chefes de fábrica - caiu cada vez mais sobre o indivíduo. Muitos estavam ansiosos pela mudança, gravitando para os recursos do WeChat, o popular aplicativo de mensagens, que permitia conversar com estranhos.

A tendência se acelerou na década de 2010 com a chegada de aplicativos de namoro como Momo e Tantan, que emulavam o Tinder. Ao lado do Soul, eles se tornaram os três aplicativos de namoro mais populares da China, acumulando mais de 150 milhões de usuários ativos mensais no total.

O Soul e o Momo se recusaram a comentar. O Tantan, de propriedade do Momo, não respondeu a um pedido de comentário.

Os próprios aplicativos mudaram. O Tantan e o Momo há muito combinavam usuários com base em sua aparência física, levando a acusações de que as plataformas cultivavam uma cultura de encontros casuais. Mais recentemente, esses aplicativos começaram a usar os interesses, hobbies e personalidades das pessoas como base para novos encontros sociais.

O Douyin, que pertence à ByteDance e é a versão chinesa do TikTok, e o Little Red Book, um aplicativo parecido com o Instagram, criaram recursos de “descoberta social” que usam seu conhecimento das preferências das pessoas para combiná-las. O Soul tornou-se especialmente popular nos últimos anos por seus perfis de avatar e sua prática de vincular usuários com base em testes de personalidade. No ano passado, o aplicativo ultrapassou o Tantan e o Momo como o aplicativo de namoro mais baixado na loja iOS chinesa.

Muitos usuários desses aplicativos de namoro parecem menos interessados em romance do que em conhecer amigos. Em uma pesquisa realizada em outubro por um instituto de pesquisa chinês, 89% dos entrevistados disseram já ter usado um aplicativo de namoro antes, com a maioria dizendo que queria principalmente expandir seus círculos sociais, não encontrar um parceiro.

Vladimir Peters, um desenvolvedor de Xangai que está trabalhando em seu próprio aplicativo de namoro, disse que muitos chineses mais jovens agora querem que os aplicativos forneçam uma experiência mais holística que combine entretenimento e exploração de hobbies- não apenas um encontro amoroso.

“Os jovens chineses gostam de truques para quebrar o gelo e outras coisas lúdicas que são os pontos de partida para a comunicação”, ele disse. /TRADUÇÃO LÍVIA BUELONI GONÇALVES

The New York Times Licensing Group - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito do The New York Times

THE NEW YORK TIMES - LIFE/STYLE - Quando Qu Tongzhou, uma assistente de fotografia em Xangai, partiu para uma tão aguardada viagem ao oeste da China em junho, ela achou as cidades que visitou pouco acolhedoras. Como efeito colateral das políticas de “zero-covid” do país, os moradores desconfiavam dos viajantes e alguns hotéis recusaram Qu, temendo que ela pudesse trazer o vírus.

Então Qu recorreu ao Tantan e ao Jimu, dois aplicativos populares de namoro chineses parecidos com o Tinder. Ela estava ciente dos riscos envolvidos em conhecer estranhos, mas os aplicativos renderam uma fonte de novos amigos, incluindo um empresário de biotecnologia na cidade de Lanzhou, um médico tibetano na cidade de Xining e um funcionário público em Karamay, uma cidade do noroeste de Xinjiang. A cada parada, seus “matches” lhe davam hospedagem e a levavam a bares e outros locais da região.

“Se eu não usasse esses aplicativos, não teria conhecido muitas pessoas”, disse Qu, 28 anos. “Ninguém teria me levado para passear na cidade.”

Nos últimos dois anos, a China reprimiu grande parte de sua indústria de tecnologia doméstica, proibindo instituições de ensino on-line com fins lucrativos, restringindo videogames e aplicando multas antitruste multibilionárias nas maiores plataformas de compras on-line. Alguns dos outrora famosos titãs da tecnologia da China, como Jack Ma, fundador da empresa de comércio eletrônico Alibaba, se afastaram da vista do público.

Mas um canto da indústria de tecnologia da China floresceu: os aplicativos de namoro.

O número de aplicativos de namoro na China com mais de 1.000 downloads subiu para 275 este ano, de 81 em 2017, de acordo com a data.ai, uma empresa de análise. Os downloads dos aplicativos aumentaram, assim como as compras dentro deles.

Os investidores também colocaram mais de US$ 5,3 bilhões em empresas de namoro e redes sociais no país no ano passado, acima dos US$ 300 milhões de 2019, segundo o PitchBook. E as maiores empresas de tecnologia da China, como a ByteDance e a Tencent, estão testando, adquirindo e investindo em novos aplicativos que prometem juntar estranhos.

Esses aplicativos estão florescendo - e Pequim parece deixá-los em paz - por mais do que apenas razões românticas. Eles prometem empurrar as pessoas ao casamento em um momento em que as taxas de casamento e fertilidade da China estão em baixa, mas os aplicativos também estão ajudando os usuários a combater a solidão, já que os lockdowns por conta da covid fizeram estragos nas conexões sociais.

Para muitas pessoas, os aplicativos se tornaram santuários virtuais - uma reviravolta do século 21 no que os urbanistas chamam de “terceiro lugar”, uma comunidade entre o trabalho e o lar - para explorar hobbies, discutir tópicos populares e fazer novos amigos.

Qu Tongzhou, 28, residente em Xangai. Recentemente, ela usou aplicativos de namoro para fazer amigos enquanto viajava para o oeste da China.  Foto: Qilai Shen/The New York Times

“É muito difícil conhecer pessoas offline”, disse Raphael Zhao, 25, recém-formado em Pequim. Zhao baixou o Tantan em abril, depois de ficar confinado em seu campus por causa das medidas de contenção da covid. “Como essas plataformas são muito abrangentes, acabam te dando a esperança de conhecer alguém com quem convive.”

As autoridades chinesas tomaram medidas contra aplicativos de namoro no passado. Em 2019, o Tantan e outro aplicativo de namoro chamado Momo suspenderam alguns recursos do aplicativo depois que os reguladores os acusaram de negligenciar a disseminação de conteúdo pornográfico em suas plataformas.

Mas, ao contrário de aulas online e comércio de criptomoedas, áreas que os reguladores da China anularam inequivocamente, namoro e outros serviços centrados em encontros sociais permaneceram relativamente ilesos, pois os aplicativos definiram explicitamente seus objetivos como ajudar a sociedade chinesa a prosperar.

Ajudando o Estado

Zhang Lu, fundador do Soul, um aplicativo de namoro apoiado pela Tencent, disse que “a solidão é o principal problema que queremos resolver”. Blued, o aplicativo de namoro gay mais popular, se apresenta como um aplicativo de saúde pública e conscientização sobre o HIV. Seu site destaca seu trabalho na prevenção do HIV, colaborações com governos locais e encontros de seu fundador com funcionários de alto escalão, como o primeiro-ministro Li Keqiang. (O fundador do Blued renunciou no mês passado, aludindo aos desafios de gerenciar um aplicativo LGBTQ na China, mas os downloads do aplicativo permaneceram constantes.)

“Em vez de simplesmente reprimir, os aplicativos de namoro são vistos como tecnologias que podem ser efetivamente cooptadas pelo Estado”, disse Yun Zhou, professor assistente de sociologia e estudos chineses da Universidade de Michigan.

Quando o namoro pela internet chegou à China no início dos anos 2000, o poder de formar relacionamentos - antes desproporcionalmente nas mãos de casamenteiros de vilarejos, pais e chefes de fábrica - caiu cada vez mais sobre o indivíduo. Muitos estavam ansiosos pela mudança, gravitando para os recursos do WeChat, o popular aplicativo de mensagens, que permitia conversar com estranhos.

A tendência se acelerou na década de 2010 com a chegada de aplicativos de namoro como Momo e Tantan, que emulavam o Tinder. Ao lado do Soul, eles se tornaram os três aplicativos de namoro mais populares da China, acumulando mais de 150 milhões de usuários ativos mensais no total.

O Soul e o Momo se recusaram a comentar. O Tantan, de propriedade do Momo, não respondeu a um pedido de comentário.

Os próprios aplicativos mudaram. O Tantan e o Momo há muito combinavam usuários com base em sua aparência física, levando a acusações de que as plataformas cultivavam uma cultura de encontros casuais. Mais recentemente, esses aplicativos começaram a usar os interesses, hobbies e personalidades das pessoas como base para novos encontros sociais.

O Douyin, que pertence à ByteDance e é a versão chinesa do TikTok, e o Little Red Book, um aplicativo parecido com o Instagram, criaram recursos de “descoberta social” que usam seu conhecimento das preferências das pessoas para combiná-las. O Soul tornou-se especialmente popular nos últimos anos por seus perfis de avatar e sua prática de vincular usuários com base em testes de personalidade. No ano passado, o aplicativo ultrapassou o Tantan e o Momo como o aplicativo de namoro mais baixado na loja iOS chinesa.

Muitos usuários desses aplicativos de namoro parecem menos interessados em romance do que em conhecer amigos. Em uma pesquisa realizada em outubro por um instituto de pesquisa chinês, 89% dos entrevistados disseram já ter usado um aplicativo de namoro antes, com a maioria dizendo que queria principalmente expandir seus círculos sociais, não encontrar um parceiro.

Vladimir Peters, um desenvolvedor de Xangai que está trabalhando em seu próprio aplicativo de namoro, disse que muitos chineses mais jovens agora querem que os aplicativos forneçam uma experiência mais holística que combine entretenimento e exploração de hobbies- não apenas um encontro amoroso.

“Os jovens chineses gostam de truques para quebrar o gelo e outras coisas lúdicas que são os pontos de partida para a comunicação”, ele disse. /TRADUÇÃO LÍVIA BUELONI GONÇALVES

The New York Times Licensing Group - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito do The New York Times

THE NEW YORK TIMES - LIFE/STYLE - Quando Qu Tongzhou, uma assistente de fotografia em Xangai, partiu para uma tão aguardada viagem ao oeste da China em junho, ela achou as cidades que visitou pouco acolhedoras. Como efeito colateral das políticas de “zero-covid” do país, os moradores desconfiavam dos viajantes e alguns hotéis recusaram Qu, temendo que ela pudesse trazer o vírus.

Então Qu recorreu ao Tantan e ao Jimu, dois aplicativos populares de namoro chineses parecidos com o Tinder. Ela estava ciente dos riscos envolvidos em conhecer estranhos, mas os aplicativos renderam uma fonte de novos amigos, incluindo um empresário de biotecnologia na cidade de Lanzhou, um médico tibetano na cidade de Xining e um funcionário público em Karamay, uma cidade do noroeste de Xinjiang. A cada parada, seus “matches” lhe davam hospedagem e a levavam a bares e outros locais da região.

“Se eu não usasse esses aplicativos, não teria conhecido muitas pessoas”, disse Qu, 28 anos. “Ninguém teria me levado para passear na cidade.”

Nos últimos dois anos, a China reprimiu grande parte de sua indústria de tecnologia doméstica, proibindo instituições de ensino on-line com fins lucrativos, restringindo videogames e aplicando multas antitruste multibilionárias nas maiores plataformas de compras on-line. Alguns dos outrora famosos titãs da tecnologia da China, como Jack Ma, fundador da empresa de comércio eletrônico Alibaba, se afastaram da vista do público.

Mas um canto da indústria de tecnologia da China floresceu: os aplicativos de namoro.

O número de aplicativos de namoro na China com mais de 1.000 downloads subiu para 275 este ano, de 81 em 2017, de acordo com a data.ai, uma empresa de análise. Os downloads dos aplicativos aumentaram, assim como as compras dentro deles.

Os investidores também colocaram mais de US$ 5,3 bilhões em empresas de namoro e redes sociais no país no ano passado, acima dos US$ 300 milhões de 2019, segundo o PitchBook. E as maiores empresas de tecnologia da China, como a ByteDance e a Tencent, estão testando, adquirindo e investindo em novos aplicativos que prometem juntar estranhos.

Esses aplicativos estão florescendo - e Pequim parece deixá-los em paz - por mais do que apenas razões românticas. Eles prometem empurrar as pessoas ao casamento em um momento em que as taxas de casamento e fertilidade da China estão em baixa, mas os aplicativos também estão ajudando os usuários a combater a solidão, já que os lockdowns por conta da covid fizeram estragos nas conexões sociais.

Para muitas pessoas, os aplicativos se tornaram santuários virtuais - uma reviravolta do século 21 no que os urbanistas chamam de “terceiro lugar”, uma comunidade entre o trabalho e o lar - para explorar hobbies, discutir tópicos populares e fazer novos amigos.

Qu Tongzhou, 28, residente em Xangai. Recentemente, ela usou aplicativos de namoro para fazer amigos enquanto viajava para o oeste da China.  Foto: Qilai Shen/The New York Times

“É muito difícil conhecer pessoas offline”, disse Raphael Zhao, 25, recém-formado em Pequim. Zhao baixou o Tantan em abril, depois de ficar confinado em seu campus por causa das medidas de contenção da covid. “Como essas plataformas são muito abrangentes, acabam te dando a esperança de conhecer alguém com quem convive.”

As autoridades chinesas tomaram medidas contra aplicativos de namoro no passado. Em 2019, o Tantan e outro aplicativo de namoro chamado Momo suspenderam alguns recursos do aplicativo depois que os reguladores os acusaram de negligenciar a disseminação de conteúdo pornográfico em suas plataformas.

Mas, ao contrário de aulas online e comércio de criptomoedas, áreas que os reguladores da China anularam inequivocamente, namoro e outros serviços centrados em encontros sociais permaneceram relativamente ilesos, pois os aplicativos definiram explicitamente seus objetivos como ajudar a sociedade chinesa a prosperar.

Ajudando o Estado

Zhang Lu, fundador do Soul, um aplicativo de namoro apoiado pela Tencent, disse que “a solidão é o principal problema que queremos resolver”. Blued, o aplicativo de namoro gay mais popular, se apresenta como um aplicativo de saúde pública e conscientização sobre o HIV. Seu site destaca seu trabalho na prevenção do HIV, colaborações com governos locais e encontros de seu fundador com funcionários de alto escalão, como o primeiro-ministro Li Keqiang. (O fundador do Blued renunciou no mês passado, aludindo aos desafios de gerenciar um aplicativo LGBTQ na China, mas os downloads do aplicativo permaneceram constantes.)

“Em vez de simplesmente reprimir, os aplicativos de namoro são vistos como tecnologias que podem ser efetivamente cooptadas pelo Estado”, disse Yun Zhou, professor assistente de sociologia e estudos chineses da Universidade de Michigan.

Quando o namoro pela internet chegou à China no início dos anos 2000, o poder de formar relacionamentos - antes desproporcionalmente nas mãos de casamenteiros de vilarejos, pais e chefes de fábrica - caiu cada vez mais sobre o indivíduo. Muitos estavam ansiosos pela mudança, gravitando para os recursos do WeChat, o popular aplicativo de mensagens, que permitia conversar com estranhos.

A tendência se acelerou na década de 2010 com a chegada de aplicativos de namoro como Momo e Tantan, que emulavam o Tinder. Ao lado do Soul, eles se tornaram os três aplicativos de namoro mais populares da China, acumulando mais de 150 milhões de usuários ativos mensais no total.

O Soul e o Momo se recusaram a comentar. O Tantan, de propriedade do Momo, não respondeu a um pedido de comentário.

Os próprios aplicativos mudaram. O Tantan e o Momo há muito combinavam usuários com base em sua aparência física, levando a acusações de que as plataformas cultivavam uma cultura de encontros casuais. Mais recentemente, esses aplicativos começaram a usar os interesses, hobbies e personalidades das pessoas como base para novos encontros sociais.

O Douyin, que pertence à ByteDance e é a versão chinesa do TikTok, e o Little Red Book, um aplicativo parecido com o Instagram, criaram recursos de “descoberta social” que usam seu conhecimento das preferências das pessoas para combiná-las. O Soul tornou-se especialmente popular nos últimos anos por seus perfis de avatar e sua prática de vincular usuários com base em testes de personalidade. No ano passado, o aplicativo ultrapassou o Tantan e o Momo como o aplicativo de namoro mais baixado na loja iOS chinesa.

Muitos usuários desses aplicativos de namoro parecem menos interessados em romance do que em conhecer amigos. Em uma pesquisa realizada em outubro por um instituto de pesquisa chinês, 89% dos entrevistados disseram já ter usado um aplicativo de namoro antes, com a maioria dizendo que queria principalmente expandir seus círculos sociais, não encontrar um parceiro.

Vladimir Peters, um desenvolvedor de Xangai que está trabalhando em seu próprio aplicativo de namoro, disse que muitos chineses mais jovens agora querem que os aplicativos forneçam uma experiência mais holística que combine entretenimento e exploração de hobbies- não apenas um encontro amoroso.

“Os jovens chineses gostam de truques para quebrar o gelo e outras coisas lúdicas que são os pontos de partida para a comunicação”, ele disse. /TRADUÇÃO LÍVIA BUELONI GONÇALVES

The New York Times Licensing Group - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito do The New York Times

THE NEW YORK TIMES - LIFE/STYLE - Quando Qu Tongzhou, uma assistente de fotografia em Xangai, partiu para uma tão aguardada viagem ao oeste da China em junho, ela achou as cidades que visitou pouco acolhedoras. Como efeito colateral das políticas de “zero-covid” do país, os moradores desconfiavam dos viajantes e alguns hotéis recusaram Qu, temendo que ela pudesse trazer o vírus.

Então Qu recorreu ao Tantan e ao Jimu, dois aplicativos populares de namoro chineses parecidos com o Tinder. Ela estava ciente dos riscos envolvidos em conhecer estranhos, mas os aplicativos renderam uma fonte de novos amigos, incluindo um empresário de biotecnologia na cidade de Lanzhou, um médico tibetano na cidade de Xining e um funcionário público em Karamay, uma cidade do noroeste de Xinjiang. A cada parada, seus “matches” lhe davam hospedagem e a levavam a bares e outros locais da região.

“Se eu não usasse esses aplicativos, não teria conhecido muitas pessoas”, disse Qu, 28 anos. “Ninguém teria me levado para passear na cidade.”

Nos últimos dois anos, a China reprimiu grande parte de sua indústria de tecnologia doméstica, proibindo instituições de ensino on-line com fins lucrativos, restringindo videogames e aplicando multas antitruste multibilionárias nas maiores plataformas de compras on-line. Alguns dos outrora famosos titãs da tecnologia da China, como Jack Ma, fundador da empresa de comércio eletrônico Alibaba, se afastaram da vista do público.

Mas um canto da indústria de tecnologia da China floresceu: os aplicativos de namoro.

O número de aplicativos de namoro na China com mais de 1.000 downloads subiu para 275 este ano, de 81 em 2017, de acordo com a data.ai, uma empresa de análise. Os downloads dos aplicativos aumentaram, assim como as compras dentro deles.

Os investidores também colocaram mais de US$ 5,3 bilhões em empresas de namoro e redes sociais no país no ano passado, acima dos US$ 300 milhões de 2019, segundo o PitchBook. E as maiores empresas de tecnologia da China, como a ByteDance e a Tencent, estão testando, adquirindo e investindo em novos aplicativos que prometem juntar estranhos.

Esses aplicativos estão florescendo - e Pequim parece deixá-los em paz - por mais do que apenas razões românticas. Eles prometem empurrar as pessoas ao casamento em um momento em que as taxas de casamento e fertilidade da China estão em baixa, mas os aplicativos também estão ajudando os usuários a combater a solidão, já que os lockdowns por conta da covid fizeram estragos nas conexões sociais.

Para muitas pessoas, os aplicativos se tornaram santuários virtuais - uma reviravolta do século 21 no que os urbanistas chamam de “terceiro lugar”, uma comunidade entre o trabalho e o lar - para explorar hobbies, discutir tópicos populares e fazer novos amigos.

Qu Tongzhou, 28, residente em Xangai. Recentemente, ela usou aplicativos de namoro para fazer amigos enquanto viajava para o oeste da China.  Foto: Qilai Shen/The New York Times

“É muito difícil conhecer pessoas offline”, disse Raphael Zhao, 25, recém-formado em Pequim. Zhao baixou o Tantan em abril, depois de ficar confinado em seu campus por causa das medidas de contenção da covid. “Como essas plataformas são muito abrangentes, acabam te dando a esperança de conhecer alguém com quem convive.”

As autoridades chinesas tomaram medidas contra aplicativos de namoro no passado. Em 2019, o Tantan e outro aplicativo de namoro chamado Momo suspenderam alguns recursos do aplicativo depois que os reguladores os acusaram de negligenciar a disseminação de conteúdo pornográfico em suas plataformas.

Mas, ao contrário de aulas online e comércio de criptomoedas, áreas que os reguladores da China anularam inequivocamente, namoro e outros serviços centrados em encontros sociais permaneceram relativamente ilesos, pois os aplicativos definiram explicitamente seus objetivos como ajudar a sociedade chinesa a prosperar.

Ajudando o Estado

Zhang Lu, fundador do Soul, um aplicativo de namoro apoiado pela Tencent, disse que “a solidão é o principal problema que queremos resolver”. Blued, o aplicativo de namoro gay mais popular, se apresenta como um aplicativo de saúde pública e conscientização sobre o HIV. Seu site destaca seu trabalho na prevenção do HIV, colaborações com governos locais e encontros de seu fundador com funcionários de alto escalão, como o primeiro-ministro Li Keqiang. (O fundador do Blued renunciou no mês passado, aludindo aos desafios de gerenciar um aplicativo LGBTQ na China, mas os downloads do aplicativo permaneceram constantes.)

“Em vez de simplesmente reprimir, os aplicativos de namoro são vistos como tecnologias que podem ser efetivamente cooptadas pelo Estado”, disse Yun Zhou, professor assistente de sociologia e estudos chineses da Universidade de Michigan.

Quando o namoro pela internet chegou à China no início dos anos 2000, o poder de formar relacionamentos - antes desproporcionalmente nas mãos de casamenteiros de vilarejos, pais e chefes de fábrica - caiu cada vez mais sobre o indivíduo. Muitos estavam ansiosos pela mudança, gravitando para os recursos do WeChat, o popular aplicativo de mensagens, que permitia conversar com estranhos.

A tendência se acelerou na década de 2010 com a chegada de aplicativos de namoro como Momo e Tantan, que emulavam o Tinder. Ao lado do Soul, eles se tornaram os três aplicativos de namoro mais populares da China, acumulando mais de 150 milhões de usuários ativos mensais no total.

O Soul e o Momo se recusaram a comentar. O Tantan, de propriedade do Momo, não respondeu a um pedido de comentário.

Os próprios aplicativos mudaram. O Tantan e o Momo há muito combinavam usuários com base em sua aparência física, levando a acusações de que as plataformas cultivavam uma cultura de encontros casuais. Mais recentemente, esses aplicativos começaram a usar os interesses, hobbies e personalidades das pessoas como base para novos encontros sociais.

O Douyin, que pertence à ByteDance e é a versão chinesa do TikTok, e o Little Red Book, um aplicativo parecido com o Instagram, criaram recursos de “descoberta social” que usam seu conhecimento das preferências das pessoas para combiná-las. O Soul tornou-se especialmente popular nos últimos anos por seus perfis de avatar e sua prática de vincular usuários com base em testes de personalidade. No ano passado, o aplicativo ultrapassou o Tantan e o Momo como o aplicativo de namoro mais baixado na loja iOS chinesa.

Muitos usuários desses aplicativos de namoro parecem menos interessados em romance do que em conhecer amigos. Em uma pesquisa realizada em outubro por um instituto de pesquisa chinês, 89% dos entrevistados disseram já ter usado um aplicativo de namoro antes, com a maioria dizendo que queria principalmente expandir seus círculos sociais, não encontrar um parceiro.

Vladimir Peters, um desenvolvedor de Xangai que está trabalhando em seu próprio aplicativo de namoro, disse que muitos chineses mais jovens agora querem que os aplicativos forneçam uma experiência mais holística que combine entretenimento e exploração de hobbies- não apenas um encontro amoroso.

“Os jovens chineses gostam de truques para quebrar o gelo e outras coisas lúdicas que são os pontos de partida para a comunicação”, ele disse. /TRADUÇÃO LÍVIA BUELONI GONÇALVES

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