'Não é como andar de bicicleta': pilotos se preparam para voltar a voar


Enquanto as companhias aéreas restabelecem os serviços, os pilotos que ficaram de licença ou foram demitidos precisarão voltar a ser treinados em tudo, desde as comunicações com a torre de controle a cenários de 'cinzas vulcânicas'

Por Redação

Um piloto que estava retornando à ativa perdeu o controle de um avião durante o pouso, derrapou, saiu da pista e acabou em uma vala. Outro que acabava de voltar da licença esqueceu de ativar um sistema anti-gelo fundamental para impedir a ocorrência de problemas com as temperaturas muito baixas. Vários outros voaram em altitudes erradas, fato que eles atribuíram a distrações e lapsos na comunicação.

Em todos estes incidentes, que foram registrados no Sistema de Informação da Segurança da Aviação, um banco de dados dos erros ocorridos na aviação comercial relatados anonimamente pelos pilotos e por outros tripulantes, os pilotos envolvidos atribuíram os erros à mesma coisa: falta de prática no voo durante a pandemia.

Foto: Pixabay 
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“Não é como andar de bicicleta”, disse Joe Townshend, ex-piloto da Titan Airways, uma linha de voos charter britânica, demitido quando a pandemia se instalou em março do ano passado.

“Provavelmente você pode ficar dez anos sem pilotar um avião e ainda tirá-lo do chão, mas o que é fácil de esquecer é o lado operacional da coisa”, afirmou. “Em um ambiente de voo real, você recebe uma quantidade enorme de informações, e a única maneira de não perder a atenção e a constância é continuar fazendo isto”.

Em 2020, o tráfego aéreo global de passageiros viu o maior declínio na comparação ano a ano da história da aviação, com uma queda de 65,9% em relação a 2019, segundo a International Air Transport Association. Os aviões permaneceram no solo, os horários foram reduzidos e milhares de pilotos foram postos em licença ou demitidos por longos períodos de até 12 meses.

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Agora, com a aceleração dos programas de vacinação em algumas partes do mundo e o reinício das viagens, as companhias aéreas começam a reativar as suas frotas e a chamar os pilotos de volta enquanto se preparam para aumentar os seus horários para o verão do hemisfério norte. Mas os pilotos que regressam talvez não consigam retomar o ritmo de quando tiveram de sair. Eles precisarão se submeter a rigorosos programas de treinamento, que envolvem aulas, exames e sessões com os simuladores, determinadas pelo grau de proficiência e pelo tempo em que permaneceram sem voar.

O processo de retreinamento de um grande número de pilotos, que permaneceram ociosos por diferentes períodos no ano passado é complexo e desafiador. Não há “um modelo de treinamento único para todos”, afirmam os especialistas em aviação. Em geral, os pilotos recebem treinamentos variados baseados no período durante o qual permaneceram ociosos. Nas sessões no simulador eles terão de realizar diferentes tipos de pousos e decolagens, inclusive em condições de temperaturas adversas, e praticar para a eventualidade de emergências. As companhias aéreas também acrescentaram exercícios aos seus programas de treinamento tradicionais exigindo que alguns pilotos voltem para a escola no solo a fim de ajudá-los a voltar com a mentalidade da aviação.

“Com certeza há um aspecto de enferrujamento decorrente do fato de não voar regularmente”, disse Hassan Shahidi, presidente da Flight Safety Foundation, organização independente especializada em segurança na aviação. “À medida que as viagens se recuperam e a demanda aumenta, devemos ter a certeza de que os nossos pilotos se sentem totalmente confortáveis e confiantes para voltarem ao cockpit”.

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As mesmas considerações se aplicam aos pilotos que continuaram voando durante a pandemia com horários reduzidos, acrescentou Shahidi.

“Antes da pandemia, estes pilotos praticavam os mesmo procedimentos todos os dias voando continuamente. Quando você não está voando com frequência, as suas habilidades cognitivas motoras se deterioram”, ele disse.

Na Virgin Atlantic, a companhia aérea fundada pelo bilionário britânico Richard Branson, no ano passado, foram demitidos 400 pilotos, mas à medida que as viagens internacionais recomeçaram, a companhia antecipou que os chamará de volta gradativamente, a começar pelos 50 que atualmente aguardam em uma fila de espera.

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Os pilotos que estão retornando recebem um kit digital para estudar para ajudá-los a recuperar rapidamente as suas habilidades com procedimentos técnicos e operacionais e precisam passar num exame baseado nesse programa para começar o programa de treinamento em si.

“Acrescentamos muitas melhorias ao nosso treinamento costumeiro e estamos recuperando muito mais terreno a fim de termos a certeza de que conseguiremos colocá-los de volta no seu nível de conhecimento anterior e em um patamar onde eles se sintam satisfeitos”, disse Ken Gillespie, diretor de treinamento e normas da Virgin Atlantic.

Os exames são abrangentes e incluem testes sobre navegação, operações no inverno, segurança, prevenção da perda de controle e recuperação, produtos perigosos, fatores humanos e condições desfavoráveis como cenários de cinzas vulcânicas.

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“Também acrescentamos mais checagens ao nosso treinamento, e ninguém passará pela checagem final enquanto não estivermos satisfeitos de que eles poderão operar com segurança e estão preparados para acelerar novamente com a aeronave”, disse Gillespie.

Uma área em que alguns pilotos encontram dificuldade é acompanhar a velocidade das comunicações, particularmente com o controle do tráfego aéreo em ambientes agitados.

“Em uma viagem real pode haver de 30 a 40 aviões na mesma frequência com um único controlador, portanto precisa manter os ouvidos realmente sintonizados para o seu sinal de chamada e com as instruções que chegam”, explicou Gillespie.

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Um piloto que informou anonimamente um “desvio de altitude” - o que significa que eles voavam a uma altitude errada - no Sistema de Informações sobre Segurança da Aviação da NASA no ano passado, disse queeles entenderam errado as instruções para a subida inicial após a decolagem e atribuíram o erro ao fato de estarem “enferrujados”.

“Devido desaceleração por causa da covid-19, eu estava sem voar há semanas”, eles escreveram. “Evidentemente, a disciplina do voo sofreu com a falta de experiência e do trabalho em equipe recente”.

Alguns pilotos disseram que também enfrentaram dificuldades por causa das mudanças das condições e do ambiente causadas pela pandemia.

Asad ul Ghafoor Gaad, um comandante da companhia aérea privada paquistanesa, Airblue, disse que se sentiu estressado e apreensivo quando voltou ao trabalho depois de três meses e meio afastado, porque o vírus se espalhava de maneira desenfreada, e ele tinha de se preocupar com os novos protocolos de segurança e de saúde e os riscos de contrair o vírus, além de todos os procedimentos exigidos para pilotar um avião.

“Foi difícil sentar no cockpit no primeiro dia da volta ao trabalho e me sentir em casa,” lembrou Gaad.

No seu primeiro voo - em um Airbus 320 quase vazio - quando o avião começou a acelerar para a decolagem, Gaad se surpreendeu com a rapidez com que pegou velocidade. Ele estava acostumado a voar com o mesmo avião lotado de passageiros e não havia pensado como o diferencial do peso podia afetar o voo.

“A velocidade me surpreendeu por um segundo ou dois e o meu coração disparou”, disse Gaad. “O acúmulo da velocidade, o acúmulo da altitude, a velocidade necessária para controlar o pouso e outras fases, são completamente diferentes do que a gente está acostumado. Mas depois de um voo ou dois a gente acostuma”.

Outra nova realidade para os pilotos que voaram durante a pandemia: preparar-se para operar aviões que ficaram estacionados por um longo período. A Agência de Segurança da Aviação da União Europeia, EASA, responsável pela segurança da aviação civil na UE, emitiu diretrizes para identificar riscos como os freios gastos na hora de estacionar a aeronave, ou animais silvestres que fizeram o ninho no motor do avião.

“As companhias aéreas precisam levar em consideração o fato de que é possível que os pilotos precisem de um tempo maior do que o normal para realizar as verificações necessárias antes do voo em uma aeronave que retorna ao serviço”, afirmou Patrick Ky, diretor executivo da agência. “Uma abordagem holística é fundamental”.

Apesar das dificuldades, muitos pilotos se sentem aliviados por estarem de volta ao trabalho.

“No início, houve muita preocupação a respeito dos riscos da covid, mas agora que começaram as vacinas todos os que foram chamados de volta estão felizes”, disse Sourav Basu Roy Choudhry, um piloto de uma companhia aérea americana, que não quis se identificar.

“Nós amamos o ar, a vista, os aviões e muitas outras sensações além do dinheiro, embora nesta pandemiavocê se dê conta de que o dinheiro também é importante”, falou Choudhry. Todos estão fazendo um grande esforço no treinamento porque tudo o que querem é voltar.”

No ano passado, alguns pilotos trabalharam em depósitos ou como motoristas de delivery para prover às suas famílias, outros não trabalharam.

“Eu me senti completamente inútil e não entendia como eu trabalhei e treinei tanto para me tornarcomandante, só para me encontrar novamente no final da escala”, afirmou um ex-piloto da British Airways que pediu para não ser identificado para não pôr em risco suas chances de ser novamente contratado.

“Empilhar caixas em um depósito escuro o dia todo me deixou deprimido. Nunca me senti daquele jeitoantes. Não queria sair da cama de manhã”, prosseguiu. “Senti muita falta de voar, não há nada como isto e tenho medo de que quanto mais eu perder a prática, mais difícil seja encontrar novamente um emprego. Às vezes, você se pergunta: Será isto mesmo? Estarei definitivamente acabado?” / TRADUÇÃO DE ANNA CAPOVILLA

The New York Times Licensing Group - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito do The New York Times

Um piloto que estava retornando à ativa perdeu o controle de um avião durante o pouso, derrapou, saiu da pista e acabou em uma vala. Outro que acabava de voltar da licença esqueceu de ativar um sistema anti-gelo fundamental para impedir a ocorrência de problemas com as temperaturas muito baixas. Vários outros voaram em altitudes erradas, fato que eles atribuíram a distrações e lapsos na comunicação.

Em todos estes incidentes, que foram registrados no Sistema de Informação da Segurança da Aviação, um banco de dados dos erros ocorridos na aviação comercial relatados anonimamente pelos pilotos e por outros tripulantes, os pilotos envolvidos atribuíram os erros à mesma coisa: falta de prática no voo durante a pandemia.

Foto: Pixabay 

“Não é como andar de bicicleta”, disse Joe Townshend, ex-piloto da Titan Airways, uma linha de voos charter britânica, demitido quando a pandemia se instalou em março do ano passado.

“Provavelmente você pode ficar dez anos sem pilotar um avião e ainda tirá-lo do chão, mas o que é fácil de esquecer é o lado operacional da coisa”, afirmou. “Em um ambiente de voo real, você recebe uma quantidade enorme de informações, e a única maneira de não perder a atenção e a constância é continuar fazendo isto”.

Em 2020, o tráfego aéreo global de passageiros viu o maior declínio na comparação ano a ano da história da aviação, com uma queda de 65,9% em relação a 2019, segundo a International Air Transport Association. Os aviões permaneceram no solo, os horários foram reduzidos e milhares de pilotos foram postos em licença ou demitidos por longos períodos de até 12 meses.

Agora, com a aceleração dos programas de vacinação em algumas partes do mundo e o reinício das viagens, as companhias aéreas começam a reativar as suas frotas e a chamar os pilotos de volta enquanto se preparam para aumentar os seus horários para o verão do hemisfério norte. Mas os pilotos que regressam talvez não consigam retomar o ritmo de quando tiveram de sair. Eles precisarão se submeter a rigorosos programas de treinamento, que envolvem aulas, exames e sessões com os simuladores, determinadas pelo grau de proficiência e pelo tempo em que permaneceram sem voar.

O processo de retreinamento de um grande número de pilotos, que permaneceram ociosos por diferentes períodos no ano passado é complexo e desafiador. Não há “um modelo de treinamento único para todos”, afirmam os especialistas em aviação. Em geral, os pilotos recebem treinamentos variados baseados no período durante o qual permaneceram ociosos. Nas sessões no simulador eles terão de realizar diferentes tipos de pousos e decolagens, inclusive em condições de temperaturas adversas, e praticar para a eventualidade de emergências. As companhias aéreas também acrescentaram exercícios aos seus programas de treinamento tradicionais exigindo que alguns pilotos voltem para a escola no solo a fim de ajudá-los a voltar com a mentalidade da aviação.

“Com certeza há um aspecto de enferrujamento decorrente do fato de não voar regularmente”, disse Hassan Shahidi, presidente da Flight Safety Foundation, organização independente especializada em segurança na aviação. “À medida que as viagens se recuperam e a demanda aumenta, devemos ter a certeza de que os nossos pilotos se sentem totalmente confortáveis e confiantes para voltarem ao cockpit”.

As mesmas considerações se aplicam aos pilotos que continuaram voando durante a pandemia com horários reduzidos, acrescentou Shahidi.

“Antes da pandemia, estes pilotos praticavam os mesmo procedimentos todos os dias voando continuamente. Quando você não está voando com frequência, as suas habilidades cognitivas motoras se deterioram”, ele disse.

Na Virgin Atlantic, a companhia aérea fundada pelo bilionário britânico Richard Branson, no ano passado, foram demitidos 400 pilotos, mas à medida que as viagens internacionais recomeçaram, a companhia antecipou que os chamará de volta gradativamente, a começar pelos 50 que atualmente aguardam em uma fila de espera.

Os pilotos que estão retornando recebem um kit digital para estudar para ajudá-los a recuperar rapidamente as suas habilidades com procedimentos técnicos e operacionais e precisam passar num exame baseado nesse programa para começar o programa de treinamento em si.

“Acrescentamos muitas melhorias ao nosso treinamento costumeiro e estamos recuperando muito mais terreno a fim de termos a certeza de que conseguiremos colocá-los de volta no seu nível de conhecimento anterior e em um patamar onde eles se sintam satisfeitos”, disse Ken Gillespie, diretor de treinamento e normas da Virgin Atlantic.

Os exames são abrangentes e incluem testes sobre navegação, operações no inverno, segurança, prevenção da perda de controle e recuperação, produtos perigosos, fatores humanos e condições desfavoráveis como cenários de cinzas vulcânicas.

“Também acrescentamos mais checagens ao nosso treinamento, e ninguém passará pela checagem final enquanto não estivermos satisfeitos de que eles poderão operar com segurança e estão preparados para acelerar novamente com a aeronave”, disse Gillespie.

Uma área em que alguns pilotos encontram dificuldade é acompanhar a velocidade das comunicações, particularmente com o controle do tráfego aéreo em ambientes agitados.

“Em uma viagem real pode haver de 30 a 40 aviões na mesma frequência com um único controlador, portanto precisa manter os ouvidos realmente sintonizados para o seu sinal de chamada e com as instruções que chegam”, explicou Gillespie.

Um piloto que informou anonimamente um “desvio de altitude” - o que significa que eles voavam a uma altitude errada - no Sistema de Informações sobre Segurança da Aviação da NASA no ano passado, disse queeles entenderam errado as instruções para a subida inicial após a decolagem e atribuíram o erro ao fato de estarem “enferrujados”.

“Devido desaceleração por causa da covid-19, eu estava sem voar há semanas”, eles escreveram. “Evidentemente, a disciplina do voo sofreu com a falta de experiência e do trabalho em equipe recente”.

Alguns pilotos disseram que também enfrentaram dificuldades por causa das mudanças das condições e do ambiente causadas pela pandemia.

Asad ul Ghafoor Gaad, um comandante da companhia aérea privada paquistanesa, Airblue, disse que se sentiu estressado e apreensivo quando voltou ao trabalho depois de três meses e meio afastado, porque o vírus se espalhava de maneira desenfreada, e ele tinha de se preocupar com os novos protocolos de segurança e de saúde e os riscos de contrair o vírus, além de todos os procedimentos exigidos para pilotar um avião.

“Foi difícil sentar no cockpit no primeiro dia da volta ao trabalho e me sentir em casa,” lembrou Gaad.

No seu primeiro voo - em um Airbus 320 quase vazio - quando o avião começou a acelerar para a decolagem, Gaad se surpreendeu com a rapidez com que pegou velocidade. Ele estava acostumado a voar com o mesmo avião lotado de passageiros e não havia pensado como o diferencial do peso podia afetar o voo.

“A velocidade me surpreendeu por um segundo ou dois e o meu coração disparou”, disse Gaad. “O acúmulo da velocidade, o acúmulo da altitude, a velocidade necessária para controlar o pouso e outras fases, são completamente diferentes do que a gente está acostumado. Mas depois de um voo ou dois a gente acostuma”.

Outra nova realidade para os pilotos que voaram durante a pandemia: preparar-se para operar aviões que ficaram estacionados por um longo período. A Agência de Segurança da Aviação da União Europeia, EASA, responsável pela segurança da aviação civil na UE, emitiu diretrizes para identificar riscos como os freios gastos na hora de estacionar a aeronave, ou animais silvestres que fizeram o ninho no motor do avião.

“As companhias aéreas precisam levar em consideração o fato de que é possível que os pilotos precisem de um tempo maior do que o normal para realizar as verificações necessárias antes do voo em uma aeronave que retorna ao serviço”, afirmou Patrick Ky, diretor executivo da agência. “Uma abordagem holística é fundamental”.

Apesar das dificuldades, muitos pilotos se sentem aliviados por estarem de volta ao trabalho.

“No início, houve muita preocupação a respeito dos riscos da covid, mas agora que começaram as vacinas todos os que foram chamados de volta estão felizes”, disse Sourav Basu Roy Choudhry, um piloto de uma companhia aérea americana, que não quis se identificar.

“Nós amamos o ar, a vista, os aviões e muitas outras sensações além do dinheiro, embora nesta pandemiavocê se dê conta de que o dinheiro também é importante”, falou Choudhry. Todos estão fazendo um grande esforço no treinamento porque tudo o que querem é voltar.”

No ano passado, alguns pilotos trabalharam em depósitos ou como motoristas de delivery para prover às suas famílias, outros não trabalharam.

“Eu me senti completamente inútil e não entendia como eu trabalhei e treinei tanto para me tornarcomandante, só para me encontrar novamente no final da escala”, afirmou um ex-piloto da British Airways que pediu para não ser identificado para não pôr em risco suas chances de ser novamente contratado.

“Empilhar caixas em um depósito escuro o dia todo me deixou deprimido. Nunca me senti daquele jeitoantes. Não queria sair da cama de manhã”, prosseguiu. “Senti muita falta de voar, não há nada como isto e tenho medo de que quanto mais eu perder a prática, mais difícil seja encontrar novamente um emprego. Às vezes, você se pergunta: Será isto mesmo? Estarei definitivamente acabado?” / TRADUÇÃO DE ANNA CAPOVILLA

The New York Times Licensing Group - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito do The New York Times

Um piloto que estava retornando à ativa perdeu o controle de um avião durante o pouso, derrapou, saiu da pista e acabou em uma vala. Outro que acabava de voltar da licença esqueceu de ativar um sistema anti-gelo fundamental para impedir a ocorrência de problemas com as temperaturas muito baixas. Vários outros voaram em altitudes erradas, fato que eles atribuíram a distrações e lapsos na comunicação.

Em todos estes incidentes, que foram registrados no Sistema de Informação da Segurança da Aviação, um banco de dados dos erros ocorridos na aviação comercial relatados anonimamente pelos pilotos e por outros tripulantes, os pilotos envolvidos atribuíram os erros à mesma coisa: falta de prática no voo durante a pandemia.

Foto: Pixabay 

“Não é como andar de bicicleta”, disse Joe Townshend, ex-piloto da Titan Airways, uma linha de voos charter britânica, demitido quando a pandemia se instalou em março do ano passado.

“Provavelmente você pode ficar dez anos sem pilotar um avião e ainda tirá-lo do chão, mas o que é fácil de esquecer é o lado operacional da coisa”, afirmou. “Em um ambiente de voo real, você recebe uma quantidade enorme de informações, e a única maneira de não perder a atenção e a constância é continuar fazendo isto”.

Em 2020, o tráfego aéreo global de passageiros viu o maior declínio na comparação ano a ano da história da aviação, com uma queda de 65,9% em relação a 2019, segundo a International Air Transport Association. Os aviões permaneceram no solo, os horários foram reduzidos e milhares de pilotos foram postos em licença ou demitidos por longos períodos de até 12 meses.

Agora, com a aceleração dos programas de vacinação em algumas partes do mundo e o reinício das viagens, as companhias aéreas começam a reativar as suas frotas e a chamar os pilotos de volta enquanto se preparam para aumentar os seus horários para o verão do hemisfério norte. Mas os pilotos que regressam talvez não consigam retomar o ritmo de quando tiveram de sair. Eles precisarão se submeter a rigorosos programas de treinamento, que envolvem aulas, exames e sessões com os simuladores, determinadas pelo grau de proficiência e pelo tempo em que permaneceram sem voar.

O processo de retreinamento de um grande número de pilotos, que permaneceram ociosos por diferentes períodos no ano passado é complexo e desafiador. Não há “um modelo de treinamento único para todos”, afirmam os especialistas em aviação. Em geral, os pilotos recebem treinamentos variados baseados no período durante o qual permaneceram ociosos. Nas sessões no simulador eles terão de realizar diferentes tipos de pousos e decolagens, inclusive em condições de temperaturas adversas, e praticar para a eventualidade de emergências. As companhias aéreas também acrescentaram exercícios aos seus programas de treinamento tradicionais exigindo que alguns pilotos voltem para a escola no solo a fim de ajudá-los a voltar com a mentalidade da aviação.

“Com certeza há um aspecto de enferrujamento decorrente do fato de não voar regularmente”, disse Hassan Shahidi, presidente da Flight Safety Foundation, organização independente especializada em segurança na aviação. “À medida que as viagens se recuperam e a demanda aumenta, devemos ter a certeza de que os nossos pilotos se sentem totalmente confortáveis e confiantes para voltarem ao cockpit”.

As mesmas considerações se aplicam aos pilotos que continuaram voando durante a pandemia com horários reduzidos, acrescentou Shahidi.

“Antes da pandemia, estes pilotos praticavam os mesmo procedimentos todos os dias voando continuamente. Quando você não está voando com frequência, as suas habilidades cognitivas motoras se deterioram”, ele disse.

Na Virgin Atlantic, a companhia aérea fundada pelo bilionário britânico Richard Branson, no ano passado, foram demitidos 400 pilotos, mas à medida que as viagens internacionais recomeçaram, a companhia antecipou que os chamará de volta gradativamente, a começar pelos 50 que atualmente aguardam em uma fila de espera.

Os pilotos que estão retornando recebem um kit digital para estudar para ajudá-los a recuperar rapidamente as suas habilidades com procedimentos técnicos e operacionais e precisam passar num exame baseado nesse programa para começar o programa de treinamento em si.

“Acrescentamos muitas melhorias ao nosso treinamento costumeiro e estamos recuperando muito mais terreno a fim de termos a certeza de que conseguiremos colocá-los de volta no seu nível de conhecimento anterior e em um patamar onde eles se sintam satisfeitos”, disse Ken Gillespie, diretor de treinamento e normas da Virgin Atlantic.

Os exames são abrangentes e incluem testes sobre navegação, operações no inverno, segurança, prevenção da perda de controle e recuperação, produtos perigosos, fatores humanos e condições desfavoráveis como cenários de cinzas vulcânicas.

“Também acrescentamos mais checagens ao nosso treinamento, e ninguém passará pela checagem final enquanto não estivermos satisfeitos de que eles poderão operar com segurança e estão preparados para acelerar novamente com a aeronave”, disse Gillespie.

Uma área em que alguns pilotos encontram dificuldade é acompanhar a velocidade das comunicações, particularmente com o controle do tráfego aéreo em ambientes agitados.

“Em uma viagem real pode haver de 30 a 40 aviões na mesma frequência com um único controlador, portanto precisa manter os ouvidos realmente sintonizados para o seu sinal de chamada e com as instruções que chegam”, explicou Gillespie.

Um piloto que informou anonimamente um “desvio de altitude” - o que significa que eles voavam a uma altitude errada - no Sistema de Informações sobre Segurança da Aviação da NASA no ano passado, disse queeles entenderam errado as instruções para a subida inicial após a decolagem e atribuíram o erro ao fato de estarem “enferrujados”.

“Devido desaceleração por causa da covid-19, eu estava sem voar há semanas”, eles escreveram. “Evidentemente, a disciplina do voo sofreu com a falta de experiência e do trabalho em equipe recente”.

Alguns pilotos disseram que também enfrentaram dificuldades por causa das mudanças das condições e do ambiente causadas pela pandemia.

Asad ul Ghafoor Gaad, um comandante da companhia aérea privada paquistanesa, Airblue, disse que se sentiu estressado e apreensivo quando voltou ao trabalho depois de três meses e meio afastado, porque o vírus se espalhava de maneira desenfreada, e ele tinha de se preocupar com os novos protocolos de segurança e de saúde e os riscos de contrair o vírus, além de todos os procedimentos exigidos para pilotar um avião.

“Foi difícil sentar no cockpit no primeiro dia da volta ao trabalho e me sentir em casa,” lembrou Gaad.

No seu primeiro voo - em um Airbus 320 quase vazio - quando o avião começou a acelerar para a decolagem, Gaad se surpreendeu com a rapidez com que pegou velocidade. Ele estava acostumado a voar com o mesmo avião lotado de passageiros e não havia pensado como o diferencial do peso podia afetar o voo.

“A velocidade me surpreendeu por um segundo ou dois e o meu coração disparou”, disse Gaad. “O acúmulo da velocidade, o acúmulo da altitude, a velocidade necessária para controlar o pouso e outras fases, são completamente diferentes do que a gente está acostumado. Mas depois de um voo ou dois a gente acostuma”.

Outra nova realidade para os pilotos que voaram durante a pandemia: preparar-se para operar aviões que ficaram estacionados por um longo período. A Agência de Segurança da Aviação da União Europeia, EASA, responsável pela segurança da aviação civil na UE, emitiu diretrizes para identificar riscos como os freios gastos na hora de estacionar a aeronave, ou animais silvestres que fizeram o ninho no motor do avião.

“As companhias aéreas precisam levar em consideração o fato de que é possível que os pilotos precisem de um tempo maior do que o normal para realizar as verificações necessárias antes do voo em uma aeronave que retorna ao serviço”, afirmou Patrick Ky, diretor executivo da agência. “Uma abordagem holística é fundamental”.

Apesar das dificuldades, muitos pilotos se sentem aliviados por estarem de volta ao trabalho.

“No início, houve muita preocupação a respeito dos riscos da covid, mas agora que começaram as vacinas todos os que foram chamados de volta estão felizes”, disse Sourav Basu Roy Choudhry, um piloto de uma companhia aérea americana, que não quis se identificar.

“Nós amamos o ar, a vista, os aviões e muitas outras sensações além do dinheiro, embora nesta pandemiavocê se dê conta de que o dinheiro também é importante”, falou Choudhry. Todos estão fazendo um grande esforço no treinamento porque tudo o que querem é voltar.”

No ano passado, alguns pilotos trabalharam em depósitos ou como motoristas de delivery para prover às suas famílias, outros não trabalharam.

“Eu me senti completamente inútil e não entendia como eu trabalhei e treinei tanto para me tornarcomandante, só para me encontrar novamente no final da escala”, afirmou um ex-piloto da British Airways que pediu para não ser identificado para não pôr em risco suas chances de ser novamente contratado.

“Empilhar caixas em um depósito escuro o dia todo me deixou deprimido. Nunca me senti daquele jeitoantes. Não queria sair da cama de manhã”, prosseguiu. “Senti muita falta de voar, não há nada como isto e tenho medo de que quanto mais eu perder a prática, mais difícil seja encontrar novamente um emprego. Às vezes, você se pergunta: Será isto mesmo? Estarei definitivamente acabado?” / TRADUÇÃO DE ANNA CAPOVILLA

The New York Times Licensing Group - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito do The New York Times

Um piloto que estava retornando à ativa perdeu o controle de um avião durante o pouso, derrapou, saiu da pista e acabou em uma vala. Outro que acabava de voltar da licença esqueceu de ativar um sistema anti-gelo fundamental para impedir a ocorrência de problemas com as temperaturas muito baixas. Vários outros voaram em altitudes erradas, fato que eles atribuíram a distrações e lapsos na comunicação.

Em todos estes incidentes, que foram registrados no Sistema de Informação da Segurança da Aviação, um banco de dados dos erros ocorridos na aviação comercial relatados anonimamente pelos pilotos e por outros tripulantes, os pilotos envolvidos atribuíram os erros à mesma coisa: falta de prática no voo durante a pandemia.

Foto: Pixabay 

“Não é como andar de bicicleta”, disse Joe Townshend, ex-piloto da Titan Airways, uma linha de voos charter britânica, demitido quando a pandemia se instalou em março do ano passado.

“Provavelmente você pode ficar dez anos sem pilotar um avião e ainda tirá-lo do chão, mas o que é fácil de esquecer é o lado operacional da coisa”, afirmou. “Em um ambiente de voo real, você recebe uma quantidade enorme de informações, e a única maneira de não perder a atenção e a constância é continuar fazendo isto”.

Em 2020, o tráfego aéreo global de passageiros viu o maior declínio na comparação ano a ano da história da aviação, com uma queda de 65,9% em relação a 2019, segundo a International Air Transport Association. Os aviões permaneceram no solo, os horários foram reduzidos e milhares de pilotos foram postos em licença ou demitidos por longos períodos de até 12 meses.

Agora, com a aceleração dos programas de vacinação em algumas partes do mundo e o reinício das viagens, as companhias aéreas começam a reativar as suas frotas e a chamar os pilotos de volta enquanto se preparam para aumentar os seus horários para o verão do hemisfério norte. Mas os pilotos que regressam talvez não consigam retomar o ritmo de quando tiveram de sair. Eles precisarão se submeter a rigorosos programas de treinamento, que envolvem aulas, exames e sessões com os simuladores, determinadas pelo grau de proficiência e pelo tempo em que permaneceram sem voar.

O processo de retreinamento de um grande número de pilotos, que permaneceram ociosos por diferentes períodos no ano passado é complexo e desafiador. Não há “um modelo de treinamento único para todos”, afirmam os especialistas em aviação. Em geral, os pilotos recebem treinamentos variados baseados no período durante o qual permaneceram ociosos. Nas sessões no simulador eles terão de realizar diferentes tipos de pousos e decolagens, inclusive em condições de temperaturas adversas, e praticar para a eventualidade de emergências. As companhias aéreas também acrescentaram exercícios aos seus programas de treinamento tradicionais exigindo que alguns pilotos voltem para a escola no solo a fim de ajudá-los a voltar com a mentalidade da aviação.

“Com certeza há um aspecto de enferrujamento decorrente do fato de não voar regularmente”, disse Hassan Shahidi, presidente da Flight Safety Foundation, organização independente especializada em segurança na aviação. “À medida que as viagens se recuperam e a demanda aumenta, devemos ter a certeza de que os nossos pilotos se sentem totalmente confortáveis e confiantes para voltarem ao cockpit”.

As mesmas considerações se aplicam aos pilotos que continuaram voando durante a pandemia com horários reduzidos, acrescentou Shahidi.

“Antes da pandemia, estes pilotos praticavam os mesmo procedimentos todos os dias voando continuamente. Quando você não está voando com frequência, as suas habilidades cognitivas motoras se deterioram”, ele disse.

Na Virgin Atlantic, a companhia aérea fundada pelo bilionário britânico Richard Branson, no ano passado, foram demitidos 400 pilotos, mas à medida que as viagens internacionais recomeçaram, a companhia antecipou que os chamará de volta gradativamente, a começar pelos 50 que atualmente aguardam em uma fila de espera.

Os pilotos que estão retornando recebem um kit digital para estudar para ajudá-los a recuperar rapidamente as suas habilidades com procedimentos técnicos e operacionais e precisam passar num exame baseado nesse programa para começar o programa de treinamento em si.

“Acrescentamos muitas melhorias ao nosso treinamento costumeiro e estamos recuperando muito mais terreno a fim de termos a certeza de que conseguiremos colocá-los de volta no seu nível de conhecimento anterior e em um patamar onde eles se sintam satisfeitos”, disse Ken Gillespie, diretor de treinamento e normas da Virgin Atlantic.

Os exames são abrangentes e incluem testes sobre navegação, operações no inverno, segurança, prevenção da perda de controle e recuperação, produtos perigosos, fatores humanos e condições desfavoráveis como cenários de cinzas vulcânicas.

“Também acrescentamos mais checagens ao nosso treinamento, e ninguém passará pela checagem final enquanto não estivermos satisfeitos de que eles poderão operar com segurança e estão preparados para acelerar novamente com a aeronave”, disse Gillespie.

Uma área em que alguns pilotos encontram dificuldade é acompanhar a velocidade das comunicações, particularmente com o controle do tráfego aéreo em ambientes agitados.

“Em uma viagem real pode haver de 30 a 40 aviões na mesma frequência com um único controlador, portanto precisa manter os ouvidos realmente sintonizados para o seu sinal de chamada e com as instruções que chegam”, explicou Gillespie.

Um piloto que informou anonimamente um “desvio de altitude” - o que significa que eles voavam a uma altitude errada - no Sistema de Informações sobre Segurança da Aviação da NASA no ano passado, disse queeles entenderam errado as instruções para a subida inicial após a decolagem e atribuíram o erro ao fato de estarem “enferrujados”.

“Devido desaceleração por causa da covid-19, eu estava sem voar há semanas”, eles escreveram. “Evidentemente, a disciplina do voo sofreu com a falta de experiência e do trabalho em equipe recente”.

Alguns pilotos disseram que também enfrentaram dificuldades por causa das mudanças das condições e do ambiente causadas pela pandemia.

Asad ul Ghafoor Gaad, um comandante da companhia aérea privada paquistanesa, Airblue, disse que se sentiu estressado e apreensivo quando voltou ao trabalho depois de três meses e meio afastado, porque o vírus se espalhava de maneira desenfreada, e ele tinha de se preocupar com os novos protocolos de segurança e de saúde e os riscos de contrair o vírus, além de todos os procedimentos exigidos para pilotar um avião.

“Foi difícil sentar no cockpit no primeiro dia da volta ao trabalho e me sentir em casa,” lembrou Gaad.

No seu primeiro voo - em um Airbus 320 quase vazio - quando o avião começou a acelerar para a decolagem, Gaad se surpreendeu com a rapidez com que pegou velocidade. Ele estava acostumado a voar com o mesmo avião lotado de passageiros e não havia pensado como o diferencial do peso podia afetar o voo.

“A velocidade me surpreendeu por um segundo ou dois e o meu coração disparou”, disse Gaad. “O acúmulo da velocidade, o acúmulo da altitude, a velocidade necessária para controlar o pouso e outras fases, são completamente diferentes do que a gente está acostumado. Mas depois de um voo ou dois a gente acostuma”.

Outra nova realidade para os pilotos que voaram durante a pandemia: preparar-se para operar aviões que ficaram estacionados por um longo período. A Agência de Segurança da Aviação da União Europeia, EASA, responsável pela segurança da aviação civil na UE, emitiu diretrizes para identificar riscos como os freios gastos na hora de estacionar a aeronave, ou animais silvestres que fizeram o ninho no motor do avião.

“As companhias aéreas precisam levar em consideração o fato de que é possível que os pilotos precisem de um tempo maior do que o normal para realizar as verificações necessárias antes do voo em uma aeronave que retorna ao serviço”, afirmou Patrick Ky, diretor executivo da agência. “Uma abordagem holística é fundamental”.

Apesar das dificuldades, muitos pilotos se sentem aliviados por estarem de volta ao trabalho.

“No início, houve muita preocupação a respeito dos riscos da covid, mas agora que começaram as vacinas todos os que foram chamados de volta estão felizes”, disse Sourav Basu Roy Choudhry, um piloto de uma companhia aérea americana, que não quis se identificar.

“Nós amamos o ar, a vista, os aviões e muitas outras sensações além do dinheiro, embora nesta pandemiavocê se dê conta de que o dinheiro também é importante”, falou Choudhry. Todos estão fazendo um grande esforço no treinamento porque tudo o que querem é voltar.”

No ano passado, alguns pilotos trabalharam em depósitos ou como motoristas de delivery para prover às suas famílias, outros não trabalharam.

“Eu me senti completamente inútil e não entendia como eu trabalhei e treinei tanto para me tornarcomandante, só para me encontrar novamente no final da escala”, afirmou um ex-piloto da British Airways que pediu para não ser identificado para não pôr em risco suas chances de ser novamente contratado.

“Empilhar caixas em um depósito escuro o dia todo me deixou deprimido. Nunca me senti daquele jeitoantes. Não queria sair da cama de manhã”, prosseguiu. “Senti muita falta de voar, não há nada como isto e tenho medo de que quanto mais eu perder a prática, mais difícil seja encontrar novamente um emprego. Às vezes, você se pergunta: Será isto mesmo? Estarei definitivamente acabado?” / TRADUÇÃO DE ANNA CAPOVILLA

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