Batalhas de alto-falantes tocam Celine Dion e atormentam cidade na Nova Zelândia


Comunidades das Ilhas do Pacífico criaram uma subcultura: quem consegue tocar música - geralmente canções de Dion - mais alto? Algumas pessoas dizem que é uma coisa insuportável

Por Mike Ives

THE NEW YORK TIMES - LIFE/STYLE - Imagine que você acorda no meio da noite com o crescendo de uma música de Céline Dion tocando em caixas de som fixadas em carros ou bicicletas em movimento.

Para os moradores de Porirua, na Nova Zelândia, o cenário não é hipotético. Mais ou menos um ano, algumas pessoas começaram a se reunir para as chamadas batalhas de sereias - uma subcultura local em que integrantes das comunidades das Ilhas do Pacífico, ou Pasifika, na Nova Zelândia competem para ver quem consegue tocar música mais alto.

Celine Dion se apresenta em Paris.  Foto: Martin Bureau/AFP
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Os membros dos “clubes de sereias” que organizam as batalhas as descreveram como expressões de identidade e comunidade. Mas alguns moradores dizem que os eventos, que podem durar até as primeiras horas da manhã, deveriam ser reduzidos porque são muito barulhentos e perturbadores.

O prefeito e a Câmara Municipal estão sob pressão para agir; os policiais estão buscando locais alternativos para as competições; e a controvérsia chamou a atenção da mídia internacional. Mas não há soluções rápidas ou acordos à vista.

“No momento, não sabemos como vamos resolver isso”, disse Anita Baker, prefeita de Porirua, em entrevista por telefone.

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Ela acrescentou que, embora alguns clubes de sereias organizados tenham concordado em parar de tocar música depois das dez da noite, outros “grupos rebeldes” não o fizeram.

“Estamos num beco sem saída, tentando descobrir quem é o responsável - e cada pessoa culpa uma outra”, acrescentou ela. “Mas os moradores só querem uma resposta. E também querem dormir um pouco”.

Os muitos esforços para entrar em contato com os organizadores dos clubes de sereias não tiveram sucesso.

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A subcultura nasceu há cerca de uma década em Auckland, a maior cidade da Nova Zelândia, e muitas vezes é praticada por jovens das comunidades samoana e tonganesa, entre outras. Durante a pandemia, a chamada “jam de sereia” de um jovem artista do sul de Auckland, Jawsh 685, virou sucesso internacional no TikTok.

Em Porirua, as batalhas de sereias geralmente acontecem nas noites de sexta e sábado. Às vezes, as pessoas se reúnem no estacionamento de uma estação de trem perto do porto para ouvir música em carros ou bicicletas. Outras vezes, elas rodam pela cidade.

Os praticantes dizem que parte do prazer das batalhas de sereias é construir manualmente o equipamento de áudio para deixar o som o mais alto e claro possível - e que as reuniões são uma atividade social positiva.

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“É o que fazemos para ficar longe dos problemas”, disse Soni Taufa, líder da equipe de um clube de sereias em Auckland chamado Noizy Boys, a uma estação de rádio de Auckland no ano passado.

Baker disse que as batalhas de sereias começaram em Porirua no ano passado e foram organizadas por moradores que estavam torcendo pelos times da Copa do Mundo de Rugby. Ela disse que as músicas de Celine Dion são as favoritas, aparentemente por serem muito agudas. (Um assessor de Dion, cantora franco-canadense mais conhecida por cantar My Heart Will Go On e outras baladas românticas, não respondeu a um pedido de comentário).

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As batalhas de sereias continuaram em Porirua após o término do torneio de rugby, em novembro, e têm gerado reclamações desde então. Baker disse que de outubro de 2022 a março de 2023 a Câmara Municipal recebeu 106 reclamações.

Mas Baker disse que não havia nenhum lugar na cidade de cerca de 61 mil habitantes onde os eventos pudessem ser realizados sem perturbar ninguém. Porirua fica ao norte de Wellington, a capital, em um vale onde o som das batalhas de sereias chega facilmente às colinas e às áreas residenciais.

A polícia também recebeu dezenas de denúncias relacionadas a violações do controle de ruído - 40 desde fevereiro, segundo dados fornecidos pela delegacia de Wellington. A polícia disse em comunicado por e-mail que, embora as batalhas não sejam ilegais em si, algumas podem ser um incômodo público ou cometer infrações rodoviárias.

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Um representante da Câmara Municipal se recusou a comentar e apenas encaminhou a um repórter uma declaração que dizia que a Câmara Municipal “compreende a frustração” causada pelas batalhas e que está “fazendo o que pode para resolver o problema”.

A polícia disse que, entre outras medidas, está concluindo testes de som em vários locais da cidade e que as autoridades estavam trabalhando com clubes de sereias para explorar locais alternativos para suas batalhas sonoras.

Alguns moradores estão ficando impacientes e dizem que as batalhas não deixam as crianças e os idosos dormir à noite, destruindo a qualidade de vida em comunidades até então tranquilas. Uma petição exigindo que a Câmara Municipal e o prefeito tomem medidas contra os clubes de sereias tinha mais de 300 assinaturas na noite de sexta-feira.

“Muitas, muitas pessoas estão sofrendo por causa dos hobbies dos outros”, disse Gerie Harvey, 75 anos, que agora faz questão de usar protetores de ouvido para dormir e fecha as janelas à noite. “As pessoas estão ficando realmente fartas”. / TRADUÇÃO DE RENATO PRELORENTZOU

The New York Times Licensing Group - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito do The New York Times

THE NEW YORK TIMES - LIFE/STYLE - Imagine que você acorda no meio da noite com o crescendo de uma música de Céline Dion tocando em caixas de som fixadas em carros ou bicicletas em movimento.

Para os moradores de Porirua, na Nova Zelândia, o cenário não é hipotético. Mais ou menos um ano, algumas pessoas começaram a se reunir para as chamadas batalhas de sereias - uma subcultura local em que integrantes das comunidades das Ilhas do Pacífico, ou Pasifika, na Nova Zelândia competem para ver quem consegue tocar música mais alto.

Celine Dion se apresenta em Paris.  Foto: Martin Bureau/AFP

Os membros dos “clubes de sereias” que organizam as batalhas as descreveram como expressões de identidade e comunidade. Mas alguns moradores dizem que os eventos, que podem durar até as primeiras horas da manhã, deveriam ser reduzidos porque são muito barulhentos e perturbadores.

O prefeito e a Câmara Municipal estão sob pressão para agir; os policiais estão buscando locais alternativos para as competições; e a controvérsia chamou a atenção da mídia internacional. Mas não há soluções rápidas ou acordos à vista.

“No momento, não sabemos como vamos resolver isso”, disse Anita Baker, prefeita de Porirua, em entrevista por telefone.

Ela acrescentou que, embora alguns clubes de sereias organizados tenham concordado em parar de tocar música depois das dez da noite, outros “grupos rebeldes” não o fizeram.

“Estamos num beco sem saída, tentando descobrir quem é o responsável - e cada pessoa culpa uma outra”, acrescentou ela. “Mas os moradores só querem uma resposta. E também querem dormir um pouco”.

Os muitos esforços para entrar em contato com os organizadores dos clubes de sereias não tiveram sucesso.

A subcultura nasceu há cerca de uma década em Auckland, a maior cidade da Nova Zelândia, e muitas vezes é praticada por jovens das comunidades samoana e tonganesa, entre outras. Durante a pandemia, a chamada “jam de sereia” de um jovem artista do sul de Auckland, Jawsh 685, virou sucesso internacional no TikTok.

Em Porirua, as batalhas de sereias geralmente acontecem nas noites de sexta e sábado. Às vezes, as pessoas se reúnem no estacionamento de uma estação de trem perto do porto para ouvir música em carros ou bicicletas. Outras vezes, elas rodam pela cidade.

Os praticantes dizem que parte do prazer das batalhas de sereias é construir manualmente o equipamento de áudio para deixar o som o mais alto e claro possível - e que as reuniões são uma atividade social positiva.

“É o que fazemos para ficar longe dos problemas”, disse Soni Taufa, líder da equipe de um clube de sereias em Auckland chamado Noizy Boys, a uma estação de rádio de Auckland no ano passado.

Baker disse que as batalhas de sereias começaram em Porirua no ano passado e foram organizadas por moradores que estavam torcendo pelos times da Copa do Mundo de Rugby. Ela disse que as músicas de Celine Dion são as favoritas, aparentemente por serem muito agudas. (Um assessor de Dion, cantora franco-canadense mais conhecida por cantar My Heart Will Go On e outras baladas românticas, não respondeu a um pedido de comentário).

As batalhas de sereias continuaram em Porirua após o término do torneio de rugby, em novembro, e têm gerado reclamações desde então. Baker disse que de outubro de 2022 a março de 2023 a Câmara Municipal recebeu 106 reclamações.

Mas Baker disse que não havia nenhum lugar na cidade de cerca de 61 mil habitantes onde os eventos pudessem ser realizados sem perturbar ninguém. Porirua fica ao norte de Wellington, a capital, em um vale onde o som das batalhas de sereias chega facilmente às colinas e às áreas residenciais.

A polícia também recebeu dezenas de denúncias relacionadas a violações do controle de ruído - 40 desde fevereiro, segundo dados fornecidos pela delegacia de Wellington. A polícia disse em comunicado por e-mail que, embora as batalhas não sejam ilegais em si, algumas podem ser um incômodo público ou cometer infrações rodoviárias.

Um representante da Câmara Municipal se recusou a comentar e apenas encaminhou a um repórter uma declaração que dizia que a Câmara Municipal “compreende a frustração” causada pelas batalhas e que está “fazendo o que pode para resolver o problema”.

A polícia disse que, entre outras medidas, está concluindo testes de som em vários locais da cidade e que as autoridades estavam trabalhando com clubes de sereias para explorar locais alternativos para suas batalhas sonoras.

Alguns moradores estão ficando impacientes e dizem que as batalhas não deixam as crianças e os idosos dormir à noite, destruindo a qualidade de vida em comunidades até então tranquilas. Uma petição exigindo que a Câmara Municipal e o prefeito tomem medidas contra os clubes de sereias tinha mais de 300 assinaturas na noite de sexta-feira.

“Muitas, muitas pessoas estão sofrendo por causa dos hobbies dos outros”, disse Gerie Harvey, 75 anos, que agora faz questão de usar protetores de ouvido para dormir e fecha as janelas à noite. “As pessoas estão ficando realmente fartas”. / TRADUÇÃO DE RENATO PRELORENTZOU

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THE NEW YORK TIMES - LIFE/STYLE - Imagine que você acorda no meio da noite com o crescendo de uma música de Céline Dion tocando em caixas de som fixadas em carros ou bicicletas em movimento.

Para os moradores de Porirua, na Nova Zelândia, o cenário não é hipotético. Mais ou menos um ano, algumas pessoas começaram a se reunir para as chamadas batalhas de sereias - uma subcultura local em que integrantes das comunidades das Ilhas do Pacífico, ou Pasifika, na Nova Zelândia competem para ver quem consegue tocar música mais alto.

Celine Dion se apresenta em Paris.  Foto: Martin Bureau/AFP

Os membros dos “clubes de sereias” que organizam as batalhas as descreveram como expressões de identidade e comunidade. Mas alguns moradores dizem que os eventos, que podem durar até as primeiras horas da manhã, deveriam ser reduzidos porque são muito barulhentos e perturbadores.

O prefeito e a Câmara Municipal estão sob pressão para agir; os policiais estão buscando locais alternativos para as competições; e a controvérsia chamou a atenção da mídia internacional. Mas não há soluções rápidas ou acordos à vista.

“No momento, não sabemos como vamos resolver isso”, disse Anita Baker, prefeita de Porirua, em entrevista por telefone.

Ela acrescentou que, embora alguns clubes de sereias organizados tenham concordado em parar de tocar música depois das dez da noite, outros “grupos rebeldes” não o fizeram.

“Estamos num beco sem saída, tentando descobrir quem é o responsável - e cada pessoa culpa uma outra”, acrescentou ela. “Mas os moradores só querem uma resposta. E também querem dormir um pouco”.

Os muitos esforços para entrar em contato com os organizadores dos clubes de sereias não tiveram sucesso.

A subcultura nasceu há cerca de uma década em Auckland, a maior cidade da Nova Zelândia, e muitas vezes é praticada por jovens das comunidades samoana e tonganesa, entre outras. Durante a pandemia, a chamada “jam de sereia” de um jovem artista do sul de Auckland, Jawsh 685, virou sucesso internacional no TikTok.

Em Porirua, as batalhas de sereias geralmente acontecem nas noites de sexta e sábado. Às vezes, as pessoas se reúnem no estacionamento de uma estação de trem perto do porto para ouvir música em carros ou bicicletas. Outras vezes, elas rodam pela cidade.

Os praticantes dizem que parte do prazer das batalhas de sereias é construir manualmente o equipamento de áudio para deixar o som o mais alto e claro possível - e que as reuniões são uma atividade social positiva.

“É o que fazemos para ficar longe dos problemas”, disse Soni Taufa, líder da equipe de um clube de sereias em Auckland chamado Noizy Boys, a uma estação de rádio de Auckland no ano passado.

Baker disse que as batalhas de sereias começaram em Porirua no ano passado e foram organizadas por moradores que estavam torcendo pelos times da Copa do Mundo de Rugby. Ela disse que as músicas de Celine Dion são as favoritas, aparentemente por serem muito agudas. (Um assessor de Dion, cantora franco-canadense mais conhecida por cantar My Heart Will Go On e outras baladas românticas, não respondeu a um pedido de comentário).

As batalhas de sereias continuaram em Porirua após o término do torneio de rugby, em novembro, e têm gerado reclamações desde então. Baker disse que de outubro de 2022 a março de 2023 a Câmara Municipal recebeu 106 reclamações.

Mas Baker disse que não havia nenhum lugar na cidade de cerca de 61 mil habitantes onde os eventos pudessem ser realizados sem perturbar ninguém. Porirua fica ao norte de Wellington, a capital, em um vale onde o som das batalhas de sereias chega facilmente às colinas e às áreas residenciais.

A polícia também recebeu dezenas de denúncias relacionadas a violações do controle de ruído - 40 desde fevereiro, segundo dados fornecidos pela delegacia de Wellington. A polícia disse em comunicado por e-mail que, embora as batalhas não sejam ilegais em si, algumas podem ser um incômodo público ou cometer infrações rodoviárias.

Um representante da Câmara Municipal se recusou a comentar e apenas encaminhou a um repórter uma declaração que dizia que a Câmara Municipal “compreende a frustração” causada pelas batalhas e que está “fazendo o que pode para resolver o problema”.

A polícia disse que, entre outras medidas, está concluindo testes de som em vários locais da cidade e que as autoridades estavam trabalhando com clubes de sereias para explorar locais alternativos para suas batalhas sonoras.

Alguns moradores estão ficando impacientes e dizem que as batalhas não deixam as crianças e os idosos dormir à noite, destruindo a qualidade de vida em comunidades até então tranquilas. Uma petição exigindo que a Câmara Municipal e o prefeito tomem medidas contra os clubes de sereias tinha mais de 300 assinaturas na noite de sexta-feira.

“Muitas, muitas pessoas estão sofrendo por causa dos hobbies dos outros”, disse Gerie Harvey, 75 anos, que agora faz questão de usar protetores de ouvido para dormir e fecha as janelas à noite. “As pessoas estão ficando realmente fartas”. / TRADUÇÃO DE RENATO PRELORENTZOU

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