Dançar foi uma maneira de Britney Spears se manter livre durante tutela


Antes, durante e agora depois de ter sua vida controlada por 13 anos, a estrela pop usou a dança para afirmar seu poder e se conectar com seu público

Por Madison Mainwaring

Quando Britney Spears se pronunciou em junho durante uma audiência no Tribunal Superior de Los Angeles, ela falou sobre como os responsáveis por sua tutela governaram estritamente sua vida por 13 anos, chamando o acordo de “abusivo”. Mas ela também enfatizou como conseguiu manter algum controle.

Britney Spears apresenta um medley com suas músicas no Billboard Awards de 2016. Foto: Mario Anzuoni/Reuters/Arquivo

Ela continuou dançando.

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“Realmente fiz a maior parte da coreografia”, ela disse, referindo-se aos ensaios de 2018 para sua residência em Las Vegas Britney: Domination, “o que significa que eu mesma ensinei aos meus bailarinos minha nova coreografia”.

Havia “toneladas de vídeo” desses ensaios online, ela disse, acrescentando: “Eu não estava bem - eu estava ótima”.

Foi uma maneira poderosa de lembrar às pessoas a confiança que ela transmitiu como artista ao longo de sua carreira. No palco, Britney manteve o controle sobre seu corpo,objeto de constante escrutínio - sobre sua virgindade, seu peso, suas roupas. Através do movimento, ela criou um mundo próprio no qual ela realmente era a chefe.

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Com seus gestos expansivos de braço, giros rápidos e destreza abdominal, Britney sempre usou a dança para comunicar sua força. Brian Friedman, o coreógrafo responsável por algumas das coreografias mais famosas de Britney, observou que houve uma mudança visível em sua abordagem à dança após a instituição da tutela em 2008.

“Sinto que esse era o jeito dela de poder estar no controle de algo, porque ela não tinha tanto controle”, disse Friedman em entrevista por telefone. “Então, ao poder entrar no estúdio e dizer ‘eu não quero fazer isso, eu quero fazer isso, vou fazer minhas próprias coisas’, ela sentiu algum tipo de poder.”

Quando Britney anunciou “um hiato de trabalho indefinido” no início de 2019, ela começou a postar vídeos de si mesma dançando no Instagram. Na maioria desses clipes ela aparece girando sozinha, em um estilo solto e visivelmente improvisado, no chão de mármore de sua casa na Califórnia.

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Para bailarinos e coreógrafos que trabalharam com Britney, o foco de seu Instagram na dança fazia sentido. “Em um período em que ela não tinha liberdade, isso lhe deu liberdade”, disse Friedman.

Compartilhar suas sessões de dança improvisadas também permitiu que ela se conectasse diretamente com os fãs.

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Brooke Lipton, que dançou com Britney de 2001 a 2008, disse em uma entrevista por telefone que "a dança de Britney mostrou ao mundo que ela precisava de ajuda - sem dizer nada, porque ela não podia".

Se Britney ainda consegue exibir os ocasionais giros fouetté, em que ela roda em uma perna, é por causa de uma vida inteira treinando em um estúdio de dança. Lipton, Friedman e outros dizem que Britney tinha o alcance e o comprometimento dos bailarinos profissionais, aliados a um talento sobrenatural para aprender coreografias na hora.

“Ela cresceu dançando”, disse Tania Baron, que começou a se apresentar em shoppings com a estrela em ascensão em 1998. “Existem artistas que dançam certas partes de um show. Há artistas que já dançam naturalmente. E há pessoas como Britney, que realmente conseguem dançar como seus bailarinos.”

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O cuidado e a atenção de Britney ao fazer um movimento mostram que ela entendia seu corpo da mesma forma que uma bailarina - como um instrumento artístico. Coreógrafos de alto nível podiam estar criando danças para ela, mas também estavam trabalhando para outras estrelas pop. A diferença, disse Elizabeth Bergman, estudiosa de dança comercial, em uma entrevista por telefone, é “a maneira que ela executa as coreografias”.

Nos anos anteriores à tutela, Britney escolheu cuidadosamente os coreógrafos com quem trabalhou. Valerie Moise, também conhecida como Raistalla, que dançou nos shows e vídeos de Britney em 2008 e 2009, aponta que essas colaborações contribuíram para a popularidade de longa data do jazz funk, conhecido por seus movimentos desafiadores e intensos.

“Este estilo é quase uma cultura para ela”, disse Moise em entrevista por telefone. “Isso acentua como ela quer se expressar.”

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E Britney fez algo mais do que apenas continuar na tradição dos artistas pop que dançaram antes dela.

Fãs da cantora participaram domovimento 'Free Britney' e tomaram as ruas nos Estados Unidos para apoiar o fim da tutela da estrela pop. Foto: Mike Blake/Reuters

“É claro que havia Madonna, Michael e Janet, e eles eram fantásticos”, disse Lipton. “Mas a dança também estava evoluindo em um momento em que Wade e Brian estavam aumentando as expectativas do que os bailarinos poderiam fazer”, ela acrescentou, referindo-se aos frequentes coreógrafos de Britney, Wade Robson e Friedman. Suas rotinas eram mais rápidas que as da geração anterior, com mais movimento e ação por batida. “Cada contagem era preenchida”, disse Lipton.

Surgindo em uma indústria conhecida por seu artifício, Britney usou a dança como meio de transparência com os fãs. Todo mundo sabe que não existe dança sincronizada.

“Foi realmente assim que ela se comunicou como artista”, disse Friedman. Mesmo antes do início da tutela de Britney, ele acrescentou, “ela não podia dizer tudo o que queria em público, em entrevistas. Mas quando ela dançava, era sem remorso.”

As músicas de Britney tornaram-se hinos de amadurecimento e revelação, e aprender seus movimentos permitiu que os fãs explorassem aspectos de suas identidades com a mesma ousadia que ela projetava com seu corpo. Imitar suas performances permitia que eles “sentissem o espírito de Britney”, como Jack diz na série de TV Will & Grace, depois de fazer as elevações de ombros e movimentos de braço que fazem parte da coreografia de Oops! … I Did It Again."

Lipton enfatiza que Britney escolheu seus passos para que qualquer um que estivesse assistindo pudesse dançar junto com ela.

“Ela fazia a coreografia de um jeito um pouco mais fácil”, disse Lipton. “Em um momento em que estamos fazendo todas essas viradas e batidas, ela apenas sorri e aponta os dedos, antes de entrar na dança novamente. Não era algo inatingível.”

Friedman diz que a dança de Britney era artística, não um sex appeal fabricado.

“Como coreógrafo de Britney por muitos anos, nunca me propus a fazer movimentos que não fossem agradá-la”, ele disse. “Era sobre como eu poderia fazê-la se sentir empoderada em seu corpo.”

No documentário de 2008 Britney: For the Record, filmado no começo da tutela, Britney fala como se já estivesse ciente de como a dança se tornaria importante para ela enquanto estivesse sob o controle dos outros.

“A dança é uma grande parte de mim e de quem eu sou. É como algo que meu espírito tem que fazer”, ela diz . “Eu estaria morta sem a dança.”

Defendendo o término da tutela 13 anos depois, ela identificou um de seus limites como o momento em que lhe foi negado até mesmo o direito a esse controle sobre seu corpo. Britney disse que em um ensaio de dança no início de 2019, depois de dizer que queria modificar um passo na coreografia, foi informada de que não estava cooperando.

Ela declarou sua resposta com firmeza no tribunal: “Posso dizer não a um passo de dança”. /TRADUÇÃO LÍVIA BUELONI GONÇALVES

The New York Times Licensing Group - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito do The New York Times

Quando Britney Spears se pronunciou em junho durante uma audiência no Tribunal Superior de Los Angeles, ela falou sobre como os responsáveis por sua tutela governaram estritamente sua vida por 13 anos, chamando o acordo de “abusivo”. Mas ela também enfatizou como conseguiu manter algum controle.

Britney Spears apresenta um medley com suas músicas no Billboard Awards de 2016. Foto: Mario Anzuoni/Reuters/Arquivo

Ela continuou dançando.

“Realmente fiz a maior parte da coreografia”, ela disse, referindo-se aos ensaios de 2018 para sua residência em Las Vegas Britney: Domination, “o que significa que eu mesma ensinei aos meus bailarinos minha nova coreografia”.

Havia “toneladas de vídeo” desses ensaios online, ela disse, acrescentando: “Eu não estava bem - eu estava ótima”.

Foi uma maneira poderosa de lembrar às pessoas a confiança que ela transmitiu como artista ao longo de sua carreira. No palco, Britney manteve o controle sobre seu corpo,objeto de constante escrutínio - sobre sua virgindade, seu peso, suas roupas. Através do movimento, ela criou um mundo próprio no qual ela realmente era a chefe.

Com seus gestos expansivos de braço, giros rápidos e destreza abdominal, Britney sempre usou a dança para comunicar sua força. Brian Friedman, o coreógrafo responsável por algumas das coreografias mais famosas de Britney, observou que houve uma mudança visível em sua abordagem à dança após a instituição da tutela em 2008.

“Sinto que esse era o jeito dela de poder estar no controle de algo, porque ela não tinha tanto controle”, disse Friedman em entrevista por telefone. “Então, ao poder entrar no estúdio e dizer ‘eu não quero fazer isso, eu quero fazer isso, vou fazer minhas próprias coisas’, ela sentiu algum tipo de poder.”

Quando Britney anunciou “um hiato de trabalho indefinido” no início de 2019, ela começou a postar vídeos de si mesma dançando no Instagram. Na maioria desses clipes ela aparece girando sozinha, em um estilo solto e visivelmente improvisado, no chão de mármore de sua casa na Califórnia.

Para bailarinos e coreógrafos que trabalharam com Britney, o foco de seu Instagram na dança fazia sentido. “Em um período em que ela não tinha liberdade, isso lhe deu liberdade”, disse Friedman.

Compartilhar suas sessões de dança improvisadas também permitiu que ela se conectasse diretamente com os fãs.

Brooke Lipton, que dançou com Britney de 2001 a 2008, disse em uma entrevista por telefone que "a dança de Britney mostrou ao mundo que ela precisava de ajuda - sem dizer nada, porque ela não podia".

Se Britney ainda consegue exibir os ocasionais giros fouetté, em que ela roda em uma perna, é por causa de uma vida inteira treinando em um estúdio de dança. Lipton, Friedman e outros dizem que Britney tinha o alcance e o comprometimento dos bailarinos profissionais, aliados a um talento sobrenatural para aprender coreografias na hora.

“Ela cresceu dançando”, disse Tania Baron, que começou a se apresentar em shoppings com a estrela em ascensão em 1998. “Existem artistas que dançam certas partes de um show. Há artistas que já dançam naturalmente. E há pessoas como Britney, que realmente conseguem dançar como seus bailarinos.”

O cuidado e a atenção de Britney ao fazer um movimento mostram que ela entendia seu corpo da mesma forma que uma bailarina - como um instrumento artístico. Coreógrafos de alto nível podiam estar criando danças para ela, mas também estavam trabalhando para outras estrelas pop. A diferença, disse Elizabeth Bergman, estudiosa de dança comercial, em uma entrevista por telefone, é “a maneira que ela executa as coreografias”.

Nos anos anteriores à tutela, Britney escolheu cuidadosamente os coreógrafos com quem trabalhou. Valerie Moise, também conhecida como Raistalla, que dançou nos shows e vídeos de Britney em 2008 e 2009, aponta que essas colaborações contribuíram para a popularidade de longa data do jazz funk, conhecido por seus movimentos desafiadores e intensos.

“Este estilo é quase uma cultura para ela”, disse Moise em entrevista por telefone. “Isso acentua como ela quer se expressar.”

E Britney fez algo mais do que apenas continuar na tradição dos artistas pop que dançaram antes dela.

Fãs da cantora participaram domovimento 'Free Britney' e tomaram as ruas nos Estados Unidos para apoiar o fim da tutela da estrela pop. Foto: Mike Blake/Reuters

“É claro que havia Madonna, Michael e Janet, e eles eram fantásticos”, disse Lipton. “Mas a dança também estava evoluindo em um momento em que Wade e Brian estavam aumentando as expectativas do que os bailarinos poderiam fazer”, ela acrescentou, referindo-se aos frequentes coreógrafos de Britney, Wade Robson e Friedman. Suas rotinas eram mais rápidas que as da geração anterior, com mais movimento e ação por batida. “Cada contagem era preenchida”, disse Lipton.

Surgindo em uma indústria conhecida por seu artifício, Britney usou a dança como meio de transparência com os fãs. Todo mundo sabe que não existe dança sincronizada.

“Foi realmente assim que ela se comunicou como artista”, disse Friedman. Mesmo antes do início da tutela de Britney, ele acrescentou, “ela não podia dizer tudo o que queria em público, em entrevistas. Mas quando ela dançava, era sem remorso.”

As músicas de Britney tornaram-se hinos de amadurecimento e revelação, e aprender seus movimentos permitiu que os fãs explorassem aspectos de suas identidades com a mesma ousadia que ela projetava com seu corpo. Imitar suas performances permitia que eles “sentissem o espírito de Britney”, como Jack diz na série de TV Will & Grace, depois de fazer as elevações de ombros e movimentos de braço que fazem parte da coreografia de Oops! … I Did It Again."

Lipton enfatiza que Britney escolheu seus passos para que qualquer um que estivesse assistindo pudesse dançar junto com ela.

“Ela fazia a coreografia de um jeito um pouco mais fácil”, disse Lipton. “Em um momento em que estamos fazendo todas essas viradas e batidas, ela apenas sorri e aponta os dedos, antes de entrar na dança novamente. Não era algo inatingível.”

Friedman diz que a dança de Britney era artística, não um sex appeal fabricado.

“Como coreógrafo de Britney por muitos anos, nunca me propus a fazer movimentos que não fossem agradá-la”, ele disse. “Era sobre como eu poderia fazê-la se sentir empoderada em seu corpo.”

No documentário de 2008 Britney: For the Record, filmado no começo da tutela, Britney fala como se já estivesse ciente de como a dança se tornaria importante para ela enquanto estivesse sob o controle dos outros.

“A dança é uma grande parte de mim e de quem eu sou. É como algo que meu espírito tem que fazer”, ela diz . “Eu estaria morta sem a dança.”

Defendendo o término da tutela 13 anos depois, ela identificou um de seus limites como o momento em que lhe foi negado até mesmo o direito a esse controle sobre seu corpo. Britney disse que em um ensaio de dança no início de 2019, depois de dizer que queria modificar um passo na coreografia, foi informada de que não estava cooperando.

Ela declarou sua resposta com firmeza no tribunal: “Posso dizer não a um passo de dança”. /TRADUÇÃO LÍVIA BUELONI GONÇALVES

The New York Times Licensing Group - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito do The New York Times

Quando Britney Spears se pronunciou em junho durante uma audiência no Tribunal Superior de Los Angeles, ela falou sobre como os responsáveis por sua tutela governaram estritamente sua vida por 13 anos, chamando o acordo de “abusivo”. Mas ela também enfatizou como conseguiu manter algum controle.

Britney Spears apresenta um medley com suas músicas no Billboard Awards de 2016. Foto: Mario Anzuoni/Reuters/Arquivo

Ela continuou dançando.

“Realmente fiz a maior parte da coreografia”, ela disse, referindo-se aos ensaios de 2018 para sua residência em Las Vegas Britney: Domination, “o que significa que eu mesma ensinei aos meus bailarinos minha nova coreografia”.

Havia “toneladas de vídeo” desses ensaios online, ela disse, acrescentando: “Eu não estava bem - eu estava ótima”.

Foi uma maneira poderosa de lembrar às pessoas a confiança que ela transmitiu como artista ao longo de sua carreira. No palco, Britney manteve o controle sobre seu corpo,objeto de constante escrutínio - sobre sua virgindade, seu peso, suas roupas. Através do movimento, ela criou um mundo próprio no qual ela realmente era a chefe.

Com seus gestos expansivos de braço, giros rápidos e destreza abdominal, Britney sempre usou a dança para comunicar sua força. Brian Friedman, o coreógrafo responsável por algumas das coreografias mais famosas de Britney, observou que houve uma mudança visível em sua abordagem à dança após a instituição da tutela em 2008.

“Sinto que esse era o jeito dela de poder estar no controle de algo, porque ela não tinha tanto controle”, disse Friedman em entrevista por telefone. “Então, ao poder entrar no estúdio e dizer ‘eu não quero fazer isso, eu quero fazer isso, vou fazer minhas próprias coisas’, ela sentiu algum tipo de poder.”

Quando Britney anunciou “um hiato de trabalho indefinido” no início de 2019, ela começou a postar vídeos de si mesma dançando no Instagram. Na maioria desses clipes ela aparece girando sozinha, em um estilo solto e visivelmente improvisado, no chão de mármore de sua casa na Califórnia.

Para bailarinos e coreógrafos que trabalharam com Britney, o foco de seu Instagram na dança fazia sentido. “Em um período em que ela não tinha liberdade, isso lhe deu liberdade”, disse Friedman.

Compartilhar suas sessões de dança improvisadas também permitiu que ela se conectasse diretamente com os fãs.

Brooke Lipton, que dançou com Britney de 2001 a 2008, disse em uma entrevista por telefone que "a dança de Britney mostrou ao mundo que ela precisava de ajuda - sem dizer nada, porque ela não podia".

Se Britney ainda consegue exibir os ocasionais giros fouetté, em que ela roda em uma perna, é por causa de uma vida inteira treinando em um estúdio de dança. Lipton, Friedman e outros dizem que Britney tinha o alcance e o comprometimento dos bailarinos profissionais, aliados a um talento sobrenatural para aprender coreografias na hora.

“Ela cresceu dançando”, disse Tania Baron, que começou a se apresentar em shoppings com a estrela em ascensão em 1998. “Existem artistas que dançam certas partes de um show. Há artistas que já dançam naturalmente. E há pessoas como Britney, que realmente conseguem dançar como seus bailarinos.”

O cuidado e a atenção de Britney ao fazer um movimento mostram que ela entendia seu corpo da mesma forma que uma bailarina - como um instrumento artístico. Coreógrafos de alto nível podiam estar criando danças para ela, mas também estavam trabalhando para outras estrelas pop. A diferença, disse Elizabeth Bergman, estudiosa de dança comercial, em uma entrevista por telefone, é “a maneira que ela executa as coreografias”.

Nos anos anteriores à tutela, Britney escolheu cuidadosamente os coreógrafos com quem trabalhou. Valerie Moise, também conhecida como Raistalla, que dançou nos shows e vídeos de Britney em 2008 e 2009, aponta que essas colaborações contribuíram para a popularidade de longa data do jazz funk, conhecido por seus movimentos desafiadores e intensos.

“Este estilo é quase uma cultura para ela”, disse Moise em entrevista por telefone. “Isso acentua como ela quer se expressar.”

E Britney fez algo mais do que apenas continuar na tradição dos artistas pop que dançaram antes dela.

Fãs da cantora participaram domovimento 'Free Britney' e tomaram as ruas nos Estados Unidos para apoiar o fim da tutela da estrela pop. Foto: Mike Blake/Reuters

“É claro que havia Madonna, Michael e Janet, e eles eram fantásticos”, disse Lipton. “Mas a dança também estava evoluindo em um momento em que Wade e Brian estavam aumentando as expectativas do que os bailarinos poderiam fazer”, ela acrescentou, referindo-se aos frequentes coreógrafos de Britney, Wade Robson e Friedman. Suas rotinas eram mais rápidas que as da geração anterior, com mais movimento e ação por batida. “Cada contagem era preenchida”, disse Lipton.

Surgindo em uma indústria conhecida por seu artifício, Britney usou a dança como meio de transparência com os fãs. Todo mundo sabe que não existe dança sincronizada.

“Foi realmente assim que ela se comunicou como artista”, disse Friedman. Mesmo antes do início da tutela de Britney, ele acrescentou, “ela não podia dizer tudo o que queria em público, em entrevistas. Mas quando ela dançava, era sem remorso.”

As músicas de Britney tornaram-se hinos de amadurecimento e revelação, e aprender seus movimentos permitiu que os fãs explorassem aspectos de suas identidades com a mesma ousadia que ela projetava com seu corpo. Imitar suas performances permitia que eles “sentissem o espírito de Britney”, como Jack diz na série de TV Will & Grace, depois de fazer as elevações de ombros e movimentos de braço que fazem parte da coreografia de Oops! … I Did It Again."

Lipton enfatiza que Britney escolheu seus passos para que qualquer um que estivesse assistindo pudesse dançar junto com ela.

“Ela fazia a coreografia de um jeito um pouco mais fácil”, disse Lipton. “Em um momento em que estamos fazendo todas essas viradas e batidas, ela apenas sorri e aponta os dedos, antes de entrar na dança novamente. Não era algo inatingível.”

Friedman diz que a dança de Britney era artística, não um sex appeal fabricado.

“Como coreógrafo de Britney por muitos anos, nunca me propus a fazer movimentos que não fossem agradá-la”, ele disse. “Era sobre como eu poderia fazê-la se sentir empoderada em seu corpo.”

No documentário de 2008 Britney: For the Record, filmado no começo da tutela, Britney fala como se já estivesse ciente de como a dança se tornaria importante para ela enquanto estivesse sob o controle dos outros.

“A dança é uma grande parte de mim e de quem eu sou. É como algo que meu espírito tem que fazer”, ela diz . “Eu estaria morta sem a dança.”

Defendendo o término da tutela 13 anos depois, ela identificou um de seus limites como o momento em que lhe foi negado até mesmo o direito a esse controle sobre seu corpo. Britney disse que em um ensaio de dança no início de 2019, depois de dizer que queria modificar um passo na coreografia, foi informada de que não estava cooperando.

Ela declarou sua resposta com firmeza no tribunal: “Posso dizer não a um passo de dança”. /TRADUÇÃO LÍVIA BUELONI GONÇALVES

The New York Times Licensing Group - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito do The New York Times

Quando Britney Spears se pronunciou em junho durante uma audiência no Tribunal Superior de Los Angeles, ela falou sobre como os responsáveis por sua tutela governaram estritamente sua vida por 13 anos, chamando o acordo de “abusivo”. Mas ela também enfatizou como conseguiu manter algum controle.

Britney Spears apresenta um medley com suas músicas no Billboard Awards de 2016. Foto: Mario Anzuoni/Reuters/Arquivo

Ela continuou dançando.

“Realmente fiz a maior parte da coreografia”, ela disse, referindo-se aos ensaios de 2018 para sua residência em Las Vegas Britney: Domination, “o que significa que eu mesma ensinei aos meus bailarinos minha nova coreografia”.

Havia “toneladas de vídeo” desses ensaios online, ela disse, acrescentando: “Eu não estava bem - eu estava ótima”.

Foi uma maneira poderosa de lembrar às pessoas a confiança que ela transmitiu como artista ao longo de sua carreira. No palco, Britney manteve o controle sobre seu corpo,objeto de constante escrutínio - sobre sua virgindade, seu peso, suas roupas. Através do movimento, ela criou um mundo próprio no qual ela realmente era a chefe.

Com seus gestos expansivos de braço, giros rápidos e destreza abdominal, Britney sempre usou a dança para comunicar sua força. Brian Friedman, o coreógrafo responsável por algumas das coreografias mais famosas de Britney, observou que houve uma mudança visível em sua abordagem à dança após a instituição da tutela em 2008.

“Sinto que esse era o jeito dela de poder estar no controle de algo, porque ela não tinha tanto controle”, disse Friedman em entrevista por telefone. “Então, ao poder entrar no estúdio e dizer ‘eu não quero fazer isso, eu quero fazer isso, vou fazer minhas próprias coisas’, ela sentiu algum tipo de poder.”

Quando Britney anunciou “um hiato de trabalho indefinido” no início de 2019, ela começou a postar vídeos de si mesma dançando no Instagram. Na maioria desses clipes ela aparece girando sozinha, em um estilo solto e visivelmente improvisado, no chão de mármore de sua casa na Califórnia.

Para bailarinos e coreógrafos que trabalharam com Britney, o foco de seu Instagram na dança fazia sentido. “Em um período em que ela não tinha liberdade, isso lhe deu liberdade”, disse Friedman.

Compartilhar suas sessões de dança improvisadas também permitiu que ela se conectasse diretamente com os fãs.

Brooke Lipton, que dançou com Britney de 2001 a 2008, disse em uma entrevista por telefone que "a dança de Britney mostrou ao mundo que ela precisava de ajuda - sem dizer nada, porque ela não podia".

Se Britney ainda consegue exibir os ocasionais giros fouetté, em que ela roda em uma perna, é por causa de uma vida inteira treinando em um estúdio de dança. Lipton, Friedman e outros dizem que Britney tinha o alcance e o comprometimento dos bailarinos profissionais, aliados a um talento sobrenatural para aprender coreografias na hora.

“Ela cresceu dançando”, disse Tania Baron, que começou a se apresentar em shoppings com a estrela em ascensão em 1998. “Existem artistas que dançam certas partes de um show. Há artistas que já dançam naturalmente. E há pessoas como Britney, que realmente conseguem dançar como seus bailarinos.”

O cuidado e a atenção de Britney ao fazer um movimento mostram que ela entendia seu corpo da mesma forma que uma bailarina - como um instrumento artístico. Coreógrafos de alto nível podiam estar criando danças para ela, mas também estavam trabalhando para outras estrelas pop. A diferença, disse Elizabeth Bergman, estudiosa de dança comercial, em uma entrevista por telefone, é “a maneira que ela executa as coreografias”.

Nos anos anteriores à tutela, Britney escolheu cuidadosamente os coreógrafos com quem trabalhou. Valerie Moise, também conhecida como Raistalla, que dançou nos shows e vídeos de Britney em 2008 e 2009, aponta que essas colaborações contribuíram para a popularidade de longa data do jazz funk, conhecido por seus movimentos desafiadores e intensos.

“Este estilo é quase uma cultura para ela”, disse Moise em entrevista por telefone. “Isso acentua como ela quer se expressar.”

E Britney fez algo mais do que apenas continuar na tradição dos artistas pop que dançaram antes dela.

Fãs da cantora participaram domovimento 'Free Britney' e tomaram as ruas nos Estados Unidos para apoiar o fim da tutela da estrela pop. Foto: Mike Blake/Reuters

“É claro que havia Madonna, Michael e Janet, e eles eram fantásticos”, disse Lipton. “Mas a dança também estava evoluindo em um momento em que Wade e Brian estavam aumentando as expectativas do que os bailarinos poderiam fazer”, ela acrescentou, referindo-se aos frequentes coreógrafos de Britney, Wade Robson e Friedman. Suas rotinas eram mais rápidas que as da geração anterior, com mais movimento e ação por batida. “Cada contagem era preenchida”, disse Lipton.

Surgindo em uma indústria conhecida por seu artifício, Britney usou a dança como meio de transparência com os fãs. Todo mundo sabe que não existe dança sincronizada.

“Foi realmente assim que ela se comunicou como artista”, disse Friedman. Mesmo antes do início da tutela de Britney, ele acrescentou, “ela não podia dizer tudo o que queria em público, em entrevistas. Mas quando ela dançava, era sem remorso.”

As músicas de Britney tornaram-se hinos de amadurecimento e revelação, e aprender seus movimentos permitiu que os fãs explorassem aspectos de suas identidades com a mesma ousadia que ela projetava com seu corpo. Imitar suas performances permitia que eles “sentissem o espírito de Britney”, como Jack diz na série de TV Will & Grace, depois de fazer as elevações de ombros e movimentos de braço que fazem parte da coreografia de Oops! … I Did It Again."

Lipton enfatiza que Britney escolheu seus passos para que qualquer um que estivesse assistindo pudesse dançar junto com ela.

“Ela fazia a coreografia de um jeito um pouco mais fácil”, disse Lipton. “Em um momento em que estamos fazendo todas essas viradas e batidas, ela apenas sorri e aponta os dedos, antes de entrar na dança novamente. Não era algo inatingível.”

Friedman diz que a dança de Britney era artística, não um sex appeal fabricado.

“Como coreógrafo de Britney por muitos anos, nunca me propus a fazer movimentos que não fossem agradá-la”, ele disse. “Era sobre como eu poderia fazê-la se sentir empoderada em seu corpo.”

No documentário de 2008 Britney: For the Record, filmado no começo da tutela, Britney fala como se já estivesse ciente de como a dança se tornaria importante para ela enquanto estivesse sob o controle dos outros.

“A dança é uma grande parte de mim e de quem eu sou. É como algo que meu espírito tem que fazer”, ela diz . “Eu estaria morta sem a dança.”

Defendendo o término da tutela 13 anos depois, ela identificou um de seus limites como o momento em que lhe foi negado até mesmo o direito a esse controle sobre seu corpo. Britney disse que em um ensaio de dança no início de 2019, depois de dizer que queria modificar um passo na coreografia, foi informada de que não estava cooperando.

Ela declarou sua resposta com firmeza no tribunal: “Posso dizer não a um passo de dança”. /TRADUÇÃO LÍVIA BUELONI GONÇALVES

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