Cansadas de restrições, mulheres sauditas tentam fugir do país


Leis exigem que mulheres devem pedir permissão a homens para casar e viajar

Por Ben Hubbard e Richard C. Paddock

BEIRUTE, LÍBANO - Sempre que seu pai a espancava, ou amarrava seus pulsos e tornozelos para puni-la por sua suposta desobediência, a adolescente saudita sonhava em escapar, contou. Mas a mesma pergunta impedia que ela fosse em frente: como conseguiria sair? Se ela escapasse para algum lugar no seu próprio país, a polícia saudita a mandaria de volta para casa. E por outro lado, a lei saudita a proibia de viajar ao exterior sem a permissão do pai.

Mas durante algumas férias da família na Turquia, quando ela tinha 17 anos, Shahad al-Muhaimeed decidiu acabar com a sua condição. Enquanto a família dormia, pegou um táxi, atravessou a fronteira com a Georgia e se declarou refugiada. “Agora vivo como eu quero”, disse Shahad, 19, de sua casa na Suécia.

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Segundo os críticos, abrandar restrições às mulheres sauditas não garantiu salvaguardas às que estão sob tutela de homens abusivos. Foto: Tasneem Alsultan para The New York Times

As atenções mundiais foram despertadas para a situação das mulheres sauditas depois que outra adolescente, Rahaf Alqunum, foi detida na Tailândia este mês, enquanto tentava ir para a Austrália, onde procuraria refúgio. Depois de uma campanha pela mídia social internacional, a ONU a declarou uma refugiada no dia 9 de janeiro. Ela deixou a Tailândia dois dias mais tarde rumo ao Canadá, onde as autoridades lhe concederam asilo.

O fenômeno das mulheres que tentam fugir da Arábia Saudita não é novo, e chamou a atenção do mundo já na década de 1970, quando uma princesa saudita por presa tentando fugir com o amante. Os dois foram executados. Mas o número de jovens que assumem o enorme risco parece ter aumentado nos últimos anos, afirmam grupos de direitos humanos.

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Algumas somem sem fazer alarde, indo para os Estados Unidos ou para outro país antes de pedir asilo - o que nunca é garantido. Desde que foram detidas na Turquia, em 2017, duas irmãs, Ashwaq e Areej Hamoud, 31 e 29 respectivamente, lutam contra uma ordem de deportação, dizendo que temem pela própria vida se voltarem para a Arábia Saudita.

Mas a atenção global não garante que uma mulher não será repatriada. Em 2017, Dina Ali Asloom, 24, pediu a ajuda em um vídeo que teve ampla divulgação depois de ser detida nas Filipinas. Ficou presa no aeroporto até que membros da família a levaram de volta para a Arábia Saudita, onde nunca se soube o que aconteceu com ela.

As mulheres que conseguem escapar precisam enfrentar não apenas os esforços das famílias para obrigá-las a regressar, mas também os intensos esforços do governo saudita, frequentemente, com o envolvimento de diplomatas que pressionam pela repatriação. As mulheres que são repatriadas enfrentam acusações criminais de desobediência aos pais ou de dano à reputação do reino. “Nós, mulheres sauditas, ainda somos tratadas como propriedade do Estado“, disse Moudi Aljohani, que foi para os Estados Unidos como estudante e lá pediu asilo.

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As maneiras escolhidas pelas mulheres para fugir variam, mas as entrevistas com cinco mostraram pontos em comum. Muitas discutiram seus planos em grupos de chat privados com outras mulheres que já haviam fugido ou estudavam esta possibilidade. Outras saíram passando pela Turquia, país preferido pelos sauditas para passar as férias, rumo à Georgia, na qual os sauditas podem entrar sem um visto. E muitas ainda pretendem ir para a Austrália pela possibilidade de pedir um visto online.

Algumas disseram que fugiram por causa de abusos de homens da família e acham que o reino não oferece onde possam recorrer para se protegerem. Outras quiseram abandonar os rigorosos códigos sociais islâmicos, que limitam o que as mulheres podem vestir, os empregos que devem procurar e com quem podem estabelecer contatos sociais. 

Todas disseram que queriam fugir das leis que exigem que todas as mulheres tenham um homem responsável (tutor) cuja permissão devem solicitar para casar, viajar e submeter-se a procedimentos médicos. Este frequentemente é o pai ou o marido, mas pode ser um irmão ou mesmo um filho.

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O governante do reino, o príncipe herdeiro Mohammed bin Salman, prometeu melhorar a vida das mulheres. Ele retirou o poder da polícia religiosa que atormentava as mulheres condenando trajes supostamente inadequados, e aboliu a proibição das mulheres de dirigirem automóveis. Agora, elas podem assistir a concertos mistos e seguir carreiras antes proibidas para as suas mães, mas os críticos afirmam que não há nenhum recurso para as mulheres que sofrem abusos do próprio homem responsável/tutor.

É por isso que Nourah, 20, fugiu. Ela sofria maus tratos do pai, mas os esforços da jovem para obter ajuda foram ignorados. No ano passado, seu namorado quis casar com ela, mas a família achou que ele pertencia a uma classe social inferior, disse Nourah, que não quis se identificar por completo. O pai arranjou o seu casamento com um homem que ela não conhecia. Um dia antes da chegada do noivo, ela fugiu. Os homens sauditas usam um site do governo para controlar as mulheres das quais têm a guarda, permitindo ou negando a elas o direito de viajar, por exemplo, e até mesmo estabelecendo regras para quando entram em um avião.

Nourah usou o telefone do pai para conseguir a própria permissão para viajar, Dali, foi para a Georgia, e comprou uma passagem para a Austrália, via Emirados Árabes Unidos, embora temendo que o governo dos Emirados a devolvesse à Arábia Saudita. Nourah chegou finalmente a Sydney, mas disse: “Para mim, foi uma espécie de missão suicida, mas não tive outra escolha”.

BEIRUTE, LÍBANO - Sempre que seu pai a espancava, ou amarrava seus pulsos e tornozelos para puni-la por sua suposta desobediência, a adolescente saudita sonhava em escapar, contou. Mas a mesma pergunta impedia que ela fosse em frente: como conseguiria sair? Se ela escapasse para algum lugar no seu próprio país, a polícia saudita a mandaria de volta para casa. E por outro lado, a lei saudita a proibia de viajar ao exterior sem a permissão do pai.

Mas durante algumas férias da família na Turquia, quando ela tinha 17 anos, Shahad al-Muhaimeed decidiu acabar com a sua condição. Enquanto a família dormia, pegou um táxi, atravessou a fronteira com a Georgia e se declarou refugiada. “Agora vivo como eu quero”, disse Shahad, 19, de sua casa na Suécia.

Segundo os críticos, abrandar restrições às mulheres sauditas não garantiu salvaguardas às que estão sob tutela de homens abusivos. Foto: Tasneem Alsultan para The New York Times

As atenções mundiais foram despertadas para a situação das mulheres sauditas depois que outra adolescente, Rahaf Alqunum, foi detida na Tailândia este mês, enquanto tentava ir para a Austrália, onde procuraria refúgio. Depois de uma campanha pela mídia social internacional, a ONU a declarou uma refugiada no dia 9 de janeiro. Ela deixou a Tailândia dois dias mais tarde rumo ao Canadá, onde as autoridades lhe concederam asilo.

O fenômeno das mulheres que tentam fugir da Arábia Saudita não é novo, e chamou a atenção do mundo já na década de 1970, quando uma princesa saudita por presa tentando fugir com o amante. Os dois foram executados. Mas o número de jovens que assumem o enorme risco parece ter aumentado nos últimos anos, afirmam grupos de direitos humanos.

Algumas somem sem fazer alarde, indo para os Estados Unidos ou para outro país antes de pedir asilo - o que nunca é garantido. Desde que foram detidas na Turquia, em 2017, duas irmãs, Ashwaq e Areej Hamoud, 31 e 29 respectivamente, lutam contra uma ordem de deportação, dizendo que temem pela própria vida se voltarem para a Arábia Saudita.

Mas a atenção global não garante que uma mulher não será repatriada. Em 2017, Dina Ali Asloom, 24, pediu a ajuda em um vídeo que teve ampla divulgação depois de ser detida nas Filipinas. Ficou presa no aeroporto até que membros da família a levaram de volta para a Arábia Saudita, onde nunca se soube o que aconteceu com ela.

As mulheres que conseguem escapar precisam enfrentar não apenas os esforços das famílias para obrigá-las a regressar, mas também os intensos esforços do governo saudita, frequentemente, com o envolvimento de diplomatas que pressionam pela repatriação. As mulheres que são repatriadas enfrentam acusações criminais de desobediência aos pais ou de dano à reputação do reino. “Nós, mulheres sauditas, ainda somos tratadas como propriedade do Estado“, disse Moudi Aljohani, que foi para os Estados Unidos como estudante e lá pediu asilo.

As maneiras escolhidas pelas mulheres para fugir variam, mas as entrevistas com cinco mostraram pontos em comum. Muitas discutiram seus planos em grupos de chat privados com outras mulheres que já haviam fugido ou estudavam esta possibilidade. Outras saíram passando pela Turquia, país preferido pelos sauditas para passar as férias, rumo à Georgia, na qual os sauditas podem entrar sem um visto. E muitas ainda pretendem ir para a Austrália pela possibilidade de pedir um visto online.

Algumas disseram que fugiram por causa de abusos de homens da família e acham que o reino não oferece onde possam recorrer para se protegerem. Outras quiseram abandonar os rigorosos códigos sociais islâmicos, que limitam o que as mulheres podem vestir, os empregos que devem procurar e com quem podem estabelecer contatos sociais. 

Todas disseram que queriam fugir das leis que exigem que todas as mulheres tenham um homem responsável (tutor) cuja permissão devem solicitar para casar, viajar e submeter-se a procedimentos médicos. Este frequentemente é o pai ou o marido, mas pode ser um irmão ou mesmo um filho.

O governante do reino, o príncipe herdeiro Mohammed bin Salman, prometeu melhorar a vida das mulheres. Ele retirou o poder da polícia religiosa que atormentava as mulheres condenando trajes supostamente inadequados, e aboliu a proibição das mulheres de dirigirem automóveis. Agora, elas podem assistir a concertos mistos e seguir carreiras antes proibidas para as suas mães, mas os críticos afirmam que não há nenhum recurso para as mulheres que sofrem abusos do próprio homem responsável/tutor.

É por isso que Nourah, 20, fugiu. Ela sofria maus tratos do pai, mas os esforços da jovem para obter ajuda foram ignorados. No ano passado, seu namorado quis casar com ela, mas a família achou que ele pertencia a uma classe social inferior, disse Nourah, que não quis se identificar por completo. O pai arranjou o seu casamento com um homem que ela não conhecia. Um dia antes da chegada do noivo, ela fugiu. Os homens sauditas usam um site do governo para controlar as mulheres das quais têm a guarda, permitindo ou negando a elas o direito de viajar, por exemplo, e até mesmo estabelecendo regras para quando entram em um avião.

Nourah usou o telefone do pai para conseguir a própria permissão para viajar, Dali, foi para a Georgia, e comprou uma passagem para a Austrália, via Emirados Árabes Unidos, embora temendo que o governo dos Emirados a devolvesse à Arábia Saudita. Nourah chegou finalmente a Sydney, mas disse: “Para mim, foi uma espécie de missão suicida, mas não tive outra escolha”.

BEIRUTE, LÍBANO - Sempre que seu pai a espancava, ou amarrava seus pulsos e tornozelos para puni-la por sua suposta desobediência, a adolescente saudita sonhava em escapar, contou. Mas a mesma pergunta impedia que ela fosse em frente: como conseguiria sair? Se ela escapasse para algum lugar no seu próprio país, a polícia saudita a mandaria de volta para casa. E por outro lado, a lei saudita a proibia de viajar ao exterior sem a permissão do pai.

Mas durante algumas férias da família na Turquia, quando ela tinha 17 anos, Shahad al-Muhaimeed decidiu acabar com a sua condição. Enquanto a família dormia, pegou um táxi, atravessou a fronteira com a Georgia e se declarou refugiada. “Agora vivo como eu quero”, disse Shahad, 19, de sua casa na Suécia.

Segundo os críticos, abrandar restrições às mulheres sauditas não garantiu salvaguardas às que estão sob tutela de homens abusivos. Foto: Tasneem Alsultan para The New York Times

As atenções mundiais foram despertadas para a situação das mulheres sauditas depois que outra adolescente, Rahaf Alqunum, foi detida na Tailândia este mês, enquanto tentava ir para a Austrália, onde procuraria refúgio. Depois de uma campanha pela mídia social internacional, a ONU a declarou uma refugiada no dia 9 de janeiro. Ela deixou a Tailândia dois dias mais tarde rumo ao Canadá, onde as autoridades lhe concederam asilo.

O fenômeno das mulheres que tentam fugir da Arábia Saudita não é novo, e chamou a atenção do mundo já na década de 1970, quando uma princesa saudita por presa tentando fugir com o amante. Os dois foram executados. Mas o número de jovens que assumem o enorme risco parece ter aumentado nos últimos anos, afirmam grupos de direitos humanos.

Algumas somem sem fazer alarde, indo para os Estados Unidos ou para outro país antes de pedir asilo - o que nunca é garantido. Desde que foram detidas na Turquia, em 2017, duas irmãs, Ashwaq e Areej Hamoud, 31 e 29 respectivamente, lutam contra uma ordem de deportação, dizendo que temem pela própria vida se voltarem para a Arábia Saudita.

Mas a atenção global não garante que uma mulher não será repatriada. Em 2017, Dina Ali Asloom, 24, pediu a ajuda em um vídeo que teve ampla divulgação depois de ser detida nas Filipinas. Ficou presa no aeroporto até que membros da família a levaram de volta para a Arábia Saudita, onde nunca se soube o que aconteceu com ela.

As mulheres que conseguem escapar precisam enfrentar não apenas os esforços das famílias para obrigá-las a regressar, mas também os intensos esforços do governo saudita, frequentemente, com o envolvimento de diplomatas que pressionam pela repatriação. As mulheres que são repatriadas enfrentam acusações criminais de desobediência aos pais ou de dano à reputação do reino. “Nós, mulheres sauditas, ainda somos tratadas como propriedade do Estado“, disse Moudi Aljohani, que foi para os Estados Unidos como estudante e lá pediu asilo.

As maneiras escolhidas pelas mulheres para fugir variam, mas as entrevistas com cinco mostraram pontos em comum. Muitas discutiram seus planos em grupos de chat privados com outras mulheres que já haviam fugido ou estudavam esta possibilidade. Outras saíram passando pela Turquia, país preferido pelos sauditas para passar as férias, rumo à Georgia, na qual os sauditas podem entrar sem um visto. E muitas ainda pretendem ir para a Austrália pela possibilidade de pedir um visto online.

Algumas disseram que fugiram por causa de abusos de homens da família e acham que o reino não oferece onde possam recorrer para se protegerem. Outras quiseram abandonar os rigorosos códigos sociais islâmicos, que limitam o que as mulheres podem vestir, os empregos que devem procurar e com quem podem estabelecer contatos sociais. 

Todas disseram que queriam fugir das leis que exigem que todas as mulheres tenham um homem responsável (tutor) cuja permissão devem solicitar para casar, viajar e submeter-se a procedimentos médicos. Este frequentemente é o pai ou o marido, mas pode ser um irmão ou mesmo um filho.

O governante do reino, o príncipe herdeiro Mohammed bin Salman, prometeu melhorar a vida das mulheres. Ele retirou o poder da polícia religiosa que atormentava as mulheres condenando trajes supostamente inadequados, e aboliu a proibição das mulheres de dirigirem automóveis. Agora, elas podem assistir a concertos mistos e seguir carreiras antes proibidas para as suas mães, mas os críticos afirmam que não há nenhum recurso para as mulheres que sofrem abusos do próprio homem responsável/tutor.

É por isso que Nourah, 20, fugiu. Ela sofria maus tratos do pai, mas os esforços da jovem para obter ajuda foram ignorados. No ano passado, seu namorado quis casar com ela, mas a família achou que ele pertencia a uma classe social inferior, disse Nourah, que não quis se identificar por completo. O pai arranjou o seu casamento com um homem que ela não conhecia. Um dia antes da chegada do noivo, ela fugiu. Os homens sauditas usam um site do governo para controlar as mulheres das quais têm a guarda, permitindo ou negando a elas o direito de viajar, por exemplo, e até mesmo estabelecendo regras para quando entram em um avião.

Nourah usou o telefone do pai para conseguir a própria permissão para viajar, Dali, foi para a Georgia, e comprou uma passagem para a Austrália, via Emirados Árabes Unidos, embora temendo que o governo dos Emirados a devolvesse à Arábia Saudita. Nourah chegou finalmente a Sydney, mas disse: “Para mim, foi uma espécie de missão suicida, mas não tive outra escolha”.

BEIRUTE, LÍBANO - Sempre que seu pai a espancava, ou amarrava seus pulsos e tornozelos para puni-la por sua suposta desobediência, a adolescente saudita sonhava em escapar, contou. Mas a mesma pergunta impedia que ela fosse em frente: como conseguiria sair? Se ela escapasse para algum lugar no seu próprio país, a polícia saudita a mandaria de volta para casa. E por outro lado, a lei saudita a proibia de viajar ao exterior sem a permissão do pai.

Mas durante algumas férias da família na Turquia, quando ela tinha 17 anos, Shahad al-Muhaimeed decidiu acabar com a sua condição. Enquanto a família dormia, pegou um táxi, atravessou a fronteira com a Georgia e se declarou refugiada. “Agora vivo como eu quero”, disse Shahad, 19, de sua casa na Suécia.

Segundo os críticos, abrandar restrições às mulheres sauditas não garantiu salvaguardas às que estão sob tutela de homens abusivos. Foto: Tasneem Alsultan para The New York Times

As atenções mundiais foram despertadas para a situação das mulheres sauditas depois que outra adolescente, Rahaf Alqunum, foi detida na Tailândia este mês, enquanto tentava ir para a Austrália, onde procuraria refúgio. Depois de uma campanha pela mídia social internacional, a ONU a declarou uma refugiada no dia 9 de janeiro. Ela deixou a Tailândia dois dias mais tarde rumo ao Canadá, onde as autoridades lhe concederam asilo.

O fenômeno das mulheres que tentam fugir da Arábia Saudita não é novo, e chamou a atenção do mundo já na década de 1970, quando uma princesa saudita por presa tentando fugir com o amante. Os dois foram executados. Mas o número de jovens que assumem o enorme risco parece ter aumentado nos últimos anos, afirmam grupos de direitos humanos.

Algumas somem sem fazer alarde, indo para os Estados Unidos ou para outro país antes de pedir asilo - o que nunca é garantido. Desde que foram detidas na Turquia, em 2017, duas irmãs, Ashwaq e Areej Hamoud, 31 e 29 respectivamente, lutam contra uma ordem de deportação, dizendo que temem pela própria vida se voltarem para a Arábia Saudita.

Mas a atenção global não garante que uma mulher não será repatriada. Em 2017, Dina Ali Asloom, 24, pediu a ajuda em um vídeo que teve ampla divulgação depois de ser detida nas Filipinas. Ficou presa no aeroporto até que membros da família a levaram de volta para a Arábia Saudita, onde nunca se soube o que aconteceu com ela.

As mulheres que conseguem escapar precisam enfrentar não apenas os esforços das famílias para obrigá-las a regressar, mas também os intensos esforços do governo saudita, frequentemente, com o envolvimento de diplomatas que pressionam pela repatriação. As mulheres que são repatriadas enfrentam acusações criminais de desobediência aos pais ou de dano à reputação do reino. “Nós, mulheres sauditas, ainda somos tratadas como propriedade do Estado“, disse Moudi Aljohani, que foi para os Estados Unidos como estudante e lá pediu asilo.

As maneiras escolhidas pelas mulheres para fugir variam, mas as entrevistas com cinco mostraram pontos em comum. Muitas discutiram seus planos em grupos de chat privados com outras mulheres que já haviam fugido ou estudavam esta possibilidade. Outras saíram passando pela Turquia, país preferido pelos sauditas para passar as férias, rumo à Georgia, na qual os sauditas podem entrar sem um visto. E muitas ainda pretendem ir para a Austrália pela possibilidade de pedir um visto online.

Algumas disseram que fugiram por causa de abusos de homens da família e acham que o reino não oferece onde possam recorrer para se protegerem. Outras quiseram abandonar os rigorosos códigos sociais islâmicos, que limitam o que as mulheres podem vestir, os empregos que devem procurar e com quem podem estabelecer contatos sociais. 

Todas disseram que queriam fugir das leis que exigem que todas as mulheres tenham um homem responsável (tutor) cuja permissão devem solicitar para casar, viajar e submeter-se a procedimentos médicos. Este frequentemente é o pai ou o marido, mas pode ser um irmão ou mesmo um filho.

O governante do reino, o príncipe herdeiro Mohammed bin Salman, prometeu melhorar a vida das mulheres. Ele retirou o poder da polícia religiosa que atormentava as mulheres condenando trajes supostamente inadequados, e aboliu a proibição das mulheres de dirigirem automóveis. Agora, elas podem assistir a concertos mistos e seguir carreiras antes proibidas para as suas mães, mas os críticos afirmam que não há nenhum recurso para as mulheres que sofrem abusos do próprio homem responsável/tutor.

É por isso que Nourah, 20, fugiu. Ela sofria maus tratos do pai, mas os esforços da jovem para obter ajuda foram ignorados. No ano passado, seu namorado quis casar com ela, mas a família achou que ele pertencia a uma classe social inferior, disse Nourah, que não quis se identificar por completo. O pai arranjou o seu casamento com um homem que ela não conhecia. Um dia antes da chegada do noivo, ela fugiu. Os homens sauditas usam um site do governo para controlar as mulheres das quais têm a guarda, permitindo ou negando a elas o direito de viajar, por exemplo, e até mesmo estabelecendo regras para quando entram em um avião.

Nourah usou o telefone do pai para conseguir a própria permissão para viajar, Dali, foi para a Georgia, e comprou uma passagem para a Austrália, via Emirados Árabes Unidos, embora temendo que o governo dos Emirados a devolvesse à Arábia Saudita. Nourah chegou finalmente a Sydney, mas disse: “Para mim, foi uma espécie de missão suicida, mas não tive outra escolha”.

BEIRUTE, LÍBANO - Sempre que seu pai a espancava, ou amarrava seus pulsos e tornozelos para puni-la por sua suposta desobediência, a adolescente saudita sonhava em escapar, contou. Mas a mesma pergunta impedia que ela fosse em frente: como conseguiria sair? Se ela escapasse para algum lugar no seu próprio país, a polícia saudita a mandaria de volta para casa. E por outro lado, a lei saudita a proibia de viajar ao exterior sem a permissão do pai.

Mas durante algumas férias da família na Turquia, quando ela tinha 17 anos, Shahad al-Muhaimeed decidiu acabar com a sua condição. Enquanto a família dormia, pegou um táxi, atravessou a fronteira com a Georgia e se declarou refugiada. “Agora vivo como eu quero”, disse Shahad, 19, de sua casa na Suécia.

Segundo os críticos, abrandar restrições às mulheres sauditas não garantiu salvaguardas às que estão sob tutela de homens abusivos. Foto: Tasneem Alsultan para The New York Times

As atenções mundiais foram despertadas para a situação das mulheres sauditas depois que outra adolescente, Rahaf Alqunum, foi detida na Tailândia este mês, enquanto tentava ir para a Austrália, onde procuraria refúgio. Depois de uma campanha pela mídia social internacional, a ONU a declarou uma refugiada no dia 9 de janeiro. Ela deixou a Tailândia dois dias mais tarde rumo ao Canadá, onde as autoridades lhe concederam asilo.

O fenômeno das mulheres que tentam fugir da Arábia Saudita não é novo, e chamou a atenção do mundo já na década de 1970, quando uma princesa saudita por presa tentando fugir com o amante. Os dois foram executados. Mas o número de jovens que assumem o enorme risco parece ter aumentado nos últimos anos, afirmam grupos de direitos humanos.

Algumas somem sem fazer alarde, indo para os Estados Unidos ou para outro país antes de pedir asilo - o que nunca é garantido. Desde que foram detidas na Turquia, em 2017, duas irmãs, Ashwaq e Areej Hamoud, 31 e 29 respectivamente, lutam contra uma ordem de deportação, dizendo que temem pela própria vida se voltarem para a Arábia Saudita.

Mas a atenção global não garante que uma mulher não será repatriada. Em 2017, Dina Ali Asloom, 24, pediu a ajuda em um vídeo que teve ampla divulgação depois de ser detida nas Filipinas. Ficou presa no aeroporto até que membros da família a levaram de volta para a Arábia Saudita, onde nunca se soube o que aconteceu com ela.

As mulheres que conseguem escapar precisam enfrentar não apenas os esforços das famílias para obrigá-las a regressar, mas também os intensos esforços do governo saudita, frequentemente, com o envolvimento de diplomatas que pressionam pela repatriação. As mulheres que são repatriadas enfrentam acusações criminais de desobediência aos pais ou de dano à reputação do reino. “Nós, mulheres sauditas, ainda somos tratadas como propriedade do Estado“, disse Moudi Aljohani, que foi para os Estados Unidos como estudante e lá pediu asilo.

As maneiras escolhidas pelas mulheres para fugir variam, mas as entrevistas com cinco mostraram pontos em comum. Muitas discutiram seus planos em grupos de chat privados com outras mulheres que já haviam fugido ou estudavam esta possibilidade. Outras saíram passando pela Turquia, país preferido pelos sauditas para passar as férias, rumo à Georgia, na qual os sauditas podem entrar sem um visto. E muitas ainda pretendem ir para a Austrália pela possibilidade de pedir um visto online.

Algumas disseram que fugiram por causa de abusos de homens da família e acham que o reino não oferece onde possam recorrer para se protegerem. Outras quiseram abandonar os rigorosos códigos sociais islâmicos, que limitam o que as mulheres podem vestir, os empregos que devem procurar e com quem podem estabelecer contatos sociais. 

Todas disseram que queriam fugir das leis que exigem que todas as mulheres tenham um homem responsável (tutor) cuja permissão devem solicitar para casar, viajar e submeter-se a procedimentos médicos. Este frequentemente é o pai ou o marido, mas pode ser um irmão ou mesmo um filho.

O governante do reino, o príncipe herdeiro Mohammed bin Salman, prometeu melhorar a vida das mulheres. Ele retirou o poder da polícia religiosa que atormentava as mulheres condenando trajes supostamente inadequados, e aboliu a proibição das mulheres de dirigirem automóveis. Agora, elas podem assistir a concertos mistos e seguir carreiras antes proibidas para as suas mães, mas os críticos afirmam que não há nenhum recurso para as mulheres que sofrem abusos do próprio homem responsável/tutor.

É por isso que Nourah, 20, fugiu. Ela sofria maus tratos do pai, mas os esforços da jovem para obter ajuda foram ignorados. No ano passado, seu namorado quis casar com ela, mas a família achou que ele pertencia a uma classe social inferior, disse Nourah, que não quis se identificar por completo. O pai arranjou o seu casamento com um homem que ela não conhecia. Um dia antes da chegada do noivo, ela fugiu. Os homens sauditas usam um site do governo para controlar as mulheres das quais têm a guarda, permitindo ou negando a elas o direito de viajar, por exemplo, e até mesmo estabelecendo regras para quando entram em um avião.

Nourah usou o telefone do pai para conseguir a própria permissão para viajar, Dali, foi para a Georgia, e comprou uma passagem para a Austrália, via Emirados Árabes Unidos, embora temendo que o governo dos Emirados a devolvesse à Arábia Saudita. Nourah chegou finalmente a Sydney, mas disse: “Para mim, foi uma espécie de missão suicida, mas não tive outra escolha”.

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