Cientistas alertam para a gripe suína e dizem que nova pandemia pode surgir em feiras de animais


Desde 2011, houve mais casos deste tipo de influenza em pessoas relatados nos Estados Unidos do que em qualquer outro lugar do mundo: a maioria ocorreu em exposições de animais de fazenda

Por Emily Anthes
Atualização:

THE NEW YORK TIMES - LIFE/STYLE - Estava na hora do show na exposição de suínos, e o celeiro estava fervendo. Os competidores, com idades entre 3 e 21 anos, estavam se preparando para o desfile. Pais e mães faziam tranças no cabelo das crianças, prendendo fitas e presilhas com formato de porco.

Adolescentes manipulando porquinhos na exposição de suínos, em que os animais mostraram suas habilidades de exibição. Foto: Maddie McGarvey/The New York Times

O Dr. Andrew Bowman, epidemiologista molecular da Universidade Estadual de Ohio, caminhava pelo celeiro com um macacão verde à prova d’água, procurando por secreções suínas. Quando ele entrou em um dos cercados, um porco tentou empurrar a porta com o focinho e começou a mordiscar os cadarços de seus calçados.

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Bowman prefere não entrar nos cercados, disse ele enquanto limpava o focinho do animal com uma gaze. Pouco depois ele avistou um foco mais atraente: um porco enfiando o focinho por entre as grades de seu cercado. “Temos uma atração por focinhos de fora”, disse ele. Mais tarde, de volta ao laboratório, Bowman e seus colegas descobririam que vários dos focinhos daquele movimentado celeiro em New Lexington, Ohio, estavam com gripe.

O mundo está saindo de uma pandemia que matou pelo menos 6,9 milhões de pessoas. Não será a última. Surtos de doenças zoonóticas, que podem se espalhar entre animais e humanos, ficaram mais frequentes nas últimas décadas, e patógenos animais continuarão se espalhando para as populações humanas nos próximos anos. Para os americanos, o alastramento pode parecer um problema distante, um perigo que habita lugares como o mercado de animais vivos de Wuhan, na China, que pode ter sido a origem da pandemia de covid-19.

“Acho que aqui nos Estados Unidos as pessoas têm esse sentimento de que as doenças são uma coisa que vem de outro lugar”, disse Ann Linder, diretora associada do programa de direito e política animal da Harvard Law School.

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Mas existe um risco real nos nossos quintais - e currais. Desde 2011, houve mais casos humanos confirmados de gripe suína nos Estados Unidos do que em qualquer outro lugar do mundo. (Talvez porque outras nações estejam fazendo menos testes e vigilância, e muitos casos aqui e no exterior provavelmente não serão detectados, dizem os especialistas). A maioria foi vinculada a feiras e exposições agrícolas. “Esses lugares viraram uma espécie de foco”, disse Linder.

O Dr. Andrew Bowman, à esquerda, e Lauren Freilino, pré-veterinária da Ohio State University, prepararam-se para coletar amostras de focinhos de porco. Foto: Maddie McGarvey/The New York Times

Patógenos suínos

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Os porcos têm um papel fundamental na evolução da gripe. Eles podem ser infectados pelos vírus das gripes suína, aviária e humana simultaneamente, servindo como recipientes de mistura nos quais diferentes cepas podem reorganizar seu material genético, produzindo novas versões do vírus.

Quando ocorreu a pandemia de gripe suína em 2009, a vigilância da gripe em porcos era limitada, disse Bowman, que na época tinha uma clínica veterinária. Mas o surto foi revelador, e Bowman, que cursou veterinária na Estadual de Ohio, voltou à universidade para trabalhar com um de seus ex-professores em um projeto de vigilância de suínos.

Eles começaram a testar porcos em exposições de suínos, descobrindo uma rede nacional de eventos que resultou em infecções humanas em um ciclo anual previsível.

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Começando a cada primavera, eventos regionais e nacionais, que atraem grandes concorrentes de suínos, reúnem porcos de fazendas distantes, fazendo com que novas variantes da gripe se espalhem por todo o país.

No verão e no outono, um número muito maior de crianças traz seus porcos para feiras municipais ou estaduais. Em cerca de 25% das feiras, pelo menos um porco testa positivo para a gripe, que tende a se espalhar amplamente, descobriram os pesquisadores. “No final da feira”, disse Bowman, “uns duzentos porcos já estão com o vírus da gripe”.

O show de New Lexington atraiu centenas de porcos e seus tratadores, com idades entre 3 e 21 anos. Foto: Maddie McGarvey/The New York Times
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As feiras também colocam grandes multidões em contato próximo com os porcos. “As crianças ficam acariciando e tocando os porcos e, ao mesmo tempo, comendo algodão doce, cachorro-quente e salgadinho”, disse Linder.

O alastramento não é um evento raro. Em 2012, um grande surto de gripe suína causou mais de 300 casos humanos confirmados; Bowman e seus colegas encontraram evidências de que o vírus passou de porcos para pessoas durante pelo menos sete feiras diferentes em Ohio. “A ideia de que estamos vendo isso bem na nossa frente, várias vezes, foi muito surpreendente”, disse Bowman.

Ao longo dos anos que se seguiram, os pesquisadores trabalharam para identificar o que tornava esses eventos tão arriscados. Eles descobriram que, embora a maioria das feiras tivesse estações de higienização das mãos, poucas tinham placas explicando como usá-las - e quase ninguém as usava.

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Eles também documentaram os riscos associados ao procedimento padrão de pesagem, no qual os porcos eram alinhados, nariz com rabo, e guiados para uma balança, um a um. Durante esse processo, muitos porcos pressionavam seus focinhos contra painéis de triagem verticais usados para manter os animais no lugar, e um porco infectado poderia contaminar a superfície compartilhada. “Isso resulta em mais transmissão”, disse Bowman. “É um porco para todos que estão na fila atrás dele”.

O Dr. Bowman disse que em cerca de 25 por cento das feiras, pelo menos um porco testa positivo para a gripe suína. Foto: Maddie McGarvey/The New York Times

Os pesquisadores, que compartilharam suas descobertas com organizadores de feiras e autoridades de saúde, dizem ter visto algumas mudanças, com muitos eventos deixando de fazer pesagens em massa obrigatórias.

Algumas exposições e feiras maiores, que tradicionalmente duram uma semana, também começaram a enviar a maioria dos porcos para casa depois de 72 horas. Essa linha do tempo significa que os porcos infectados em determinada exposição vão embora antes de começarem a disseminar o vírus. “Eles não ficam em exibição pública, infectando outros animais ou pessoas”, disse Bowman.

Ainda assim, nem todos os eventos foram receptivos a fazer esse tipo de mudança de cima para baixo. Então, a equipe da Universidade Estadual de Ohio também está trabalhando de baixo para cima.

Hábitos saudáveis

Quando não estavam competindo, muitas das crianças na exposição de New Lexington ficavam no celeiro dos vendedores, onde artesãos e organizações vendiam seus produtos. Um estande perto da entrada, onde um porco de desenho animado vestido de jaleco convidava as crianças a entrar no “Laboratório do Swientist” [um trocadilho com as palavras “suíno” e “cientista”] oferecia um negócio diferente.

Germes iluminados sob uma luz negra. "Você pode ver como isso entrou nas rachaduras de seus dedos?" Disse o Dr. Nolting. Foto: Maddie McGarvey/The New York Times

Quando um grupo de três pré-adolescentes se aproximou, Jacqueline Nolting, pesquisadora e educadora da equipe da Universidade Estadual de Ohio, os desafiou a testar suas habilidades de lavar as mãos. Ela os instruiu a esfregar um gel transparente nas mãos e lavá-las bem. Depois, acendeu uma luz negra, anunciando que qualquer vestígio remanescente de gel iria brilhar. As seis mãos se iluminaram.

“Oh, vocês têm muitos germes!” ela exclamou. “Nas juntas dos seus dedos - estão vendo como o gel entrou nas juntas dos dedos?”

A atividade é um dos pilares do programa Swientist, que a equipe começou a desenvolver em 2015 para ensinar jovens expositores a manter seus porcos e a si mesmos saudáveis. Na exposição de New Lexington, Nolting, que lidera o programa, também convidou as crianças a praticarem colocar e tirar equipamentos de proteção individual e distribuiu mochilas recheadas com atividades, como uma caça ao tesouro de biossegurança.

Os pesquisadores se tornaram presença constante em exposições de suínos em todo o país, das quais participam com dois objetivos: manter o controle sobre o vírus coletando amostras de mais porcos e impedir sua propagação ensinando às crianças os fundamentos da biossegurança.

Rob McCarley, de Circleville, Ohio, disse que a primeira coisa que seus gêmeos de 5 anos querem fazer em uma feira é ver quais atividades a equipe Swientist está oferecendo. “Eles ficam loucos”, disse. (E parecem estar prestando atenção: quando um dos porcos da família ficou doente nesta primavera, um dos gêmeos anunciou que deveriam isolar o animal).

Mas o sucesso não veio da noite para o dia, e de início algumas famílias receberam os pesquisadores da universidade com desconfiança. “Tipo, ‘Eles estão me atacando e acham que meus porcos estão doentes’”, disse Kelly Morgan, que administra o OH-PIGS, um circuito de exposição de suínos em Ohio. “Tivemos que construir uma relação de confiança”.

Os cientistas compartilharam seus dados com os expositores e garantiram que não estavam “ali só para encher a paciência”, disse Bowman. Eles se apresentaram como parceiros com objetivos comuns.

Ainda assim, algumas recomendações de saúde, como não comer ou beber perto dos animais, têm sido mais difíceis. Para muitas famílias, algumas das quais trazem panelas elétricas para o celeiro, compartilhar refeições durante a feira é uma forma de construir uma comunidade. E com exposições que podem durar o dia todo, também pode ser uma necessidade logística, disse Morgan: “Quero dizer, você tem que alimentar as crianças, senão elas ficam com muita fome”.

No final das contas, a equipe da Universidade Estadual de Ohio decidiu pegar mais leve com a recomendação, preocupada que estivesse tão fora de sintonia com a cultura que prejudicaria sua credibilidade. (Também não está claro o quanto comer e beber pode aumentar o risco para pessoas que já passam horas compartilhando o mesmo ar com seus porcos, reconheceu Nolting).

É difícil determinar a eficácia geral dos esforços da equipe; a vigilância ainda é relativamente nova e algumas temporadas de gripe são naturalmente piores do que outras. “Mas acho que estamos fazendo acontecer”, disse Bowman. “Começamos uma mudança”. / TRADUÇÃO LÍVIA BUELONI GONÇALVES

The New York Times Licensing Group - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito do The New York Times

THE NEW YORK TIMES - LIFE/STYLE - Estava na hora do show na exposição de suínos, e o celeiro estava fervendo. Os competidores, com idades entre 3 e 21 anos, estavam se preparando para o desfile. Pais e mães faziam tranças no cabelo das crianças, prendendo fitas e presilhas com formato de porco.

Adolescentes manipulando porquinhos na exposição de suínos, em que os animais mostraram suas habilidades de exibição. Foto: Maddie McGarvey/The New York Times

O Dr. Andrew Bowman, epidemiologista molecular da Universidade Estadual de Ohio, caminhava pelo celeiro com um macacão verde à prova d’água, procurando por secreções suínas. Quando ele entrou em um dos cercados, um porco tentou empurrar a porta com o focinho e começou a mordiscar os cadarços de seus calçados.

Bowman prefere não entrar nos cercados, disse ele enquanto limpava o focinho do animal com uma gaze. Pouco depois ele avistou um foco mais atraente: um porco enfiando o focinho por entre as grades de seu cercado. “Temos uma atração por focinhos de fora”, disse ele. Mais tarde, de volta ao laboratório, Bowman e seus colegas descobririam que vários dos focinhos daquele movimentado celeiro em New Lexington, Ohio, estavam com gripe.

O mundo está saindo de uma pandemia que matou pelo menos 6,9 milhões de pessoas. Não será a última. Surtos de doenças zoonóticas, que podem se espalhar entre animais e humanos, ficaram mais frequentes nas últimas décadas, e patógenos animais continuarão se espalhando para as populações humanas nos próximos anos. Para os americanos, o alastramento pode parecer um problema distante, um perigo que habita lugares como o mercado de animais vivos de Wuhan, na China, que pode ter sido a origem da pandemia de covid-19.

“Acho que aqui nos Estados Unidos as pessoas têm esse sentimento de que as doenças são uma coisa que vem de outro lugar”, disse Ann Linder, diretora associada do programa de direito e política animal da Harvard Law School.

Mas existe um risco real nos nossos quintais - e currais. Desde 2011, houve mais casos humanos confirmados de gripe suína nos Estados Unidos do que em qualquer outro lugar do mundo. (Talvez porque outras nações estejam fazendo menos testes e vigilância, e muitos casos aqui e no exterior provavelmente não serão detectados, dizem os especialistas). A maioria foi vinculada a feiras e exposições agrícolas. “Esses lugares viraram uma espécie de foco”, disse Linder.

O Dr. Andrew Bowman, à esquerda, e Lauren Freilino, pré-veterinária da Ohio State University, prepararam-se para coletar amostras de focinhos de porco. Foto: Maddie McGarvey/The New York Times

Patógenos suínos

Os porcos têm um papel fundamental na evolução da gripe. Eles podem ser infectados pelos vírus das gripes suína, aviária e humana simultaneamente, servindo como recipientes de mistura nos quais diferentes cepas podem reorganizar seu material genético, produzindo novas versões do vírus.

Quando ocorreu a pandemia de gripe suína em 2009, a vigilância da gripe em porcos era limitada, disse Bowman, que na época tinha uma clínica veterinária. Mas o surto foi revelador, e Bowman, que cursou veterinária na Estadual de Ohio, voltou à universidade para trabalhar com um de seus ex-professores em um projeto de vigilância de suínos.

Eles começaram a testar porcos em exposições de suínos, descobrindo uma rede nacional de eventos que resultou em infecções humanas em um ciclo anual previsível.

Começando a cada primavera, eventos regionais e nacionais, que atraem grandes concorrentes de suínos, reúnem porcos de fazendas distantes, fazendo com que novas variantes da gripe se espalhem por todo o país.

No verão e no outono, um número muito maior de crianças traz seus porcos para feiras municipais ou estaduais. Em cerca de 25% das feiras, pelo menos um porco testa positivo para a gripe, que tende a se espalhar amplamente, descobriram os pesquisadores. “No final da feira”, disse Bowman, “uns duzentos porcos já estão com o vírus da gripe”.

O show de New Lexington atraiu centenas de porcos e seus tratadores, com idades entre 3 e 21 anos. Foto: Maddie McGarvey/The New York Times

As feiras também colocam grandes multidões em contato próximo com os porcos. “As crianças ficam acariciando e tocando os porcos e, ao mesmo tempo, comendo algodão doce, cachorro-quente e salgadinho”, disse Linder.

O alastramento não é um evento raro. Em 2012, um grande surto de gripe suína causou mais de 300 casos humanos confirmados; Bowman e seus colegas encontraram evidências de que o vírus passou de porcos para pessoas durante pelo menos sete feiras diferentes em Ohio. “A ideia de que estamos vendo isso bem na nossa frente, várias vezes, foi muito surpreendente”, disse Bowman.

Ao longo dos anos que se seguiram, os pesquisadores trabalharam para identificar o que tornava esses eventos tão arriscados. Eles descobriram que, embora a maioria das feiras tivesse estações de higienização das mãos, poucas tinham placas explicando como usá-las - e quase ninguém as usava.

Eles também documentaram os riscos associados ao procedimento padrão de pesagem, no qual os porcos eram alinhados, nariz com rabo, e guiados para uma balança, um a um. Durante esse processo, muitos porcos pressionavam seus focinhos contra painéis de triagem verticais usados para manter os animais no lugar, e um porco infectado poderia contaminar a superfície compartilhada. “Isso resulta em mais transmissão”, disse Bowman. “É um porco para todos que estão na fila atrás dele”.

O Dr. Bowman disse que em cerca de 25 por cento das feiras, pelo menos um porco testa positivo para a gripe suína. Foto: Maddie McGarvey/The New York Times

Os pesquisadores, que compartilharam suas descobertas com organizadores de feiras e autoridades de saúde, dizem ter visto algumas mudanças, com muitos eventos deixando de fazer pesagens em massa obrigatórias.

Algumas exposições e feiras maiores, que tradicionalmente duram uma semana, também começaram a enviar a maioria dos porcos para casa depois de 72 horas. Essa linha do tempo significa que os porcos infectados em determinada exposição vão embora antes de começarem a disseminar o vírus. “Eles não ficam em exibição pública, infectando outros animais ou pessoas”, disse Bowman.

Ainda assim, nem todos os eventos foram receptivos a fazer esse tipo de mudança de cima para baixo. Então, a equipe da Universidade Estadual de Ohio também está trabalhando de baixo para cima.

Hábitos saudáveis

Quando não estavam competindo, muitas das crianças na exposição de New Lexington ficavam no celeiro dos vendedores, onde artesãos e organizações vendiam seus produtos. Um estande perto da entrada, onde um porco de desenho animado vestido de jaleco convidava as crianças a entrar no “Laboratório do Swientist” [um trocadilho com as palavras “suíno” e “cientista”] oferecia um negócio diferente.

Germes iluminados sob uma luz negra. "Você pode ver como isso entrou nas rachaduras de seus dedos?" Disse o Dr. Nolting. Foto: Maddie McGarvey/The New York Times

Quando um grupo de três pré-adolescentes se aproximou, Jacqueline Nolting, pesquisadora e educadora da equipe da Universidade Estadual de Ohio, os desafiou a testar suas habilidades de lavar as mãos. Ela os instruiu a esfregar um gel transparente nas mãos e lavá-las bem. Depois, acendeu uma luz negra, anunciando que qualquer vestígio remanescente de gel iria brilhar. As seis mãos se iluminaram.

“Oh, vocês têm muitos germes!” ela exclamou. “Nas juntas dos seus dedos - estão vendo como o gel entrou nas juntas dos dedos?”

A atividade é um dos pilares do programa Swientist, que a equipe começou a desenvolver em 2015 para ensinar jovens expositores a manter seus porcos e a si mesmos saudáveis. Na exposição de New Lexington, Nolting, que lidera o programa, também convidou as crianças a praticarem colocar e tirar equipamentos de proteção individual e distribuiu mochilas recheadas com atividades, como uma caça ao tesouro de biossegurança.

Os pesquisadores se tornaram presença constante em exposições de suínos em todo o país, das quais participam com dois objetivos: manter o controle sobre o vírus coletando amostras de mais porcos e impedir sua propagação ensinando às crianças os fundamentos da biossegurança.

Rob McCarley, de Circleville, Ohio, disse que a primeira coisa que seus gêmeos de 5 anos querem fazer em uma feira é ver quais atividades a equipe Swientist está oferecendo. “Eles ficam loucos”, disse. (E parecem estar prestando atenção: quando um dos porcos da família ficou doente nesta primavera, um dos gêmeos anunciou que deveriam isolar o animal).

Mas o sucesso não veio da noite para o dia, e de início algumas famílias receberam os pesquisadores da universidade com desconfiança. “Tipo, ‘Eles estão me atacando e acham que meus porcos estão doentes’”, disse Kelly Morgan, que administra o OH-PIGS, um circuito de exposição de suínos em Ohio. “Tivemos que construir uma relação de confiança”.

Os cientistas compartilharam seus dados com os expositores e garantiram que não estavam “ali só para encher a paciência”, disse Bowman. Eles se apresentaram como parceiros com objetivos comuns.

Ainda assim, algumas recomendações de saúde, como não comer ou beber perto dos animais, têm sido mais difíceis. Para muitas famílias, algumas das quais trazem panelas elétricas para o celeiro, compartilhar refeições durante a feira é uma forma de construir uma comunidade. E com exposições que podem durar o dia todo, também pode ser uma necessidade logística, disse Morgan: “Quero dizer, você tem que alimentar as crianças, senão elas ficam com muita fome”.

No final das contas, a equipe da Universidade Estadual de Ohio decidiu pegar mais leve com a recomendação, preocupada que estivesse tão fora de sintonia com a cultura que prejudicaria sua credibilidade. (Também não está claro o quanto comer e beber pode aumentar o risco para pessoas que já passam horas compartilhando o mesmo ar com seus porcos, reconheceu Nolting).

É difícil determinar a eficácia geral dos esforços da equipe; a vigilância ainda é relativamente nova e algumas temporadas de gripe são naturalmente piores do que outras. “Mas acho que estamos fazendo acontecer”, disse Bowman. “Começamos uma mudança”. / TRADUÇÃO LÍVIA BUELONI GONÇALVES

The New York Times Licensing Group - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito do The New York Times

THE NEW YORK TIMES - LIFE/STYLE - Estava na hora do show na exposição de suínos, e o celeiro estava fervendo. Os competidores, com idades entre 3 e 21 anos, estavam se preparando para o desfile. Pais e mães faziam tranças no cabelo das crianças, prendendo fitas e presilhas com formato de porco.

Adolescentes manipulando porquinhos na exposição de suínos, em que os animais mostraram suas habilidades de exibição. Foto: Maddie McGarvey/The New York Times

O Dr. Andrew Bowman, epidemiologista molecular da Universidade Estadual de Ohio, caminhava pelo celeiro com um macacão verde à prova d’água, procurando por secreções suínas. Quando ele entrou em um dos cercados, um porco tentou empurrar a porta com o focinho e começou a mordiscar os cadarços de seus calçados.

Bowman prefere não entrar nos cercados, disse ele enquanto limpava o focinho do animal com uma gaze. Pouco depois ele avistou um foco mais atraente: um porco enfiando o focinho por entre as grades de seu cercado. “Temos uma atração por focinhos de fora”, disse ele. Mais tarde, de volta ao laboratório, Bowman e seus colegas descobririam que vários dos focinhos daquele movimentado celeiro em New Lexington, Ohio, estavam com gripe.

O mundo está saindo de uma pandemia que matou pelo menos 6,9 milhões de pessoas. Não será a última. Surtos de doenças zoonóticas, que podem se espalhar entre animais e humanos, ficaram mais frequentes nas últimas décadas, e patógenos animais continuarão se espalhando para as populações humanas nos próximos anos. Para os americanos, o alastramento pode parecer um problema distante, um perigo que habita lugares como o mercado de animais vivos de Wuhan, na China, que pode ter sido a origem da pandemia de covid-19.

“Acho que aqui nos Estados Unidos as pessoas têm esse sentimento de que as doenças são uma coisa que vem de outro lugar”, disse Ann Linder, diretora associada do programa de direito e política animal da Harvard Law School.

Mas existe um risco real nos nossos quintais - e currais. Desde 2011, houve mais casos humanos confirmados de gripe suína nos Estados Unidos do que em qualquer outro lugar do mundo. (Talvez porque outras nações estejam fazendo menos testes e vigilância, e muitos casos aqui e no exterior provavelmente não serão detectados, dizem os especialistas). A maioria foi vinculada a feiras e exposições agrícolas. “Esses lugares viraram uma espécie de foco”, disse Linder.

O Dr. Andrew Bowman, à esquerda, e Lauren Freilino, pré-veterinária da Ohio State University, prepararam-se para coletar amostras de focinhos de porco. Foto: Maddie McGarvey/The New York Times

Patógenos suínos

Os porcos têm um papel fundamental na evolução da gripe. Eles podem ser infectados pelos vírus das gripes suína, aviária e humana simultaneamente, servindo como recipientes de mistura nos quais diferentes cepas podem reorganizar seu material genético, produzindo novas versões do vírus.

Quando ocorreu a pandemia de gripe suína em 2009, a vigilância da gripe em porcos era limitada, disse Bowman, que na época tinha uma clínica veterinária. Mas o surto foi revelador, e Bowman, que cursou veterinária na Estadual de Ohio, voltou à universidade para trabalhar com um de seus ex-professores em um projeto de vigilância de suínos.

Eles começaram a testar porcos em exposições de suínos, descobrindo uma rede nacional de eventos que resultou em infecções humanas em um ciclo anual previsível.

Começando a cada primavera, eventos regionais e nacionais, que atraem grandes concorrentes de suínos, reúnem porcos de fazendas distantes, fazendo com que novas variantes da gripe se espalhem por todo o país.

No verão e no outono, um número muito maior de crianças traz seus porcos para feiras municipais ou estaduais. Em cerca de 25% das feiras, pelo menos um porco testa positivo para a gripe, que tende a se espalhar amplamente, descobriram os pesquisadores. “No final da feira”, disse Bowman, “uns duzentos porcos já estão com o vírus da gripe”.

O show de New Lexington atraiu centenas de porcos e seus tratadores, com idades entre 3 e 21 anos. Foto: Maddie McGarvey/The New York Times

As feiras também colocam grandes multidões em contato próximo com os porcos. “As crianças ficam acariciando e tocando os porcos e, ao mesmo tempo, comendo algodão doce, cachorro-quente e salgadinho”, disse Linder.

O alastramento não é um evento raro. Em 2012, um grande surto de gripe suína causou mais de 300 casos humanos confirmados; Bowman e seus colegas encontraram evidências de que o vírus passou de porcos para pessoas durante pelo menos sete feiras diferentes em Ohio. “A ideia de que estamos vendo isso bem na nossa frente, várias vezes, foi muito surpreendente”, disse Bowman.

Ao longo dos anos que se seguiram, os pesquisadores trabalharam para identificar o que tornava esses eventos tão arriscados. Eles descobriram que, embora a maioria das feiras tivesse estações de higienização das mãos, poucas tinham placas explicando como usá-las - e quase ninguém as usava.

Eles também documentaram os riscos associados ao procedimento padrão de pesagem, no qual os porcos eram alinhados, nariz com rabo, e guiados para uma balança, um a um. Durante esse processo, muitos porcos pressionavam seus focinhos contra painéis de triagem verticais usados para manter os animais no lugar, e um porco infectado poderia contaminar a superfície compartilhada. “Isso resulta em mais transmissão”, disse Bowman. “É um porco para todos que estão na fila atrás dele”.

O Dr. Bowman disse que em cerca de 25 por cento das feiras, pelo menos um porco testa positivo para a gripe suína. Foto: Maddie McGarvey/The New York Times

Os pesquisadores, que compartilharam suas descobertas com organizadores de feiras e autoridades de saúde, dizem ter visto algumas mudanças, com muitos eventos deixando de fazer pesagens em massa obrigatórias.

Algumas exposições e feiras maiores, que tradicionalmente duram uma semana, também começaram a enviar a maioria dos porcos para casa depois de 72 horas. Essa linha do tempo significa que os porcos infectados em determinada exposição vão embora antes de começarem a disseminar o vírus. “Eles não ficam em exibição pública, infectando outros animais ou pessoas”, disse Bowman.

Ainda assim, nem todos os eventos foram receptivos a fazer esse tipo de mudança de cima para baixo. Então, a equipe da Universidade Estadual de Ohio também está trabalhando de baixo para cima.

Hábitos saudáveis

Quando não estavam competindo, muitas das crianças na exposição de New Lexington ficavam no celeiro dos vendedores, onde artesãos e organizações vendiam seus produtos. Um estande perto da entrada, onde um porco de desenho animado vestido de jaleco convidava as crianças a entrar no “Laboratório do Swientist” [um trocadilho com as palavras “suíno” e “cientista”] oferecia um negócio diferente.

Germes iluminados sob uma luz negra. "Você pode ver como isso entrou nas rachaduras de seus dedos?" Disse o Dr. Nolting. Foto: Maddie McGarvey/The New York Times

Quando um grupo de três pré-adolescentes se aproximou, Jacqueline Nolting, pesquisadora e educadora da equipe da Universidade Estadual de Ohio, os desafiou a testar suas habilidades de lavar as mãos. Ela os instruiu a esfregar um gel transparente nas mãos e lavá-las bem. Depois, acendeu uma luz negra, anunciando que qualquer vestígio remanescente de gel iria brilhar. As seis mãos se iluminaram.

“Oh, vocês têm muitos germes!” ela exclamou. “Nas juntas dos seus dedos - estão vendo como o gel entrou nas juntas dos dedos?”

A atividade é um dos pilares do programa Swientist, que a equipe começou a desenvolver em 2015 para ensinar jovens expositores a manter seus porcos e a si mesmos saudáveis. Na exposição de New Lexington, Nolting, que lidera o programa, também convidou as crianças a praticarem colocar e tirar equipamentos de proteção individual e distribuiu mochilas recheadas com atividades, como uma caça ao tesouro de biossegurança.

Os pesquisadores se tornaram presença constante em exposições de suínos em todo o país, das quais participam com dois objetivos: manter o controle sobre o vírus coletando amostras de mais porcos e impedir sua propagação ensinando às crianças os fundamentos da biossegurança.

Rob McCarley, de Circleville, Ohio, disse que a primeira coisa que seus gêmeos de 5 anos querem fazer em uma feira é ver quais atividades a equipe Swientist está oferecendo. “Eles ficam loucos”, disse. (E parecem estar prestando atenção: quando um dos porcos da família ficou doente nesta primavera, um dos gêmeos anunciou que deveriam isolar o animal).

Mas o sucesso não veio da noite para o dia, e de início algumas famílias receberam os pesquisadores da universidade com desconfiança. “Tipo, ‘Eles estão me atacando e acham que meus porcos estão doentes’”, disse Kelly Morgan, que administra o OH-PIGS, um circuito de exposição de suínos em Ohio. “Tivemos que construir uma relação de confiança”.

Os cientistas compartilharam seus dados com os expositores e garantiram que não estavam “ali só para encher a paciência”, disse Bowman. Eles se apresentaram como parceiros com objetivos comuns.

Ainda assim, algumas recomendações de saúde, como não comer ou beber perto dos animais, têm sido mais difíceis. Para muitas famílias, algumas das quais trazem panelas elétricas para o celeiro, compartilhar refeições durante a feira é uma forma de construir uma comunidade. E com exposições que podem durar o dia todo, também pode ser uma necessidade logística, disse Morgan: “Quero dizer, você tem que alimentar as crianças, senão elas ficam com muita fome”.

No final das contas, a equipe da Universidade Estadual de Ohio decidiu pegar mais leve com a recomendação, preocupada que estivesse tão fora de sintonia com a cultura que prejudicaria sua credibilidade. (Também não está claro o quanto comer e beber pode aumentar o risco para pessoas que já passam horas compartilhando o mesmo ar com seus porcos, reconheceu Nolting).

É difícil determinar a eficácia geral dos esforços da equipe; a vigilância ainda é relativamente nova e algumas temporadas de gripe são naturalmente piores do que outras. “Mas acho que estamos fazendo acontecer”, disse Bowman. “Começamos uma mudança”. / TRADUÇÃO LÍVIA BUELONI GONÇALVES

The New York Times Licensing Group - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito do The New York Times

THE NEW YORK TIMES - LIFE/STYLE - Estava na hora do show na exposição de suínos, e o celeiro estava fervendo. Os competidores, com idades entre 3 e 21 anos, estavam se preparando para o desfile. Pais e mães faziam tranças no cabelo das crianças, prendendo fitas e presilhas com formato de porco.

Adolescentes manipulando porquinhos na exposição de suínos, em que os animais mostraram suas habilidades de exibição. Foto: Maddie McGarvey/The New York Times

O Dr. Andrew Bowman, epidemiologista molecular da Universidade Estadual de Ohio, caminhava pelo celeiro com um macacão verde à prova d’água, procurando por secreções suínas. Quando ele entrou em um dos cercados, um porco tentou empurrar a porta com o focinho e começou a mordiscar os cadarços de seus calçados.

Bowman prefere não entrar nos cercados, disse ele enquanto limpava o focinho do animal com uma gaze. Pouco depois ele avistou um foco mais atraente: um porco enfiando o focinho por entre as grades de seu cercado. “Temos uma atração por focinhos de fora”, disse ele. Mais tarde, de volta ao laboratório, Bowman e seus colegas descobririam que vários dos focinhos daquele movimentado celeiro em New Lexington, Ohio, estavam com gripe.

O mundo está saindo de uma pandemia que matou pelo menos 6,9 milhões de pessoas. Não será a última. Surtos de doenças zoonóticas, que podem se espalhar entre animais e humanos, ficaram mais frequentes nas últimas décadas, e patógenos animais continuarão se espalhando para as populações humanas nos próximos anos. Para os americanos, o alastramento pode parecer um problema distante, um perigo que habita lugares como o mercado de animais vivos de Wuhan, na China, que pode ter sido a origem da pandemia de covid-19.

“Acho que aqui nos Estados Unidos as pessoas têm esse sentimento de que as doenças são uma coisa que vem de outro lugar”, disse Ann Linder, diretora associada do programa de direito e política animal da Harvard Law School.

Mas existe um risco real nos nossos quintais - e currais. Desde 2011, houve mais casos humanos confirmados de gripe suína nos Estados Unidos do que em qualquer outro lugar do mundo. (Talvez porque outras nações estejam fazendo menos testes e vigilância, e muitos casos aqui e no exterior provavelmente não serão detectados, dizem os especialistas). A maioria foi vinculada a feiras e exposições agrícolas. “Esses lugares viraram uma espécie de foco”, disse Linder.

O Dr. Andrew Bowman, à esquerda, e Lauren Freilino, pré-veterinária da Ohio State University, prepararam-se para coletar amostras de focinhos de porco. Foto: Maddie McGarvey/The New York Times

Patógenos suínos

Os porcos têm um papel fundamental na evolução da gripe. Eles podem ser infectados pelos vírus das gripes suína, aviária e humana simultaneamente, servindo como recipientes de mistura nos quais diferentes cepas podem reorganizar seu material genético, produzindo novas versões do vírus.

Quando ocorreu a pandemia de gripe suína em 2009, a vigilância da gripe em porcos era limitada, disse Bowman, que na época tinha uma clínica veterinária. Mas o surto foi revelador, e Bowman, que cursou veterinária na Estadual de Ohio, voltou à universidade para trabalhar com um de seus ex-professores em um projeto de vigilância de suínos.

Eles começaram a testar porcos em exposições de suínos, descobrindo uma rede nacional de eventos que resultou em infecções humanas em um ciclo anual previsível.

Começando a cada primavera, eventos regionais e nacionais, que atraem grandes concorrentes de suínos, reúnem porcos de fazendas distantes, fazendo com que novas variantes da gripe se espalhem por todo o país.

No verão e no outono, um número muito maior de crianças traz seus porcos para feiras municipais ou estaduais. Em cerca de 25% das feiras, pelo menos um porco testa positivo para a gripe, que tende a se espalhar amplamente, descobriram os pesquisadores. “No final da feira”, disse Bowman, “uns duzentos porcos já estão com o vírus da gripe”.

O show de New Lexington atraiu centenas de porcos e seus tratadores, com idades entre 3 e 21 anos. Foto: Maddie McGarvey/The New York Times

As feiras também colocam grandes multidões em contato próximo com os porcos. “As crianças ficam acariciando e tocando os porcos e, ao mesmo tempo, comendo algodão doce, cachorro-quente e salgadinho”, disse Linder.

O alastramento não é um evento raro. Em 2012, um grande surto de gripe suína causou mais de 300 casos humanos confirmados; Bowman e seus colegas encontraram evidências de que o vírus passou de porcos para pessoas durante pelo menos sete feiras diferentes em Ohio. “A ideia de que estamos vendo isso bem na nossa frente, várias vezes, foi muito surpreendente”, disse Bowman.

Ao longo dos anos que se seguiram, os pesquisadores trabalharam para identificar o que tornava esses eventos tão arriscados. Eles descobriram que, embora a maioria das feiras tivesse estações de higienização das mãos, poucas tinham placas explicando como usá-las - e quase ninguém as usava.

Eles também documentaram os riscos associados ao procedimento padrão de pesagem, no qual os porcos eram alinhados, nariz com rabo, e guiados para uma balança, um a um. Durante esse processo, muitos porcos pressionavam seus focinhos contra painéis de triagem verticais usados para manter os animais no lugar, e um porco infectado poderia contaminar a superfície compartilhada. “Isso resulta em mais transmissão”, disse Bowman. “É um porco para todos que estão na fila atrás dele”.

O Dr. Bowman disse que em cerca de 25 por cento das feiras, pelo menos um porco testa positivo para a gripe suína. Foto: Maddie McGarvey/The New York Times

Os pesquisadores, que compartilharam suas descobertas com organizadores de feiras e autoridades de saúde, dizem ter visto algumas mudanças, com muitos eventos deixando de fazer pesagens em massa obrigatórias.

Algumas exposições e feiras maiores, que tradicionalmente duram uma semana, também começaram a enviar a maioria dos porcos para casa depois de 72 horas. Essa linha do tempo significa que os porcos infectados em determinada exposição vão embora antes de começarem a disseminar o vírus. “Eles não ficam em exibição pública, infectando outros animais ou pessoas”, disse Bowman.

Ainda assim, nem todos os eventos foram receptivos a fazer esse tipo de mudança de cima para baixo. Então, a equipe da Universidade Estadual de Ohio também está trabalhando de baixo para cima.

Hábitos saudáveis

Quando não estavam competindo, muitas das crianças na exposição de New Lexington ficavam no celeiro dos vendedores, onde artesãos e organizações vendiam seus produtos. Um estande perto da entrada, onde um porco de desenho animado vestido de jaleco convidava as crianças a entrar no “Laboratório do Swientist” [um trocadilho com as palavras “suíno” e “cientista”] oferecia um negócio diferente.

Germes iluminados sob uma luz negra. "Você pode ver como isso entrou nas rachaduras de seus dedos?" Disse o Dr. Nolting. Foto: Maddie McGarvey/The New York Times

Quando um grupo de três pré-adolescentes se aproximou, Jacqueline Nolting, pesquisadora e educadora da equipe da Universidade Estadual de Ohio, os desafiou a testar suas habilidades de lavar as mãos. Ela os instruiu a esfregar um gel transparente nas mãos e lavá-las bem. Depois, acendeu uma luz negra, anunciando que qualquer vestígio remanescente de gel iria brilhar. As seis mãos se iluminaram.

“Oh, vocês têm muitos germes!” ela exclamou. “Nas juntas dos seus dedos - estão vendo como o gel entrou nas juntas dos dedos?”

A atividade é um dos pilares do programa Swientist, que a equipe começou a desenvolver em 2015 para ensinar jovens expositores a manter seus porcos e a si mesmos saudáveis. Na exposição de New Lexington, Nolting, que lidera o programa, também convidou as crianças a praticarem colocar e tirar equipamentos de proteção individual e distribuiu mochilas recheadas com atividades, como uma caça ao tesouro de biossegurança.

Os pesquisadores se tornaram presença constante em exposições de suínos em todo o país, das quais participam com dois objetivos: manter o controle sobre o vírus coletando amostras de mais porcos e impedir sua propagação ensinando às crianças os fundamentos da biossegurança.

Rob McCarley, de Circleville, Ohio, disse que a primeira coisa que seus gêmeos de 5 anos querem fazer em uma feira é ver quais atividades a equipe Swientist está oferecendo. “Eles ficam loucos”, disse. (E parecem estar prestando atenção: quando um dos porcos da família ficou doente nesta primavera, um dos gêmeos anunciou que deveriam isolar o animal).

Mas o sucesso não veio da noite para o dia, e de início algumas famílias receberam os pesquisadores da universidade com desconfiança. “Tipo, ‘Eles estão me atacando e acham que meus porcos estão doentes’”, disse Kelly Morgan, que administra o OH-PIGS, um circuito de exposição de suínos em Ohio. “Tivemos que construir uma relação de confiança”.

Os cientistas compartilharam seus dados com os expositores e garantiram que não estavam “ali só para encher a paciência”, disse Bowman. Eles se apresentaram como parceiros com objetivos comuns.

Ainda assim, algumas recomendações de saúde, como não comer ou beber perto dos animais, têm sido mais difíceis. Para muitas famílias, algumas das quais trazem panelas elétricas para o celeiro, compartilhar refeições durante a feira é uma forma de construir uma comunidade. E com exposições que podem durar o dia todo, também pode ser uma necessidade logística, disse Morgan: “Quero dizer, você tem que alimentar as crianças, senão elas ficam com muita fome”.

No final das contas, a equipe da Universidade Estadual de Ohio decidiu pegar mais leve com a recomendação, preocupada que estivesse tão fora de sintonia com a cultura que prejudicaria sua credibilidade. (Também não está claro o quanto comer e beber pode aumentar o risco para pessoas que já passam horas compartilhando o mesmo ar com seus porcos, reconheceu Nolting).

É difícil determinar a eficácia geral dos esforços da equipe; a vigilância ainda é relativamente nova e algumas temporadas de gripe são naturalmente piores do que outras. “Mas acho que estamos fazendo acontecer”, disse Bowman. “Começamos uma mudança”. / TRADUÇÃO LÍVIA BUELONI GONÇALVES

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