Colocar um DIU dói. Por que não é oferecido alívio para mais mulheres?


Uma das opções de controle de natalidade mais eficazes também é conhecida pelo procedimento doloroso para inseri-lo

Por Alisha Haridasani Gupta

THE NEW YORK TIMES - LIFE/STYLE - O DIU, dispositivo intrauterino, é amplamente conhecido por seu processo de inserção extremamente doloroso, e poucos médicos oferecem soluções eficazes para contornar o problema. O medo da dor acaba agindo como uma barreira para expandir a adesão ao método, observou a dra. Lauren Zapata, pesquisadora de saúde pública da divisão de saúde reprodutiva do Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC, em inglês). Só que, apesar disso, as mulheres têm recorrido cada vez mais a essa forma de contracepção, segundo dados divulgados pelo CDC.

Aproximadamente 20 por cento das mulheres norte-americanas usaram DIU entre 2015 e 2019, aumento significativo em comparação a uma taxa de oito por cento entre 2006 e 2010. Mas, nas redes sociais, muitas estão compartilhando a experiência dolorosa de inserir o DIU e até a de removê-lo. Um estudo publicado em 2023, que analisou os cem principais vídeos com a hashtag #IUD (intrauterine device) no TikTok, descobriu que, entre os que mostravam a experiência de uma paciente, quase todos – 97 por cento – destacavam a dor do procedimento e outros efeitos colaterais negativos.

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“Em geral, sempre recomendo o DIU, mas notei que muitas das minhas pacientes mais jovens, da Geração Z, simplesmente não querem usá-lo”, disse a dra. Jenny Wu, autora do estudo do TikTok e residente do terceiro ano em ginecologia e obstetrícia da Escola de Medicina da Universidade Duke. Outro relatório do CDC constatou que só seis por cento das adolescentes usaram DIU, tornando-o um dos métodos contraceptivos menos prevalentes para esse grupo etário.

Existem algumas opções eficazes para contornar a dor durante a inserção do DIU, mas os médicos raramente discutem essas alternativas ou fazem uso delas, afirmou a dra. Eve Espey, chefe do departamento de ginecologia e obstetrícia da Universidade do Novo México. Uma pesquisa publicada no ano passado descobriu que só quatro por cento dos médicos formados nos Estados Unidos oferecem uma injeção de anestésico local, que foi considerada eficaz no alívio da dor, enquanto quase 80 por cento recomendam analgésicos que não necessitam de prescrição, como o ibuprofeno, que demonstraram ser menos eficazes.

Segundo Espey, isso pode estar associado ao fato de que, historicamente, existia pouca informação para respaldar o uso de alguns métodos de controle da dor, como um anestésico local. Além disso, há cerca de dez a 15 anos, a maioria das mulheres que usava DIU já tinha tido filho – e há provas de que elas sentem menos dor durante a inserção do dispositivo, acrescentou.

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“Também é o caso de minimizar a dor das mulheres. Acredito que o menosprezo em relação a isso é algo comum. A dor delas merece credibilidade e deve ser aliviada”, disse o dr. Andrew Goldstein, ginecologista e especialista em dor pélvica.

À medida que novas pesquisas confirmam a eficácia de alguns métodos e pacientes bem informadas defendem os próprios interesses, alguns médicos estão começando a oferecer várias opções de alívio da dor para a inserção e até mesmo para a remoção do DIU – mudança que, na prática, começou a se intensificar “há cerca de três anos”, comentou a dra. Wu.

O CDC, cuja orientação atual é vagamente favorável ao uso de um anestésico local, está revisando dados recentemente publicados sobre o gerenciamento da dor para a inserção do DIU, e planeja atualizar as recomendações no próximo ano.

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Um dos métodos de controle de natalidade mais eficientes é também conhecido pelo procedimento extremamente doloroso que exige para sua inserção. Foto: Sara Andreasson/The New York Times

Por que a inserção do DIU é tão dolorosa?

Para que esse dispositivo em formato de T possa ser inserido no útero, ele primeiro tem de passar pelo cérvix – ou colo uterino –, que conecta o órgão à vagina. Por possuir várias terminações nervosas que sinalizam a dor, “qualquer manipulação do colo pode ser bastante desconfortável”, de acordo com o dr. Goldstein. O canal interno do colo também fica “fisiologicamente fechado, por isso é necessário empurrar o dispositivo com bastante força” ou até mesmo usar um dilatador para que o DIU entre, explicou a dra. Espey, acrescentando que as mulheres que já tiveram filho apresentam maior probabilidade de ter um colo do útero um pouco mais aberto, o que explica por que elas sentem menos dor no procedimento – que dura cerca de três a quatro minutos.

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Quais opções estão disponíveis para aliviar a dor?

Os médicos podem fornecer opções mais generalizadas ou direcionadas ao colo do útero. “Mas a percepção da dor é muito peculiar”, disse o dr. Goldstein, e o que funciona para uma mulher pode não ser adequado para outra.

Bloqueio paracervical

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Nessa opção, a lidocaína é injetada em dois pontos diferentes próximos ao colo do útero, anestesiando a área. Em 2016, o CDC só encontrou provas limitadas de que esse procedimento poderia reduzir a dor causada pela inserção do DIU. Mas pesquisas mais recentes, incluindo estudos publicados em 2017 e 2019, sugerem que o método é eficiente durante o procedimento e depois dele, o que fez com que mais médicos passassem a utilizar essa alternativa com mais frequência, informou o dr. Goldstein. (Nos Estados Unidos, o bloqueio paracervical é geralmente coberto pelo plano de saúde.)

Por outro lado, segundo a dra. Espey, nem toda clínica está preparada para oferecer o bloqueio paracervical, e a injeção também pode dobrar o tempo necessário para a inserção do DIU. “Além disso, quando você explica o método, as pessoas não gostam muito da ideia, porque é mais uma agulha”, acrescentou.

Os médicos também podem oferecer um gel ou spray tópico de lidocaína, mas as provas de sua eficácia variam, explicou o dr. Goldstein. Alguns estudos sugerem que pode haver uma redução da dor causada pelo contato com o colo do útero durante o procedimento, mas que “não se compara ao alívio que o bloqueio paracervical proporciona”, completou ele.

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Analgésicos

Essa categoria engloba uma ampla variedade de medicamentos que vão desde o Tylenol e o ibuprofeno até opioides fortes, como a Oxicodona. “Apesar de a maioria dos médicos indicar medicamentos de venda livre, agora temos estudos suficientes para saber que eles não funcionam. Sobre os opioides, as provas são limitadas, embora eles geralmente pareçam ser mais eficazes do que os remédios que não necessitam de prescrição médica”, comentou a dra. Espey.

Mas tenha em mente que qualquer uma dessas opções pode levar até uma hora para fazer efeito; portanto, se você for a uma clínica querendo colocar um DIU no mesmo dia, o uso do medicamento fará com que o procedimento leve mais tempo para ser efetuado.

Misoprostol

Durante muito tempo, acreditou-se que o misoprostol, medicamento utilizado para indução de aborto legal, aliviasse a dor da inserção do DIU por causar amolecimento do colo uterino, disse a dra. Espey. Mas as pesquisas não apoiam essa teoria e, embora na maioria dos casos o CDC contraindique sua administração, aproximadamente 15 por cento dos médicos ainda o utilizam em mulheres que nunca tiveram filho. Se um médico lhe sugerir isso, peça mais opções, aconselhou Goldstein.

The New York Times Licensing Group - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito do The New York Times

THE NEW YORK TIMES - LIFE/STYLE - O DIU, dispositivo intrauterino, é amplamente conhecido por seu processo de inserção extremamente doloroso, e poucos médicos oferecem soluções eficazes para contornar o problema. O medo da dor acaba agindo como uma barreira para expandir a adesão ao método, observou a dra. Lauren Zapata, pesquisadora de saúde pública da divisão de saúde reprodutiva do Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC, em inglês). Só que, apesar disso, as mulheres têm recorrido cada vez mais a essa forma de contracepção, segundo dados divulgados pelo CDC.

Aproximadamente 20 por cento das mulheres norte-americanas usaram DIU entre 2015 e 2019, aumento significativo em comparação a uma taxa de oito por cento entre 2006 e 2010. Mas, nas redes sociais, muitas estão compartilhando a experiência dolorosa de inserir o DIU e até a de removê-lo. Um estudo publicado em 2023, que analisou os cem principais vídeos com a hashtag #IUD (intrauterine device) no TikTok, descobriu que, entre os que mostravam a experiência de uma paciente, quase todos – 97 por cento – destacavam a dor do procedimento e outros efeitos colaterais negativos.

“Em geral, sempre recomendo o DIU, mas notei que muitas das minhas pacientes mais jovens, da Geração Z, simplesmente não querem usá-lo”, disse a dra. Jenny Wu, autora do estudo do TikTok e residente do terceiro ano em ginecologia e obstetrícia da Escola de Medicina da Universidade Duke. Outro relatório do CDC constatou que só seis por cento das adolescentes usaram DIU, tornando-o um dos métodos contraceptivos menos prevalentes para esse grupo etário.

Existem algumas opções eficazes para contornar a dor durante a inserção do DIU, mas os médicos raramente discutem essas alternativas ou fazem uso delas, afirmou a dra. Eve Espey, chefe do departamento de ginecologia e obstetrícia da Universidade do Novo México. Uma pesquisa publicada no ano passado descobriu que só quatro por cento dos médicos formados nos Estados Unidos oferecem uma injeção de anestésico local, que foi considerada eficaz no alívio da dor, enquanto quase 80 por cento recomendam analgésicos que não necessitam de prescrição, como o ibuprofeno, que demonstraram ser menos eficazes.

Segundo Espey, isso pode estar associado ao fato de que, historicamente, existia pouca informação para respaldar o uso de alguns métodos de controle da dor, como um anestésico local. Além disso, há cerca de dez a 15 anos, a maioria das mulheres que usava DIU já tinha tido filho – e há provas de que elas sentem menos dor durante a inserção do dispositivo, acrescentou.

“Também é o caso de minimizar a dor das mulheres. Acredito que o menosprezo em relação a isso é algo comum. A dor delas merece credibilidade e deve ser aliviada”, disse o dr. Andrew Goldstein, ginecologista e especialista em dor pélvica.

À medida que novas pesquisas confirmam a eficácia de alguns métodos e pacientes bem informadas defendem os próprios interesses, alguns médicos estão começando a oferecer várias opções de alívio da dor para a inserção e até mesmo para a remoção do DIU – mudança que, na prática, começou a se intensificar “há cerca de três anos”, comentou a dra. Wu.

O CDC, cuja orientação atual é vagamente favorável ao uso de um anestésico local, está revisando dados recentemente publicados sobre o gerenciamento da dor para a inserção do DIU, e planeja atualizar as recomendações no próximo ano.

Um dos métodos de controle de natalidade mais eficientes é também conhecido pelo procedimento extremamente doloroso que exige para sua inserção. Foto: Sara Andreasson/The New York Times

Por que a inserção do DIU é tão dolorosa?

Para que esse dispositivo em formato de T possa ser inserido no útero, ele primeiro tem de passar pelo cérvix – ou colo uterino –, que conecta o órgão à vagina. Por possuir várias terminações nervosas que sinalizam a dor, “qualquer manipulação do colo pode ser bastante desconfortável”, de acordo com o dr. Goldstein. O canal interno do colo também fica “fisiologicamente fechado, por isso é necessário empurrar o dispositivo com bastante força” ou até mesmo usar um dilatador para que o DIU entre, explicou a dra. Espey, acrescentando que as mulheres que já tiveram filho apresentam maior probabilidade de ter um colo do útero um pouco mais aberto, o que explica por que elas sentem menos dor no procedimento – que dura cerca de três a quatro minutos.

Quais opções estão disponíveis para aliviar a dor?

Os médicos podem fornecer opções mais generalizadas ou direcionadas ao colo do útero. “Mas a percepção da dor é muito peculiar”, disse o dr. Goldstein, e o que funciona para uma mulher pode não ser adequado para outra.

Bloqueio paracervical

Nessa opção, a lidocaína é injetada em dois pontos diferentes próximos ao colo do útero, anestesiando a área. Em 2016, o CDC só encontrou provas limitadas de que esse procedimento poderia reduzir a dor causada pela inserção do DIU. Mas pesquisas mais recentes, incluindo estudos publicados em 2017 e 2019, sugerem que o método é eficiente durante o procedimento e depois dele, o que fez com que mais médicos passassem a utilizar essa alternativa com mais frequência, informou o dr. Goldstein. (Nos Estados Unidos, o bloqueio paracervical é geralmente coberto pelo plano de saúde.)

Por outro lado, segundo a dra. Espey, nem toda clínica está preparada para oferecer o bloqueio paracervical, e a injeção também pode dobrar o tempo necessário para a inserção do DIU. “Além disso, quando você explica o método, as pessoas não gostam muito da ideia, porque é mais uma agulha”, acrescentou.

Os médicos também podem oferecer um gel ou spray tópico de lidocaína, mas as provas de sua eficácia variam, explicou o dr. Goldstein. Alguns estudos sugerem que pode haver uma redução da dor causada pelo contato com o colo do útero durante o procedimento, mas que “não se compara ao alívio que o bloqueio paracervical proporciona”, completou ele.

Analgésicos

Essa categoria engloba uma ampla variedade de medicamentos que vão desde o Tylenol e o ibuprofeno até opioides fortes, como a Oxicodona. “Apesar de a maioria dos médicos indicar medicamentos de venda livre, agora temos estudos suficientes para saber que eles não funcionam. Sobre os opioides, as provas são limitadas, embora eles geralmente pareçam ser mais eficazes do que os remédios que não necessitam de prescrição médica”, comentou a dra. Espey.

Mas tenha em mente que qualquer uma dessas opções pode levar até uma hora para fazer efeito; portanto, se você for a uma clínica querendo colocar um DIU no mesmo dia, o uso do medicamento fará com que o procedimento leve mais tempo para ser efetuado.

Misoprostol

Durante muito tempo, acreditou-se que o misoprostol, medicamento utilizado para indução de aborto legal, aliviasse a dor da inserção do DIU por causar amolecimento do colo uterino, disse a dra. Espey. Mas as pesquisas não apoiam essa teoria e, embora na maioria dos casos o CDC contraindique sua administração, aproximadamente 15 por cento dos médicos ainda o utilizam em mulheres que nunca tiveram filho. Se um médico lhe sugerir isso, peça mais opções, aconselhou Goldstein.

The New York Times Licensing Group - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito do The New York Times

THE NEW YORK TIMES - LIFE/STYLE - O DIU, dispositivo intrauterino, é amplamente conhecido por seu processo de inserção extremamente doloroso, e poucos médicos oferecem soluções eficazes para contornar o problema. O medo da dor acaba agindo como uma barreira para expandir a adesão ao método, observou a dra. Lauren Zapata, pesquisadora de saúde pública da divisão de saúde reprodutiva do Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC, em inglês). Só que, apesar disso, as mulheres têm recorrido cada vez mais a essa forma de contracepção, segundo dados divulgados pelo CDC.

Aproximadamente 20 por cento das mulheres norte-americanas usaram DIU entre 2015 e 2019, aumento significativo em comparação a uma taxa de oito por cento entre 2006 e 2010. Mas, nas redes sociais, muitas estão compartilhando a experiência dolorosa de inserir o DIU e até a de removê-lo. Um estudo publicado em 2023, que analisou os cem principais vídeos com a hashtag #IUD (intrauterine device) no TikTok, descobriu que, entre os que mostravam a experiência de uma paciente, quase todos – 97 por cento – destacavam a dor do procedimento e outros efeitos colaterais negativos.

“Em geral, sempre recomendo o DIU, mas notei que muitas das minhas pacientes mais jovens, da Geração Z, simplesmente não querem usá-lo”, disse a dra. Jenny Wu, autora do estudo do TikTok e residente do terceiro ano em ginecologia e obstetrícia da Escola de Medicina da Universidade Duke. Outro relatório do CDC constatou que só seis por cento das adolescentes usaram DIU, tornando-o um dos métodos contraceptivos menos prevalentes para esse grupo etário.

Existem algumas opções eficazes para contornar a dor durante a inserção do DIU, mas os médicos raramente discutem essas alternativas ou fazem uso delas, afirmou a dra. Eve Espey, chefe do departamento de ginecologia e obstetrícia da Universidade do Novo México. Uma pesquisa publicada no ano passado descobriu que só quatro por cento dos médicos formados nos Estados Unidos oferecem uma injeção de anestésico local, que foi considerada eficaz no alívio da dor, enquanto quase 80 por cento recomendam analgésicos que não necessitam de prescrição, como o ibuprofeno, que demonstraram ser menos eficazes.

Segundo Espey, isso pode estar associado ao fato de que, historicamente, existia pouca informação para respaldar o uso de alguns métodos de controle da dor, como um anestésico local. Além disso, há cerca de dez a 15 anos, a maioria das mulheres que usava DIU já tinha tido filho – e há provas de que elas sentem menos dor durante a inserção do dispositivo, acrescentou.

“Também é o caso de minimizar a dor das mulheres. Acredito que o menosprezo em relação a isso é algo comum. A dor delas merece credibilidade e deve ser aliviada”, disse o dr. Andrew Goldstein, ginecologista e especialista em dor pélvica.

À medida que novas pesquisas confirmam a eficácia de alguns métodos e pacientes bem informadas defendem os próprios interesses, alguns médicos estão começando a oferecer várias opções de alívio da dor para a inserção e até mesmo para a remoção do DIU – mudança que, na prática, começou a se intensificar “há cerca de três anos”, comentou a dra. Wu.

O CDC, cuja orientação atual é vagamente favorável ao uso de um anestésico local, está revisando dados recentemente publicados sobre o gerenciamento da dor para a inserção do DIU, e planeja atualizar as recomendações no próximo ano.

Um dos métodos de controle de natalidade mais eficientes é também conhecido pelo procedimento extremamente doloroso que exige para sua inserção. Foto: Sara Andreasson/The New York Times

Por que a inserção do DIU é tão dolorosa?

Para que esse dispositivo em formato de T possa ser inserido no útero, ele primeiro tem de passar pelo cérvix – ou colo uterino –, que conecta o órgão à vagina. Por possuir várias terminações nervosas que sinalizam a dor, “qualquer manipulação do colo pode ser bastante desconfortável”, de acordo com o dr. Goldstein. O canal interno do colo também fica “fisiologicamente fechado, por isso é necessário empurrar o dispositivo com bastante força” ou até mesmo usar um dilatador para que o DIU entre, explicou a dra. Espey, acrescentando que as mulheres que já tiveram filho apresentam maior probabilidade de ter um colo do útero um pouco mais aberto, o que explica por que elas sentem menos dor no procedimento – que dura cerca de três a quatro minutos.

Quais opções estão disponíveis para aliviar a dor?

Os médicos podem fornecer opções mais generalizadas ou direcionadas ao colo do útero. “Mas a percepção da dor é muito peculiar”, disse o dr. Goldstein, e o que funciona para uma mulher pode não ser adequado para outra.

Bloqueio paracervical

Nessa opção, a lidocaína é injetada em dois pontos diferentes próximos ao colo do útero, anestesiando a área. Em 2016, o CDC só encontrou provas limitadas de que esse procedimento poderia reduzir a dor causada pela inserção do DIU. Mas pesquisas mais recentes, incluindo estudos publicados em 2017 e 2019, sugerem que o método é eficiente durante o procedimento e depois dele, o que fez com que mais médicos passassem a utilizar essa alternativa com mais frequência, informou o dr. Goldstein. (Nos Estados Unidos, o bloqueio paracervical é geralmente coberto pelo plano de saúde.)

Por outro lado, segundo a dra. Espey, nem toda clínica está preparada para oferecer o bloqueio paracervical, e a injeção também pode dobrar o tempo necessário para a inserção do DIU. “Além disso, quando você explica o método, as pessoas não gostam muito da ideia, porque é mais uma agulha”, acrescentou.

Os médicos também podem oferecer um gel ou spray tópico de lidocaína, mas as provas de sua eficácia variam, explicou o dr. Goldstein. Alguns estudos sugerem que pode haver uma redução da dor causada pelo contato com o colo do útero durante o procedimento, mas que “não se compara ao alívio que o bloqueio paracervical proporciona”, completou ele.

Analgésicos

Essa categoria engloba uma ampla variedade de medicamentos que vão desde o Tylenol e o ibuprofeno até opioides fortes, como a Oxicodona. “Apesar de a maioria dos médicos indicar medicamentos de venda livre, agora temos estudos suficientes para saber que eles não funcionam. Sobre os opioides, as provas são limitadas, embora eles geralmente pareçam ser mais eficazes do que os remédios que não necessitam de prescrição médica”, comentou a dra. Espey.

Mas tenha em mente que qualquer uma dessas opções pode levar até uma hora para fazer efeito; portanto, se você for a uma clínica querendo colocar um DIU no mesmo dia, o uso do medicamento fará com que o procedimento leve mais tempo para ser efetuado.

Misoprostol

Durante muito tempo, acreditou-se que o misoprostol, medicamento utilizado para indução de aborto legal, aliviasse a dor da inserção do DIU por causar amolecimento do colo uterino, disse a dra. Espey. Mas as pesquisas não apoiam essa teoria e, embora na maioria dos casos o CDC contraindique sua administração, aproximadamente 15 por cento dos médicos ainda o utilizam em mulheres que nunca tiveram filho. Se um médico lhe sugerir isso, peça mais opções, aconselhou Goldstein.

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