Com pop animado, dupla britânica Let’s Eat Grandma aborda temas profundos em novo disco


Amigas de infância, Rosa Walton e Jenny Hollingworth se reinventam após uma crise que quase afastou as duas

Por Dani Blum

THE NEW YORK TIMES - LIFE/STYLE - A banda Let’s Eat Grandma passou parte do outono de 2019 em uma série de Airbnbs à beira-mar na costa de Norwich, na Inglaterra. A cidade era tão pequena que era impossível encontrar uma loja que vendesse toalhas de banho, de modo que a dupla suportou um período de cinco dias compartilhando o mesmo pano de prato que usava para secar a louça. Foi ali que Rosa Walton tocou para sua colega de banda e melhor amiga Jenny Hollingworth a música que poderia ter acabado com o grupo.

Rosa Walton (esq.) e Jenny Hollingworth, integrantes da banda Let's Eat Grandma.  Foto: Max Miechowski/The New York Times

Walton escrevera a faixa um ano antes, quando as duas estavam se preparando para uma turnê pela Inglaterra como o efervescente grupo britânico de electro-pop psicodélico Let’s Eat Grandma. (O nome é uma piada gramatical extraída do livro de pontuação Eats, Shoots & Leaves, brincadeira com uma pitada de horror.) Seu segundo álbum, I’m All Ears, tinha acabado de trazer um novo nível de reconhecimento da banda na Inglaterra e nos Estados Unidos, além de uma vaga no festival de Coachella. Mas, no dia a dia, Hollingworth e Walton estavam em conflito. “Você acaba agindo de forma ainda mais estranha porque se esforça demais para agir normalmente”, disse Walton. Em Two Ribbons, seu novo álbum, a dupla confronta a distância surgida entre elas com dolorosa acuidade, ao som de uma série de sintetizadores caleidoscópicos e batidas pop cintilantes.

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Hollingworth e Walton não são apenas companheiras de banda; as duas são inseparáveis desde o jardim de infância, quando Walton foi até Hollingworth, que estava desenhando um caracol laranja, e perguntou: “Você quer ser minha amiga?” Aos 13 anos, as duas estavam se apresentando como uma banda, marcando shows em Norwich. Sua estreia, I, Gemini, de 2016, foi um disco frenético de pop distorcido e agitado; as faixas tinham títulos como Eat Shiitake Mushrooms e Chocolate Sludge Cake. As vozes eram tão inocentemente infantis que as pessoas perguntavam se elas tinham aumentado o pitch dos vocais. Nos videoclipes, elas se apresentavam como gêmeas, com cabeleiras emaranhadas e vestidos brancos combinando.

Mas, durante os ensaios da dupla - tão acostumada a se confundir e se comunicar com uma facilidade e intensidade que beiravam a telepatia - para a turnê do segundo álbum, uma não conseguia mais terminar as frases da outra.

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Ao longo da tensa turnê de I’m All Ears, Walton juntou os versos de Insect Loop, a música crua que ela acreditava que poderia ameaçar completamente o vínculo delas. “Você nunca percebeu”, ela canta na faixa sobre o vigoroso dedilhar da guitarra que quebra entre riffs tristes. “Mergulhe minha cabeça na banheira e grite debaixo d’água / Porque talvez eu tenha pensado que você não se importava”.

Essa é a versão atenuada, informaram Walton e Hollingworth em uma videochamada recente. Walton estava empoleirada em uma cadeira no escritório da gravadora em Londres, enquanto Hollingworth, que entrou na chamada com o nome “cool dog”, estava em seu quarto em Norwich, onde os pôsteres neon que vinham com um álbum do grupo My Bloody Valentine enfeitavam as paredes roxas fluorescentes. Ao longo de uma hora e meia de conversa, elas riram enquanto conversavam entre si, gesticulando freneticamente para deixar a outra falar primeiro.

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Elas contaram que começaram a se distanciar à medida que se ajustavam às ansiedades da fama nascente e saíam da rotina que havia ancorado sua amizade nos primeiros anos.

Ambas não decidiram começar a escrever sobre a lacuna que estava crescendo entre elas - as músicas simplesmente surgiram. Isso não tornou mais fácil compartilhá-las.

Quando Hollingworth ouviu Insect Loop pela primeira vez, ficou surpresa com o fato de que cada verso soava raivoso. “Rosa estava só se expressando, porque tenho certeza de que fiz coisas dolorosas na época. Foi uma verdadeira bagunça, e essa é só uma música”, comentou Hollingworth com uma risada, enquanto a luz de uma janela próxima caía sobre a linha impetuosa de sua franja.

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Em vez de uma reconciliação dramática, ela e Walton costuraram sua amizade em tempo real enquanto gravavam. “O processo de composição e o de gravação nos levaram a trabalhar com essas fendas gradualmente. Tivemos de confrontar esses sentimentos constantemente por meio das músicas”, revelou Hollingworth.

Walton e Hollingworth tentaram construir o álbum a tempo de descomprimir e reparar seu relacionamento. À noite, nos Airbnbs, faziam macarrão ao pesto e assistiam a Euphoria; durante o dia, sentavam-se perto das ondas e dedilhavam Insect Loop. Elas se deram espaço, pela primeira vez na carreira, para escrever separadamente. Cada vez que uma delas tocava uma música para a outra, acabavam falando da angústia e da ansiedade subjacentes.

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Além da distância entre as duas, havia outros problemas sérios. “Estamos ficando antigas”, disse Walton sobre o rápido amadurecimento forçado do grupo. Em março de 2019, o namorado de Hollingworth, o músico eletrônico Billy Clayton, morreu de uma forma rara de câncer ósseo. Hollingworth descreve a raiva e o desespero de sua luta com o tratamento na nova faixa Watching You Go - “Não estou desperdiçando isso”, ela chora sobre uma constelação de sintetizadores. A Let’s Eat Grandma cancelou sua turnê nos EUA, exceto a apresentação no Festival Coachella, que foi promovido em abril daquele ano como uma homenagem a Clayton.

Além de Clayton, em janeiro de 2021 elas perderam Sophie, produtora arrojada que as ensinou a juntar a criar um pop contorcionista e cheio de arestas. “Ainda é cedo para ver o tamanho de sua influência, porque ainda estamos muito perto disso tudo”, afirmou Hollingworth.

Em janeiro, a Let’s Eat Grandma fez os primeiros shows em anos, em Londres, e ficou emocionada e aterrorizada ao ver que o público conhecia as letras de faixas tão íntimas e escaldantes. “Acho que nunca estive mais nervosa na minha vida”, confessou Hollingworth. Nos vídeos da apresentação, as integrantes da banda atravessam o palco e se abraçam. Quando tocam a faixa-título de Two Ribbons, Hollingworth segura o microfone com as duas mãos e continua olhando para Walton, curvada sobre a guitarra sob a luz amarela. “Só quero ser sua melhor amiga, como sempre fui”, canta Hollingworth, a voz trêmula.

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The New York Times Licensing Group - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito do The New York Times

THE NEW YORK TIMES - LIFE/STYLE - A banda Let’s Eat Grandma passou parte do outono de 2019 em uma série de Airbnbs à beira-mar na costa de Norwich, na Inglaterra. A cidade era tão pequena que era impossível encontrar uma loja que vendesse toalhas de banho, de modo que a dupla suportou um período de cinco dias compartilhando o mesmo pano de prato que usava para secar a louça. Foi ali que Rosa Walton tocou para sua colega de banda e melhor amiga Jenny Hollingworth a música que poderia ter acabado com o grupo.

Rosa Walton (esq.) e Jenny Hollingworth, integrantes da banda Let's Eat Grandma.  Foto: Max Miechowski/The New York Times

Walton escrevera a faixa um ano antes, quando as duas estavam se preparando para uma turnê pela Inglaterra como o efervescente grupo britânico de electro-pop psicodélico Let’s Eat Grandma. (O nome é uma piada gramatical extraída do livro de pontuação Eats, Shoots & Leaves, brincadeira com uma pitada de horror.) Seu segundo álbum, I’m All Ears, tinha acabado de trazer um novo nível de reconhecimento da banda na Inglaterra e nos Estados Unidos, além de uma vaga no festival de Coachella. Mas, no dia a dia, Hollingworth e Walton estavam em conflito. “Você acaba agindo de forma ainda mais estranha porque se esforça demais para agir normalmente”, disse Walton. Em Two Ribbons, seu novo álbum, a dupla confronta a distância surgida entre elas com dolorosa acuidade, ao som de uma série de sintetizadores caleidoscópicos e batidas pop cintilantes.

Hollingworth e Walton não são apenas companheiras de banda; as duas são inseparáveis desde o jardim de infância, quando Walton foi até Hollingworth, que estava desenhando um caracol laranja, e perguntou: “Você quer ser minha amiga?” Aos 13 anos, as duas estavam se apresentando como uma banda, marcando shows em Norwich. Sua estreia, I, Gemini, de 2016, foi um disco frenético de pop distorcido e agitado; as faixas tinham títulos como Eat Shiitake Mushrooms e Chocolate Sludge Cake. As vozes eram tão inocentemente infantis que as pessoas perguntavam se elas tinham aumentado o pitch dos vocais. Nos videoclipes, elas se apresentavam como gêmeas, com cabeleiras emaranhadas e vestidos brancos combinando.

Mas, durante os ensaios da dupla - tão acostumada a se confundir e se comunicar com uma facilidade e intensidade que beiravam a telepatia - para a turnê do segundo álbum, uma não conseguia mais terminar as frases da outra.

Ao longo da tensa turnê de I’m All Ears, Walton juntou os versos de Insect Loop, a música crua que ela acreditava que poderia ameaçar completamente o vínculo delas. “Você nunca percebeu”, ela canta na faixa sobre o vigoroso dedilhar da guitarra que quebra entre riffs tristes. “Mergulhe minha cabeça na banheira e grite debaixo d’água / Porque talvez eu tenha pensado que você não se importava”.

Essa é a versão atenuada, informaram Walton e Hollingworth em uma videochamada recente. Walton estava empoleirada em uma cadeira no escritório da gravadora em Londres, enquanto Hollingworth, que entrou na chamada com o nome “cool dog”, estava em seu quarto em Norwich, onde os pôsteres neon que vinham com um álbum do grupo My Bloody Valentine enfeitavam as paredes roxas fluorescentes. Ao longo de uma hora e meia de conversa, elas riram enquanto conversavam entre si, gesticulando freneticamente para deixar a outra falar primeiro.

Elas contaram que começaram a se distanciar à medida que se ajustavam às ansiedades da fama nascente e saíam da rotina que havia ancorado sua amizade nos primeiros anos.

Ambas não decidiram começar a escrever sobre a lacuna que estava crescendo entre elas - as músicas simplesmente surgiram. Isso não tornou mais fácil compartilhá-las.

Quando Hollingworth ouviu Insect Loop pela primeira vez, ficou surpresa com o fato de que cada verso soava raivoso. “Rosa estava só se expressando, porque tenho certeza de que fiz coisas dolorosas na época. Foi uma verdadeira bagunça, e essa é só uma música”, comentou Hollingworth com uma risada, enquanto a luz de uma janela próxima caía sobre a linha impetuosa de sua franja.

Em vez de uma reconciliação dramática, ela e Walton costuraram sua amizade em tempo real enquanto gravavam. “O processo de composição e o de gravação nos levaram a trabalhar com essas fendas gradualmente. Tivemos de confrontar esses sentimentos constantemente por meio das músicas”, revelou Hollingworth.

Walton e Hollingworth tentaram construir o álbum a tempo de descomprimir e reparar seu relacionamento. À noite, nos Airbnbs, faziam macarrão ao pesto e assistiam a Euphoria; durante o dia, sentavam-se perto das ondas e dedilhavam Insect Loop. Elas se deram espaço, pela primeira vez na carreira, para escrever separadamente. Cada vez que uma delas tocava uma música para a outra, acabavam falando da angústia e da ansiedade subjacentes.

Além da distância entre as duas, havia outros problemas sérios. “Estamos ficando antigas”, disse Walton sobre o rápido amadurecimento forçado do grupo. Em março de 2019, o namorado de Hollingworth, o músico eletrônico Billy Clayton, morreu de uma forma rara de câncer ósseo. Hollingworth descreve a raiva e o desespero de sua luta com o tratamento na nova faixa Watching You Go - “Não estou desperdiçando isso”, ela chora sobre uma constelação de sintetizadores. A Let’s Eat Grandma cancelou sua turnê nos EUA, exceto a apresentação no Festival Coachella, que foi promovido em abril daquele ano como uma homenagem a Clayton.

Além de Clayton, em janeiro de 2021 elas perderam Sophie, produtora arrojada que as ensinou a juntar a criar um pop contorcionista e cheio de arestas. “Ainda é cedo para ver o tamanho de sua influência, porque ainda estamos muito perto disso tudo”, afirmou Hollingworth.

Em janeiro, a Let’s Eat Grandma fez os primeiros shows em anos, em Londres, e ficou emocionada e aterrorizada ao ver que o público conhecia as letras de faixas tão íntimas e escaldantes. “Acho que nunca estive mais nervosa na minha vida”, confessou Hollingworth. Nos vídeos da apresentação, as integrantes da banda atravessam o palco e se abraçam. Quando tocam a faixa-título de Two Ribbons, Hollingworth segura o microfone com as duas mãos e continua olhando para Walton, curvada sobre a guitarra sob a luz amarela. “Só quero ser sua melhor amiga, como sempre fui”, canta Hollingworth, a voz trêmula.

The New York Times Licensing Group - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito do The New York Times

THE NEW YORK TIMES - LIFE/STYLE - A banda Let’s Eat Grandma passou parte do outono de 2019 em uma série de Airbnbs à beira-mar na costa de Norwich, na Inglaterra. A cidade era tão pequena que era impossível encontrar uma loja que vendesse toalhas de banho, de modo que a dupla suportou um período de cinco dias compartilhando o mesmo pano de prato que usava para secar a louça. Foi ali que Rosa Walton tocou para sua colega de banda e melhor amiga Jenny Hollingworth a música que poderia ter acabado com o grupo.

Rosa Walton (esq.) e Jenny Hollingworth, integrantes da banda Let's Eat Grandma.  Foto: Max Miechowski/The New York Times

Walton escrevera a faixa um ano antes, quando as duas estavam se preparando para uma turnê pela Inglaterra como o efervescente grupo britânico de electro-pop psicodélico Let’s Eat Grandma. (O nome é uma piada gramatical extraída do livro de pontuação Eats, Shoots & Leaves, brincadeira com uma pitada de horror.) Seu segundo álbum, I’m All Ears, tinha acabado de trazer um novo nível de reconhecimento da banda na Inglaterra e nos Estados Unidos, além de uma vaga no festival de Coachella. Mas, no dia a dia, Hollingworth e Walton estavam em conflito. “Você acaba agindo de forma ainda mais estranha porque se esforça demais para agir normalmente”, disse Walton. Em Two Ribbons, seu novo álbum, a dupla confronta a distância surgida entre elas com dolorosa acuidade, ao som de uma série de sintetizadores caleidoscópicos e batidas pop cintilantes.

Hollingworth e Walton não são apenas companheiras de banda; as duas são inseparáveis desde o jardim de infância, quando Walton foi até Hollingworth, que estava desenhando um caracol laranja, e perguntou: “Você quer ser minha amiga?” Aos 13 anos, as duas estavam se apresentando como uma banda, marcando shows em Norwich. Sua estreia, I, Gemini, de 2016, foi um disco frenético de pop distorcido e agitado; as faixas tinham títulos como Eat Shiitake Mushrooms e Chocolate Sludge Cake. As vozes eram tão inocentemente infantis que as pessoas perguntavam se elas tinham aumentado o pitch dos vocais. Nos videoclipes, elas se apresentavam como gêmeas, com cabeleiras emaranhadas e vestidos brancos combinando.

Mas, durante os ensaios da dupla - tão acostumada a se confundir e se comunicar com uma facilidade e intensidade que beiravam a telepatia - para a turnê do segundo álbum, uma não conseguia mais terminar as frases da outra.

Ao longo da tensa turnê de I’m All Ears, Walton juntou os versos de Insect Loop, a música crua que ela acreditava que poderia ameaçar completamente o vínculo delas. “Você nunca percebeu”, ela canta na faixa sobre o vigoroso dedilhar da guitarra que quebra entre riffs tristes. “Mergulhe minha cabeça na banheira e grite debaixo d’água / Porque talvez eu tenha pensado que você não se importava”.

Essa é a versão atenuada, informaram Walton e Hollingworth em uma videochamada recente. Walton estava empoleirada em uma cadeira no escritório da gravadora em Londres, enquanto Hollingworth, que entrou na chamada com o nome “cool dog”, estava em seu quarto em Norwich, onde os pôsteres neon que vinham com um álbum do grupo My Bloody Valentine enfeitavam as paredes roxas fluorescentes. Ao longo de uma hora e meia de conversa, elas riram enquanto conversavam entre si, gesticulando freneticamente para deixar a outra falar primeiro.

Elas contaram que começaram a se distanciar à medida que se ajustavam às ansiedades da fama nascente e saíam da rotina que havia ancorado sua amizade nos primeiros anos.

Ambas não decidiram começar a escrever sobre a lacuna que estava crescendo entre elas - as músicas simplesmente surgiram. Isso não tornou mais fácil compartilhá-las.

Quando Hollingworth ouviu Insect Loop pela primeira vez, ficou surpresa com o fato de que cada verso soava raivoso. “Rosa estava só se expressando, porque tenho certeza de que fiz coisas dolorosas na época. Foi uma verdadeira bagunça, e essa é só uma música”, comentou Hollingworth com uma risada, enquanto a luz de uma janela próxima caía sobre a linha impetuosa de sua franja.

Em vez de uma reconciliação dramática, ela e Walton costuraram sua amizade em tempo real enquanto gravavam. “O processo de composição e o de gravação nos levaram a trabalhar com essas fendas gradualmente. Tivemos de confrontar esses sentimentos constantemente por meio das músicas”, revelou Hollingworth.

Walton e Hollingworth tentaram construir o álbum a tempo de descomprimir e reparar seu relacionamento. À noite, nos Airbnbs, faziam macarrão ao pesto e assistiam a Euphoria; durante o dia, sentavam-se perto das ondas e dedilhavam Insect Loop. Elas se deram espaço, pela primeira vez na carreira, para escrever separadamente. Cada vez que uma delas tocava uma música para a outra, acabavam falando da angústia e da ansiedade subjacentes.

Além da distância entre as duas, havia outros problemas sérios. “Estamos ficando antigas”, disse Walton sobre o rápido amadurecimento forçado do grupo. Em março de 2019, o namorado de Hollingworth, o músico eletrônico Billy Clayton, morreu de uma forma rara de câncer ósseo. Hollingworth descreve a raiva e o desespero de sua luta com o tratamento na nova faixa Watching You Go - “Não estou desperdiçando isso”, ela chora sobre uma constelação de sintetizadores. A Let’s Eat Grandma cancelou sua turnê nos EUA, exceto a apresentação no Festival Coachella, que foi promovido em abril daquele ano como uma homenagem a Clayton.

Além de Clayton, em janeiro de 2021 elas perderam Sophie, produtora arrojada que as ensinou a juntar a criar um pop contorcionista e cheio de arestas. “Ainda é cedo para ver o tamanho de sua influência, porque ainda estamos muito perto disso tudo”, afirmou Hollingworth.

Em janeiro, a Let’s Eat Grandma fez os primeiros shows em anos, em Londres, e ficou emocionada e aterrorizada ao ver que o público conhecia as letras de faixas tão íntimas e escaldantes. “Acho que nunca estive mais nervosa na minha vida”, confessou Hollingworth. Nos vídeos da apresentação, as integrantes da banda atravessam o palco e se abraçam. Quando tocam a faixa-título de Two Ribbons, Hollingworth segura o microfone com as duas mãos e continua olhando para Walton, curvada sobre a guitarra sob a luz amarela. “Só quero ser sua melhor amiga, como sempre fui”, canta Hollingworth, a voz trêmula.

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