Como e por que ativistas de direitos animais voltaram a invadir passarelas


Desfiles de moda voltaram a ser alvos de grupos que lutam contra uso de animais no mundo da moda; integrantes da Peta contam como o processo acontece

Por Jessica Testa

THE NEW YORK TIMES - LIFE/STYLE - Uma jovem se agachou na grama alta, esperando o momento de atacar.

Só quando sete modelos passaram por seu esconderijo é que ela emergiu, dando um grande passo sobre a grama e entrando na passarela. Usando vestido preto, delineador e anel de septo, ela interrompeu uma sequência de modelos vestidas com roupas totalmente marrons com detalhes em couro.

Uma mainfestante da Peta entra no desfile da Coach com cartaz que diz: 'Coach: couro mata'. Foto: Angela Weiss/AFP
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A manifestante ergueu uma placa acima de sua cabeça. Dizia, em inglês e em francês: “Hermès: Abandone as peles exóticas”

A Peta tinha acabado de invadir outro desfile - o quarto em quatro semanas. A Peta (Pessoas pelo Tratamento Ético dos Animais), a organização de direitos dos animais, escolheu um desfile em cada grande cidade da moda para interromper ao longo de setembro: da Coach em Nova York, da Burberry em Londres e da Gucci em Milão.

Em Paris, a Peta escolheu a Hermès, uma marca alvo de seus protestos contra o uso de peles exóticas há pelo menos uma década, inclusive através de manifestações do lado de fora de suas lojas e da compra de ações da empresa. (A Hermès não respondeu aos pedidos de comentário para este artigo, embora no passado a empresa tenha dito que emprega “os mais altos padrões no tratamento ético de crocodilos”).

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Ao longo dos anos 2000, a Peta tornou-se conhecida por suas táticas chamativas durante a semana da moda - não apenas invadindo desfiles, mas também jogando tortas em Anna Wintour. Mas nos anos desde que ajudou a vencer a guerra às peles, a organização inclinou-se mais para a diplomacia corporativa.

“Para ser honesta, já faz algum tempo”, disse Rachna Shah, sócia e diretora-gerente da KCD, uma importante empresa de relações públicas da moda que, entre outras coisas, gerencia o acesso às portas para convidados em desfiles. (A KCD não estava envolvida no desfile da Hermès, mas quando uma manifestante da Peta empunhando uma placa invadiu a passarela da Coach no início de setembro, foi um funcionário da KCD quem a retirou.)

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“Acho que a guarda de todos estava um pouco baixa”, disse Shah. Antes desta temporada, a última grande perturbação ativista aconteceu em outubro de 2021, quando o grupo climático Extinction Rebellion invadiu o desfile da Louis Vuitton no Louvre.

Nesta temporada, a Peta regressou às suas raízes mais combativas, confrontando especificamente as empresas de moda que, segundo ela, não responderam suficientemente às investigações de seus ativistas.

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“Se as marcas não querem ouvir os gritos dos animais, então são necessárias medidas drásticas”, disse Natasha Garnier, ativista em Lyon, França.

Sentada em um café vegano em Paris, um dia antes do desfile da Hermès, Garnier classificou a invasão como “último recurso”. Ela já havia recebido conselhos de um dos dois invasores do desfile da Coach (“Finja que está feliz por estar lá”, ela disse), e sabia o que vestiria - um minivestido preto com zíper na frente, apertado com um cinto dourado.

“É estressante”, disse ela. “Mas quando penso no que os animais devem passar, o sofrimento deles é o meu combustível.”

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Naquele dia, outra ativista da Peta chamada Teodora Zglimbea estava fazendo um “recce”, ou reconhecimento, inspecionando o local do desfile da Hermès: a Garde Républicaine, um edifício da Guarda Nacional Francesa. A marca estava planejando uma passarela que lembrasse um prado interno sinuoso, ela descobriu enquanto caminhava pelo espaço, segurando uma xícara de café descartada que a ajudou a parecer mais oficial, disse ela.

A Peta relutou em revelar como consegue entrar nos desfiles de moda. Mas Zglimbea, responsável pelo “recce” e pelas filmagens do protesto no dia seguinte, usava uma pulseira dada aos membros da equipe de produção com acesso aos bastidores.

Muitas vezes, os nomes dessas pessoas aparecem em uma lista gerenciada por um segurança afixada na porta dos bastidores. O nome de Zglimbea não constava dessa lista, disse ela. Mas as listas podem ser flexíveis, e entrar furtivamente nos desfiles é uma tradição da semana da moda. (Na semana anterior ao desfile, surgiram rumores sobre um mercado negro de convites.)

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Em mais um protesto contra o uso de animais, manifestante invadiu desfile da Gucci com cartaz: 'Gucci : pare de usar peles exóticas'. Foto: Gabriel Bouys/AFP

O desfile da Hermès estava programado para começar às 14h30 em um sábado. Às 13h40, Zglimbea já havia passado por um portão de segurança, fumando um cigarro e esperando a chegada de seus colegas. O plano havia mudado ligeiramente. Foi mais difícil entrar do que o grupo esperava. (Afinal, este era um edifício militar francês.) Uma jovem voluntária da Peta chamada Claudia, que também conseguiu adquirir uma pulseira, substituiria Garnier como a invasora da passarela.

Zglimbea e Claudia - a Peta não informou seu sobrenome - se encontraram em um banheiro e depois se juntaram à multidão dentro do espaço do desfile, se misturando, tirando fotos e encontrando locais longe de qualquer agente de segurança.

“Ninguém pensou que alguém pularia sobre a grama, então foi perfeito”, disse Zglimbea, que gastou 20 euros (cerca de R$ 100) em sandálias pretas lisas de salto alto para a ocasião, acreditando que a maioria de seus sapatos eram casuais demais para serem usados de forma convincente como convidada de um desfile de moda.

Uma vez na passarela, Claudia caminhou livremente por cerca de 15 segundos, girando algumas vezes para exibir seu cartaz - embora, graças à configuração incomum do desfile, muitos convidados não percebessem sua presença - antes que um funcionário a agarrasse pela cintura. Bryan Yambao, ou Bryanboy, editor da revista Perfect, pulou da cadeira para arrancar a placa das mãos dela. (“Eu amo a Hermès”, ele postou mais tarde no X, anteriormente conhecido como Twitter.)

Quando o desfile terminou, Zglimbea, que permaneceu sentada durante todo o tempo, atravessou a rua até um café, ponto de encontro pós-desfile da Peta.

Às vezes, os manifestantes da Peta são imediatamente jogados nas calçadas da cidade, disse ela, enquanto outras vezes são detidos para serem interrogados pelos seguranças. Mais de uma hora se passou antes que Claudia reaparecesse. Segundo Zglimbea, ela foi levada para uma delegacia de polícia, onde foi interrogada, mas não foi presa ou acusada.

Enquanto isso, a Peta e vários participantes compartilharam vídeos do protesto nas redes sociais. Esses clipes curtos geralmente viralizam, disse Luke Meagher, que dirige a popular conta de comentários de moda no Instagram, Haute Le Mode.

“Há um grupo de pessoas que adora moda, mas ao mesmo tempo pensa genuinamente que o couro é ruim e a lã merino é terrível”, disse Meagher. Quando ele postou um vídeo da manifestante no desfile da Coach, “houve alguns comentários como: ‘Essa foi a melhor caminhada na passarela’”. Os entusiastas da moda se perguntaram qual marca seria o próximo alvo.

Dentro dos desfiles, as reações têm sido mais discretas. Algumas pessoas gravam a cena em seus telefones, mas muitos editores e executivos fingem que não está acontecendo nada, por deferência aos designers ou pelo desejo de não dar atenção aos ativistas.

“Dentro da sala, parece que todo mundo fica tenso”, disse Meagher. “Evitam olhar.”

A Hermès não foi o único alvo da Peta na Paris Fashion Week. Dias depois do desfile, a organização publicou um vídeo de Jeremstar, um influenciador francês, sendo arrastado pela polícia do lado de fora do desfile da Louis Vuitton. Ele estava vestido como uma cobra esfolada. /TRADUÇÃO LÍVIA BUELONI GONÇALVES

The New York Times Licensing Group - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito do The New York Times

THE NEW YORK TIMES - LIFE/STYLE - Uma jovem se agachou na grama alta, esperando o momento de atacar.

Só quando sete modelos passaram por seu esconderijo é que ela emergiu, dando um grande passo sobre a grama e entrando na passarela. Usando vestido preto, delineador e anel de septo, ela interrompeu uma sequência de modelos vestidas com roupas totalmente marrons com detalhes em couro.

Uma mainfestante da Peta entra no desfile da Coach com cartaz que diz: 'Coach: couro mata'. Foto: Angela Weiss/AFP

A manifestante ergueu uma placa acima de sua cabeça. Dizia, em inglês e em francês: “Hermès: Abandone as peles exóticas”

A Peta tinha acabado de invadir outro desfile - o quarto em quatro semanas. A Peta (Pessoas pelo Tratamento Ético dos Animais), a organização de direitos dos animais, escolheu um desfile em cada grande cidade da moda para interromper ao longo de setembro: da Coach em Nova York, da Burberry em Londres e da Gucci em Milão.

Em Paris, a Peta escolheu a Hermès, uma marca alvo de seus protestos contra o uso de peles exóticas há pelo menos uma década, inclusive através de manifestações do lado de fora de suas lojas e da compra de ações da empresa. (A Hermès não respondeu aos pedidos de comentário para este artigo, embora no passado a empresa tenha dito que emprega “os mais altos padrões no tratamento ético de crocodilos”).

Ao longo dos anos 2000, a Peta tornou-se conhecida por suas táticas chamativas durante a semana da moda - não apenas invadindo desfiles, mas também jogando tortas em Anna Wintour. Mas nos anos desde que ajudou a vencer a guerra às peles, a organização inclinou-se mais para a diplomacia corporativa.

“Para ser honesta, já faz algum tempo”, disse Rachna Shah, sócia e diretora-gerente da KCD, uma importante empresa de relações públicas da moda que, entre outras coisas, gerencia o acesso às portas para convidados em desfiles. (A KCD não estava envolvida no desfile da Hermès, mas quando uma manifestante da Peta empunhando uma placa invadiu a passarela da Coach no início de setembro, foi um funcionário da KCD quem a retirou.)

“Acho que a guarda de todos estava um pouco baixa”, disse Shah. Antes desta temporada, a última grande perturbação ativista aconteceu em outubro de 2021, quando o grupo climático Extinction Rebellion invadiu o desfile da Louis Vuitton no Louvre.

Nesta temporada, a Peta regressou às suas raízes mais combativas, confrontando especificamente as empresas de moda que, segundo ela, não responderam suficientemente às investigações de seus ativistas.

“Se as marcas não querem ouvir os gritos dos animais, então são necessárias medidas drásticas”, disse Natasha Garnier, ativista em Lyon, França.

Sentada em um café vegano em Paris, um dia antes do desfile da Hermès, Garnier classificou a invasão como “último recurso”. Ela já havia recebido conselhos de um dos dois invasores do desfile da Coach (“Finja que está feliz por estar lá”, ela disse), e sabia o que vestiria - um minivestido preto com zíper na frente, apertado com um cinto dourado.

“É estressante”, disse ela. “Mas quando penso no que os animais devem passar, o sofrimento deles é o meu combustível.”

Naquele dia, outra ativista da Peta chamada Teodora Zglimbea estava fazendo um “recce”, ou reconhecimento, inspecionando o local do desfile da Hermès: a Garde Républicaine, um edifício da Guarda Nacional Francesa. A marca estava planejando uma passarela que lembrasse um prado interno sinuoso, ela descobriu enquanto caminhava pelo espaço, segurando uma xícara de café descartada que a ajudou a parecer mais oficial, disse ela.

A Peta relutou em revelar como consegue entrar nos desfiles de moda. Mas Zglimbea, responsável pelo “recce” e pelas filmagens do protesto no dia seguinte, usava uma pulseira dada aos membros da equipe de produção com acesso aos bastidores.

Muitas vezes, os nomes dessas pessoas aparecem em uma lista gerenciada por um segurança afixada na porta dos bastidores. O nome de Zglimbea não constava dessa lista, disse ela. Mas as listas podem ser flexíveis, e entrar furtivamente nos desfiles é uma tradição da semana da moda. (Na semana anterior ao desfile, surgiram rumores sobre um mercado negro de convites.)

Em mais um protesto contra o uso de animais, manifestante invadiu desfile da Gucci com cartaz: 'Gucci : pare de usar peles exóticas'. Foto: Gabriel Bouys/AFP

O desfile da Hermès estava programado para começar às 14h30 em um sábado. Às 13h40, Zglimbea já havia passado por um portão de segurança, fumando um cigarro e esperando a chegada de seus colegas. O plano havia mudado ligeiramente. Foi mais difícil entrar do que o grupo esperava. (Afinal, este era um edifício militar francês.) Uma jovem voluntária da Peta chamada Claudia, que também conseguiu adquirir uma pulseira, substituiria Garnier como a invasora da passarela.

Zglimbea e Claudia - a Peta não informou seu sobrenome - se encontraram em um banheiro e depois se juntaram à multidão dentro do espaço do desfile, se misturando, tirando fotos e encontrando locais longe de qualquer agente de segurança.

“Ninguém pensou que alguém pularia sobre a grama, então foi perfeito”, disse Zglimbea, que gastou 20 euros (cerca de R$ 100) em sandálias pretas lisas de salto alto para a ocasião, acreditando que a maioria de seus sapatos eram casuais demais para serem usados de forma convincente como convidada de um desfile de moda.

Uma vez na passarela, Claudia caminhou livremente por cerca de 15 segundos, girando algumas vezes para exibir seu cartaz - embora, graças à configuração incomum do desfile, muitos convidados não percebessem sua presença - antes que um funcionário a agarrasse pela cintura. Bryan Yambao, ou Bryanboy, editor da revista Perfect, pulou da cadeira para arrancar a placa das mãos dela. (“Eu amo a Hermès”, ele postou mais tarde no X, anteriormente conhecido como Twitter.)

Quando o desfile terminou, Zglimbea, que permaneceu sentada durante todo o tempo, atravessou a rua até um café, ponto de encontro pós-desfile da Peta.

Às vezes, os manifestantes da Peta são imediatamente jogados nas calçadas da cidade, disse ela, enquanto outras vezes são detidos para serem interrogados pelos seguranças. Mais de uma hora se passou antes que Claudia reaparecesse. Segundo Zglimbea, ela foi levada para uma delegacia de polícia, onde foi interrogada, mas não foi presa ou acusada.

Enquanto isso, a Peta e vários participantes compartilharam vídeos do protesto nas redes sociais. Esses clipes curtos geralmente viralizam, disse Luke Meagher, que dirige a popular conta de comentários de moda no Instagram, Haute Le Mode.

“Há um grupo de pessoas que adora moda, mas ao mesmo tempo pensa genuinamente que o couro é ruim e a lã merino é terrível”, disse Meagher. Quando ele postou um vídeo da manifestante no desfile da Coach, “houve alguns comentários como: ‘Essa foi a melhor caminhada na passarela’”. Os entusiastas da moda se perguntaram qual marca seria o próximo alvo.

Dentro dos desfiles, as reações têm sido mais discretas. Algumas pessoas gravam a cena em seus telefones, mas muitos editores e executivos fingem que não está acontecendo nada, por deferência aos designers ou pelo desejo de não dar atenção aos ativistas.

“Dentro da sala, parece que todo mundo fica tenso”, disse Meagher. “Evitam olhar.”

A Hermès não foi o único alvo da Peta na Paris Fashion Week. Dias depois do desfile, a organização publicou um vídeo de Jeremstar, um influenciador francês, sendo arrastado pela polícia do lado de fora do desfile da Louis Vuitton. Ele estava vestido como uma cobra esfolada. /TRADUÇÃO LÍVIA BUELONI GONÇALVES

The New York Times Licensing Group - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito do The New York Times

THE NEW YORK TIMES - LIFE/STYLE - Uma jovem se agachou na grama alta, esperando o momento de atacar.

Só quando sete modelos passaram por seu esconderijo é que ela emergiu, dando um grande passo sobre a grama e entrando na passarela. Usando vestido preto, delineador e anel de septo, ela interrompeu uma sequência de modelos vestidas com roupas totalmente marrons com detalhes em couro.

Uma mainfestante da Peta entra no desfile da Coach com cartaz que diz: 'Coach: couro mata'. Foto: Angela Weiss/AFP

A manifestante ergueu uma placa acima de sua cabeça. Dizia, em inglês e em francês: “Hermès: Abandone as peles exóticas”

A Peta tinha acabado de invadir outro desfile - o quarto em quatro semanas. A Peta (Pessoas pelo Tratamento Ético dos Animais), a organização de direitos dos animais, escolheu um desfile em cada grande cidade da moda para interromper ao longo de setembro: da Coach em Nova York, da Burberry em Londres e da Gucci em Milão.

Em Paris, a Peta escolheu a Hermès, uma marca alvo de seus protestos contra o uso de peles exóticas há pelo menos uma década, inclusive através de manifestações do lado de fora de suas lojas e da compra de ações da empresa. (A Hermès não respondeu aos pedidos de comentário para este artigo, embora no passado a empresa tenha dito que emprega “os mais altos padrões no tratamento ético de crocodilos”).

Ao longo dos anos 2000, a Peta tornou-se conhecida por suas táticas chamativas durante a semana da moda - não apenas invadindo desfiles, mas também jogando tortas em Anna Wintour. Mas nos anos desde que ajudou a vencer a guerra às peles, a organização inclinou-se mais para a diplomacia corporativa.

“Para ser honesta, já faz algum tempo”, disse Rachna Shah, sócia e diretora-gerente da KCD, uma importante empresa de relações públicas da moda que, entre outras coisas, gerencia o acesso às portas para convidados em desfiles. (A KCD não estava envolvida no desfile da Hermès, mas quando uma manifestante da Peta empunhando uma placa invadiu a passarela da Coach no início de setembro, foi um funcionário da KCD quem a retirou.)

“Acho que a guarda de todos estava um pouco baixa”, disse Shah. Antes desta temporada, a última grande perturbação ativista aconteceu em outubro de 2021, quando o grupo climático Extinction Rebellion invadiu o desfile da Louis Vuitton no Louvre.

Nesta temporada, a Peta regressou às suas raízes mais combativas, confrontando especificamente as empresas de moda que, segundo ela, não responderam suficientemente às investigações de seus ativistas.

“Se as marcas não querem ouvir os gritos dos animais, então são necessárias medidas drásticas”, disse Natasha Garnier, ativista em Lyon, França.

Sentada em um café vegano em Paris, um dia antes do desfile da Hermès, Garnier classificou a invasão como “último recurso”. Ela já havia recebido conselhos de um dos dois invasores do desfile da Coach (“Finja que está feliz por estar lá”, ela disse), e sabia o que vestiria - um minivestido preto com zíper na frente, apertado com um cinto dourado.

“É estressante”, disse ela. “Mas quando penso no que os animais devem passar, o sofrimento deles é o meu combustível.”

Naquele dia, outra ativista da Peta chamada Teodora Zglimbea estava fazendo um “recce”, ou reconhecimento, inspecionando o local do desfile da Hermès: a Garde Républicaine, um edifício da Guarda Nacional Francesa. A marca estava planejando uma passarela que lembrasse um prado interno sinuoso, ela descobriu enquanto caminhava pelo espaço, segurando uma xícara de café descartada que a ajudou a parecer mais oficial, disse ela.

A Peta relutou em revelar como consegue entrar nos desfiles de moda. Mas Zglimbea, responsável pelo “recce” e pelas filmagens do protesto no dia seguinte, usava uma pulseira dada aos membros da equipe de produção com acesso aos bastidores.

Muitas vezes, os nomes dessas pessoas aparecem em uma lista gerenciada por um segurança afixada na porta dos bastidores. O nome de Zglimbea não constava dessa lista, disse ela. Mas as listas podem ser flexíveis, e entrar furtivamente nos desfiles é uma tradição da semana da moda. (Na semana anterior ao desfile, surgiram rumores sobre um mercado negro de convites.)

Em mais um protesto contra o uso de animais, manifestante invadiu desfile da Gucci com cartaz: 'Gucci : pare de usar peles exóticas'. Foto: Gabriel Bouys/AFP

O desfile da Hermès estava programado para começar às 14h30 em um sábado. Às 13h40, Zglimbea já havia passado por um portão de segurança, fumando um cigarro e esperando a chegada de seus colegas. O plano havia mudado ligeiramente. Foi mais difícil entrar do que o grupo esperava. (Afinal, este era um edifício militar francês.) Uma jovem voluntária da Peta chamada Claudia, que também conseguiu adquirir uma pulseira, substituiria Garnier como a invasora da passarela.

Zglimbea e Claudia - a Peta não informou seu sobrenome - se encontraram em um banheiro e depois se juntaram à multidão dentro do espaço do desfile, se misturando, tirando fotos e encontrando locais longe de qualquer agente de segurança.

“Ninguém pensou que alguém pularia sobre a grama, então foi perfeito”, disse Zglimbea, que gastou 20 euros (cerca de R$ 100) em sandálias pretas lisas de salto alto para a ocasião, acreditando que a maioria de seus sapatos eram casuais demais para serem usados de forma convincente como convidada de um desfile de moda.

Uma vez na passarela, Claudia caminhou livremente por cerca de 15 segundos, girando algumas vezes para exibir seu cartaz - embora, graças à configuração incomum do desfile, muitos convidados não percebessem sua presença - antes que um funcionário a agarrasse pela cintura. Bryan Yambao, ou Bryanboy, editor da revista Perfect, pulou da cadeira para arrancar a placa das mãos dela. (“Eu amo a Hermès”, ele postou mais tarde no X, anteriormente conhecido como Twitter.)

Quando o desfile terminou, Zglimbea, que permaneceu sentada durante todo o tempo, atravessou a rua até um café, ponto de encontro pós-desfile da Peta.

Às vezes, os manifestantes da Peta são imediatamente jogados nas calçadas da cidade, disse ela, enquanto outras vezes são detidos para serem interrogados pelos seguranças. Mais de uma hora se passou antes que Claudia reaparecesse. Segundo Zglimbea, ela foi levada para uma delegacia de polícia, onde foi interrogada, mas não foi presa ou acusada.

Enquanto isso, a Peta e vários participantes compartilharam vídeos do protesto nas redes sociais. Esses clipes curtos geralmente viralizam, disse Luke Meagher, que dirige a popular conta de comentários de moda no Instagram, Haute Le Mode.

“Há um grupo de pessoas que adora moda, mas ao mesmo tempo pensa genuinamente que o couro é ruim e a lã merino é terrível”, disse Meagher. Quando ele postou um vídeo da manifestante no desfile da Coach, “houve alguns comentários como: ‘Essa foi a melhor caminhada na passarela’”. Os entusiastas da moda se perguntaram qual marca seria o próximo alvo.

Dentro dos desfiles, as reações têm sido mais discretas. Algumas pessoas gravam a cena em seus telefones, mas muitos editores e executivos fingem que não está acontecendo nada, por deferência aos designers ou pelo desejo de não dar atenção aos ativistas.

“Dentro da sala, parece que todo mundo fica tenso”, disse Meagher. “Evitam olhar.”

A Hermès não foi o único alvo da Peta na Paris Fashion Week. Dias depois do desfile, a organização publicou um vídeo de Jeremstar, um influenciador francês, sendo arrastado pela polícia do lado de fora do desfile da Louis Vuitton. Ele estava vestido como uma cobra esfolada. /TRADUÇÃO LÍVIA BUELONI GONÇALVES

The New York Times Licensing Group - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito do The New York Times

THE NEW YORK TIMES - LIFE/STYLE - Uma jovem se agachou na grama alta, esperando o momento de atacar.

Só quando sete modelos passaram por seu esconderijo é que ela emergiu, dando um grande passo sobre a grama e entrando na passarela. Usando vestido preto, delineador e anel de septo, ela interrompeu uma sequência de modelos vestidas com roupas totalmente marrons com detalhes em couro.

Uma mainfestante da Peta entra no desfile da Coach com cartaz que diz: 'Coach: couro mata'. Foto: Angela Weiss/AFP

A manifestante ergueu uma placa acima de sua cabeça. Dizia, em inglês e em francês: “Hermès: Abandone as peles exóticas”

A Peta tinha acabado de invadir outro desfile - o quarto em quatro semanas. A Peta (Pessoas pelo Tratamento Ético dos Animais), a organização de direitos dos animais, escolheu um desfile em cada grande cidade da moda para interromper ao longo de setembro: da Coach em Nova York, da Burberry em Londres e da Gucci em Milão.

Em Paris, a Peta escolheu a Hermès, uma marca alvo de seus protestos contra o uso de peles exóticas há pelo menos uma década, inclusive através de manifestações do lado de fora de suas lojas e da compra de ações da empresa. (A Hermès não respondeu aos pedidos de comentário para este artigo, embora no passado a empresa tenha dito que emprega “os mais altos padrões no tratamento ético de crocodilos”).

Ao longo dos anos 2000, a Peta tornou-se conhecida por suas táticas chamativas durante a semana da moda - não apenas invadindo desfiles, mas também jogando tortas em Anna Wintour. Mas nos anos desde que ajudou a vencer a guerra às peles, a organização inclinou-se mais para a diplomacia corporativa.

“Para ser honesta, já faz algum tempo”, disse Rachna Shah, sócia e diretora-gerente da KCD, uma importante empresa de relações públicas da moda que, entre outras coisas, gerencia o acesso às portas para convidados em desfiles. (A KCD não estava envolvida no desfile da Hermès, mas quando uma manifestante da Peta empunhando uma placa invadiu a passarela da Coach no início de setembro, foi um funcionário da KCD quem a retirou.)

“Acho que a guarda de todos estava um pouco baixa”, disse Shah. Antes desta temporada, a última grande perturbação ativista aconteceu em outubro de 2021, quando o grupo climático Extinction Rebellion invadiu o desfile da Louis Vuitton no Louvre.

Nesta temporada, a Peta regressou às suas raízes mais combativas, confrontando especificamente as empresas de moda que, segundo ela, não responderam suficientemente às investigações de seus ativistas.

“Se as marcas não querem ouvir os gritos dos animais, então são necessárias medidas drásticas”, disse Natasha Garnier, ativista em Lyon, França.

Sentada em um café vegano em Paris, um dia antes do desfile da Hermès, Garnier classificou a invasão como “último recurso”. Ela já havia recebido conselhos de um dos dois invasores do desfile da Coach (“Finja que está feliz por estar lá”, ela disse), e sabia o que vestiria - um minivestido preto com zíper na frente, apertado com um cinto dourado.

“É estressante”, disse ela. “Mas quando penso no que os animais devem passar, o sofrimento deles é o meu combustível.”

Naquele dia, outra ativista da Peta chamada Teodora Zglimbea estava fazendo um “recce”, ou reconhecimento, inspecionando o local do desfile da Hermès: a Garde Républicaine, um edifício da Guarda Nacional Francesa. A marca estava planejando uma passarela que lembrasse um prado interno sinuoso, ela descobriu enquanto caminhava pelo espaço, segurando uma xícara de café descartada que a ajudou a parecer mais oficial, disse ela.

A Peta relutou em revelar como consegue entrar nos desfiles de moda. Mas Zglimbea, responsável pelo “recce” e pelas filmagens do protesto no dia seguinte, usava uma pulseira dada aos membros da equipe de produção com acesso aos bastidores.

Muitas vezes, os nomes dessas pessoas aparecem em uma lista gerenciada por um segurança afixada na porta dos bastidores. O nome de Zglimbea não constava dessa lista, disse ela. Mas as listas podem ser flexíveis, e entrar furtivamente nos desfiles é uma tradição da semana da moda. (Na semana anterior ao desfile, surgiram rumores sobre um mercado negro de convites.)

Em mais um protesto contra o uso de animais, manifestante invadiu desfile da Gucci com cartaz: 'Gucci : pare de usar peles exóticas'. Foto: Gabriel Bouys/AFP

O desfile da Hermès estava programado para começar às 14h30 em um sábado. Às 13h40, Zglimbea já havia passado por um portão de segurança, fumando um cigarro e esperando a chegada de seus colegas. O plano havia mudado ligeiramente. Foi mais difícil entrar do que o grupo esperava. (Afinal, este era um edifício militar francês.) Uma jovem voluntária da Peta chamada Claudia, que também conseguiu adquirir uma pulseira, substituiria Garnier como a invasora da passarela.

Zglimbea e Claudia - a Peta não informou seu sobrenome - se encontraram em um banheiro e depois se juntaram à multidão dentro do espaço do desfile, se misturando, tirando fotos e encontrando locais longe de qualquer agente de segurança.

“Ninguém pensou que alguém pularia sobre a grama, então foi perfeito”, disse Zglimbea, que gastou 20 euros (cerca de R$ 100) em sandálias pretas lisas de salto alto para a ocasião, acreditando que a maioria de seus sapatos eram casuais demais para serem usados de forma convincente como convidada de um desfile de moda.

Uma vez na passarela, Claudia caminhou livremente por cerca de 15 segundos, girando algumas vezes para exibir seu cartaz - embora, graças à configuração incomum do desfile, muitos convidados não percebessem sua presença - antes que um funcionário a agarrasse pela cintura. Bryan Yambao, ou Bryanboy, editor da revista Perfect, pulou da cadeira para arrancar a placa das mãos dela. (“Eu amo a Hermès”, ele postou mais tarde no X, anteriormente conhecido como Twitter.)

Quando o desfile terminou, Zglimbea, que permaneceu sentada durante todo o tempo, atravessou a rua até um café, ponto de encontro pós-desfile da Peta.

Às vezes, os manifestantes da Peta são imediatamente jogados nas calçadas da cidade, disse ela, enquanto outras vezes são detidos para serem interrogados pelos seguranças. Mais de uma hora se passou antes que Claudia reaparecesse. Segundo Zglimbea, ela foi levada para uma delegacia de polícia, onde foi interrogada, mas não foi presa ou acusada.

Enquanto isso, a Peta e vários participantes compartilharam vídeos do protesto nas redes sociais. Esses clipes curtos geralmente viralizam, disse Luke Meagher, que dirige a popular conta de comentários de moda no Instagram, Haute Le Mode.

“Há um grupo de pessoas que adora moda, mas ao mesmo tempo pensa genuinamente que o couro é ruim e a lã merino é terrível”, disse Meagher. Quando ele postou um vídeo da manifestante no desfile da Coach, “houve alguns comentários como: ‘Essa foi a melhor caminhada na passarela’”. Os entusiastas da moda se perguntaram qual marca seria o próximo alvo.

Dentro dos desfiles, as reações têm sido mais discretas. Algumas pessoas gravam a cena em seus telefones, mas muitos editores e executivos fingem que não está acontecendo nada, por deferência aos designers ou pelo desejo de não dar atenção aos ativistas.

“Dentro da sala, parece que todo mundo fica tenso”, disse Meagher. “Evitam olhar.”

A Hermès não foi o único alvo da Peta na Paris Fashion Week. Dias depois do desfile, a organização publicou um vídeo de Jeremstar, um influenciador francês, sendo arrastado pela polícia do lado de fora do desfile da Louis Vuitton. Ele estava vestido como uma cobra esfolada. /TRADUÇÃO LÍVIA BUELONI GONÇALVES

The New York Times Licensing Group - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito do The New York Times

THE NEW YORK TIMES - LIFE/STYLE - Uma jovem se agachou na grama alta, esperando o momento de atacar.

Só quando sete modelos passaram por seu esconderijo é que ela emergiu, dando um grande passo sobre a grama e entrando na passarela. Usando vestido preto, delineador e anel de septo, ela interrompeu uma sequência de modelos vestidas com roupas totalmente marrons com detalhes em couro.

Uma mainfestante da Peta entra no desfile da Coach com cartaz que diz: 'Coach: couro mata'. Foto: Angela Weiss/AFP

A manifestante ergueu uma placa acima de sua cabeça. Dizia, em inglês e em francês: “Hermès: Abandone as peles exóticas”

A Peta tinha acabado de invadir outro desfile - o quarto em quatro semanas. A Peta (Pessoas pelo Tratamento Ético dos Animais), a organização de direitos dos animais, escolheu um desfile em cada grande cidade da moda para interromper ao longo de setembro: da Coach em Nova York, da Burberry em Londres e da Gucci em Milão.

Em Paris, a Peta escolheu a Hermès, uma marca alvo de seus protestos contra o uso de peles exóticas há pelo menos uma década, inclusive através de manifestações do lado de fora de suas lojas e da compra de ações da empresa. (A Hermès não respondeu aos pedidos de comentário para este artigo, embora no passado a empresa tenha dito que emprega “os mais altos padrões no tratamento ético de crocodilos”).

Ao longo dos anos 2000, a Peta tornou-se conhecida por suas táticas chamativas durante a semana da moda - não apenas invadindo desfiles, mas também jogando tortas em Anna Wintour. Mas nos anos desde que ajudou a vencer a guerra às peles, a organização inclinou-se mais para a diplomacia corporativa.

“Para ser honesta, já faz algum tempo”, disse Rachna Shah, sócia e diretora-gerente da KCD, uma importante empresa de relações públicas da moda que, entre outras coisas, gerencia o acesso às portas para convidados em desfiles. (A KCD não estava envolvida no desfile da Hermès, mas quando uma manifestante da Peta empunhando uma placa invadiu a passarela da Coach no início de setembro, foi um funcionário da KCD quem a retirou.)

“Acho que a guarda de todos estava um pouco baixa”, disse Shah. Antes desta temporada, a última grande perturbação ativista aconteceu em outubro de 2021, quando o grupo climático Extinction Rebellion invadiu o desfile da Louis Vuitton no Louvre.

Nesta temporada, a Peta regressou às suas raízes mais combativas, confrontando especificamente as empresas de moda que, segundo ela, não responderam suficientemente às investigações de seus ativistas.

“Se as marcas não querem ouvir os gritos dos animais, então são necessárias medidas drásticas”, disse Natasha Garnier, ativista em Lyon, França.

Sentada em um café vegano em Paris, um dia antes do desfile da Hermès, Garnier classificou a invasão como “último recurso”. Ela já havia recebido conselhos de um dos dois invasores do desfile da Coach (“Finja que está feliz por estar lá”, ela disse), e sabia o que vestiria - um minivestido preto com zíper na frente, apertado com um cinto dourado.

“É estressante”, disse ela. “Mas quando penso no que os animais devem passar, o sofrimento deles é o meu combustível.”

Naquele dia, outra ativista da Peta chamada Teodora Zglimbea estava fazendo um “recce”, ou reconhecimento, inspecionando o local do desfile da Hermès: a Garde Républicaine, um edifício da Guarda Nacional Francesa. A marca estava planejando uma passarela que lembrasse um prado interno sinuoso, ela descobriu enquanto caminhava pelo espaço, segurando uma xícara de café descartada que a ajudou a parecer mais oficial, disse ela.

A Peta relutou em revelar como consegue entrar nos desfiles de moda. Mas Zglimbea, responsável pelo “recce” e pelas filmagens do protesto no dia seguinte, usava uma pulseira dada aos membros da equipe de produção com acesso aos bastidores.

Muitas vezes, os nomes dessas pessoas aparecem em uma lista gerenciada por um segurança afixada na porta dos bastidores. O nome de Zglimbea não constava dessa lista, disse ela. Mas as listas podem ser flexíveis, e entrar furtivamente nos desfiles é uma tradição da semana da moda. (Na semana anterior ao desfile, surgiram rumores sobre um mercado negro de convites.)

Em mais um protesto contra o uso de animais, manifestante invadiu desfile da Gucci com cartaz: 'Gucci : pare de usar peles exóticas'. Foto: Gabriel Bouys/AFP

O desfile da Hermès estava programado para começar às 14h30 em um sábado. Às 13h40, Zglimbea já havia passado por um portão de segurança, fumando um cigarro e esperando a chegada de seus colegas. O plano havia mudado ligeiramente. Foi mais difícil entrar do que o grupo esperava. (Afinal, este era um edifício militar francês.) Uma jovem voluntária da Peta chamada Claudia, que também conseguiu adquirir uma pulseira, substituiria Garnier como a invasora da passarela.

Zglimbea e Claudia - a Peta não informou seu sobrenome - se encontraram em um banheiro e depois se juntaram à multidão dentro do espaço do desfile, se misturando, tirando fotos e encontrando locais longe de qualquer agente de segurança.

“Ninguém pensou que alguém pularia sobre a grama, então foi perfeito”, disse Zglimbea, que gastou 20 euros (cerca de R$ 100) em sandálias pretas lisas de salto alto para a ocasião, acreditando que a maioria de seus sapatos eram casuais demais para serem usados de forma convincente como convidada de um desfile de moda.

Uma vez na passarela, Claudia caminhou livremente por cerca de 15 segundos, girando algumas vezes para exibir seu cartaz - embora, graças à configuração incomum do desfile, muitos convidados não percebessem sua presença - antes que um funcionário a agarrasse pela cintura. Bryan Yambao, ou Bryanboy, editor da revista Perfect, pulou da cadeira para arrancar a placa das mãos dela. (“Eu amo a Hermès”, ele postou mais tarde no X, anteriormente conhecido como Twitter.)

Quando o desfile terminou, Zglimbea, que permaneceu sentada durante todo o tempo, atravessou a rua até um café, ponto de encontro pós-desfile da Peta.

Às vezes, os manifestantes da Peta são imediatamente jogados nas calçadas da cidade, disse ela, enquanto outras vezes são detidos para serem interrogados pelos seguranças. Mais de uma hora se passou antes que Claudia reaparecesse. Segundo Zglimbea, ela foi levada para uma delegacia de polícia, onde foi interrogada, mas não foi presa ou acusada.

Enquanto isso, a Peta e vários participantes compartilharam vídeos do protesto nas redes sociais. Esses clipes curtos geralmente viralizam, disse Luke Meagher, que dirige a popular conta de comentários de moda no Instagram, Haute Le Mode.

“Há um grupo de pessoas que adora moda, mas ao mesmo tempo pensa genuinamente que o couro é ruim e a lã merino é terrível”, disse Meagher. Quando ele postou um vídeo da manifestante no desfile da Coach, “houve alguns comentários como: ‘Essa foi a melhor caminhada na passarela’”. Os entusiastas da moda se perguntaram qual marca seria o próximo alvo.

Dentro dos desfiles, as reações têm sido mais discretas. Algumas pessoas gravam a cena em seus telefones, mas muitos editores e executivos fingem que não está acontecendo nada, por deferência aos designers ou pelo desejo de não dar atenção aos ativistas.

“Dentro da sala, parece que todo mundo fica tenso”, disse Meagher. “Evitam olhar.”

A Hermès não foi o único alvo da Peta na Paris Fashion Week. Dias depois do desfile, a organização publicou um vídeo de Jeremstar, um influenciador francês, sendo arrastado pela polícia do lado de fora do desfile da Louis Vuitton. Ele estava vestido como uma cobra esfolada. /TRADUÇÃO LÍVIA BUELONI GONÇALVES

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