Como se concentrar como se fosse 1990 diante de tantas distrações do mundo contemporâneo?


Smartphones, sons de notificações e Insta-tudo encurtaram nossos períodos de atenção; recupere a concentração à moda antiga com estas dicas

Por Dana G. Smith

THE NEW YORK TIMES - LIFE/STYLE - Em 2004, Gloria Mark, professora de informática da Universidade da Califórnia, em Irvine, observou os profissionais do conhecimento em um dia típico no escritório. Usando um cronômetro, ela anotou todas as vezes que eles trocaram de tarefa no computador, passando de uma planilha para um e-mail, para uma página da web, para outra página da web e de volta para a planilha. Ela descobriu que as pessoas demoravam em média apenas 2 minutos e meio em uma determinada tarefa antes de trocar.

Quando Mark repetiu o experimento em 2012, o tempo médio gasto por funcionários de escritório em uma tarefa caiu para 75 segundos. E continuou caindo a partir daí.

“Nossos momentos de atenção enquanto estamos em nossos computadores e smartphones se tornaram curtos - muito curtos - já que agora gastamos cerca de 47 segundos em qualquer tela, em média”, escreveu Mark em seu novo livro, Attention Span: A Groundbreaking Way to Restore Balance, Happiness and Productivity (ainda sem data para ser lançado no Brasil)

continua após a publicidade
Especialistas dão dicas de como melhorar a concentração em tempos de muitos estímulos.  Foto: José Patrício/Estadão/Arquivo

Quem já tentou estudar para uma prova, escrever um relatório ou ler um livro sabe como é difícil se concentrar por períodos significativos de tempo. Normalmente, os aparelhos digitais são os culpados pela interrupção. A internet é onisciente, nossos telefones onipotentes, e juntos eles exigem e destroem nossa concentração. Mesmo quando realmente tentamos nos concentrar em uma tarefa, muitas vezes descobrimos que não conseguimos, com nossos olhos vidrados e pensamentos à deriva.

Felizmente, existem maneiras de recuperar o controle de sua atenção. Eles não exigem que você abandone totalmente a tecnologia, mas você precisa de algum autocontrole e alguns alarmes oportunos.

continua após a publicidade

Primeiro, entenda o que está distraindo você

As notificações são uma das principais fontes de distração - esses toques nos desconcentram do trabalho e solicitam que verifiquemos mensagens de texto, e-mails ou o Slack. Como nossos cérebros são projetados evolutivamente para prestar atenção à novidade, esses alertas são quase impossíveis de ignorar. E se você tentar, provavelmente descobrirá que sua ansiedade está aumentando.

Em um estudo, psicólogos trouxeram usuários intensos e moderados de smartphones para o laboratório sob os auspícios de um experimento diferente. Eles conectaram os participantes a monitores de condutância da pele, que medem os níveis de excitação, e retiraram seus telefones, dizendo-lhes que eles interferiam no equipamento de pesquisa. Em seguida, os pesquisadores enviaram mensagens de texto aos participantes várias vezes; os telefones estavam perto o suficiente para que eles ouvissem, mas muito longe para que pudessem verificar.

continua após a publicidade

Quando seus telefones tocavam, os níveis de excitação dos participantes disparavam. “Eles sentiam que precisavam responder aquele texto ou pelo menos ver de quem era, e não podiam”, disse Larry Rosen, professor emérito de psicologia na Universidade do Estado da California, Dominguez Hills, e coautor do estudo. “E isso lhes causou ansiedade.”

De acordo com Mark, também pegamos nossos telefones porque precisamos de uma pausa. Simplificando, nossos cérebros não são capazes de se concentrar por longos períodos de tempo. Manter a atenção e resistir às distrações consome recursos cognitivos, e precisamos reabastecê-los periodicamente para recuperar o foco. Não existe uma equação para calcular o número de pausas que você precisa por dia, mas Mark disse que é normal que o foco vá diminuindo. “Não se pode esperar que mantenhamos a atenção por um longo período de tempo, da mesma forma que uma pessoa não consegue levantar pesos o dia todo”, ela disse.

Embora uma caminhada no quarteirão ou 10 minutos de meditação provavelmente seja mais rejuvenescedor, não há nada inerentemente errado em navegar nas redes sociais ou jogar um jogo repetitivo como Candy Crush para recarregar. O problema surge quando as pausas se tornam mais longas ou mais frequentes do que você pretendia. É aqui que entram o cronômetro e o autocontrole.

continua após a publicidade

Faça uma pausa cronometrada

Para aumentar seu tempo de atenção, Rosen recomendou empregar o que ele chama de “pausa tecnológica”. Antes de se concentrar em uma tarefa, reserve um ou dois minutos para abrir todos os seus aplicativos favoritos. Em seguida, defina um cronômetro para 15 minutos, silencie o telefone, vire-o para baixo e coloque-o de lado. Quando o cronômetro parar, você tem mais um ou dois minutos para verificar seu telefone - uma pausa tecnológica. Repita este ciclo três ou quatro vezes antes de fazer uma pausa mais longa no trabalho. (Os fãs da técnica Pomodoro reconhecerão essa estrutura.)

O objetivo é aumentar gradualmente o tempo entre as pausas tecnológicas, aumentando para 20, 30 e até 45 minutos. Rosen disse que você saberá que está pronto para se concentrar por períodos mais longos quando o cronômetro parar e você quiser permanecer na tarefa em vez de pegar o aparelho.

continua após a publicidade

Tente uma leitura profunda (no papel)

Pausas tecnológicas e autoconsciência podem ajudá-lo a controlar o desejo de pular de uma tela para outra, mas Maryanne Wolf, professora residente da Escola de Pós-Graduação em Educação e Estudos da Informação da UCLA, disse que mesmo quando estamos lendo apenas um tela, não estamos profundamente concentrados nela. Isso ocorre porque as telas são projetadas para nos fazer ler muito rapidamente - para passar os olhos, e rolar a tela. Como resultado, não damos toda a atenção ao texto e estamos mais propensos a perder informações.

“A natureza de uma tela, se você pensar bem, é atualizar constantemente as informações”, disse Wolf. “Existe uma mentalidade psicológica para ir do início ao fim o mais rápido possível.”

continua após a publicidade

Tradicionalmente, nossos cérebros tendiam a ler materiais impressos mais lentamente, em parte porque era mais provável que voltássemos e checássemos novamente o que tínhamos acabado de ler. Esse tempo extra prestou-se a processos mentais sofisticados como análise crítica, inferência, dedução e empatia.

Infelizmente, simplesmente imprimir um artigo ou optar por um livro físico em vez de seu Kindle não garante que você se torne um leitor mais engajado de repente. Nossos cérebros se adaptam para ler no estilo do meio que usamos com mais frequência, e é provável que você passe muito mais tempo lendo na tela do que no papel. Como resultado, disse Wolf, você provavelmente lê um material impresso da mesma forma que lê em uma tela.

“Muitas pessoas perderam a capacidade de realmente mergulhar em algo”, ela disse. “Desenvolvemos uma impaciência cognitiva em relação à nossa leitura.”

Para voltar à prática do que Wolf chama de “leitura profunda”, tente dedicar pelo menos 20 minutos por dia à leitura de um livro físico, juntamente com as dicas de Mark e Rosen para combater a distração. Comece com algo que você deseja ler por prazer, defina um alarme para 20 minutos, coloque o telefone no modo silencioso e obrigue-se a ler devagar e deliberadamente. Não fique frustrado se você não ficar concentrado imediatamente - quando Wolf tentou esse experimento consigo mesma, levou duas semanas até que ela pudesse se envolver totalmente e aproveitar o que estava lendo.

Mesmo que você não seja um leitor ávido, o exercício pode ajudá-lo a recuperar a capacidade de se concentrar profundamente no que está fazendo. “Existe muita força em poder sentir que você pode controlar sua atenção”, disse Mark. “Você está no controle de seu comportamento.” /TRADUÇÃO LÍVIA BUELONI GONÇALVES

The New York Times Licensing Group - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito do The New York Times

THE NEW YORK TIMES - LIFE/STYLE - Em 2004, Gloria Mark, professora de informática da Universidade da Califórnia, em Irvine, observou os profissionais do conhecimento em um dia típico no escritório. Usando um cronômetro, ela anotou todas as vezes que eles trocaram de tarefa no computador, passando de uma planilha para um e-mail, para uma página da web, para outra página da web e de volta para a planilha. Ela descobriu que as pessoas demoravam em média apenas 2 minutos e meio em uma determinada tarefa antes de trocar.

Quando Mark repetiu o experimento em 2012, o tempo médio gasto por funcionários de escritório em uma tarefa caiu para 75 segundos. E continuou caindo a partir daí.

“Nossos momentos de atenção enquanto estamos em nossos computadores e smartphones se tornaram curtos - muito curtos - já que agora gastamos cerca de 47 segundos em qualquer tela, em média”, escreveu Mark em seu novo livro, Attention Span: A Groundbreaking Way to Restore Balance, Happiness and Productivity (ainda sem data para ser lançado no Brasil)

Especialistas dão dicas de como melhorar a concentração em tempos de muitos estímulos.  Foto: José Patrício/Estadão/Arquivo

Quem já tentou estudar para uma prova, escrever um relatório ou ler um livro sabe como é difícil se concentrar por períodos significativos de tempo. Normalmente, os aparelhos digitais são os culpados pela interrupção. A internet é onisciente, nossos telefones onipotentes, e juntos eles exigem e destroem nossa concentração. Mesmo quando realmente tentamos nos concentrar em uma tarefa, muitas vezes descobrimos que não conseguimos, com nossos olhos vidrados e pensamentos à deriva.

Felizmente, existem maneiras de recuperar o controle de sua atenção. Eles não exigem que você abandone totalmente a tecnologia, mas você precisa de algum autocontrole e alguns alarmes oportunos.

Primeiro, entenda o que está distraindo você

As notificações são uma das principais fontes de distração - esses toques nos desconcentram do trabalho e solicitam que verifiquemos mensagens de texto, e-mails ou o Slack. Como nossos cérebros são projetados evolutivamente para prestar atenção à novidade, esses alertas são quase impossíveis de ignorar. E se você tentar, provavelmente descobrirá que sua ansiedade está aumentando.

Em um estudo, psicólogos trouxeram usuários intensos e moderados de smartphones para o laboratório sob os auspícios de um experimento diferente. Eles conectaram os participantes a monitores de condutância da pele, que medem os níveis de excitação, e retiraram seus telefones, dizendo-lhes que eles interferiam no equipamento de pesquisa. Em seguida, os pesquisadores enviaram mensagens de texto aos participantes várias vezes; os telefones estavam perto o suficiente para que eles ouvissem, mas muito longe para que pudessem verificar.

Quando seus telefones tocavam, os níveis de excitação dos participantes disparavam. “Eles sentiam que precisavam responder aquele texto ou pelo menos ver de quem era, e não podiam”, disse Larry Rosen, professor emérito de psicologia na Universidade do Estado da California, Dominguez Hills, e coautor do estudo. “E isso lhes causou ansiedade.”

De acordo com Mark, também pegamos nossos telefones porque precisamos de uma pausa. Simplificando, nossos cérebros não são capazes de se concentrar por longos períodos de tempo. Manter a atenção e resistir às distrações consome recursos cognitivos, e precisamos reabastecê-los periodicamente para recuperar o foco. Não existe uma equação para calcular o número de pausas que você precisa por dia, mas Mark disse que é normal que o foco vá diminuindo. “Não se pode esperar que mantenhamos a atenção por um longo período de tempo, da mesma forma que uma pessoa não consegue levantar pesos o dia todo”, ela disse.

Embora uma caminhada no quarteirão ou 10 minutos de meditação provavelmente seja mais rejuvenescedor, não há nada inerentemente errado em navegar nas redes sociais ou jogar um jogo repetitivo como Candy Crush para recarregar. O problema surge quando as pausas se tornam mais longas ou mais frequentes do que você pretendia. É aqui que entram o cronômetro e o autocontrole.

Faça uma pausa cronometrada

Para aumentar seu tempo de atenção, Rosen recomendou empregar o que ele chama de “pausa tecnológica”. Antes de se concentrar em uma tarefa, reserve um ou dois minutos para abrir todos os seus aplicativos favoritos. Em seguida, defina um cronômetro para 15 minutos, silencie o telefone, vire-o para baixo e coloque-o de lado. Quando o cronômetro parar, você tem mais um ou dois minutos para verificar seu telefone - uma pausa tecnológica. Repita este ciclo três ou quatro vezes antes de fazer uma pausa mais longa no trabalho. (Os fãs da técnica Pomodoro reconhecerão essa estrutura.)

O objetivo é aumentar gradualmente o tempo entre as pausas tecnológicas, aumentando para 20, 30 e até 45 minutos. Rosen disse que você saberá que está pronto para se concentrar por períodos mais longos quando o cronômetro parar e você quiser permanecer na tarefa em vez de pegar o aparelho.

Tente uma leitura profunda (no papel)

Pausas tecnológicas e autoconsciência podem ajudá-lo a controlar o desejo de pular de uma tela para outra, mas Maryanne Wolf, professora residente da Escola de Pós-Graduação em Educação e Estudos da Informação da UCLA, disse que mesmo quando estamos lendo apenas um tela, não estamos profundamente concentrados nela. Isso ocorre porque as telas são projetadas para nos fazer ler muito rapidamente - para passar os olhos, e rolar a tela. Como resultado, não damos toda a atenção ao texto e estamos mais propensos a perder informações.

“A natureza de uma tela, se você pensar bem, é atualizar constantemente as informações”, disse Wolf. “Existe uma mentalidade psicológica para ir do início ao fim o mais rápido possível.”

Tradicionalmente, nossos cérebros tendiam a ler materiais impressos mais lentamente, em parte porque era mais provável que voltássemos e checássemos novamente o que tínhamos acabado de ler. Esse tempo extra prestou-se a processos mentais sofisticados como análise crítica, inferência, dedução e empatia.

Infelizmente, simplesmente imprimir um artigo ou optar por um livro físico em vez de seu Kindle não garante que você se torne um leitor mais engajado de repente. Nossos cérebros se adaptam para ler no estilo do meio que usamos com mais frequência, e é provável que você passe muito mais tempo lendo na tela do que no papel. Como resultado, disse Wolf, você provavelmente lê um material impresso da mesma forma que lê em uma tela.

“Muitas pessoas perderam a capacidade de realmente mergulhar em algo”, ela disse. “Desenvolvemos uma impaciência cognitiva em relação à nossa leitura.”

Para voltar à prática do que Wolf chama de “leitura profunda”, tente dedicar pelo menos 20 minutos por dia à leitura de um livro físico, juntamente com as dicas de Mark e Rosen para combater a distração. Comece com algo que você deseja ler por prazer, defina um alarme para 20 minutos, coloque o telefone no modo silencioso e obrigue-se a ler devagar e deliberadamente. Não fique frustrado se você não ficar concentrado imediatamente - quando Wolf tentou esse experimento consigo mesma, levou duas semanas até que ela pudesse se envolver totalmente e aproveitar o que estava lendo.

Mesmo que você não seja um leitor ávido, o exercício pode ajudá-lo a recuperar a capacidade de se concentrar profundamente no que está fazendo. “Existe muita força em poder sentir que você pode controlar sua atenção”, disse Mark. “Você está no controle de seu comportamento.” /TRADUÇÃO LÍVIA BUELONI GONÇALVES

The New York Times Licensing Group - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito do The New York Times

THE NEW YORK TIMES - LIFE/STYLE - Em 2004, Gloria Mark, professora de informática da Universidade da Califórnia, em Irvine, observou os profissionais do conhecimento em um dia típico no escritório. Usando um cronômetro, ela anotou todas as vezes que eles trocaram de tarefa no computador, passando de uma planilha para um e-mail, para uma página da web, para outra página da web e de volta para a planilha. Ela descobriu que as pessoas demoravam em média apenas 2 minutos e meio em uma determinada tarefa antes de trocar.

Quando Mark repetiu o experimento em 2012, o tempo médio gasto por funcionários de escritório em uma tarefa caiu para 75 segundos. E continuou caindo a partir daí.

“Nossos momentos de atenção enquanto estamos em nossos computadores e smartphones se tornaram curtos - muito curtos - já que agora gastamos cerca de 47 segundos em qualquer tela, em média”, escreveu Mark em seu novo livro, Attention Span: A Groundbreaking Way to Restore Balance, Happiness and Productivity (ainda sem data para ser lançado no Brasil)

Especialistas dão dicas de como melhorar a concentração em tempos de muitos estímulos.  Foto: José Patrício/Estadão/Arquivo

Quem já tentou estudar para uma prova, escrever um relatório ou ler um livro sabe como é difícil se concentrar por períodos significativos de tempo. Normalmente, os aparelhos digitais são os culpados pela interrupção. A internet é onisciente, nossos telefones onipotentes, e juntos eles exigem e destroem nossa concentração. Mesmo quando realmente tentamos nos concentrar em uma tarefa, muitas vezes descobrimos que não conseguimos, com nossos olhos vidrados e pensamentos à deriva.

Felizmente, existem maneiras de recuperar o controle de sua atenção. Eles não exigem que você abandone totalmente a tecnologia, mas você precisa de algum autocontrole e alguns alarmes oportunos.

Primeiro, entenda o que está distraindo você

As notificações são uma das principais fontes de distração - esses toques nos desconcentram do trabalho e solicitam que verifiquemos mensagens de texto, e-mails ou o Slack. Como nossos cérebros são projetados evolutivamente para prestar atenção à novidade, esses alertas são quase impossíveis de ignorar. E se você tentar, provavelmente descobrirá que sua ansiedade está aumentando.

Em um estudo, psicólogos trouxeram usuários intensos e moderados de smartphones para o laboratório sob os auspícios de um experimento diferente. Eles conectaram os participantes a monitores de condutância da pele, que medem os níveis de excitação, e retiraram seus telefones, dizendo-lhes que eles interferiam no equipamento de pesquisa. Em seguida, os pesquisadores enviaram mensagens de texto aos participantes várias vezes; os telefones estavam perto o suficiente para que eles ouvissem, mas muito longe para que pudessem verificar.

Quando seus telefones tocavam, os níveis de excitação dos participantes disparavam. “Eles sentiam que precisavam responder aquele texto ou pelo menos ver de quem era, e não podiam”, disse Larry Rosen, professor emérito de psicologia na Universidade do Estado da California, Dominguez Hills, e coautor do estudo. “E isso lhes causou ansiedade.”

De acordo com Mark, também pegamos nossos telefones porque precisamos de uma pausa. Simplificando, nossos cérebros não são capazes de se concentrar por longos períodos de tempo. Manter a atenção e resistir às distrações consome recursos cognitivos, e precisamos reabastecê-los periodicamente para recuperar o foco. Não existe uma equação para calcular o número de pausas que você precisa por dia, mas Mark disse que é normal que o foco vá diminuindo. “Não se pode esperar que mantenhamos a atenção por um longo período de tempo, da mesma forma que uma pessoa não consegue levantar pesos o dia todo”, ela disse.

Embora uma caminhada no quarteirão ou 10 minutos de meditação provavelmente seja mais rejuvenescedor, não há nada inerentemente errado em navegar nas redes sociais ou jogar um jogo repetitivo como Candy Crush para recarregar. O problema surge quando as pausas se tornam mais longas ou mais frequentes do que você pretendia. É aqui que entram o cronômetro e o autocontrole.

Faça uma pausa cronometrada

Para aumentar seu tempo de atenção, Rosen recomendou empregar o que ele chama de “pausa tecnológica”. Antes de se concentrar em uma tarefa, reserve um ou dois minutos para abrir todos os seus aplicativos favoritos. Em seguida, defina um cronômetro para 15 minutos, silencie o telefone, vire-o para baixo e coloque-o de lado. Quando o cronômetro parar, você tem mais um ou dois minutos para verificar seu telefone - uma pausa tecnológica. Repita este ciclo três ou quatro vezes antes de fazer uma pausa mais longa no trabalho. (Os fãs da técnica Pomodoro reconhecerão essa estrutura.)

O objetivo é aumentar gradualmente o tempo entre as pausas tecnológicas, aumentando para 20, 30 e até 45 minutos. Rosen disse que você saberá que está pronto para se concentrar por períodos mais longos quando o cronômetro parar e você quiser permanecer na tarefa em vez de pegar o aparelho.

Tente uma leitura profunda (no papel)

Pausas tecnológicas e autoconsciência podem ajudá-lo a controlar o desejo de pular de uma tela para outra, mas Maryanne Wolf, professora residente da Escola de Pós-Graduação em Educação e Estudos da Informação da UCLA, disse que mesmo quando estamos lendo apenas um tela, não estamos profundamente concentrados nela. Isso ocorre porque as telas são projetadas para nos fazer ler muito rapidamente - para passar os olhos, e rolar a tela. Como resultado, não damos toda a atenção ao texto e estamos mais propensos a perder informações.

“A natureza de uma tela, se você pensar bem, é atualizar constantemente as informações”, disse Wolf. “Existe uma mentalidade psicológica para ir do início ao fim o mais rápido possível.”

Tradicionalmente, nossos cérebros tendiam a ler materiais impressos mais lentamente, em parte porque era mais provável que voltássemos e checássemos novamente o que tínhamos acabado de ler. Esse tempo extra prestou-se a processos mentais sofisticados como análise crítica, inferência, dedução e empatia.

Infelizmente, simplesmente imprimir um artigo ou optar por um livro físico em vez de seu Kindle não garante que você se torne um leitor mais engajado de repente. Nossos cérebros se adaptam para ler no estilo do meio que usamos com mais frequência, e é provável que você passe muito mais tempo lendo na tela do que no papel. Como resultado, disse Wolf, você provavelmente lê um material impresso da mesma forma que lê em uma tela.

“Muitas pessoas perderam a capacidade de realmente mergulhar em algo”, ela disse. “Desenvolvemos uma impaciência cognitiva em relação à nossa leitura.”

Para voltar à prática do que Wolf chama de “leitura profunda”, tente dedicar pelo menos 20 minutos por dia à leitura de um livro físico, juntamente com as dicas de Mark e Rosen para combater a distração. Comece com algo que você deseja ler por prazer, defina um alarme para 20 minutos, coloque o telefone no modo silencioso e obrigue-se a ler devagar e deliberadamente. Não fique frustrado se você não ficar concentrado imediatamente - quando Wolf tentou esse experimento consigo mesma, levou duas semanas até que ela pudesse se envolver totalmente e aproveitar o que estava lendo.

Mesmo que você não seja um leitor ávido, o exercício pode ajudá-lo a recuperar a capacidade de se concentrar profundamente no que está fazendo. “Existe muita força em poder sentir que você pode controlar sua atenção”, disse Mark. “Você está no controle de seu comportamento.” /TRADUÇÃO LÍVIA BUELONI GONÇALVES

The New York Times Licensing Group - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito do The New York Times

THE NEW YORK TIMES - LIFE/STYLE - Em 2004, Gloria Mark, professora de informática da Universidade da Califórnia, em Irvine, observou os profissionais do conhecimento em um dia típico no escritório. Usando um cronômetro, ela anotou todas as vezes que eles trocaram de tarefa no computador, passando de uma planilha para um e-mail, para uma página da web, para outra página da web e de volta para a planilha. Ela descobriu que as pessoas demoravam em média apenas 2 minutos e meio em uma determinada tarefa antes de trocar.

Quando Mark repetiu o experimento em 2012, o tempo médio gasto por funcionários de escritório em uma tarefa caiu para 75 segundos. E continuou caindo a partir daí.

“Nossos momentos de atenção enquanto estamos em nossos computadores e smartphones se tornaram curtos - muito curtos - já que agora gastamos cerca de 47 segundos em qualquer tela, em média”, escreveu Mark em seu novo livro, Attention Span: A Groundbreaking Way to Restore Balance, Happiness and Productivity (ainda sem data para ser lançado no Brasil)

Especialistas dão dicas de como melhorar a concentração em tempos de muitos estímulos.  Foto: José Patrício/Estadão/Arquivo

Quem já tentou estudar para uma prova, escrever um relatório ou ler um livro sabe como é difícil se concentrar por períodos significativos de tempo. Normalmente, os aparelhos digitais são os culpados pela interrupção. A internet é onisciente, nossos telefones onipotentes, e juntos eles exigem e destroem nossa concentração. Mesmo quando realmente tentamos nos concentrar em uma tarefa, muitas vezes descobrimos que não conseguimos, com nossos olhos vidrados e pensamentos à deriva.

Felizmente, existem maneiras de recuperar o controle de sua atenção. Eles não exigem que você abandone totalmente a tecnologia, mas você precisa de algum autocontrole e alguns alarmes oportunos.

Primeiro, entenda o que está distraindo você

As notificações são uma das principais fontes de distração - esses toques nos desconcentram do trabalho e solicitam que verifiquemos mensagens de texto, e-mails ou o Slack. Como nossos cérebros são projetados evolutivamente para prestar atenção à novidade, esses alertas são quase impossíveis de ignorar. E se você tentar, provavelmente descobrirá que sua ansiedade está aumentando.

Em um estudo, psicólogos trouxeram usuários intensos e moderados de smartphones para o laboratório sob os auspícios de um experimento diferente. Eles conectaram os participantes a monitores de condutância da pele, que medem os níveis de excitação, e retiraram seus telefones, dizendo-lhes que eles interferiam no equipamento de pesquisa. Em seguida, os pesquisadores enviaram mensagens de texto aos participantes várias vezes; os telefones estavam perto o suficiente para que eles ouvissem, mas muito longe para que pudessem verificar.

Quando seus telefones tocavam, os níveis de excitação dos participantes disparavam. “Eles sentiam que precisavam responder aquele texto ou pelo menos ver de quem era, e não podiam”, disse Larry Rosen, professor emérito de psicologia na Universidade do Estado da California, Dominguez Hills, e coautor do estudo. “E isso lhes causou ansiedade.”

De acordo com Mark, também pegamos nossos telefones porque precisamos de uma pausa. Simplificando, nossos cérebros não são capazes de se concentrar por longos períodos de tempo. Manter a atenção e resistir às distrações consome recursos cognitivos, e precisamos reabastecê-los periodicamente para recuperar o foco. Não existe uma equação para calcular o número de pausas que você precisa por dia, mas Mark disse que é normal que o foco vá diminuindo. “Não se pode esperar que mantenhamos a atenção por um longo período de tempo, da mesma forma que uma pessoa não consegue levantar pesos o dia todo”, ela disse.

Embora uma caminhada no quarteirão ou 10 minutos de meditação provavelmente seja mais rejuvenescedor, não há nada inerentemente errado em navegar nas redes sociais ou jogar um jogo repetitivo como Candy Crush para recarregar. O problema surge quando as pausas se tornam mais longas ou mais frequentes do que você pretendia. É aqui que entram o cronômetro e o autocontrole.

Faça uma pausa cronometrada

Para aumentar seu tempo de atenção, Rosen recomendou empregar o que ele chama de “pausa tecnológica”. Antes de se concentrar em uma tarefa, reserve um ou dois minutos para abrir todos os seus aplicativos favoritos. Em seguida, defina um cronômetro para 15 minutos, silencie o telefone, vire-o para baixo e coloque-o de lado. Quando o cronômetro parar, você tem mais um ou dois minutos para verificar seu telefone - uma pausa tecnológica. Repita este ciclo três ou quatro vezes antes de fazer uma pausa mais longa no trabalho. (Os fãs da técnica Pomodoro reconhecerão essa estrutura.)

O objetivo é aumentar gradualmente o tempo entre as pausas tecnológicas, aumentando para 20, 30 e até 45 minutos. Rosen disse que você saberá que está pronto para se concentrar por períodos mais longos quando o cronômetro parar e você quiser permanecer na tarefa em vez de pegar o aparelho.

Tente uma leitura profunda (no papel)

Pausas tecnológicas e autoconsciência podem ajudá-lo a controlar o desejo de pular de uma tela para outra, mas Maryanne Wolf, professora residente da Escola de Pós-Graduação em Educação e Estudos da Informação da UCLA, disse que mesmo quando estamos lendo apenas um tela, não estamos profundamente concentrados nela. Isso ocorre porque as telas são projetadas para nos fazer ler muito rapidamente - para passar os olhos, e rolar a tela. Como resultado, não damos toda a atenção ao texto e estamos mais propensos a perder informações.

“A natureza de uma tela, se você pensar bem, é atualizar constantemente as informações”, disse Wolf. “Existe uma mentalidade psicológica para ir do início ao fim o mais rápido possível.”

Tradicionalmente, nossos cérebros tendiam a ler materiais impressos mais lentamente, em parte porque era mais provável que voltássemos e checássemos novamente o que tínhamos acabado de ler. Esse tempo extra prestou-se a processos mentais sofisticados como análise crítica, inferência, dedução e empatia.

Infelizmente, simplesmente imprimir um artigo ou optar por um livro físico em vez de seu Kindle não garante que você se torne um leitor mais engajado de repente. Nossos cérebros se adaptam para ler no estilo do meio que usamos com mais frequência, e é provável que você passe muito mais tempo lendo na tela do que no papel. Como resultado, disse Wolf, você provavelmente lê um material impresso da mesma forma que lê em uma tela.

“Muitas pessoas perderam a capacidade de realmente mergulhar em algo”, ela disse. “Desenvolvemos uma impaciência cognitiva em relação à nossa leitura.”

Para voltar à prática do que Wolf chama de “leitura profunda”, tente dedicar pelo menos 20 minutos por dia à leitura de um livro físico, juntamente com as dicas de Mark e Rosen para combater a distração. Comece com algo que você deseja ler por prazer, defina um alarme para 20 minutos, coloque o telefone no modo silencioso e obrigue-se a ler devagar e deliberadamente. Não fique frustrado se você não ficar concentrado imediatamente - quando Wolf tentou esse experimento consigo mesma, levou duas semanas até que ela pudesse se envolver totalmente e aproveitar o que estava lendo.

Mesmo que você não seja um leitor ávido, o exercício pode ajudá-lo a recuperar a capacidade de se concentrar profundamente no que está fazendo. “Existe muita força em poder sentir que você pode controlar sua atenção”, disse Mark. “Você está no controle de seu comportamento.” /TRADUÇÃO LÍVIA BUELONI GONÇALVES

The New York Times Licensing Group - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito do The New York Times

Atualizamos nossa política de cookies

Ao utilizar nossos serviços, você aceita a política de monitoramento de cookies.