Como uma descoberta casual de negativos antigos revelou um mestre da fotografia


Para Zaharia Cusnir, a fotografia era uma paixão que consumia tudo. Agora, quase 30 anos depois que ele morreu na obscuridade, a fama do moldavo está aumentando

Por Andrew Higgins

THE NEW YORK TIMES - LIFE/STYLE - Ele morreu há quase três décadas em uma pequena aldeia no fim do vale, pouco divulgado e rapidamente esquecido, exceto por aqueles da velha-guarda que ainda se impressionam com a forma com que Zaharia Cusnir, um pobre camponês com quatro filhos para criar, dedicou tanto tempo a tirar fotos com uma desajeitada câmera soviética.

“Ele estava em todos os casamentos e funerais com aquela coisa”, lembrou Vyacheslav Bulkhak, uma das poucas dezenas de pessoas, todas aposentadas, que ainda vivem no agora abandonado vilarejo ribeirinho de Rosietici, ao norte de Chisinau, capital da Moldávia.

continua após a publicidade

A única outra coisa que os moradores lembram sobre Cusnir - às vezes professor, trabalhador rural coletivo e ferreiro - é que ele gostava de beber, o que não é incomum em uma região da Moldávia repleta de vinhedos. Ele cultivou suas próprias uvas e fez seu próprio vinho.

O que realmente o diferenciava, porém, era sua paixão pela fotografia. Ele não tinha treinamento e nenhum equipamento sofisticado, apenas uma Lubitel, nome russo para amador, uma imitação barata, mas robusta, de lente dupla de uma câmera alemã produzida pela primeira vez antes da Segunda Guerra Mundial.

Fotografias de Zaharia Cusnir fora de sua antiga casa em Rosietici, Moldávia. Ele retratou as pessoas como elas queriam ser vistas, como indivíduos cheios de personalidade.) Foto: Andreea Campeanu/The New York Times
continua após a publicidade

Agora, para espanto de quase todos, incluindo seus parentes, Cusnir está sendo aclamado como um artista de raro talento, um mestre da composição cuja intimidade marcante das obras foi celebrada em exposições na França, Itália, Moldávia, Polônia e Romênia. Uma mostra em Oregon está em andamento para o próximo ano, enquanto uma editora na Moldávia produziu um livro de mesa coletando sua obra.

Nicolae Pojoga, fotógrafo de guerra veterano e professor da Academia de Artes de Chisinau, que ajudou a descobrir milhares de negativos há muito perdidos de Cusnir, comparou o fotógrafo moldavo a Vivian Maier, uma fotógrafa americana. Ela deixou um tesouro de imagens impressionantes, tiradas enquanto trabalhava como babá em Chicago, descobertas após sua morte em 2009.

As fotografias de Cusnir, a maioria retratos de camponeses tirados nas décadas de 1950 e 1960, disse Pojoga, foram apresentadas este ano no Rencontres d’Arles, um grande festival de fotografia no sul da França, e em uma recente exposição individual em Selvazzano Dentro, na Itália.

continua após a publicidade

Enquanto ele estava vivo, a única vez que Cusnir chamou muita atenção fora da aldeia foi quando, durante um período de fome aguda, ele atirou em ladrões que tentavam roubar comida de sua horta. Um tribunal soviético proferiu uma sentença de prisão de dois ou três anos - sua família não consegue lembrar quantos exatamente.

O veredito encerrou sua carreira como professor e, após sua libertação da prisão, o deixou lutando por trabalho na fazenda coletiva da aldeia e pedalando para aldeias próximas para tirar fotos de camponeses quase sem dinheiro em troca de um pequeno pagamento ou um punhado de ovos.

Fotografias originais impressas pelo Sr. Cusnir. Tirar fotos, disse uma de suas filhas, nunca foi apenas um hobby ou mesmo uma profissão para ele, mas foi “um grande amor”. Foto: Andreea Campeanu/The New York Times
continua após a publicidade

“Nunca imaginei que uma pessoa assim pudesse ficar tão famosa”, disse Vera Bors, 78, que cresceu em Rosietici e, como quase todo mundo lá, foi fotografada por ele. Cusnir tirou dois retratos de Bors quando ela era adolescente, um dela sozinha em um vestido de verão que ela acabara de costurar e do qual estava muito orgulhosa, e o segundo dela com uma amiga.

“Ele estava sempre tirando fotos”, disse Bors, lembrando como costumava ir com as amigas à casa dele à beira do rio para ver se Cusnir as fotografava. “Todos nós queríamos que ele tirasse uma foto nossa”, ela disse.

Isso acontecia em parte porque Cusnir era a única pessoa no vilarejo remoto com uma câmera, mas também porque ele mostrava as pessoas como elas queriam ser vistas - não como figuras empoladas da propaganda soviética ou como caipiras estúpidos do campo, mas como indivíduos cheios de personalidade.

continua após a publicidade

As fotografias surgiram por acaso em 2016, quando Victor Maxian, aluno de Pojoga na Academia de Artes, visitou Rosietici em busca de um lugar para filmar um documentário como parte de seus estudos. Depois de selecionar a casa abandonada de Cusnir como um bom lugar para trabalhar, ele notou alguns negativos antigos espalhados no chão.

Vera Borș, 78, cresceu em Rosietici e, como a maioria das pessoas na aldeia, foi fotografada pelo Sr. Cusnir. “Todos nós queríamos que ele tirasse uma foto nossa”, disse ela. Foto: Andreea Campeanu/The New York Times

Eles tinham caído no chão através de buracos no teto de um pequeno sótão onde o fotógrafo escondeu seu arquivo de fotos antes de sua morte em 1993. Ninguém os tocou desde então.

continua após a publicidade

Alguns dias depois, Maxian voltou para a aldeia com seu professor, Pojoga. Eles coletaram todas as imagens que puderam encontrar, descobrindo cerca de 4.000 negativos, muitos deles no sótão e danificados, e depois passaram meses limpando-os e produzindo impressões.

“Assim que vi as fotos de Zaharia”, disse Pojoga, referindo-se a Cusnir pelo primeiro nome, “soube imediatamente que eram muito especiais. É uma descoberta sensacional.”

Os camponeses ficaram menos impressionados. Maxian disse que quando mostrou alguns dos negativos para Ioana Cebotari, uma das três filhas de Cusnir, que morava perto, ela riu, descrevendo-os “como apenas o velho lixo do meu pai”. Ela faleceu em 2019, encerrando a ligação direta da família com a vila.

Dos quatro filhos de Cusnir, apenas Maria Ratnikova, 80, ainda está viva. Ela mora em Sacramento, Califórnia, mas ainda guarda lembranças vívidas de sua infância em Rosietici e da paixão de seu pai pela fotografia. Tirar fotos, ela disse em entrevista por telefone, nunca foi apenas um hobby ou mesmo uma profissão - embora ele ganhasse “alguns copeques”, ela disse, para fotografar casamentos e tirar retratos - mas era “um grande amor”.

Ele primeiro “se apaixonou”, ela disse, depois que um parente que serviu no exército soviético visitou Rosietici com uma câmera que ele comprou durante o serviço militar e a mostrou a Cusnir, que nunca tinha visto uma antes.

"Assim que vi as fotos de Zaharia, soube imediatamente que eram muito especiais", disse Nicolae Pojoga, que ajudou a descobrir os negativos perdidos de Cusnir há muito tempo. Foto: Andreea Campeanu/The New York Times

A partir de então, disse Ratnikova, seu pai ficou obcecado. Ele economizou para comprar sua câmera Lubitel e transformou um dos dois quartinhos da casa da família em uma câmara escura, onde revelava filmes em preto e branco à noite enquanto seus filhos dormiam.

“Ele ficava acordado a noite toda trabalhando com os filmes. Não sei quando ele dormia”, disse a filha. “Ele era um homem adorável e trabalhador. Eu tive muita sorte.”

Quando Cusnir nasceu, o caçula de 16 filhos, em 1912, sua aldeia fazia parte do Reino da Romênia. Mas caiu sob o domínio soviético em 1940, quando Josef Stalin tomou a região romena da Bessarábia como parte de um acordo de 1939 com Adolf Hitler. A área retornou brevemente à Romênia depois que se aliou à Alemanha nazista durante a Segunda Guerra Mundial e o exército de Hitler invadiu o império de Stalin. Quando a guerra terminou, passou novamente para a União Soviética, onde permaneceu até a Moldávia se declarar um estado independente em 1991.

Hoje em Rosietici, como em muitas partes da Moldávia, a nostalgia do domínio soviético é profunda. Os poucos residentes restantes falam romeno em casa, em vez de russo, que muitos também conhecem, mas ainda olham para a era soviética como uma época de relativa abundância e paz.

“Todo mundo tinha trabalho e as crianças ficavam aqui em vez de irem para o exterior”, disse Bulkhak, apontando para o vilarejo agora quase vazio de uma escarpa com vista para o vale. “Não há empregos aqui agora. Só sobraram velhos como eu.”

Uma Casa da Cultura da era soviética caiu em ruínas, e as casas ao longo do rio, em sua maioria, desmoronaram.

As únicas estruturas novas no vale Rosietici são placas de madeira que direcionam os visitantes à antiga casa de Cusnir e placas exibindo impressões ampliadas de algumas de suas fotografias. Elas foram colocadas por Maxian, que encontrou as fotografias e que quer que os moldavos, não apenas os aficionados internacionais da fotografia, apreciem o trabalho de Cusnir.

Ele disse que não queria promover a nostalgia soviética - uma questão delicada em um país profundamente dividido cujo governo quer ingressar na União Europeia e sair da órbita de Moscou -, mas levar as pessoas a “olhar para essas fotos como uma forma de entender o presente, para relembrar um passado que não conheciam ou haviam esquecido”. /TRADUÇÃO LÍVIA BUELONI GONÇALVES

The New York Times Licensing Group - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito do The New York Times

THE NEW YORK TIMES - LIFE/STYLE - Ele morreu há quase três décadas em uma pequena aldeia no fim do vale, pouco divulgado e rapidamente esquecido, exceto por aqueles da velha-guarda que ainda se impressionam com a forma com que Zaharia Cusnir, um pobre camponês com quatro filhos para criar, dedicou tanto tempo a tirar fotos com uma desajeitada câmera soviética.

“Ele estava em todos os casamentos e funerais com aquela coisa”, lembrou Vyacheslav Bulkhak, uma das poucas dezenas de pessoas, todas aposentadas, que ainda vivem no agora abandonado vilarejo ribeirinho de Rosietici, ao norte de Chisinau, capital da Moldávia.

A única outra coisa que os moradores lembram sobre Cusnir - às vezes professor, trabalhador rural coletivo e ferreiro - é que ele gostava de beber, o que não é incomum em uma região da Moldávia repleta de vinhedos. Ele cultivou suas próprias uvas e fez seu próprio vinho.

O que realmente o diferenciava, porém, era sua paixão pela fotografia. Ele não tinha treinamento e nenhum equipamento sofisticado, apenas uma Lubitel, nome russo para amador, uma imitação barata, mas robusta, de lente dupla de uma câmera alemã produzida pela primeira vez antes da Segunda Guerra Mundial.

Fotografias de Zaharia Cusnir fora de sua antiga casa em Rosietici, Moldávia. Ele retratou as pessoas como elas queriam ser vistas, como indivíduos cheios de personalidade.) Foto: Andreea Campeanu/The New York Times

Agora, para espanto de quase todos, incluindo seus parentes, Cusnir está sendo aclamado como um artista de raro talento, um mestre da composição cuja intimidade marcante das obras foi celebrada em exposições na França, Itália, Moldávia, Polônia e Romênia. Uma mostra em Oregon está em andamento para o próximo ano, enquanto uma editora na Moldávia produziu um livro de mesa coletando sua obra.

Nicolae Pojoga, fotógrafo de guerra veterano e professor da Academia de Artes de Chisinau, que ajudou a descobrir milhares de negativos há muito perdidos de Cusnir, comparou o fotógrafo moldavo a Vivian Maier, uma fotógrafa americana. Ela deixou um tesouro de imagens impressionantes, tiradas enquanto trabalhava como babá em Chicago, descobertas após sua morte em 2009.

As fotografias de Cusnir, a maioria retratos de camponeses tirados nas décadas de 1950 e 1960, disse Pojoga, foram apresentadas este ano no Rencontres d’Arles, um grande festival de fotografia no sul da França, e em uma recente exposição individual em Selvazzano Dentro, na Itália.

Enquanto ele estava vivo, a única vez que Cusnir chamou muita atenção fora da aldeia foi quando, durante um período de fome aguda, ele atirou em ladrões que tentavam roubar comida de sua horta. Um tribunal soviético proferiu uma sentença de prisão de dois ou três anos - sua família não consegue lembrar quantos exatamente.

O veredito encerrou sua carreira como professor e, após sua libertação da prisão, o deixou lutando por trabalho na fazenda coletiva da aldeia e pedalando para aldeias próximas para tirar fotos de camponeses quase sem dinheiro em troca de um pequeno pagamento ou um punhado de ovos.

Fotografias originais impressas pelo Sr. Cusnir. Tirar fotos, disse uma de suas filhas, nunca foi apenas um hobby ou mesmo uma profissão para ele, mas foi “um grande amor”. Foto: Andreea Campeanu/The New York Times

“Nunca imaginei que uma pessoa assim pudesse ficar tão famosa”, disse Vera Bors, 78, que cresceu em Rosietici e, como quase todo mundo lá, foi fotografada por ele. Cusnir tirou dois retratos de Bors quando ela era adolescente, um dela sozinha em um vestido de verão que ela acabara de costurar e do qual estava muito orgulhosa, e o segundo dela com uma amiga.

“Ele estava sempre tirando fotos”, disse Bors, lembrando como costumava ir com as amigas à casa dele à beira do rio para ver se Cusnir as fotografava. “Todos nós queríamos que ele tirasse uma foto nossa”, ela disse.

Isso acontecia em parte porque Cusnir era a única pessoa no vilarejo remoto com uma câmera, mas também porque ele mostrava as pessoas como elas queriam ser vistas - não como figuras empoladas da propaganda soviética ou como caipiras estúpidos do campo, mas como indivíduos cheios de personalidade.

As fotografias surgiram por acaso em 2016, quando Victor Maxian, aluno de Pojoga na Academia de Artes, visitou Rosietici em busca de um lugar para filmar um documentário como parte de seus estudos. Depois de selecionar a casa abandonada de Cusnir como um bom lugar para trabalhar, ele notou alguns negativos antigos espalhados no chão.

Vera Borș, 78, cresceu em Rosietici e, como a maioria das pessoas na aldeia, foi fotografada pelo Sr. Cusnir. “Todos nós queríamos que ele tirasse uma foto nossa”, disse ela. Foto: Andreea Campeanu/The New York Times

Eles tinham caído no chão através de buracos no teto de um pequeno sótão onde o fotógrafo escondeu seu arquivo de fotos antes de sua morte em 1993. Ninguém os tocou desde então.

Alguns dias depois, Maxian voltou para a aldeia com seu professor, Pojoga. Eles coletaram todas as imagens que puderam encontrar, descobrindo cerca de 4.000 negativos, muitos deles no sótão e danificados, e depois passaram meses limpando-os e produzindo impressões.

“Assim que vi as fotos de Zaharia”, disse Pojoga, referindo-se a Cusnir pelo primeiro nome, “soube imediatamente que eram muito especiais. É uma descoberta sensacional.”

Os camponeses ficaram menos impressionados. Maxian disse que quando mostrou alguns dos negativos para Ioana Cebotari, uma das três filhas de Cusnir, que morava perto, ela riu, descrevendo-os “como apenas o velho lixo do meu pai”. Ela faleceu em 2019, encerrando a ligação direta da família com a vila.

Dos quatro filhos de Cusnir, apenas Maria Ratnikova, 80, ainda está viva. Ela mora em Sacramento, Califórnia, mas ainda guarda lembranças vívidas de sua infância em Rosietici e da paixão de seu pai pela fotografia. Tirar fotos, ela disse em entrevista por telefone, nunca foi apenas um hobby ou mesmo uma profissão - embora ele ganhasse “alguns copeques”, ela disse, para fotografar casamentos e tirar retratos - mas era “um grande amor”.

Ele primeiro “se apaixonou”, ela disse, depois que um parente que serviu no exército soviético visitou Rosietici com uma câmera que ele comprou durante o serviço militar e a mostrou a Cusnir, que nunca tinha visto uma antes.

"Assim que vi as fotos de Zaharia, soube imediatamente que eram muito especiais", disse Nicolae Pojoga, que ajudou a descobrir os negativos perdidos de Cusnir há muito tempo. Foto: Andreea Campeanu/The New York Times

A partir de então, disse Ratnikova, seu pai ficou obcecado. Ele economizou para comprar sua câmera Lubitel e transformou um dos dois quartinhos da casa da família em uma câmara escura, onde revelava filmes em preto e branco à noite enquanto seus filhos dormiam.

“Ele ficava acordado a noite toda trabalhando com os filmes. Não sei quando ele dormia”, disse a filha. “Ele era um homem adorável e trabalhador. Eu tive muita sorte.”

Quando Cusnir nasceu, o caçula de 16 filhos, em 1912, sua aldeia fazia parte do Reino da Romênia. Mas caiu sob o domínio soviético em 1940, quando Josef Stalin tomou a região romena da Bessarábia como parte de um acordo de 1939 com Adolf Hitler. A área retornou brevemente à Romênia depois que se aliou à Alemanha nazista durante a Segunda Guerra Mundial e o exército de Hitler invadiu o império de Stalin. Quando a guerra terminou, passou novamente para a União Soviética, onde permaneceu até a Moldávia se declarar um estado independente em 1991.

Hoje em Rosietici, como em muitas partes da Moldávia, a nostalgia do domínio soviético é profunda. Os poucos residentes restantes falam romeno em casa, em vez de russo, que muitos também conhecem, mas ainda olham para a era soviética como uma época de relativa abundância e paz.

“Todo mundo tinha trabalho e as crianças ficavam aqui em vez de irem para o exterior”, disse Bulkhak, apontando para o vilarejo agora quase vazio de uma escarpa com vista para o vale. “Não há empregos aqui agora. Só sobraram velhos como eu.”

Uma Casa da Cultura da era soviética caiu em ruínas, e as casas ao longo do rio, em sua maioria, desmoronaram.

As únicas estruturas novas no vale Rosietici são placas de madeira que direcionam os visitantes à antiga casa de Cusnir e placas exibindo impressões ampliadas de algumas de suas fotografias. Elas foram colocadas por Maxian, que encontrou as fotografias e que quer que os moldavos, não apenas os aficionados internacionais da fotografia, apreciem o trabalho de Cusnir.

Ele disse que não queria promover a nostalgia soviética - uma questão delicada em um país profundamente dividido cujo governo quer ingressar na União Europeia e sair da órbita de Moscou -, mas levar as pessoas a “olhar para essas fotos como uma forma de entender o presente, para relembrar um passado que não conheciam ou haviam esquecido”. /TRADUÇÃO LÍVIA BUELONI GONÇALVES

The New York Times Licensing Group - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito do The New York Times

THE NEW YORK TIMES - LIFE/STYLE - Ele morreu há quase três décadas em uma pequena aldeia no fim do vale, pouco divulgado e rapidamente esquecido, exceto por aqueles da velha-guarda que ainda se impressionam com a forma com que Zaharia Cusnir, um pobre camponês com quatro filhos para criar, dedicou tanto tempo a tirar fotos com uma desajeitada câmera soviética.

“Ele estava em todos os casamentos e funerais com aquela coisa”, lembrou Vyacheslav Bulkhak, uma das poucas dezenas de pessoas, todas aposentadas, que ainda vivem no agora abandonado vilarejo ribeirinho de Rosietici, ao norte de Chisinau, capital da Moldávia.

A única outra coisa que os moradores lembram sobre Cusnir - às vezes professor, trabalhador rural coletivo e ferreiro - é que ele gostava de beber, o que não é incomum em uma região da Moldávia repleta de vinhedos. Ele cultivou suas próprias uvas e fez seu próprio vinho.

O que realmente o diferenciava, porém, era sua paixão pela fotografia. Ele não tinha treinamento e nenhum equipamento sofisticado, apenas uma Lubitel, nome russo para amador, uma imitação barata, mas robusta, de lente dupla de uma câmera alemã produzida pela primeira vez antes da Segunda Guerra Mundial.

Fotografias de Zaharia Cusnir fora de sua antiga casa em Rosietici, Moldávia. Ele retratou as pessoas como elas queriam ser vistas, como indivíduos cheios de personalidade.) Foto: Andreea Campeanu/The New York Times

Agora, para espanto de quase todos, incluindo seus parentes, Cusnir está sendo aclamado como um artista de raro talento, um mestre da composição cuja intimidade marcante das obras foi celebrada em exposições na França, Itália, Moldávia, Polônia e Romênia. Uma mostra em Oregon está em andamento para o próximo ano, enquanto uma editora na Moldávia produziu um livro de mesa coletando sua obra.

Nicolae Pojoga, fotógrafo de guerra veterano e professor da Academia de Artes de Chisinau, que ajudou a descobrir milhares de negativos há muito perdidos de Cusnir, comparou o fotógrafo moldavo a Vivian Maier, uma fotógrafa americana. Ela deixou um tesouro de imagens impressionantes, tiradas enquanto trabalhava como babá em Chicago, descobertas após sua morte em 2009.

As fotografias de Cusnir, a maioria retratos de camponeses tirados nas décadas de 1950 e 1960, disse Pojoga, foram apresentadas este ano no Rencontres d’Arles, um grande festival de fotografia no sul da França, e em uma recente exposição individual em Selvazzano Dentro, na Itália.

Enquanto ele estava vivo, a única vez que Cusnir chamou muita atenção fora da aldeia foi quando, durante um período de fome aguda, ele atirou em ladrões que tentavam roubar comida de sua horta. Um tribunal soviético proferiu uma sentença de prisão de dois ou três anos - sua família não consegue lembrar quantos exatamente.

O veredito encerrou sua carreira como professor e, após sua libertação da prisão, o deixou lutando por trabalho na fazenda coletiva da aldeia e pedalando para aldeias próximas para tirar fotos de camponeses quase sem dinheiro em troca de um pequeno pagamento ou um punhado de ovos.

Fotografias originais impressas pelo Sr. Cusnir. Tirar fotos, disse uma de suas filhas, nunca foi apenas um hobby ou mesmo uma profissão para ele, mas foi “um grande amor”. Foto: Andreea Campeanu/The New York Times

“Nunca imaginei que uma pessoa assim pudesse ficar tão famosa”, disse Vera Bors, 78, que cresceu em Rosietici e, como quase todo mundo lá, foi fotografada por ele. Cusnir tirou dois retratos de Bors quando ela era adolescente, um dela sozinha em um vestido de verão que ela acabara de costurar e do qual estava muito orgulhosa, e o segundo dela com uma amiga.

“Ele estava sempre tirando fotos”, disse Bors, lembrando como costumava ir com as amigas à casa dele à beira do rio para ver se Cusnir as fotografava. “Todos nós queríamos que ele tirasse uma foto nossa”, ela disse.

Isso acontecia em parte porque Cusnir era a única pessoa no vilarejo remoto com uma câmera, mas também porque ele mostrava as pessoas como elas queriam ser vistas - não como figuras empoladas da propaganda soviética ou como caipiras estúpidos do campo, mas como indivíduos cheios de personalidade.

As fotografias surgiram por acaso em 2016, quando Victor Maxian, aluno de Pojoga na Academia de Artes, visitou Rosietici em busca de um lugar para filmar um documentário como parte de seus estudos. Depois de selecionar a casa abandonada de Cusnir como um bom lugar para trabalhar, ele notou alguns negativos antigos espalhados no chão.

Vera Borș, 78, cresceu em Rosietici e, como a maioria das pessoas na aldeia, foi fotografada pelo Sr. Cusnir. “Todos nós queríamos que ele tirasse uma foto nossa”, disse ela. Foto: Andreea Campeanu/The New York Times

Eles tinham caído no chão através de buracos no teto de um pequeno sótão onde o fotógrafo escondeu seu arquivo de fotos antes de sua morte em 1993. Ninguém os tocou desde então.

Alguns dias depois, Maxian voltou para a aldeia com seu professor, Pojoga. Eles coletaram todas as imagens que puderam encontrar, descobrindo cerca de 4.000 negativos, muitos deles no sótão e danificados, e depois passaram meses limpando-os e produzindo impressões.

“Assim que vi as fotos de Zaharia”, disse Pojoga, referindo-se a Cusnir pelo primeiro nome, “soube imediatamente que eram muito especiais. É uma descoberta sensacional.”

Os camponeses ficaram menos impressionados. Maxian disse que quando mostrou alguns dos negativos para Ioana Cebotari, uma das três filhas de Cusnir, que morava perto, ela riu, descrevendo-os “como apenas o velho lixo do meu pai”. Ela faleceu em 2019, encerrando a ligação direta da família com a vila.

Dos quatro filhos de Cusnir, apenas Maria Ratnikova, 80, ainda está viva. Ela mora em Sacramento, Califórnia, mas ainda guarda lembranças vívidas de sua infância em Rosietici e da paixão de seu pai pela fotografia. Tirar fotos, ela disse em entrevista por telefone, nunca foi apenas um hobby ou mesmo uma profissão - embora ele ganhasse “alguns copeques”, ela disse, para fotografar casamentos e tirar retratos - mas era “um grande amor”.

Ele primeiro “se apaixonou”, ela disse, depois que um parente que serviu no exército soviético visitou Rosietici com uma câmera que ele comprou durante o serviço militar e a mostrou a Cusnir, que nunca tinha visto uma antes.

"Assim que vi as fotos de Zaharia, soube imediatamente que eram muito especiais", disse Nicolae Pojoga, que ajudou a descobrir os negativos perdidos de Cusnir há muito tempo. Foto: Andreea Campeanu/The New York Times

A partir de então, disse Ratnikova, seu pai ficou obcecado. Ele economizou para comprar sua câmera Lubitel e transformou um dos dois quartinhos da casa da família em uma câmara escura, onde revelava filmes em preto e branco à noite enquanto seus filhos dormiam.

“Ele ficava acordado a noite toda trabalhando com os filmes. Não sei quando ele dormia”, disse a filha. “Ele era um homem adorável e trabalhador. Eu tive muita sorte.”

Quando Cusnir nasceu, o caçula de 16 filhos, em 1912, sua aldeia fazia parte do Reino da Romênia. Mas caiu sob o domínio soviético em 1940, quando Josef Stalin tomou a região romena da Bessarábia como parte de um acordo de 1939 com Adolf Hitler. A área retornou brevemente à Romênia depois que se aliou à Alemanha nazista durante a Segunda Guerra Mundial e o exército de Hitler invadiu o império de Stalin. Quando a guerra terminou, passou novamente para a União Soviética, onde permaneceu até a Moldávia se declarar um estado independente em 1991.

Hoje em Rosietici, como em muitas partes da Moldávia, a nostalgia do domínio soviético é profunda. Os poucos residentes restantes falam romeno em casa, em vez de russo, que muitos também conhecem, mas ainda olham para a era soviética como uma época de relativa abundância e paz.

“Todo mundo tinha trabalho e as crianças ficavam aqui em vez de irem para o exterior”, disse Bulkhak, apontando para o vilarejo agora quase vazio de uma escarpa com vista para o vale. “Não há empregos aqui agora. Só sobraram velhos como eu.”

Uma Casa da Cultura da era soviética caiu em ruínas, e as casas ao longo do rio, em sua maioria, desmoronaram.

As únicas estruturas novas no vale Rosietici são placas de madeira que direcionam os visitantes à antiga casa de Cusnir e placas exibindo impressões ampliadas de algumas de suas fotografias. Elas foram colocadas por Maxian, que encontrou as fotografias e que quer que os moldavos, não apenas os aficionados internacionais da fotografia, apreciem o trabalho de Cusnir.

Ele disse que não queria promover a nostalgia soviética - uma questão delicada em um país profundamente dividido cujo governo quer ingressar na União Europeia e sair da órbita de Moscou -, mas levar as pessoas a “olhar para essas fotos como uma forma de entender o presente, para relembrar um passado que não conheciam ou haviam esquecido”. /TRADUÇÃO LÍVIA BUELONI GONÇALVES

The New York Times Licensing Group - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito do The New York Times

THE NEW YORK TIMES - LIFE/STYLE - Ele morreu há quase três décadas em uma pequena aldeia no fim do vale, pouco divulgado e rapidamente esquecido, exceto por aqueles da velha-guarda que ainda se impressionam com a forma com que Zaharia Cusnir, um pobre camponês com quatro filhos para criar, dedicou tanto tempo a tirar fotos com uma desajeitada câmera soviética.

“Ele estava em todos os casamentos e funerais com aquela coisa”, lembrou Vyacheslav Bulkhak, uma das poucas dezenas de pessoas, todas aposentadas, que ainda vivem no agora abandonado vilarejo ribeirinho de Rosietici, ao norte de Chisinau, capital da Moldávia.

A única outra coisa que os moradores lembram sobre Cusnir - às vezes professor, trabalhador rural coletivo e ferreiro - é que ele gostava de beber, o que não é incomum em uma região da Moldávia repleta de vinhedos. Ele cultivou suas próprias uvas e fez seu próprio vinho.

O que realmente o diferenciava, porém, era sua paixão pela fotografia. Ele não tinha treinamento e nenhum equipamento sofisticado, apenas uma Lubitel, nome russo para amador, uma imitação barata, mas robusta, de lente dupla de uma câmera alemã produzida pela primeira vez antes da Segunda Guerra Mundial.

Fotografias de Zaharia Cusnir fora de sua antiga casa em Rosietici, Moldávia. Ele retratou as pessoas como elas queriam ser vistas, como indivíduos cheios de personalidade.) Foto: Andreea Campeanu/The New York Times

Agora, para espanto de quase todos, incluindo seus parentes, Cusnir está sendo aclamado como um artista de raro talento, um mestre da composição cuja intimidade marcante das obras foi celebrada em exposições na França, Itália, Moldávia, Polônia e Romênia. Uma mostra em Oregon está em andamento para o próximo ano, enquanto uma editora na Moldávia produziu um livro de mesa coletando sua obra.

Nicolae Pojoga, fotógrafo de guerra veterano e professor da Academia de Artes de Chisinau, que ajudou a descobrir milhares de negativos há muito perdidos de Cusnir, comparou o fotógrafo moldavo a Vivian Maier, uma fotógrafa americana. Ela deixou um tesouro de imagens impressionantes, tiradas enquanto trabalhava como babá em Chicago, descobertas após sua morte em 2009.

As fotografias de Cusnir, a maioria retratos de camponeses tirados nas décadas de 1950 e 1960, disse Pojoga, foram apresentadas este ano no Rencontres d’Arles, um grande festival de fotografia no sul da França, e em uma recente exposição individual em Selvazzano Dentro, na Itália.

Enquanto ele estava vivo, a única vez que Cusnir chamou muita atenção fora da aldeia foi quando, durante um período de fome aguda, ele atirou em ladrões que tentavam roubar comida de sua horta. Um tribunal soviético proferiu uma sentença de prisão de dois ou três anos - sua família não consegue lembrar quantos exatamente.

O veredito encerrou sua carreira como professor e, após sua libertação da prisão, o deixou lutando por trabalho na fazenda coletiva da aldeia e pedalando para aldeias próximas para tirar fotos de camponeses quase sem dinheiro em troca de um pequeno pagamento ou um punhado de ovos.

Fotografias originais impressas pelo Sr. Cusnir. Tirar fotos, disse uma de suas filhas, nunca foi apenas um hobby ou mesmo uma profissão para ele, mas foi “um grande amor”. Foto: Andreea Campeanu/The New York Times

“Nunca imaginei que uma pessoa assim pudesse ficar tão famosa”, disse Vera Bors, 78, que cresceu em Rosietici e, como quase todo mundo lá, foi fotografada por ele. Cusnir tirou dois retratos de Bors quando ela era adolescente, um dela sozinha em um vestido de verão que ela acabara de costurar e do qual estava muito orgulhosa, e o segundo dela com uma amiga.

“Ele estava sempre tirando fotos”, disse Bors, lembrando como costumava ir com as amigas à casa dele à beira do rio para ver se Cusnir as fotografava. “Todos nós queríamos que ele tirasse uma foto nossa”, ela disse.

Isso acontecia em parte porque Cusnir era a única pessoa no vilarejo remoto com uma câmera, mas também porque ele mostrava as pessoas como elas queriam ser vistas - não como figuras empoladas da propaganda soviética ou como caipiras estúpidos do campo, mas como indivíduos cheios de personalidade.

As fotografias surgiram por acaso em 2016, quando Victor Maxian, aluno de Pojoga na Academia de Artes, visitou Rosietici em busca de um lugar para filmar um documentário como parte de seus estudos. Depois de selecionar a casa abandonada de Cusnir como um bom lugar para trabalhar, ele notou alguns negativos antigos espalhados no chão.

Vera Borș, 78, cresceu em Rosietici e, como a maioria das pessoas na aldeia, foi fotografada pelo Sr. Cusnir. “Todos nós queríamos que ele tirasse uma foto nossa”, disse ela. Foto: Andreea Campeanu/The New York Times

Eles tinham caído no chão através de buracos no teto de um pequeno sótão onde o fotógrafo escondeu seu arquivo de fotos antes de sua morte em 1993. Ninguém os tocou desde então.

Alguns dias depois, Maxian voltou para a aldeia com seu professor, Pojoga. Eles coletaram todas as imagens que puderam encontrar, descobrindo cerca de 4.000 negativos, muitos deles no sótão e danificados, e depois passaram meses limpando-os e produzindo impressões.

“Assim que vi as fotos de Zaharia”, disse Pojoga, referindo-se a Cusnir pelo primeiro nome, “soube imediatamente que eram muito especiais. É uma descoberta sensacional.”

Os camponeses ficaram menos impressionados. Maxian disse que quando mostrou alguns dos negativos para Ioana Cebotari, uma das três filhas de Cusnir, que morava perto, ela riu, descrevendo-os “como apenas o velho lixo do meu pai”. Ela faleceu em 2019, encerrando a ligação direta da família com a vila.

Dos quatro filhos de Cusnir, apenas Maria Ratnikova, 80, ainda está viva. Ela mora em Sacramento, Califórnia, mas ainda guarda lembranças vívidas de sua infância em Rosietici e da paixão de seu pai pela fotografia. Tirar fotos, ela disse em entrevista por telefone, nunca foi apenas um hobby ou mesmo uma profissão - embora ele ganhasse “alguns copeques”, ela disse, para fotografar casamentos e tirar retratos - mas era “um grande amor”.

Ele primeiro “se apaixonou”, ela disse, depois que um parente que serviu no exército soviético visitou Rosietici com uma câmera que ele comprou durante o serviço militar e a mostrou a Cusnir, que nunca tinha visto uma antes.

"Assim que vi as fotos de Zaharia, soube imediatamente que eram muito especiais", disse Nicolae Pojoga, que ajudou a descobrir os negativos perdidos de Cusnir há muito tempo. Foto: Andreea Campeanu/The New York Times

A partir de então, disse Ratnikova, seu pai ficou obcecado. Ele economizou para comprar sua câmera Lubitel e transformou um dos dois quartinhos da casa da família em uma câmara escura, onde revelava filmes em preto e branco à noite enquanto seus filhos dormiam.

“Ele ficava acordado a noite toda trabalhando com os filmes. Não sei quando ele dormia”, disse a filha. “Ele era um homem adorável e trabalhador. Eu tive muita sorte.”

Quando Cusnir nasceu, o caçula de 16 filhos, em 1912, sua aldeia fazia parte do Reino da Romênia. Mas caiu sob o domínio soviético em 1940, quando Josef Stalin tomou a região romena da Bessarábia como parte de um acordo de 1939 com Adolf Hitler. A área retornou brevemente à Romênia depois que se aliou à Alemanha nazista durante a Segunda Guerra Mundial e o exército de Hitler invadiu o império de Stalin. Quando a guerra terminou, passou novamente para a União Soviética, onde permaneceu até a Moldávia se declarar um estado independente em 1991.

Hoje em Rosietici, como em muitas partes da Moldávia, a nostalgia do domínio soviético é profunda. Os poucos residentes restantes falam romeno em casa, em vez de russo, que muitos também conhecem, mas ainda olham para a era soviética como uma época de relativa abundância e paz.

“Todo mundo tinha trabalho e as crianças ficavam aqui em vez de irem para o exterior”, disse Bulkhak, apontando para o vilarejo agora quase vazio de uma escarpa com vista para o vale. “Não há empregos aqui agora. Só sobraram velhos como eu.”

Uma Casa da Cultura da era soviética caiu em ruínas, e as casas ao longo do rio, em sua maioria, desmoronaram.

As únicas estruturas novas no vale Rosietici são placas de madeira que direcionam os visitantes à antiga casa de Cusnir e placas exibindo impressões ampliadas de algumas de suas fotografias. Elas foram colocadas por Maxian, que encontrou as fotografias e que quer que os moldavos, não apenas os aficionados internacionais da fotografia, apreciem o trabalho de Cusnir.

Ele disse que não queria promover a nostalgia soviética - uma questão delicada em um país profundamente dividido cujo governo quer ingressar na União Europeia e sair da órbita de Moscou -, mas levar as pessoas a “olhar para essas fotos como uma forma de entender o presente, para relembrar um passado que não conheciam ou haviam esquecido”. /TRADUÇÃO LÍVIA BUELONI GONÇALVES

The New York Times Licensing Group - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito do The New York Times

Tudo Sobre

Atualizamos nossa política de cookies

Ao utilizar nossos serviços, você aceita a política de monitoramento de cookies.