Conheça Greta Lee, atriz de ‘Boneca Russa’ e ‘rainha da sinuca’


Quando mais nova, ela se dividia entre festas com amigas e a mesa de bilhar

Por Alexis Soloski

THE NEW YORK TIMES - LIFE/STYLE -NOVA YORK – “Gosto de imaginar a tacada mais impossível e depois ficar decepcionada quando ela não se realiza. Não sei o que isso diz a meu respeito”, disse a atriz Greta Lee, debruçada sobre uma mesa de bilhar no bairro Koreatown de Manhattan. Ela apontou para uma bola vermelha, que obedientemente caiu na caçapa central. Lee se permitiu uma breve comemoração: “Ainda tenho as manhas, tá?”

Isso foi em uma noite recente, pouco antes da estreia da segunda temporada de Boneca Russa na Netflix, em que Lee, de 39 anos, estrela como Maxine, a melhor amiga de Nadia (interpretada por Natasha Lyonne) que está presa em um loop interminável. Destaque da primeira temporada (as pessoas se aproximam dela na rua, repetindo o slogan de Maxine: “Sweet birthday baybeeee”), Lee retorna com uma performance mais profunda, roupas delirantes e muito delineador.

Greta Lee, atriz da série 'Boneca Russa': destaque da primeira temporada, retorna com performance mais profunda e trajes delirantes. Foto: Jutharat Pinyodoonyachet/The New York Times
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Também é uma estrela do drama da Apple TV+ The Morning Show, no qual interpreta Stella Bak, gênio da tecnologia e presidente de uma rede, que só usa Balenciaga e peças vintage da Chanel.

Para a entrevista, ela estava mais discreta – usava calças largas e blusa transparente, sob um espanador de narcisos, com uma pochete Prada para combinar –, e foi de carro até esse quarteirão da West 32nd Street, onde ela e o marido, o autor de comédia Russ Armstrong, passaram muitas noites nebulosas quando tinham 20 e poucos anos. O casal, que se mudou para Los Angeles durante a pandemia, tem dois filhos, de três e cinco anos. Com isso, as noites ficaram nebulosas por outros motivos.

Lee começou a noite na mercearia coreana H Mart. Na casa dos 20 anos, recém-chegada da Califórnia e fazendo sua estreia na Broadway, ela perambulava pelos corredores em busca de iguarias que a lembrassem de sua terra natal. Nessa noite, encheu o carrinho com uma bebida de laranja, uma bebida de pera asiática e um pão de ló. “É aqui que você cruza o limiar com os amigos brancos que dizem que adoram comida coreana e então você serve isso a eles”, comentou, apontando para algumas anchovas fritas. Então foi em busca de Pocky de morango e lula seca.

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Armstrong, que estava colocando o trabalho em dia, encontrou-a no corredor dos lanches, quando ela estava pegando um saco de salgadinhos de milho. “Temos um suprimento industrial disso em casa”, observou ele com aprovação.

Com as compras pagas, eles desceram o quarteirão até Woorijip, café popular que serve comidas caseiras coreanas. “A qualquer hora da noite, você pode encontrar tudo de que precisa”, disse Armstrong nostalgicamente. O café fizera algumas reformas desde a última vez que o tinham frequentado. “Tenho sentimentos mistos sobre isso, porque está muito mais descolado do que costumava ser”, revelou Lee.

Encheram a bandeja com sushi coreano, omelete, guisado de kimchi. “Este guisado tem o mesmo gosto. É cinco por cento mais salgado do que deveria, que é exatamente como eu gosto”, contou Armstrong. Lee mergulhou uma colher. “Ah, sim. Está cheio de glutamato. Exatamente como nossas avós faziam.”

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Fortificados, eles foram para o Space Billiards, salão de bilhar no décimo segundo andar com lanternas alaranjadas. Tentaram pedir cerveja coreana, mas estava esgotada, por isso se acomodaram em uma mesa com uma Heineken e uma Budweiser. Lee testou um taco. Ela disse que não jogava fazia algum tempo.

Ela jogava muito quando era adolescente em Los Angeles, principalmente nos salões de bilhar de Koreatown, tentando impressionar os meninos de lá. Quando estudava na Harvard-Westlake, escola secundária de prestígio, aprendeu a se adaptar desde cedo às situações, usando vestidos fofos nas festas de aniversário de 16 anos de suas amigas brancas e calças cargo gigantes nos salões de bilhar depois. Essa capacidade de desempenhar diferentes papéis serviu bem à sua carreira, em papéis coadjuvantes em programas como Inside Amy Schumer, High Maintenance e Girls. Ela tem um talento especial para satirizar privilégios.

Como atriz de personagens excêntricas, ela afirmou que raramente interpretou um papel que parecia fiel à sua experiência. Isso vai mudar com Past Lives, drama romântico previsto para o fim deste ano, no qual Lee interpreta uma imigrante de primeira geração que reencontra um namorado de infância. Também está desenvolvendo a coleção de ensaios Minor Feelings: An Asian American Reckoning (Pequenos sentimentos: um acerto de contas asiático-americano, em tradução livre) para uma série de televisão. Planeja estrelar nesse seriado. “Não estou me escondendo. E isso é realmente assustador para mim, porque talvez eu esteja escondendo uma parte de mim por trás desses personagens. E não sei se as pessoas vão ser receptivas a essa versão de mim”, disse ela sobre seu trabalho em Past Lives.

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Por enquanto, Lee tinha um papel diferente a desempenhar: jogadora de bilhar. É fã de Jeanette Lee, jogadora profissional coreano-americana de sinuca. “Vou agir como se soubesse o que estou fazendo”, segredou.

Armstrong deu a primeira tacada. Lee encaçapou uma bola. Trocaram tacadas de um lado para o outro, as longas unhas vermelhas de Lee agarrando o taco. “Com suas unhas e vestida desse jeito, você está bem ameaçadora”, decretou Armstrong. Mas seu desempenho não foi tão ameaçador. “Estou tentando deixar todos aqueles garotos de K-Town orgulhosos”, comentou Lee enquanto preparava uma nova tacada. Errou. E recomendou: “Nunca faça nada para tentar impressionar outra pessoa.” Bateu fraco. Depois bateu forte demais. “Eu era tão boa em geometria. O que aconteceu comigo?”, ela se perguntou.

Foram necessárias algumas rodadas de jogo, mas ela encontrou seu ritmo. “Chega de brincadeiras, vamos lá”, resolveu, apontando para a caçapa do canto. Ela logo limpou a mesa enquanto Armstrong, que tinha várias bolas restantes, olhava com aprovação. “Eu não achava que eu fosse ganhar”, disse Lee. “Eu sabia que você ia ganhar. Sempre aposto em você”, respondeu Armstrong.

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The New York Times Licensing Group - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito do The New York Times

A atriz Greta Lee, estrela de “Russian Doll”, no Space Billiards no bairro de Koreatown, Manhattan, 20 de abril de 2022. (Jutharat Pinyodoonyachet/The New York Times)

A atriz Greta Lee, estrela de “Russian Doll”, com o marido Russ Armstrong, no café Woorijip, em Koreatown, Manhattan, 20 de abril de 2022. (Jutharat Pinyodoonyachet/The New York Times)

THE NEW YORK TIMES - LIFE/STYLE -NOVA YORK – “Gosto de imaginar a tacada mais impossível e depois ficar decepcionada quando ela não se realiza. Não sei o que isso diz a meu respeito”, disse a atriz Greta Lee, debruçada sobre uma mesa de bilhar no bairro Koreatown de Manhattan. Ela apontou para uma bola vermelha, que obedientemente caiu na caçapa central. Lee se permitiu uma breve comemoração: “Ainda tenho as manhas, tá?”

Isso foi em uma noite recente, pouco antes da estreia da segunda temporada de Boneca Russa na Netflix, em que Lee, de 39 anos, estrela como Maxine, a melhor amiga de Nadia (interpretada por Natasha Lyonne) que está presa em um loop interminável. Destaque da primeira temporada (as pessoas se aproximam dela na rua, repetindo o slogan de Maxine: “Sweet birthday baybeeee”), Lee retorna com uma performance mais profunda, roupas delirantes e muito delineador.

Greta Lee, atriz da série 'Boneca Russa': destaque da primeira temporada, retorna com performance mais profunda e trajes delirantes. Foto: Jutharat Pinyodoonyachet/The New York Times

Também é uma estrela do drama da Apple TV+ The Morning Show, no qual interpreta Stella Bak, gênio da tecnologia e presidente de uma rede, que só usa Balenciaga e peças vintage da Chanel.

Para a entrevista, ela estava mais discreta – usava calças largas e blusa transparente, sob um espanador de narcisos, com uma pochete Prada para combinar –, e foi de carro até esse quarteirão da West 32nd Street, onde ela e o marido, o autor de comédia Russ Armstrong, passaram muitas noites nebulosas quando tinham 20 e poucos anos. O casal, que se mudou para Los Angeles durante a pandemia, tem dois filhos, de três e cinco anos. Com isso, as noites ficaram nebulosas por outros motivos.

Lee começou a noite na mercearia coreana H Mart. Na casa dos 20 anos, recém-chegada da Califórnia e fazendo sua estreia na Broadway, ela perambulava pelos corredores em busca de iguarias que a lembrassem de sua terra natal. Nessa noite, encheu o carrinho com uma bebida de laranja, uma bebida de pera asiática e um pão de ló. “É aqui que você cruza o limiar com os amigos brancos que dizem que adoram comida coreana e então você serve isso a eles”, comentou, apontando para algumas anchovas fritas. Então foi em busca de Pocky de morango e lula seca.

Armstrong, que estava colocando o trabalho em dia, encontrou-a no corredor dos lanches, quando ela estava pegando um saco de salgadinhos de milho. “Temos um suprimento industrial disso em casa”, observou ele com aprovação.

Com as compras pagas, eles desceram o quarteirão até Woorijip, café popular que serve comidas caseiras coreanas. “A qualquer hora da noite, você pode encontrar tudo de que precisa”, disse Armstrong nostalgicamente. O café fizera algumas reformas desde a última vez que o tinham frequentado. “Tenho sentimentos mistos sobre isso, porque está muito mais descolado do que costumava ser”, revelou Lee.

Encheram a bandeja com sushi coreano, omelete, guisado de kimchi. “Este guisado tem o mesmo gosto. É cinco por cento mais salgado do que deveria, que é exatamente como eu gosto”, contou Armstrong. Lee mergulhou uma colher. “Ah, sim. Está cheio de glutamato. Exatamente como nossas avós faziam.”

Fortificados, eles foram para o Space Billiards, salão de bilhar no décimo segundo andar com lanternas alaranjadas. Tentaram pedir cerveja coreana, mas estava esgotada, por isso se acomodaram em uma mesa com uma Heineken e uma Budweiser. Lee testou um taco. Ela disse que não jogava fazia algum tempo.

Ela jogava muito quando era adolescente em Los Angeles, principalmente nos salões de bilhar de Koreatown, tentando impressionar os meninos de lá. Quando estudava na Harvard-Westlake, escola secundária de prestígio, aprendeu a se adaptar desde cedo às situações, usando vestidos fofos nas festas de aniversário de 16 anos de suas amigas brancas e calças cargo gigantes nos salões de bilhar depois. Essa capacidade de desempenhar diferentes papéis serviu bem à sua carreira, em papéis coadjuvantes em programas como Inside Amy Schumer, High Maintenance e Girls. Ela tem um talento especial para satirizar privilégios.

Como atriz de personagens excêntricas, ela afirmou que raramente interpretou um papel que parecia fiel à sua experiência. Isso vai mudar com Past Lives, drama romântico previsto para o fim deste ano, no qual Lee interpreta uma imigrante de primeira geração que reencontra um namorado de infância. Também está desenvolvendo a coleção de ensaios Minor Feelings: An Asian American Reckoning (Pequenos sentimentos: um acerto de contas asiático-americano, em tradução livre) para uma série de televisão. Planeja estrelar nesse seriado. “Não estou me escondendo. E isso é realmente assustador para mim, porque talvez eu esteja escondendo uma parte de mim por trás desses personagens. E não sei se as pessoas vão ser receptivas a essa versão de mim”, disse ela sobre seu trabalho em Past Lives.

Por enquanto, Lee tinha um papel diferente a desempenhar: jogadora de bilhar. É fã de Jeanette Lee, jogadora profissional coreano-americana de sinuca. “Vou agir como se soubesse o que estou fazendo”, segredou.

Armstrong deu a primeira tacada. Lee encaçapou uma bola. Trocaram tacadas de um lado para o outro, as longas unhas vermelhas de Lee agarrando o taco. “Com suas unhas e vestida desse jeito, você está bem ameaçadora”, decretou Armstrong. Mas seu desempenho não foi tão ameaçador. “Estou tentando deixar todos aqueles garotos de K-Town orgulhosos”, comentou Lee enquanto preparava uma nova tacada. Errou. E recomendou: “Nunca faça nada para tentar impressionar outra pessoa.” Bateu fraco. Depois bateu forte demais. “Eu era tão boa em geometria. O que aconteceu comigo?”, ela se perguntou.

Foram necessárias algumas rodadas de jogo, mas ela encontrou seu ritmo. “Chega de brincadeiras, vamos lá”, resolveu, apontando para a caçapa do canto. Ela logo limpou a mesa enquanto Armstrong, que tinha várias bolas restantes, olhava com aprovação. “Eu não achava que eu fosse ganhar”, disse Lee. “Eu sabia que você ia ganhar. Sempre aposto em você”, respondeu Armstrong.

The New York Times Licensing Group - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito do The New York Times

A atriz Greta Lee, estrela de “Russian Doll”, no Space Billiards no bairro de Koreatown, Manhattan, 20 de abril de 2022. (Jutharat Pinyodoonyachet/The New York Times)

A atriz Greta Lee, estrela de “Russian Doll”, com o marido Russ Armstrong, no café Woorijip, em Koreatown, Manhattan, 20 de abril de 2022. (Jutharat Pinyodoonyachet/The New York Times)

THE NEW YORK TIMES - LIFE/STYLE -NOVA YORK – “Gosto de imaginar a tacada mais impossível e depois ficar decepcionada quando ela não se realiza. Não sei o que isso diz a meu respeito”, disse a atriz Greta Lee, debruçada sobre uma mesa de bilhar no bairro Koreatown de Manhattan. Ela apontou para uma bola vermelha, que obedientemente caiu na caçapa central. Lee se permitiu uma breve comemoração: “Ainda tenho as manhas, tá?”

Isso foi em uma noite recente, pouco antes da estreia da segunda temporada de Boneca Russa na Netflix, em que Lee, de 39 anos, estrela como Maxine, a melhor amiga de Nadia (interpretada por Natasha Lyonne) que está presa em um loop interminável. Destaque da primeira temporada (as pessoas se aproximam dela na rua, repetindo o slogan de Maxine: “Sweet birthday baybeeee”), Lee retorna com uma performance mais profunda, roupas delirantes e muito delineador.

Greta Lee, atriz da série 'Boneca Russa': destaque da primeira temporada, retorna com performance mais profunda e trajes delirantes. Foto: Jutharat Pinyodoonyachet/The New York Times

Também é uma estrela do drama da Apple TV+ The Morning Show, no qual interpreta Stella Bak, gênio da tecnologia e presidente de uma rede, que só usa Balenciaga e peças vintage da Chanel.

Para a entrevista, ela estava mais discreta – usava calças largas e blusa transparente, sob um espanador de narcisos, com uma pochete Prada para combinar –, e foi de carro até esse quarteirão da West 32nd Street, onde ela e o marido, o autor de comédia Russ Armstrong, passaram muitas noites nebulosas quando tinham 20 e poucos anos. O casal, que se mudou para Los Angeles durante a pandemia, tem dois filhos, de três e cinco anos. Com isso, as noites ficaram nebulosas por outros motivos.

Lee começou a noite na mercearia coreana H Mart. Na casa dos 20 anos, recém-chegada da Califórnia e fazendo sua estreia na Broadway, ela perambulava pelos corredores em busca de iguarias que a lembrassem de sua terra natal. Nessa noite, encheu o carrinho com uma bebida de laranja, uma bebida de pera asiática e um pão de ló. “É aqui que você cruza o limiar com os amigos brancos que dizem que adoram comida coreana e então você serve isso a eles”, comentou, apontando para algumas anchovas fritas. Então foi em busca de Pocky de morango e lula seca.

Armstrong, que estava colocando o trabalho em dia, encontrou-a no corredor dos lanches, quando ela estava pegando um saco de salgadinhos de milho. “Temos um suprimento industrial disso em casa”, observou ele com aprovação.

Com as compras pagas, eles desceram o quarteirão até Woorijip, café popular que serve comidas caseiras coreanas. “A qualquer hora da noite, você pode encontrar tudo de que precisa”, disse Armstrong nostalgicamente. O café fizera algumas reformas desde a última vez que o tinham frequentado. “Tenho sentimentos mistos sobre isso, porque está muito mais descolado do que costumava ser”, revelou Lee.

Encheram a bandeja com sushi coreano, omelete, guisado de kimchi. “Este guisado tem o mesmo gosto. É cinco por cento mais salgado do que deveria, que é exatamente como eu gosto”, contou Armstrong. Lee mergulhou uma colher. “Ah, sim. Está cheio de glutamato. Exatamente como nossas avós faziam.”

Fortificados, eles foram para o Space Billiards, salão de bilhar no décimo segundo andar com lanternas alaranjadas. Tentaram pedir cerveja coreana, mas estava esgotada, por isso se acomodaram em uma mesa com uma Heineken e uma Budweiser. Lee testou um taco. Ela disse que não jogava fazia algum tempo.

Ela jogava muito quando era adolescente em Los Angeles, principalmente nos salões de bilhar de Koreatown, tentando impressionar os meninos de lá. Quando estudava na Harvard-Westlake, escola secundária de prestígio, aprendeu a se adaptar desde cedo às situações, usando vestidos fofos nas festas de aniversário de 16 anos de suas amigas brancas e calças cargo gigantes nos salões de bilhar depois. Essa capacidade de desempenhar diferentes papéis serviu bem à sua carreira, em papéis coadjuvantes em programas como Inside Amy Schumer, High Maintenance e Girls. Ela tem um talento especial para satirizar privilégios.

Como atriz de personagens excêntricas, ela afirmou que raramente interpretou um papel que parecia fiel à sua experiência. Isso vai mudar com Past Lives, drama romântico previsto para o fim deste ano, no qual Lee interpreta uma imigrante de primeira geração que reencontra um namorado de infância. Também está desenvolvendo a coleção de ensaios Minor Feelings: An Asian American Reckoning (Pequenos sentimentos: um acerto de contas asiático-americano, em tradução livre) para uma série de televisão. Planeja estrelar nesse seriado. “Não estou me escondendo. E isso é realmente assustador para mim, porque talvez eu esteja escondendo uma parte de mim por trás desses personagens. E não sei se as pessoas vão ser receptivas a essa versão de mim”, disse ela sobre seu trabalho em Past Lives.

Por enquanto, Lee tinha um papel diferente a desempenhar: jogadora de bilhar. É fã de Jeanette Lee, jogadora profissional coreano-americana de sinuca. “Vou agir como se soubesse o que estou fazendo”, segredou.

Armstrong deu a primeira tacada. Lee encaçapou uma bola. Trocaram tacadas de um lado para o outro, as longas unhas vermelhas de Lee agarrando o taco. “Com suas unhas e vestida desse jeito, você está bem ameaçadora”, decretou Armstrong. Mas seu desempenho não foi tão ameaçador. “Estou tentando deixar todos aqueles garotos de K-Town orgulhosos”, comentou Lee enquanto preparava uma nova tacada. Errou. E recomendou: “Nunca faça nada para tentar impressionar outra pessoa.” Bateu fraco. Depois bateu forte demais. “Eu era tão boa em geometria. O que aconteceu comigo?”, ela se perguntou.

Foram necessárias algumas rodadas de jogo, mas ela encontrou seu ritmo. “Chega de brincadeiras, vamos lá”, resolveu, apontando para a caçapa do canto. Ela logo limpou a mesa enquanto Armstrong, que tinha várias bolas restantes, olhava com aprovação. “Eu não achava que eu fosse ganhar”, disse Lee. “Eu sabia que você ia ganhar. Sempre aposto em você”, respondeu Armstrong.

The New York Times Licensing Group - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito do The New York Times

A atriz Greta Lee, estrela de “Russian Doll”, no Space Billiards no bairro de Koreatown, Manhattan, 20 de abril de 2022. (Jutharat Pinyodoonyachet/The New York Times)

A atriz Greta Lee, estrela de “Russian Doll”, com o marido Russ Armstrong, no café Woorijip, em Koreatown, Manhattan, 20 de abril de 2022. (Jutharat Pinyodoonyachet/The New York Times)

THE NEW YORK TIMES - LIFE/STYLE -NOVA YORK – “Gosto de imaginar a tacada mais impossível e depois ficar decepcionada quando ela não se realiza. Não sei o que isso diz a meu respeito”, disse a atriz Greta Lee, debruçada sobre uma mesa de bilhar no bairro Koreatown de Manhattan. Ela apontou para uma bola vermelha, que obedientemente caiu na caçapa central. Lee se permitiu uma breve comemoração: “Ainda tenho as manhas, tá?”

Isso foi em uma noite recente, pouco antes da estreia da segunda temporada de Boneca Russa na Netflix, em que Lee, de 39 anos, estrela como Maxine, a melhor amiga de Nadia (interpretada por Natasha Lyonne) que está presa em um loop interminável. Destaque da primeira temporada (as pessoas se aproximam dela na rua, repetindo o slogan de Maxine: “Sweet birthday baybeeee”), Lee retorna com uma performance mais profunda, roupas delirantes e muito delineador.

Greta Lee, atriz da série 'Boneca Russa': destaque da primeira temporada, retorna com performance mais profunda e trajes delirantes. Foto: Jutharat Pinyodoonyachet/The New York Times

Também é uma estrela do drama da Apple TV+ The Morning Show, no qual interpreta Stella Bak, gênio da tecnologia e presidente de uma rede, que só usa Balenciaga e peças vintage da Chanel.

Para a entrevista, ela estava mais discreta – usava calças largas e blusa transparente, sob um espanador de narcisos, com uma pochete Prada para combinar –, e foi de carro até esse quarteirão da West 32nd Street, onde ela e o marido, o autor de comédia Russ Armstrong, passaram muitas noites nebulosas quando tinham 20 e poucos anos. O casal, que se mudou para Los Angeles durante a pandemia, tem dois filhos, de três e cinco anos. Com isso, as noites ficaram nebulosas por outros motivos.

Lee começou a noite na mercearia coreana H Mart. Na casa dos 20 anos, recém-chegada da Califórnia e fazendo sua estreia na Broadway, ela perambulava pelos corredores em busca de iguarias que a lembrassem de sua terra natal. Nessa noite, encheu o carrinho com uma bebida de laranja, uma bebida de pera asiática e um pão de ló. “É aqui que você cruza o limiar com os amigos brancos que dizem que adoram comida coreana e então você serve isso a eles”, comentou, apontando para algumas anchovas fritas. Então foi em busca de Pocky de morango e lula seca.

Armstrong, que estava colocando o trabalho em dia, encontrou-a no corredor dos lanches, quando ela estava pegando um saco de salgadinhos de milho. “Temos um suprimento industrial disso em casa”, observou ele com aprovação.

Com as compras pagas, eles desceram o quarteirão até Woorijip, café popular que serve comidas caseiras coreanas. “A qualquer hora da noite, você pode encontrar tudo de que precisa”, disse Armstrong nostalgicamente. O café fizera algumas reformas desde a última vez que o tinham frequentado. “Tenho sentimentos mistos sobre isso, porque está muito mais descolado do que costumava ser”, revelou Lee.

Encheram a bandeja com sushi coreano, omelete, guisado de kimchi. “Este guisado tem o mesmo gosto. É cinco por cento mais salgado do que deveria, que é exatamente como eu gosto”, contou Armstrong. Lee mergulhou uma colher. “Ah, sim. Está cheio de glutamato. Exatamente como nossas avós faziam.”

Fortificados, eles foram para o Space Billiards, salão de bilhar no décimo segundo andar com lanternas alaranjadas. Tentaram pedir cerveja coreana, mas estava esgotada, por isso se acomodaram em uma mesa com uma Heineken e uma Budweiser. Lee testou um taco. Ela disse que não jogava fazia algum tempo.

Ela jogava muito quando era adolescente em Los Angeles, principalmente nos salões de bilhar de Koreatown, tentando impressionar os meninos de lá. Quando estudava na Harvard-Westlake, escola secundária de prestígio, aprendeu a se adaptar desde cedo às situações, usando vestidos fofos nas festas de aniversário de 16 anos de suas amigas brancas e calças cargo gigantes nos salões de bilhar depois. Essa capacidade de desempenhar diferentes papéis serviu bem à sua carreira, em papéis coadjuvantes em programas como Inside Amy Schumer, High Maintenance e Girls. Ela tem um talento especial para satirizar privilégios.

Como atriz de personagens excêntricas, ela afirmou que raramente interpretou um papel que parecia fiel à sua experiência. Isso vai mudar com Past Lives, drama romântico previsto para o fim deste ano, no qual Lee interpreta uma imigrante de primeira geração que reencontra um namorado de infância. Também está desenvolvendo a coleção de ensaios Minor Feelings: An Asian American Reckoning (Pequenos sentimentos: um acerto de contas asiático-americano, em tradução livre) para uma série de televisão. Planeja estrelar nesse seriado. “Não estou me escondendo. E isso é realmente assustador para mim, porque talvez eu esteja escondendo uma parte de mim por trás desses personagens. E não sei se as pessoas vão ser receptivas a essa versão de mim”, disse ela sobre seu trabalho em Past Lives.

Por enquanto, Lee tinha um papel diferente a desempenhar: jogadora de bilhar. É fã de Jeanette Lee, jogadora profissional coreano-americana de sinuca. “Vou agir como se soubesse o que estou fazendo”, segredou.

Armstrong deu a primeira tacada. Lee encaçapou uma bola. Trocaram tacadas de um lado para o outro, as longas unhas vermelhas de Lee agarrando o taco. “Com suas unhas e vestida desse jeito, você está bem ameaçadora”, decretou Armstrong. Mas seu desempenho não foi tão ameaçador. “Estou tentando deixar todos aqueles garotos de K-Town orgulhosos”, comentou Lee enquanto preparava uma nova tacada. Errou. E recomendou: “Nunca faça nada para tentar impressionar outra pessoa.” Bateu fraco. Depois bateu forte demais. “Eu era tão boa em geometria. O que aconteceu comigo?”, ela se perguntou.

Foram necessárias algumas rodadas de jogo, mas ela encontrou seu ritmo. “Chega de brincadeiras, vamos lá”, resolveu, apontando para a caçapa do canto. Ela logo limpou a mesa enquanto Armstrong, que tinha várias bolas restantes, olhava com aprovação. “Eu não achava que eu fosse ganhar”, disse Lee. “Eu sabia que você ia ganhar. Sempre aposto em você”, respondeu Armstrong.

The New York Times Licensing Group - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito do The New York Times

A atriz Greta Lee, estrela de “Russian Doll”, no Space Billiards no bairro de Koreatown, Manhattan, 20 de abril de 2022. (Jutharat Pinyodoonyachet/The New York Times)

A atriz Greta Lee, estrela de “Russian Doll”, com o marido Russ Armstrong, no café Woorijip, em Koreatown, Manhattan, 20 de abril de 2022. (Jutharat Pinyodoonyachet/The New York Times)

THE NEW YORK TIMES - LIFE/STYLE -NOVA YORK – “Gosto de imaginar a tacada mais impossível e depois ficar decepcionada quando ela não se realiza. Não sei o que isso diz a meu respeito”, disse a atriz Greta Lee, debruçada sobre uma mesa de bilhar no bairro Koreatown de Manhattan. Ela apontou para uma bola vermelha, que obedientemente caiu na caçapa central. Lee se permitiu uma breve comemoração: “Ainda tenho as manhas, tá?”

Isso foi em uma noite recente, pouco antes da estreia da segunda temporada de Boneca Russa na Netflix, em que Lee, de 39 anos, estrela como Maxine, a melhor amiga de Nadia (interpretada por Natasha Lyonne) que está presa em um loop interminável. Destaque da primeira temporada (as pessoas se aproximam dela na rua, repetindo o slogan de Maxine: “Sweet birthday baybeeee”), Lee retorna com uma performance mais profunda, roupas delirantes e muito delineador.

Greta Lee, atriz da série 'Boneca Russa': destaque da primeira temporada, retorna com performance mais profunda e trajes delirantes. Foto: Jutharat Pinyodoonyachet/The New York Times

Também é uma estrela do drama da Apple TV+ The Morning Show, no qual interpreta Stella Bak, gênio da tecnologia e presidente de uma rede, que só usa Balenciaga e peças vintage da Chanel.

Para a entrevista, ela estava mais discreta – usava calças largas e blusa transparente, sob um espanador de narcisos, com uma pochete Prada para combinar –, e foi de carro até esse quarteirão da West 32nd Street, onde ela e o marido, o autor de comédia Russ Armstrong, passaram muitas noites nebulosas quando tinham 20 e poucos anos. O casal, que se mudou para Los Angeles durante a pandemia, tem dois filhos, de três e cinco anos. Com isso, as noites ficaram nebulosas por outros motivos.

Lee começou a noite na mercearia coreana H Mart. Na casa dos 20 anos, recém-chegada da Califórnia e fazendo sua estreia na Broadway, ela perambulava pelos corredores em busca de iguarias que a lembrassem de sua terra natal. Nessa noite, encheu o carrinho com uma bebida de laranja, uma bebida de pera asiática e um pão de ló. “É aqui que você cruza o limiar com os amigos brancos que dizem que adoram comida coreana e então você serve isso a eles”, comentou, apontando para algumas anchovas fritas. Então foi em busca de Pocky de morango e lula seca.

Armstrong, que estava colocando o trabalho em dia, encontrou-a no corredor dos lanches, quando ela estava pegando um saco de salgadinhos de milho. “Temos um suprimento industrial disso em casa”, observou ele com aprovação.

Com as compras pagas, eles desceram o quarteirão até Woorijip, café popular que serve comidas caseiras coreanas. “A qualquer hora da noite, você pode encontrar tudo de que precisa”, disse Armstrong nostalgicamente. O café fizera algumas reformas desde a última vez que o tinham frequentado. “Tenho sentimentos mistos sobre isso, porque está muito mais descolado do que costumava ser”, revelou Lee.

Encheram a bandeja com sushi coreano, omelete, guisado de kimchi. “Este guisado tem o mesmo gosto. É cinco por cento mais salgado do que deveria, que é exatamente como eu gosto”, contou Armstrong. Lee mergulhou uma colher. “Ah, sim. Está cheio de glutamato. Exatamente como nossas avós faziam.”

Fortificados, eles foram para o Space Billiards, salão de bilhar no décimo segundo andar com lanternas alaranjadas. Tentaram pedir cerveja coreana, mas estava esgotada, por isso se acomodaram em uma mesa com uma Heineken e uma Budweiser. Lee testou um taco. Ela disse que não jogava fazia algum tempo.

Ela jogava muito quando era adolescente em Los Angeles, principalmente nos salões de bilhar de Koreatown, tentando impressionar os meninos de lá. Quando estudava na Harvard-Westlake, escola secundária de prestígio, aprendeu a se adaptar desde cedo às situações, usando vestidos fofos nas festas de aniversário de 16 anos de suas amigas brancas e calças cargo gigantes nos salões de bilhar depois. Essa capacidade de desempenhar diferentes papéis serviu bem à sua carreira, em papéis coadjuvantes em programas como Inside Amy Schumer, High Maintenance e Girls. Ela tem um talento especial para satirizar privilégios.

Como atriz de personagens excêntricas, ela afirmou que raramente interpretou um papel que parecia fiel à sua experiência. Isso vai mudar com Past Lives, drama romântico previsto para o fim deste ano, no qual Lee interpreta uma imigrante de primeira geração que reencontra um namorado de infância. Também está desenvolvendo a coleção de ensaios Minor Feelings: An Asian American Reckoning (Pequenos sentimentos: um acerto de contas asiático-americano, em tradução livre) para uma série de televisão. Planeja estrelar nesse seriado. “Não estou me escondendo. E isso é realmente assustador para mim, porque talvez eu esteja escondendo uma parte de mim por trás desses personagens. E não sei se as pessoas vão ser receptivas a essa versão de mim”, disse ela sobre seu trabalho em Past Lives.

Por enquanto, Lee tinha um papel diferente a desempenhar: jogadora de bilhar. É fã de Jeanette Lee, jogadora profissional coreano-americana de sinuca. “Vou agir como se soubesse o que estou fazendo”, segredou.

Armstrong deu a primeira tacada. Lee encaçapou uma bola. Trocaram tacadas de um lado para o outro, as longas unhas vermelhas de Lee agarrando o taco. “Com suas unhas e vestida desse jeito, você está bem ameaçadora”, decretou Armstrong. Mas seu desempenho não foi tão ameaçador. “Estou tentando deixar todos aqueles garotos de K-Town orgulhosos”, comentou Lee enquanto preparava uma nova tacada. Errou. E recomendou: “Nunca faça nada para tentar impressionar outra pessoa.” Bateu fraco. Depois bateu forte demais. “Eu era tão boa em geometria. O que aconteceu comigo?”, ela se perguntou.

Foram necessárias algumas rodadas de jogo, mas ela encontrou seu ritmo. “Chega de brincadeiras, vamos lá”, resolveu, apontando para a caçapa do canto. Ela logo limpou a mesa enquanto Armstrong, que tinha várias bolas restantes, olhava com aprovação. “Eu não achava que eu fosse ganhar”, disse Lee. “Eu sabia que você ia ganhar. Sempre aposto em você”, respondeu Armstrong.

The New York Times Licensing Group - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito do The New York Times

A atriz Greta Lee, estrela de “Russian Doll”, no Space Billiards no bairro de Koreatown, Manhattan, 20 de abril de 2022. (Jutharat Pinyodoonyachet/The New York Times)

A atriz Greta Lee, estrela de “Russian Doll”, com o marido Russ Armstrong, no café Woorijip, em Koreatown, Manhattan, 20 de abril de 2022. (Jutharat Pinyodoonyachet/The New York Times)

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