Conheça minger, o queijo que pode ser o mais fedido do mundo


Rory Stone, um queijeiro escocês, afirma ter feito o queijo mais fedorento do mundo. E os fregueses querem mais

Por Sopan Deb

THE NEW YORK TIMES - LIFE/STYLE - Este queijo se destaca. Por seu orgulho fétido.

Rory Stone, queijeiro de 59 anos da Highland Fine Cheeses, na Escócia, se viu inundado por pedidos de um queijo de casca lavada chamado Minger, que ele classifica como o queijo com cheiro mais pútrido do mundo.

“Todo mundo ainda pede, a coisa não parou”, disse Stone em entrevista. “Acho muito bizarro. É um queijo fedorento, mas tem um sabor incrível. Então o único problema agora é que meu queijo acabou”.

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O queijo Minger é considerado o queijo mais fedorento do mundo, uma criação do queijeiro escocês Rory Stone. Foto: Highland Fine Cheeses/Divulgação

Stone, cujos pais também eram queijeiros, começou a vender o Minger sete anos atrás. (“Minger” é uma gíria que significa alguém que é feio ou cheira mal. “No Urban Dictionary tem umas definições meio pesadas”, disse Stone).

De início, os supermercados o rejeitaram, achando que era só uma modinha. Mas o queijo vendia bem em lojas independentes e ganhou vários prêmios – entre eles o de melhor queijo especial no Royal Highland Show de Edimburgo, em 2019.

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Em dezembro do ano passado, porém, a Asda, uma rede de supermercados britânica, anunciou que iria oferecer o queijo em suas lojas – a primeira vez em que o produto ficará disponível para o grande público. O comunicado à imprensa da Asda, que descreveu o Minger como “pungente”, deu origem a um frenesi midiático, com Stone dando entrevistas a The Telegraph, Sky News e BBC.

Stone disse que não tinha a intenção de criar o queijo mais fedorento do mundo. Mas contou que uma pessoa atribuiu esse superlativo ao Minger, então ele o adotou.

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É de fato o queijo mais fedorento do mundo? Não tenho a menor ideia, disse Stone.

“Acho que é uma frase à toa, porque ninguém consegue comprovar uma coisa dessas”, disse ele. “Não dá para fazer esse tipo de classificação. Sabemos que cheira forte e que não é muito agradável. Mas é meio difícil dizer que é o queijo mais fedorento do mundo, não dá para afirmar nem para negar. Então, acho que que podemos afirmar sem maiores problemas, e parece que foi isso que gerou o burburinho”.

Os queijos fedorentos são objeto de fascínio culinário há décadas.

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“Tem um pequeno grupo de pessoas que simplesmente adora”, disse Mark Johnson, cientista do Centro de Pesquisa em Laticínios da Universidade de Wisconsin. “É uma coisa meio: ‘eu desafio você a comer esse negócio’. Tipo pimenta”.

Pelo mundo

O mundo está repleto de queijos fedorentos, como sugere a existência de vários festivais específicos para esse produto.

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“Acho que ficamos mais aventureiros”, disse Marc Bates, especialista em queijos que gerenciou a fábrica de laticínios da Universidade Estadual de Washington durante décadas e é jurado de vários concursos de queijos todos os anos.

Entre os outros concorrentes a queijo mais pungente do mundo estão o Époisses e o Reblochon, ambos da França. Outro é o Limburger, feito pela primeira vez por monges trapistas na Bélgica no século 19. Em 2004, pesquisadores da Universidade de Cranfield, no Reino Unido, usaram o que descreveram como um “nariz eletrônico” para determinar que o queijo francês Vieux Boulogne era o mais fedorento.

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“Quando você matura o queijo, acontece uma quebra das gorduras em proteínas, e as bactérias, o fermento, os bolores e todos os microrganismos criam compostos de sabor, e alguns deles são realmente voláteis”, disse Tonya Schoenfuss, professora de ciência alimentar na Universidade de Minnesota e jurada em concursos de laticínios. “E é daí que vem o cheiro”.

“Jamais imaginei que conseguiríamos fazer um cheiro tão rico, tão horrível”, disse Stone. “Não sabia que éramos bons nisso. Eu me lembro de entrar na loja e pensar: ‘Meu Deus, conseguimos’. Quando as pessoas entram e recuam, horrorizadas, eu digo: ‘Bem, o cheiro do queijo de casca lavada tem que ser assim mesmo’”. / TRADUÇÃO DE RENATO PRELORENTZOU

The New York Times Licensing Group - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito do The New York Times

THE NEW YORK TIMES - LIFE/STYLE - Este queijo se destaca. Por seu orgulho fétido.

Rory Stone, queijeiro de 59 anos da Highland Fine Cheeses, na Escócia, se viu inundado por pedidos de um queijo de casca lavada chamado Minger, que ele classifica como o queijo com cheiro mais pútrido do mundo.

“Todo mundo ainda pede, a coisa não parou”, disse Stone em entrevista. “Acho muito bizarro. É um queijo fedorento, mas tem um sabor incrível. Então o único problema agora é que meu queijo acabou”.

O queijo Minger é considerado o queijo mais fedorento do mundo, uma criação do queijeiro escocês Rory Stone. Foto: Highland Fine Cheeses/Divulgação

Stone, cujos pais também eram queijeiros, começou a vender o Minger sete anos atrás. (“Minger” é uma gíria que significa alguém que é feio ou cheira mal. “No Urban Dictionary tem umas definições meio pesadas”, disse Stone).

De início, os supermercados o rejeitaram, achando que era só uma modinha. Mas o queijo vendia bem em lojas independentes e ganhou vários prêmios – entre eles o de melhor queijo especial no Royal Highland Show de Edimburgo, em 2019.

Em dezembro do ano passado, porém, a Asda, uma rede de supermercados britânica, anunciou que iria oferecer o queijo em suas lojas – a primeira vez em que o produto ficará disponível para o grande público. O comunicado à imprensa da Asda, que descreveu o Minger como “pungente”, deu origem a um frenesi midiático, com Stone dando entrevistas a The Telegraph, Sky News e BBC.

Stone disse que não tinha a intenção de criar o queijo mais fedorento do mundo. Mas contou que uma pessoa atribuiu esse superlativo ao Minger, então ele o adotou.

É de fato o queijo mais fedorento do mundo? Não tenho a menor ideia, disse Stone.

“Acho que é uma frase à toa, porque ninguém consegue comprovar uma coisa dessas”, disse ele. “Não dá para fazer esse tipo de classificação. Sabemos que cheira forte e que não é muito agradável. Mas é meio difícil dizer que é o queijo mais fedorento do mundo, não dá para afirmar nem para negar. Então, acho que que podemos afirmar sem maiores problemas, e parece que foi isso que gerou o burburinho”.

Os queijos fedorentos são objeto de fascínio culinário há décadas.

“Tem um pequeno grupo de pessoas que simplesmente adora”, disse Mark Johnson, cientista do Centro de Pesquisa em Laticínios da Universidade de Wisconsin. “É uma coisa meio: ‘eu desafio você a comer esse negócio’. Tipo pimenta”.

Pelo mundo

O mundo está repleto de queijos fedorentos, como sugere a existência de vários festivais específicos para esse produto.

“Acho que ficamos mais aventureiros”, disse Marc Bates, especialista em queijos que gerenciou a fábrica de laticínios da Universidade Estadual de Washington durante décadas e é jurado de vários concursos de queijos todos os anos.

Entre os outros concorrentes a queijo mais pungente do mundo estão o Époisses e o Reblochon, ambos da França. Outro é o Limburger, feito pela primeira vez por monges trapistas na Bélgica no século 19. Em 2004, pesquisadores da Universidade de Cranfield, no Reino Unido, usaram o que descreveram como um “nariz eletrônico” para determinar que o queijo francês Vieux Boulogne era o mais fedorento.

“Quando você matura o queijo, acontece uma quebra das gorduras em proteínas, e as bactérias, o fermento, os bolores e todos os microrganismos criam compostos de sabor, e alguns deles são realmente voláteis”, disse Tonya Schoenfuss, professora de ciência alimentar na Universidade de Minnesota e jurada em concursos de laticínios. “E é daí que vem o cheiro”.

“Jamais imaginei que conseguiríamos fazer um cheiro tão rico, tão horrível”, disse Stone. “Não sabia que éramos bons nisso. Eu me lembro de entrar na loja e pensar: ‘Meu Deus, conseguimos’. Quando as pessoas entram e recuam, horrorizadas, eu digo: ‘Bem, o cheiro do queijo de casca lavada tem que ser assim mesmo’”. / TRADUÇÃO DE RENATO PRELORENTZOU

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THE NEW YORK TIMES - LIFE/STYLE - Este queijo se destaca. Por seu orgulho fétido.

Rory Stone, queijeiro de 59 anos da Highland Fine Cheeses, na Escócia, se viu inundado por pedidos de um queijo de casca lavada chamado Minger, que ele classifica como o queijo com cheiro mais pútrido do mundo.

“Todo mundo ainda pede, a coisa não parou”, disse Stone em entrevista. “Acho muito bizarro. É um queijo fedorento, mas tem um sabor incrível. Então o único problema agora é que meu queijo acabou”.

O queijo Minger é considerado o queijo mais fedorento do mundo, uma criação do queijeiro escocês Rory Stone. Foto: Highland Fine Cheeses/Divulgação

Stone, cujos pais também eram queijeiros, começou a vender o Minger sete anos atrás. (“Minger” é uma gíria que significa alguém que é feio ou cheira mal. “No Urban Dictionary tem umas definições meio pesadas”, disse Stone).

De início, os supermercados o rejeitaram, achando que era só uma modinha. Mas o queijo vendia bem em lojas independentes e ganhou vários prêmios – entre eles o de melhor queijo especial no Royal Highland Show de Edimburgo, em 2019.

Em dezembro do ano passado, porém, a Asda, uma rede de supermercados britânica, anunciou que iria oferecer o queijo em suas lojas – a primeira vez em que o produto ficará disponível para o grande público. O comunicado à imprensa da Asda, que descreveu o Minger como “pungente”, deu origem a um frenesi midiático, com Stone dando entrevistas a The Telegraph, Sky News e BBC.

Stone disse que não tinha a intenção de criar o queijo mais fedorento do mundo. Mas contou que uma pessoa atribuiu esse superlativo ao Minger, então ele o adotou.

É de fato o queijo mais fedorento do mundo? Não tenho a menor ideia, disse Stone.

“Acho que é uma frase à toa, porque ninguém consegue comprovar uma coisa dessas”, disse ele. “Não dá para fazer esse tipo de classificação. Sabemos que cheira forte e que não é muito agradável. Mas é meio difícil dizer que é o queijo mais fedorento do mundo, não dá para afirmar nem para negar. Então, acho que que podemos afirmar sem maiores problemas, e parece que foi isso que gerou o burburinho”.

Os queijos fedorentos são objeto de fascínio culinário há décadas.

“Tem um pequeno grupo de pessoas que simplesmente adora”, disse Mark Johnson, cientista do Centro de Pesquisa em Laticínios da Universidade de Wisconsin. “É uma coisa meio: ‘eu desafio você a comer esse negócio’. Tipo pimenta”.

Pelo mundo

O mundo está repleto de queijos fedorentos, como sugere a existência de vários festivais específicos para esse produto.

“Acho que ficamos mais aventureiros”, disse Marc Bates, especialista em queijos que gerenciou a fábrica de laticínios da Universidade Estadual de Washington durante décadas e é jurado de vários concursos de queijos todos os anos.

Entre os outros concorrentes a queijo mais pungente do mundo estão o Époisses e o Reblochon, ambos da França. Outro é o Limburger, feito pela primeira vez por monges trapistas na Bélgica no século 19. Em 2004, pesquisadores da Universidade de Cranfield, no Reino Unido, usaram o que descreveram como um “nariz eletrônico” para determinar que o queijo francês Vieux Boulogne era o mais fedorento.

“Quando você matura o queijo, acontece uma quebra das gorduras em proteínas, e as bactérias, o fermento, os bolores e todos os microrganismos criam compostos de sabor, e alguns deles são realmente voláteis”, disse Tonya Schoenfuss, professora de ciência alimentar na Universidade de Minnesota e jurada em concursos de laticínios. “E é daí que vem o cheiro”.

“Jamais imaginei que conseguiríamos fazer um cheiro tão rico, tão horrível”, disse Stone. “Não sabia que éramos bons nisso. Eu me lembro de entrar na loja e pensar: ‘Meu Deus, conseguimos’. Quando as pessoas entram e recuam, horrorizadas, eu digo: ‘Bem, o cheiro do queijo de casca lavada tem que ser assim mesmo’”. / TRADUÇÃO DE RENATO PRELORENTZOU

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