Vendedores de comida em feiras e clientes se unem para enfrentar a crise nos EUA


Comerciantes e seus 'fãs dedicados' estão se esforçando para manter os cachorros-quentes e frangos no palito fluindo

Por Marissa Conrad
Atualização:

Em outubro do ano passado, para comemorar os seus 20 anos como vendedora da Feira Estadual da Carolina do Norte, Felicia Turrentine-Daniel apresentou o Chickenator: um rolo de canela fatiado como um hamburger bun (espécie de brioche) que contém peito de galinha frito, bacon, queijo Jack apimentado e Sriracha com mel por cima.

“Fazemos questão de oferecer algo novo cada ano”, disse Turrentine-Daniel, que é dona da banca Chef’s D’Lites. Ela conheceu o marido, Jason Daniel, quando ambos trabalhavam em uma mercearia, “e literalmente andávamos para cima e para baixo pelos corredores procurando coisas diferentes para pôr na frigideira, e ver o que poderia sair”.

Felicia Turrentine-Daniel joga molho Sriracha com mel por cima do Chickenator. Foto: Mike Belleme/The New York Times
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No dia 29 de julho, quando a feira da Carolina do Norte foi a 35ª feita estadual a ser cancelada ou muito reduzida, seus amigos, família e clientes regulares telefonaram ou mandaram e-mails: “Está tudo bem? E a propósito, há alguma chance de encomendar ainda um rolo cubano frito, ou aqueles pedaços de pudim de banana fritos?”.

Na página do Chef’s D’Lites no Facebook, Turretine-Daniel, 42, agora aceita encomendas por mensagens diretas de pratos que ela pode fritar, congelar e mandar, como os rolos cubanos e o seu macarrão com queijo, com as instruções para terminar de preparar o prato no forno, no micro-ondas ou na fritadeira elétrica.

Os Chickanators não viajam muito bem, mas ela os entrega frescos para os clientes que moram a cerca de 30 minutos de carro de sua casa, em Greensboro. “Encontre-me na metade do caminho, e nós vamos conseguir”, ela disse. Em todo o país, as concessionárias estão fazendo grandes esforços, desde a organização de drive-thru até compra de caminhões de entrega, para preservar a linha de fornecimento da feira de comida enquanto o estado continua sendo impedido de realizá-la – até o momento, em 36 estados e no Distrito de Columbia - muitos deles fazem isto pela primeira vez desde a Segunda Guerra Mundial.

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E os clientes fixos da feira, as pessoas que sabem definitivamente qual é o melhor trailer de requeijão ou que conserva anualmente atualizadas as listas de controle das comidas, vêm dar o seu apoio aos seus vendedores favoritos. Lori Lexvold participa todo verão da Feira Estadual de Minnesota, em um bairro das Twin Cities, há 53 dos seus 58 anos. Quando foi cancelada, no final de maio ela disse: “Pensei, o que vai acontecer com todos estes vendedores? Este é o seu ganha-pão”.

Ela ouviu falar que alguns pretendiam estacionar onde fosse possível encontrar espaço, no gramado na frente da igreja, nos estacionamentos dos shoppings, em frente à concessionária da Harley-Davidson. “Uma manhã, entrei no Facebook e criei um grupo”, disse Lori Lexvold, que mora em Forest Lake, a cerca de meia hora de carro da área da feira.

“Convidei uns cem amigos meus e só falei: ‘Se vocês virem algum quiosque de comida por aí, postem isto nesta página, para irmos todos até lá”. O grupo, Fair Food Finder, agora tem cerca de 179 mil membros, um mapa do Google de 139 vendedores de Minnesota e um aplicativo de celular criado por um fã entusiasta.

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“Era uma coisa maluca”, contou Lori falando sobre este meio de ano em que ela recebia 10 mil pedidos por dia de estranhos querendo participar, e telefonemas de vendedores perguntando como eles poderiam postar no grupo. “Eu pensei, como essas pessoas conseguiram o meu número?”.

Lori encontrou um local adequado para a feira da comida no terreno da Feira do condado de Anoka, nos arredores de Minneapolis, onde três outros vendedores haviam estacionado. Eles estavam nos grandes trailers tradicionais das feiras estaduais, contou, com lâmpadas led do tipo hollywoodiano e bandeiras coloridas, vendendo não apenas batata frita, mas também sorvete, requeijão e mini-donuts, saindo na hora da fritadeira. “As pessoas pegavam cadeiras do porta-malas dos seus carros, e sentavam lá para fazer um pequeno piquenique”, falou. “Pensei, é isso aí”.

Em Des Moines, Iowa, Brenda Smith Parish, da Brenda Smith Concessions, chega ao seu trailer Crazy Taters às 8 da manhã, todas as sextas-feiras, para fatiar os tomates do kebab, e preparar a água açucarada para sua limonada para a feira estadual. Às 10h30, os carros fazem fila no drive-thru que ela criou atrás do negócio de catering dos pais.

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Em abril, diante da perspectiva de não ter feira, Smith Parish resolveu armar uma banca somente de corn dogs (salsichas envolvidas em massa de fritar) e limonada, enviou avisos pelas redes sociais e ficou esperando as pessoas aparecerem. “E elas apareceram”, ela disse.

Então expandiu o cardápio para cerca de 20 itens, e criou um site, FarFoodFridays.com, para pegar as encomendas pelo Shopify. Agora, de 500 a 600 automóveis aparecem toda semana para comprar comida do Crazy Taters e das bancas dos seus pais, All American Grill e Turkey Time.

Um violonista acústico toca em um reboque plataforma enquanto os motoristas baixam as janelinhas para pegar cachorro-quente com picles, coxas de peru e oreos fritos. “Comecei a pensar, ‘Se eu conseguisse apenas pagar o aluguel e a prestação do carro, eu sei fazer direito estas coisas”, disse Smith Parish. “Não esperava tanto”.

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Ela ganhou quase como em uma temporada típica da Feira Estadual de Iowa, Feira Estadual de Tulsa, e no Downtown Farmers’ Market de Des Moines, as feiras que foram canceladas, embora o Farmers’ Market tenha aberto seu próprio drive-thru no começo de agosto”.

Mas muitos vendedores não estão indo tão bem. Russell Goetze e seus dois irmãos costumam rebocar os cinco trailers de sorvetes e refrescos do Goertze’s Dairy Kone (o pai acrescentou o “r” quando abriu o negócio em 1967, para que os clientes pronunciassem direito o nome) para seis feiras estaduais ao ano, em geral na Costa Leste.

Este ano, Russell Goetze conseguiu estacionar um trailer da Dairy Krone e sua banca de linguiças, Lenny’s, no espaço da Feira do Condado de Howard, em West Friendship, Maryland, vendendo sorvetes de casquinha, corn dogs, e sanduíches de linguiça, mas mal consegue pagar as contas básicas.

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“É uma época muito difícil”, disse. Algumas feiras estão organizando eventos para os vendedores. A Fair Food Drive-Thru da Feira Estadual de Wisconsin, que abriu nos finais de semana até 16 de agosto, convidou os clientes a percorrer a pista de corrida Milwaukee Mile, inaugurada há 144 anos na cidade, para comer nos estandes de 14 vendedores, como Mille’a Italian Sausage, Kora’s Cookie Dough e Original Cream Puffs.

As enormes bombas de chantilly são uma presença obrigatória na feira desde 1924. Amalia Hetzer, de Cudahy, Wisconsin, costuma participar da corrida Cream Puff 5K, 5 quilômetros ao redor do espaço da feira com a promessa de uma bomba de chantilly na chegada.

“O chantilly é um creme amanteigado, não extremamente doce”, ela disse. “É maravilhoso”. Este ano, Amalia completou a corrida virtual: ela pagou US$ 33 para correr, depois recebeu três bombas de chantilly em um ponto na calçada. Como sua mãe também participou da corrida, as duas levaram seis, e foram comer com a família em um parque.

Afinal, compartilhar faz parte do espírito da feira – como um grupo industrial chamado Oregon Dairy Women pode atestar. Quando a organização levou a lanchonete para a sua feira estadual em julho e agosto, “uma mulher encomendou 17 milkshakes” para o seu escritório, contou Becky Heimerl, a presidente do grupo. “Ela já chegou com uma caixa de papelão no carro”. A palavra que os clientes falavam continuamente, disse Becky, era “normal”: “Oh, finalmente alguma coisa que parece normal neste verão”. / TRADUÇÃO DE ANNA CAPOVILLA

The New York Times Licensing Group - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito do The New York Times.

Em outubro do ano passado, para comemorar os seus 20 anos como vendedora da Feira Estadual da Carolina do Norte, Felicia Turrentine-Daniel apresentou o Chickenator: um rolo de canela fatiado como um hamburger bun (espécie de brioche) que contém peito de galinha frito, bacon, queijo Jack apimentado e Sriracha com mel por cima.

“Fazemos questão de oferecer algo novo cada ano”, disse Turrentine-Daniel, que é dona da banca Chef’s D’Lites. Ela conheceu o marido, Jason Daniel, quando ambos trabalhavam em uma mercearia, “e literalmente andávamos para cima e para baixo pelos corredores procurando coisas diferentes para pôr na frigideira, e ver o que poderia sair”.

Felicia Turrentine-Daniel joga molho Sriracha com mel por cima do Chickenator. Foto: Mike Belleme/The New York Times

No dia 29 de julho, quando a feira da Carolina do Norte foi a 35ª feita estadual a ser cancelada ou muito reduzida, seus amigos, família e clientes regulares telefonaram ou mandaram e-mails: “Está tudo bem? E a propósito, há alguma chance de encomendar ainda um rolo cubano frito, ou aqueles pedaços de pudim de banana fritos?”.

Na página do Chef’s D’Lites no Facebook, Turretine-Daniel, 42, agora aceita encomendas por mensagens diretas de pratos que ela pode fritar, congelar e mandar, como os rolos cubanos e o seu macarrão com queijo, com as instruções para terminar de preparar o prato no forno, no micro-ondas ou na fritadeira elétrica.

Os Chickanators não viajam muito bem, mas ela os entrega frescos para os clientes que moram a cerca de 30 minutos de carro de sua casa, em Greensboro. “Encontre-me na metade do caminho, e nós vamos conseguir”, ela disse. Em todo o país, as concessionárias estão fazendo grandes esforços, desde a organização de drive-thru até compra de caminhões de entrega, para preservar a linha de fornecimento da feira de comida enquanto o estado continua sendo impedido de realizá-la – até o momento, em 36 estados e no Distrito de Columbia - muitos deles fazem isto pela primeira vez desde a Segunda Guerra Mundial.

E os clientes fixos da feira, as pessoas que sabem definitivamente qual é o melhor trailer de requeijão ou que conserva anualmente atualizadas as listas de controle das comidas, vêm dar o seu apoio aos seus vendedores favoritos. Lori Lexvold participa todo verão da Feira Estadual de Minnesota, em um bairro das Twin Cities, há 53 dos seus 58 anos. Quando foi cancelada, no final de maio ela disse: “Pensei, o que vai acontecer com todos estes vendedores? Este é o seu ganha-pão”.

Ela ouviu falar que alguns pretendiam estacionar onde fosse possível encontrar espaço, no gramado na frente da igreja, nos estacionamentos dos shoppings, em frente à concessionária da Harley-Davidson. “Uma manhã, entrei no Facebook e criei um grupo”, disse Lori Lexvold, que mora em Forest Lake, a cerca de meia hora de carro da área da feira.

“Convidei uns cem amigos meus e só falei: ‘Se vocês virem algum quiosque de comida por aí, postem isto nesta página, para irmos todos até lá”. O grupo, Fair Food Finder, agora tem cerca de 179 mil membros, um mapa do Google de 139 vendedores de Minnesota e um aplicativo de celular criado por um fã entusiasta.

“Era uma coisa maluca”, contou Lori falando sobre este meio de ano em que ela recebia 10 mil pedidos por dia de estranhos querendo participar, e telefonemas de vendedores perguntando como eles poderiam postar no grupo. “Eu pensei, como essas pessoas conseguiram o meu número?”.

Lori encontrou um local adequado para a feira da comida no terreno da Feira do condado de Anoka, nos arredores de Minneapolis, onde três outros vendedores haviam estacionado. Eles estavam nos grandes trailers tradicionais das feiras estaduais, contou, com lâmpadas led do tipo hollywoodiano e bandeiras coloridas, vendendo não apenas batata frita, mas também sorvete, requeijão e mini-donuts, saindo na hora da fritadeira. “As pessoas pegavam cadeiras do porta-malas dos seus carros, e sentavam lá para fazer um pequeno piquenique”, falou. “Pensei, é isso aí”.

Em Des Moines, Iowa, Brenda Smith Parish, da Brenda Smith Concessions, chega ao seu trailer Crazy Taters às 8 da manhã, todas as sextas-feiras, para fatiar os tomates do kebab, e preparar a água açucarada para sua limonada para a feira estadual. Às 10h30, os carros fazem fila no drive-thru que ela criou atrás do negócio de catering dos pais.

Em abril, diante da perspectiva de não ter feira, Smith Parish resolveu armar uma banca somente de corn dogs (salsichas envolvidas em massa de fritar) e limonada, enviou avisos pelas redes sociais e ficou esperando as pessoas aparecerem. “E elas apareceram”, ela disse.

Então expandiu o cardápio para cerca de 20 itens, e criou um site, FarFoodFridays.com, para pegar as encomendas pelo Shopify. Agora, de 500 a 600 automóveis aparecem toda semana para comprar comida do Crazy Taters e das bancas dos seus pais, All American Grill e Turkey Time.

Um violonista acústico toca em um reboque plataforma enquanto os motoristas baixam as janelinhas para pegar cachorro-quente com picles, coxas de peru e oreos fritos. “Comecei a pensar, ‘Se eu conseguisse apenas pagar o aluguel e a prestação do carro, eu sei fazer direito estas coisas”, disse Smith Parish. “Não esperava tanto”.

Ela ganhou quase como em uma temporada típica da Feira Estadual de Iowa, Feira Estadual de Tulsa, e no Downtown Farmers’ Market de Des Moines, as feiras que foram canceladas, embora o Farmers’ Market tenha aberto seu próprio drive-thru no começo de agosto”.

Mas muitos vendedores não estão indo tão bem. Russell Goetze e seus dois irmãos costumam rebocar os cinco trailers de sorvetes e refrescos do Goertze’s Dairy Kone (o pai acrescentou o “r” quando abriu o negócio em 1967, para que os clientes pronunciassem direito o nome) para seis feiras estaduais ao ano, em geral na Costa Leste.

Este ano, Russell Goetze conseguiu estacionar um trailer da Dairy Krone e sua banca de linguiças, Lenny’s, no espaço da Feira do Condado de Howard, em West Friendship, Maryland, vendendo sorvetes de casquinha, corn dogs, e sanduíches de linguiça, mas mal consegue pagar as contas básicas.

“É uma época muito difícil”, disse. Algumas feiras estão organizando eventos para os vendedores. A Fair Food Drive-Thru da Feira Estadual de Wisconsin, que abriu nos finais de semana até 16 de agosto, convidou os clientes a percorrer a pista de corrida Milwaukee Mile, inaugurada há 144 anos na cidade, para comer nos estandes de 14 vendedores, como Mille’a Italian Sausage, Kora’s Cookie Dough e Original Cream Puffs.

As enormes bombas de chantilly são uma presença obrigatória na feira desde 1924. Amalia Hetzer, de Cudahy, Wisconsin, costuma participar da corrida Cream Puff 5K, 5 quilômetros ao redor do espaço da feira com a promessa de uma bomba de chantilly na chegada.

“O chantilly é um creme amanteigado, não extremamente doce”, ela disse. “É maravilhoso”. Este ano, Amalia completou a corrida virtual: ela pagou US$ 33 para correr, depois recebeu três bombas de chantilly em um ponto na calçada. Como sua mãe também participou da corrida, as duas levaram seis, e foram comer com a família em um parque.

Afinal, compartilhar faz parte do espírito da feira – como um grupo industrial chamado Oregon Dairy Women pode atestar. Quando a organização levou a lanchonete para a sua feira estadual em julho e agosto, “uma mulher encomendou 17 milkshakes” para o seu escritório, contou Becky Heimerl, a presidente do grupo. “Ela já chegou com uma caixa de papelão no carro”. A palavra que os clientes falavam continuamente, disse Becky, era “normal”: “Oh, finalmente alguma coisa que parece normal neste verão”. / TRADUÇÃO DE ANNA CAPOVILLA

The New York Times Licensing Group - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito do The New York Times.

Em outubro do ano passado, para comemorar os seus 20 anos como vendedora da Feira Estadual da Carolina do Norte, Felicia Turrentine-Daniel apresentou o Chickenator: um rolo de canela fatiado como um hamburger bun (espécie de brioche) que contém peito de galinha frito, bacon, queijo Jack apimentado e Sriracha com mel por cima.

“Fazemos questão de oferecer algo novo cada ano”, disse Turrentine-Daniel, que é dona da banca Chef’s D’Lites. Ela conheceu o marido, Jason Daniel, quando ambos trabalhavam em uma mercearia, “e literalmente andávamos para cima e para baixo pelos corredores procurando coisas diferentes para pôr na frigideira, e ver o que poderia sair”.

Felicia Turrentine-Daniel joga molho Sriracha com mel por cima do Chickenator. Foto: Mike Belleme/The New York Times

No dia 29 de julho, quando a feira da Carolina do Norte foi a 35ª feita estadual a ser cancelada ou muito reduzida, seus amigos, família e clientes regulares telefonaram ou mandaram e-mails: “Está tudo bem? E a propósito, há alguma chance de encomendar ainda um rolo cubano frito, ou aqueles pedaços de pudim de banana fritos?”.

Na página do Chef’s D’Lites no Facebook, Turretine-Daniel, 42, agora aceita encomendas por mensagens diretas de pratos que ela pode fritar, congelar e mandar, como os rolos cubanos e o seu macarrão com queijo, com as instruções para terminar de preparar o prato no forno, no micro-ondas ou na fritadeira elétrica.

Os Chickanators não viajam muito bem, mas ela os entrega frescos para os clientes que moram a cerca de 30 minutos de carro de sua casa, em Greensboro. “Encontre-me na metade do caminho, e nós vamos conseguir”, ela disse. Em todo o país, as concessionárias estão fazendo grandes esforços, desde a organização de drive-thru até compra de caminhões de entrega, para preservar a linha de fornecimento da feira de comida enquanto o estado continua sendo impedido de realizá-la – até o momento, em 36 estados e no Distrito de Columbia - muitos deles fazem isto pela primeira vez desde a Segunda Guerra Mundial.

E os clientes fixos da feira, as pessoas que sabem definitivamente qual é o melhor trailer de requeijão ou que conserva anualmente atualizadas as listas de controle das comidas, vêm dar o seu apoio aos seus vendedores favoritos. Lori Lexvold participa todo verão da Feira Estadual de Minnesota, em um bairro das Twin Cities, há 53 dos seus 58 anos. Quando foi cancelada, no final de maio ela disse: “Pensei, o que vai acontecer com todos estes vendedores? Este é o seu ganha-pão”.

Ela ouviu falar que alguns pretendiam estacionar onde fosse possível encontrar espaço, no gramado na frente da igreja, nos estacionamentos dos shoppings, em frente à concessionária da Harley-Davidson. “Uma manhã, entrei no Facebook e criei um grupo”, disse Lori Lexvold, que mora em Forest Lake, a cerca de meia hora de carro da área da feira.

“Convidei uns cem amigos meus e só falei: ‘Se vocês virem algum quiosque de comida por aí, postem isto nesta página, para irmos todos até lá”. O grupo, Fair Food Finder, agora tem cerca de 179 mil membros, um mapa do Google de 139 vendedores de Minnesota e um aplicativo de celular criado por um fã entusiasta.

“Era uma coisa maluca”, contou Lori falando sobre este meio de ano em que ela recebia 10 mil pedidos por dia de estranhos querendo participar, e telefonemas de vendedores perguntando como eles poderiam postar no grupo. “Eu pensei, como essas pessoas conseguiram o meu número?”.

Lori encontrou um local adequado para a feira da comida no terreno da Feira do condado de Anoka, nos arredores de Minneapolis, onde três outros vendedores haviam estacionado. Eles estavam nos grandes trailers tradicionais das feiras estaduais, contou, com lâmpadas led do tipo hollywoodiano e bandeiras coloridas, vendendo não apenas batata frita, mas também sorvete, requeijão e mini-donuts, saindo na hora da fritadeira. “As pessoas pegavam cadeiras do porta-malas dos seus carros, e sentavam lá para fazer um pequeno piquenique”, falou. “Pensei, é isso aí”.

Em Des Moines, Iowa, Brenda Smith Parish, da Brenda Smith Concessions, chega ao seu trailer Crazy Taters às 8 da manhã, todas as sextas-feiras, para fatiar os tomates do kebab, e preparar a água açucarada para sua limonada para a feira estadual. Às 10h30, os carros fazem fila no drive-thru que ela criou atrás do negócio de catering dos pais.

Em abril, diante da perspectiva de não ter feira, Smith Parish resolveu armar uma banca somente de corn dogs (salsichas envolvidas em massa de fritar) e limonada, enviou avisos pelas redes sociais e ficou esperando as pessoas aparecerem. “E elas apareceram”, ela disse.

Então expandiu o cardápio para cerca de 20 itens, e criou um site, FarFoodFridays.com, para pegar as encomendas pelo Shopify. Agora, de 500 a 600 automóveis aparecem toda semana para comprar comida do Crazy Taters e das bancas dos seus pais, All American Grill e Turkey Time.

Um violonista acústico toca em um reboque plataforma enquanto os motoristas baixam as janelinhas para pegar cachorro-quente com picles, coxas de peru e oreos fritos. “Comecei a pensar, ‘Se eu conseguisse apenas pagar o aluguel e a prestação do carro, eu sei fazer direito estas coisas”, disse Smith Parish. “Não esperava tanto”.

Ela ganhou quase como em uma temporada típica da Feira Estadual de Iowa, Feira Estadual de Tulsa, e no Downtown Farmers’ Market de Des Moines, as feiras que foram canceladas, embora o Farmers’ Market tenha aberto seu próprio drive-thru no começo de agosto”.

Mas muitos vendedores não estão indo tão bem. Russell Goetze e seus dois irmãos costumam rebocar os cinco trailers de sorvetes e refrescos do Goertze’s Dairy Kone (o pai acrescentou o “r” quando abriu o negócio em 1967, para que os clientes pronunciassem direito o nome) para seis feiras estaduais ao ano, em geral na Costa Leste.

Este ano, Russell Goetze conseguiu estacionar um trailer da Dairy Krone e sua banca de linguiças, Lenny’s, no espaço da Feira do Condado de Howard, em West Friendship, Maryland, vendendo sorvetes de casquinha, corn dogs, e sanduíches de linguiça, mas mal consegue pagar as contas básicas.

“É uma época muito difícil”, disse. Algumas feiras estão organizando eventos para os vendedores. A Fair Food Drive-Thru da Feira Estadual de Wisconsin, que abriu nos finais de semana até 16 de agosto, convidou os clientes a percorrer a pista de corrida Milwaukee Mile, inaugurada há 144 anos na cidade, para comer nos estandes de 14 vendedores, como Mille’a Italian Sausage, Kora’s Cookie Dough e Original Cream Puffs.

As enormes bombas de chantilly são uma presença obrigatória na feira desde 1924. Amalia Hetzer, de Cudahy, Wisconsin, costuma participar da corrida Cream Puff 5K, 5 quilômetros ao redor do espaço da feira com a promessa de uma bomba de chantilly na chegada.

“O chantilly é um creme amanteigado, não extremamente doce”, ela disse. “É maravilhoso”. Este ano, Amalia completou a corrida virtual: ela pagou US$ 33 para correr, depois recebeu três bombas de chantilly em um ponto na calçada. Como sua mãe também participou da corrida, as duas levaram seis, e foram comer com a família em um parque.

Afinal, compartilhar faz parte do espírito da feira – como um grupo industrial chamado Oregon Dairy Women pode atestar. Quando a organização levou a lanchonete para a sua feira estadual em julho e agosto, “uma mulher encomendou 17 milkshakes” para o seu escritório, contou Becky Heimerl, a presidente do grupo. “Ela já chegou com uma caixa de papelão no carro”. A palavra que os clientes falavam continuamente, disse Becky, era “normal”: “Oh, finalmente alguma coisa que parece normal neste verão”. / TRADUÇÃO DE ANNA CAPOVILLA

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